Nunca me esquecerei da
primeira vez em que me dei conta de que existiam outros seres de um
mundo diferente.
Eu era bem pequeno e
estava no berço quando ouvi o som de risadas de adultos vindo de
outro cômodo. Pensei que fossem meus pais e chorei para chamar a
atenção deles.
Minha mãe entrou no quarto, me pegou no
colo, me ninou por algum tempo e me deixou sozinho de novo.
A partir daí, noite
após noite, eu ficava acordado ouvindo o som das risadas.
Depois de algum tempo,
comecei a perceber que havia luzinhas brilhantes dançando no meu
quarto e formando um desenho na parede e em torno do meu berço.
Essas luzes me fascinavam.
Vi a sombra de um homem
de pé no canto do quarto, seus olhos azuis brilhando na escuridão.
Havia uma luz em torno dele que parecia vir do seu interior. Senti o
amor que emanava de sua presença e me acalmei.
Ao se aproximar do meu
berço, o homem sorriu. Não havia nada a temer, e ele me parecia
familiar.
Não disse nada, mas
captei seus pensamentos. Esse espírito passou a me visitar de vez em
quando e a me enviar pensamentos telepáticos de pôneis pintados
trotando ao redor de um anel de formas coloridas. Seus pensamentos
chegavam em forma de imagens, e eu sentia muito amor e luz vindo
dele.
À medida que fui
crescendo, ele deixou de me visitar.
Na época em que entrei
no jardim-de-infância, eu passava freqüentemente os fins de semana
na casa de minha avó, com quem eu tinha uma forte ligação afetiva.
Em uma dessas visitas,
vimos juntos um álbum de fotos de família. Ao ver a foto de um
homem de olhos azuis brilhantes, perguntei quem era.
- É seu avô -
respondeu vovó. - Ele morreu antes de você nascer. Ele veio da
Inglaterra e foi
trabalhar no rodeio,
com pôneis e cavalos.
- Eu conheço esse
homem, vovó. Ele me visitava quando eu era bebê e me contava
histórias sobre os cavalos.
Minha avó sorriu.
Percebi que ela não acreditava em mim, mas acrescentou:
- Ele adorava contar
histórias sobre caubóis e índios.
Anos mais tarde, quando
comecei meu trabalho como médium, ao terminar uma sessão, ouvi um
espírito dizer, do canto da sala:
- Você é um bom
menino, James. Estou orgulhoso de você!
Aquele tom carinhoso
reavivou a lembrança do homem de olhos azuis brilhantes. Eu sabia
que era meu avô.
Fiquei feliz ao pensar
que ele ainda estava por perto e que me protegia.
(in “Espíritos
entre nós”, de James Van Praagh)
* * *
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