Venho, Senhor, ao Teu Jardim para reaprender a plantar.
Um dia me ensinaste que todas as boas sementes germinam e me deste a terra do meu coração para bom plantio, recomendando-me atenção para o livre arbítrio.
Senhor, não tive generosidade suficiente para com meu semelhante e hoje, quando necessito da generosidade de outrem, dificilmente eu a encontro.
Não tenho colhido a flor da generosidade porque não a plantei.
Senhor, não dei à Natureza todo o respeito que ela, como obra Tua, merecia ter recebido de mim.
Fui negligente, Senhor.
Agora, o ar que eu respiro não é tão puro quanto deveria ser para que minha saúde não fosse tão ameaçada.
Não tenho colhido a flor da perfeita saúde porque não a plantei.
Senhor, disseste-me que a felicidade sempre estaria em minha vida se eu me lembrasse de levar felicidade àqueles que choravam e que não tinham um ombro onde se debruçar.
Não tenho colhido a flor da Felicidade Plena porque não a plantei.
Senhor, não levei a sério quando me revelaste que o preconceito era uma erva daninha, que, pouco a pouco, mataria o meu jardim.
Não olhei sem julgamento para os diferentes de mim, não observei todos os seres e tudo o mais que criaste sem sentir-me maior e melhor do que eles.
Não tenho colhido a flor do Amor Incondicional porque não a plantei.
Senhor, agora venho ao Teu jardim, buscando ter uma e, talvez, a última chance de reencontrar as sementes que desejaste ver germinadas em meu coração.
Não sei se vês em minha visita algum sinal de humanidade.
Já muito agi com orgulho e não tenho colhido a flor da humildade porque não a plantei.
Aceita, Senhor, esta minha vinda, e dá-me o perdão, o mesmo perdão que a tantos eu neguei.
Achas que eu ainda mereço a Tua bênção, Senhor?
Se não me deres o que peço, eu compreenderei.
Não tenho colhido a flor do merecimento porque não a plantei.
Acolherei a Tua decisão, Senhor, seja ela qual for e, se não for aquela que espero eu entenderei.
Não tenho colhido a flor do perdão porque não a plantei.
(Silvia Schmidt)
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