Eles perecem, como todas as coisas finitas; deixa-os
perecer, ó príncipe de Pându, e, sabendo isto, prepara-te para o combate.
Aquele que pensa, em sua ignorância: "Eu mato" ou
"Eu serei morto", procede como criança que não tem conhecimento da
verdade, porque o que Eu na realidade, é eterno, e o Eterno não pode matar nem
ser morto.
Conhece esta verdade, ó príncipe!
O Homem real, isto é, o Espírito do homem, não nasce nem
morre.
Inato, imortal, perpétuo e eterno, sempre existiu e sempre
existirá.
O corpo pode morrer ou ser morto e destruído; porém, aquele
que ocupou o corpo, permanece depois da morte deste.
Quem conhece a verdade de que o Homem real é eterno,
indestrutível, superior ao tempo, à mudança e aos acidentes, não pode cometer a
estupidez de pensar que pode matar ou ser morto.
Como tiramos do corpo as roupas usadas e as substituímos por
novas e melhores, assim também o habitante do corpo (que é o Espírito), tendo
abandonado a velha morada mortal, entra em outra, nova e recém-preparada para
ele.
O Homem real, o Espírito, não pode ser ferido por armas, nem
queimado pelo fogo; a água não o molha, o vento não o seca nem move.
Ele é impermeável, incombustível, indissolúvel, imortal,
permanente, imutável, inalterável, eterno, e penetra tudo.
Em sua essência, é invisível, inconcebível, incognoscível.
Sabendo isto, não te entregues à aflição pueril.
Se, porém, não o crês, e pensas que nascimento e morte são
coisas reais, mesmo assim te pergunto: por que te lamentas e entristeces?
Pois, em verdade, a morte deriva do nascimento, e o
nascimento nasce da morte.
Não te aflijas, pois, pelo inevitável.
Aqueles que carecem da Sabedoria Interior, ignoram de onde
viemos e para onde vamos; conhecem só aquilo que é transitório.
No Ser Eterno, todas as coisas são compreendidas no estado
invisível; depois se fazem visíveis, e na morte tornam a ser invisíveis.
Por que então, lamentar?
Quanto à alma, o Homem real, Espírito ou Ser Eterno, alguns
o tomam por coisa maravilhosa; outros ouvem falar e falam dele como de uma
maravilha, com incredulidade e sem compreensão.
Mas a mente mortal não compreende esse mistério, nem o
conhece em sua natureza verdadeira e essencial, apesar de tudo o que foi dito,
ensinado e pensado a seu respeito.
O Espírito, esse Homem real que habita o corpo, é
invulnerável e indestrutível.
Não há, pois, motivo para te abandonares à aflição e
tristeza.
(BHAGAVAD GITA - A Mensagem do Mestre – O Homem real)
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