Este texto refere-se ao item "Código Penal da Vida Futura" (Capítulo VII da primeira parte do livro), presente em "O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina Segundo o
Espiritismo" - livro de Kardec, pouco conhecido pelos espíritas em
geral.
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É um estudo de Kardec,
fruto das muitas comunicações e questionamentos sobre a condição dos espíritos
após a morte.
Apesar do título, Kardec não situa Deus na condição de juiz
e executor, mas de criador da lei do progresso.
No contexto da lei do progresso, as ações dos homens têm
consequências óbvias nesta e em outras vidas.
A vida após a morte é uma continuidade da vida presente.
Assim, quem se prende à vida material tem dificuldades em
desencarnar. A alma desprende-se do corpo com lentidão, sofre angústias ao
desprender-se e pode ficar em estado de perturbação durante um tempo variável
(Kardec fala em meses ou anos).
Muitos têm a ilusão de continuar vivos e sofrem as
"necessidades, tormentos e perplexidades da vida".
Os criminosos sofrem com a presença das vítimas e das
circunstâncias do crime.
Os orgulhosos sofrem vendo os pretensos inferiores em
condição melhor que a sua.
Os hipócritas sofrem, vendo seus segredos conhecidos por
todos.
Os sensualistas (Kardec os chama de sátiros) se vêem
impotentes para realizar seus desejos, que, exaltados, se transformam em
tormento.
Os avarentos sofrem ao ver seus bens dissipados pelos
herdeiros.
Os egoístas sofrem sozinhos a falta de socorro, uma vez que
não socorreram a ninguém, embora sejam dignos, como todos os demais, da ajuda
de espíritos superiores. Contudo, não os registram, presos em suas emoções.
Para Kardec, apesar da metáfora de "Código Penal",
o sofrimento não é um castigo, mas uma conseqüência dos atos e escolhas do
homem.
Ele fará com que os espíritos compreendam que são eles
próprios quem podem mudar seus destinos e que suas crenças sobre como viver
eram equivocadas.
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