22 janeiro 2015

Você é o Mundo - uma revolução sem sangue


"Você é o mundo".

Esta é uma das colocações de Jiddu Krishnamurti que causam confusão.

Você poderia dizer algo sobre isso?

A colocação de Jiddu Krishnamurti de que "Você é o mundo" não é confusa de maneira alguma. 

É muito simples; é necessário apenas uma pequena inteligência para compreendê-la.

Podemos tentar abordar a colocação a partir de muitas diferentes direções. 

O mundo é apenas um nome; o indivíduo é a realidade. 

Você pode continuar tentando encontrar o mundo em toda parte e não irá encontrá-lo; você sempre encontrará o indivíduo.

Palavras como o "mundo," a "sociedade," a "religião," a "nação," são meras palavras sem nenhum conteúdo por trás delas — caixas vazias.

Exceto você, não existe mundo.

Essa é uma maneira de compreender a colocação: que o indivíduo é a única realidade. 

E o mundo não é nada mais do que a coletividade de indivíduos, então, seja lá o que for, é uma contribuição de indivíduos. 

Se for feio, você contribuiu para a feiúra. Se estiver cheio de ódio, inveja, raiva, você contribuiu para todo este inferno no qual está vivendo. 

Você não pode jogar a responsabilidade em alguém mais; você tem de aceitar a responsabilidade sobre os seus próprios ombros.

Esta é outra maneira de compreender a colocação "Você é o mundo."

A colocação de Jiddu Krishnamurti de que "Você é o mundo" simplesmente enfatiza o fato de que todo indivíduo, onde quer que esteja, seja lá o que for que faça, deve aceitar a responsabilidade de criar esse mundo que existe ao nosso redor.

Se ele é insano, você contribuiu para essa insanidade da sua própria maneira. 

Se ele é doente, você também é um parceiro em torná-lo doente. 

E a ênfase é importante — porque a menos que você compreenda que "eu também sou responsável por esse mundo insano e miserável," não existe possibilidade de mudança. 

Quem vai mudar? Todo mundo acha que alguém mais é responsável.

Então, se estiver sofrendo, se estiver miserável, se estiver tenso, cheio de ansiedades, angústia, não apenas se console dizendo que este mundo é feio, que todos os demais são feios, que você é uma vítima.

Jiddu Krishnamurti está dizendo que você não é uma vítima, você é um criador deste mundo insano; naturalmente, você tem de participar no resultado de seja lá o que for que tenha contribuído. 

Você está participando em jogar as sementes, estará participando ao colher a colheita também; você não pode escapar.

Para tornar o indivíduo ciente, de forma que ele pare de jogar a responsabilidade nos outros — do contrário, ele começa a olhar para dentro para ver de que maneira ele está contribuindo para toda essa loucura — existe uma possibilidade de que ele possa parar de contribuir.

Porque ele tem de sofrer também.

Se ele vem a saber que todo o mundo não é nada mais do que a sua projeção numa escala maior... Porque milhões de indivíduos contribuíram com a mesma raiva, a mesma competitividade, a mesma violência, ela se tornou gigantesca.

Você não pode conceber que tenha sido responsável por isso: "Eu posso ter contribuído apenas com uma pequena parte..."

Mas um oceano não é nada mais do que milhões e milhões de gotas.

Uma gota não pode pensar que é responsável pelo oceano — mas a gota é responsável. Sem a gota não haveria oceano de maneira alguma. O oceano é apenas um nome; a realidade está na gota.

Aceitar a sua responsabilidade irá transformá-lo e a sua transformação é o começo da transformação do mundo — porque você é o mundo. 

Seja lá o quão pequeno for, um mundo em miniatura, mas você carrega todas as sementes.

E quando Jiddu Krishnamurti diz "Você é o mundo" ele não está dizendo apenas para você, está dizendo para todo mundo: Você é o mundo.

Se você quiser mudar o mundo, não comece mudando o mundo — essa é a maneira errada que a humanidade tem seguido até agora: 

"Mude a sociedade, mude a estrutura econômica. Mude isso, mude aquilo. Mas não mude o indivíduo."

Essa é a razão pela qual todas as revoluções falharam.

Somente uma revolução pode ser bem sucedida, o que não foi tentado até agora — e essa é a revolução do indivíduo.

E se todas as pessoas começam a fazer isso, haverá uma revolução sem qualquer derramamento de sangue.

Nenhuma revolução pode ter sucesso a menos que a mente seja compreendida pelos seres humanos.

E é melhor conhecer o “inimigo” do que não conhecê-lo porque, conhecendo, existe uma possibilidade de mudança. Não conhecer é muito perigoso.

E essa mente é projetada no lado de fora e se torna enorme porque tantas mentes estão projetando da mesma maneira.

"Você é o mundo" não é uma colocação matemática.

"Você é o mundo" é um insight psicológico.

E pode se tornar a própria chave para a única revolução que pode acontecer.


(Osho)


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