O Ente Supremo ao qual tributamos o mais elevado
respeito e do qual temos algum conhecimento é, para nós, uma consciência
dinâmica, que engloba em si mesmo a força propulsora da evolução universal e a
dinâmica geradora e mantenedora da vida.
Para os Capelinos de nossa época, essa consciência dinâmica
não poderá jamais ser comparada ou representada por forças humanas, pois seu
impulso diretor é observado em toda a criação, que atesta a existência de uma
Vontade, orientada por objetivos bem definidos.
Enquanto Deus, em suas religiões, é comparado somente ao
bem, para nós, os Capelinos, bem e mal são faces da mesma moeda.
A trajetória terrena preferiu inventar a figura do demônio
para justificar as sombras, o mal aparente, o contraste.
Para nós, entretanto, existe somente uma realidade, e esta
se manifesta de acordo com a capacidade de percepção da criatura.
Deus para nós, não pode ser unilateral, e a compreensão de
sua consciência, com o intuito de ser universal, há de ser mais abrangente.
Assim como o preto é oposto do branco, e as sombras, o
oposto da luz, há de existir muito mais por trás da vida do que simplesmente o
bem e o mal, tal como vocês na Terra concebem.
Portanto, ser perfeito não é questão de ser bom ou mal,
equilibrado ou desequilibrado, mas conviver em paz com essa diversidade; é
compreender a harmonia da criação, a harmonia dos opostos, respeitando a função
dos contrários.
A vida só progride com a percepção dos conflitos, do
antagônico.
O nosso conceito de Deus está intimamente ligado ao porquê
de nossa existência.
Desse modo, para nós, Capelinos, é impossível conceber a luz
sem o contraste da sombra, sem compreender que existe a noite.
Sem as diversas alternativas do ser e do existir, sem o
fator divergente, ainda não há como apreciar a manhã sem saber que existe a
tarde.
Sem as diversas alternativas do ser e do existir, sem o
fator divergente, ainda não há como conhecer a vida e sua fonte geradora.
Conceber e compreender a vida, a nossa existência, é algo
que está além da razão, do raciocínio.
A existência do universo, dos seres criados, da própria
criação está muito além da capacidade de compreensão humana, do raciocínio dos
seres criados.
Tudo isso foge, transcende a imaginação humana.
O poder da consciência do Ente Supremo existe para conceber,
planejar, coordenar e mediar as transformações, que se tornam acessíveis apenas
mediante o processo evolutivo, ao longo das eras.
O Deus que descobrimos dentro e fora de nós está além do bem
e do mal, do certo e do errado, e, ao mesmo tempo, é a causa geradora de tudo,
inclusive daquilo que impropriamente se classifica como certo ou errado.
No processo de evolução do universo, ser bom ou mal é
questão de estar inserido num processo evolutivo em determinado tempo e lugar.
Em algum planeta, num recando obscuro do universo, algo pode
ser considerado bom, enquanto, em outro local, a mesma coisa poderá ser
considerada má, de acordo com a conjuntura e os conceitos de cada povo ou
civilização. Isso acontece mesmo entre as diferentes culturas da Terra."
(Extraído do livro "Crepúsculo dos deuses " - Robson Pinheiro / Ângelo Inácio)
* * *
Nenhum comentário:
Postar um comentário