Estive em Inhotim - a maior galeria de arte contemporânea
a céu aberto do mundo - próxima a Brumadinho-MG.
Além do encantamento do local, com a variedade e organização
de seu espaço verde e das obras de arte contemporâneas entremeadas,
impressionou-me a obra denominada “O som da Terra”.
Nada pode transmitir de forma completa a sensação que experimentei
quando estive lá.
Havia um silencio respeitoso, necessário para uma obra de
arte sonora, mas havia também muita emoção – chegando alguns a um choro sentido e à sensação de um encontro com Deus; havia a percepção de nossa pequenez perante o todo e também um sentimento de perda, pelo fato de tão poucos terem a oportunidade
desse contato, por puro desconhecimento.
Mas havia mais que tudo a sensação de integração
com uma entidade viva - Gaia , que nos parecia as vezes tranqüila e
outras violenta e agressiva, chegando a vibrar todo ambiente formado de
vidro e concreto, talvez em função da dor por estar sendo tão maltratada pelo
ser humano...
Estamos todos interligados.
E se o som da Terra é a reprodução de um todo, existe uma dor
muda imensa, guardada nas entranhas de nosso triste planeta azul...
Talvez seja a soma de todas as dores.
A dor dos sonhos desfeitos, da ausência de reconhecimento, da solidão, daquilo que deixamos de dizer, das oportunidades perdidas, do desrespeito diário no
trabalho, das traições sofridas, da revolta pela injustiça política com seus
desmandos e falcatruas, a dor por destruições em massa do nosso lar planetário e principalmente pela dor da violência urbana que
sofremos todos os dias, desde a mais silenciosa delas à mais explícita.
Tento fazer a minha parte para minimizar isso, mas confesso
que muitas vezes sinto que minha determinação quase se esvai...
Mas minha esperança é: simplesmente acreditar que não há mal que
dure para sempre, que os tempos realmente são outros e que embora a desesperança tente dominar nossa mente, há um exército invisível a nosso favor e que aos poucos, colocará as coisas nos seus devidos lugares.
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“O Brasil merece ser visto lá fora como um país
inteligente, não como um país que compra inteligência.”
(Bernardo Paz, dono de Centro de Arte Inhotim)
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