"Você é o mundo".
Esta é uma das colocações de Jiddu Krishnamurti que causam
confusão.
Você poderia dizer algo sobre isso?
A colocação de Jiddu Krishnamurti de que "Você é o
mundo" não é confusa de maneira alguma.
É muito simples; é necessário
apenas uma pequena inteligência para compreendê-la.
Podemos tentar abordar a colocação a partir de muitas
diferentes direções.
O mundo é apenas um nome; o indivíduo é a realidade.
Você
pode continuar tentando encontrar o mundo em toda parte e não irá encontrá-lo;
você sempre encontrará o indivíduo.
Palavras como o "mundo," a "sociedade,"
a "religião," a "nação," são meras palavras sem nenhum
conteúdo por trás delas — caixas vazias.
Exceto você, não existe mundo.
Essa é uma maneira de compreender a colocação: que o
indivíduo é a única realidade.
E o mundo não é nada mais do que a coletividade
de indivíduos, então, seja lá o que for, é uma contribuição de indivíduos.
Se
for feio, você contribuiu para a feiúra. Se estiver cheio de ódio, inveja,
raiva, você contribuiu para todo este inferno no qual está vivendo.
Você não
pode jogar a responsabilidade em alguém mais; você tem de aceitar a
responsabilidade sobre os seus próprios ombros.
Esta é outra maneira de compreender a colocação "Você é
o mundo."
A colocação de Jiddu Krishnamurti de que "Você é o
mundo" simplesmente enfatiza o fato de que todo indivíduo, onde quer que
esteja, seja lá o que for que faça, deve aceitar a responsabilidade de criar
esse mundo que existe ao nosso redor.
Se ele é insano, você contribuiu para essa insanidade da sua
própria maneira.
Se ele é doente, você também é um parceiro em torná-lo doente.
E a ênfase é importante — porque a menos que você compreenda que "eu
também sou responsável por esse mundo insano e miserável," não existe
possibilidade de mudança.
Quem vai mudar? Todo mundo acha que alguém mais é
responsável.
Então, se estiver sofrendo, se estiver miserável, se estiver
tenso, cheio de ansiedades, angústia, não apenas se console dizendo que este
mundo é feio, que todos os demais são feios, que você é uma vítima.
Jiddu Krishnamurti está dizendo que você não é uma vítima,
você é um criador deste mundo insano; naturalmente, você tem de participar no
resultado de seja lá o que for que tenha contribuído.
Você está participando em
jogar as sementes, estará participando ao colher a colheita também; você não
pode escapar.
Para tornar o indivíduo ciente, de forma que ele pare de
jogar a responsabilidade nos outros — do contrário, ele começa a olhar para
dentro para ver de que maneira ele está contribuindo para toda essa loucura —
existe uma possibilidade de que ele possa parar de contribuir.
Porque ele tem de sofrer também.
Se ele vem a saber que todo o mundo não é nada mais do que a
sua projeção numa escala maior... Porque milhões de indivíduos contribuíram com
a mesma raiva, a mesma competitividade, a mesma violência, ela se tornou
gigantesca.
Você não pode conceber que tenha sido responsável por isso:
"Eu posso ter contribuído apenas com uma pequena parte..."
Mas um oceano não é nada mais do que milhões e milhões de gotas.
Uma gota não pode pensar que é responsável pelo oceano — mas
a gota é responsável. Sem a gota não haveria oceano de maneira alguma. O oceano
é apenas um nome; a realidade está na gota.
Aceitar a sua responsabilidade irá transformá-lo e a sua
transformação é o começo da transformação do mundo — porque você é o mundo.
Seja lá o quão pequeno for, um mundo em miniatura, mas você carrega todas as
sementes.
E quando Jiddu Krishnamurti diz "Você é o mundo"
ele não está dizendo apenas para você, está dizendo para todo mundo: Você é o
mundo.
Se você quiser mudar o mundo, não comece mudando o mundo —
essa é a maneira errada que a humanidade tem seguido até agora:
"Mude a
sociedade, mude a estrutura econômica. Mude isso, mude aquilo. Mas não mude o
indivíduo."
Essa é a razão pela qual todas as revoluções falharam.
Somente uma revolução pode ser bem sucedida, o que não foi
tentado até agora — e essa é a revolução do indivíduo.
E se todas as pessoas começam a fazer isso, haverá uma
revolução sem qualquer derramamento de sangue.
Nenhuma revolução pode ter sucesso a menos que a mente seja
compreendida pelos seres humanos.
E é melhor conhecer o “inimigo” do que não conhecê-lo
porque, conhecendo, existe uma possibilidade de mudança. Não conhecer é muito
perigoso.
E essa mente é projetada no lado de fora e se torna enorme
porque tantas mentes estão projetando da mesma maneira.
"Você é o mundo" não é uma colocação matemática.
"Você é o mundo" é um insight psicológico.
E pode se tornar a própria chave para a única revolução que
pode acontecer.
(Osho)
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