Queridos irmãos,
Ao me encontrar na
condição de desencarnado, foi grande a dificuldade de aceitação.
A revolta tomando
conta do ser faz com que a mente fique embotada, estando, então,
sujeito às maiores desventuras. A mente envolvida na revolta nos
remete imediatamente à comunhão com espíritos também revoltados.
Por mais incrível
que possa parecer, existe uma região no espaço que, embora já
tenha estado lá numerosas vezes, não saberia localizar, nem
tampouco trilhar algum caminho que até lá conduzisse. Este local é
o ponto de reunião onde se encontram espíritos com o mesmo
pensamento, isto é, vivendo na revolta.
Não me deterei na
descrição de tal local, haja vista a infinidade de relatos em
livros espírita.
Porém, o que
realmente considero interessante a relatar é o mecanismo pelo qual o
espírito, que durante longo tempo seria eu mesmo, transita entre
este local e pontos na crosta terrestre que lhe sejam de interesse.
Este é o motivo
pelo qual, muitas vezes, quando questionado, um espírito ainda
equivocado não sabe responder com alguma precisão onde realmente
habita.
Retornando ao ponto,
sendo arremetido a este local de reunião e lá permanecendo durante
algum tempo, a mente, invariavelmente, consegue focar questões
específicas de seu interesse; questões estas relacionadas com
locais ou pessoas ainda encarnadas.
À primeira vista, a
nítida impressão que se tem, é que simplesmente se desapareça do
local onde estava para, imediatamente após, aparecer onde desejara
estar.
A princípio, o
indivíduo não é capaz de compreender o ocorrido e permanece
durante algum tempo em estado de perturbação para, momentos depois,
recobrar o sentido completamente e ser capaz de agir.
O que ainda continua
sendo interessante é que, depois de cumprida a tarefa a que se
propunha, a mente, novamente aturdida por pensamentos mil, o espírito
retorna, também imediatamente, àquele ponto de encontro que citamos
anteriormente.
A cada “viagem”
deste tipo o indivíduo vivência momentos de perturbação, com o
qual acaba por se acostumar e não mais é motivo de incômodo.
É fora de dúvida
que os caminhos do espírito ainda são desconhecidos no mundo
material.
A possibilidade de
transpor espaços incomensuráveis apenas com a simples ação do
pensamento é uma dádiva que não podemos compreender. Assim, as
possibilidades aumentam em muito.
Para se poder
compreender, ou melhor, ter uma pálida idéia de quão grande
vantagem isto traz, podemos comparar, mesmo que superficialmente, com
os avanços nas comunicações via satélite, e que se vulgarizaram
através da rede mundial de computadores.
Hoje em dia é
possível se comunicar em tempo real, enviando som e imagem, com o
outro lado do mundo, estreitando relacionamentos que, em outros
tempos seriam necessários meses para que uma única pergunta fosse
respondida. Aqueles que possuem acesso a este benefício não mais
conceberiam a vida sem ele.
Agora imaginemos se,
não apenas fosse possível enviar som e imagem, mas poder ir,
pessoalmente, até o local que necessita ou deseja, encontrar entes
queridos e amados, estudar vivenciando o próprio local.
As mais das vezes,
dependendo da necessidade e da importância do estudo ou trabalho, é
possível vivenciar fatos históricos no momento em que ocorrem.
Isto mesmo, pode
soar estranho para o ouvido de muitos, mas, para o espírito, o tempo
perde o sentido que lhe é atribuído na Terra.
Não, meus caros
irmãos, não estou louco, pelo menos ainda não.
A partir do momento
que o indivíduo não está mais preso a uma dimensão
espaço-temporal qualquer, é-lhe possível transitar livremente por
ela.
Tais noções são
ainda de difícil aceitação, mas, com o tempo, se tornarão banais.
As limitações
impostas a alguém estão diretamente relacionadas com a limitação
imposta pela matéria que o envolve. Então, quanto menos matéria,
mais livre ele estará.
Vamos tentar
esclarecer um pouco sobre este assunto.
Quando na situação
de encarnado, como vocês se encontram no momento, é impossível
transitar de forma eficaz, afinal de contas é preciso carregar um
grande fardo, o corpo físico que se arrasta pela superfície.
Este corpo fica
limitado pelas forças que atuam sobre ele; estas forças são
provenientes da matéria em si, necessárias para que esta permaneça
coesa.
Tais forças
obedecem a certas leis que não podem ser violadas, todavia, existem
muitas “janelas” em que é possível observar que algo além
existe.
As forças acima
referidas foram muito estudadas e são apresentadas nos livros
didáticos, estando muito bem documentadas.
Agora, a partir do
momento que o indivíduo se libera destas forças, seja através da
desencarnação ou durante o sono, é possível transitar livremente.
É óbvio que é
necessário aprender como se faz.
Contudo, não nos
iludamos a respeito de uma liberdade sem limites, pois estamos
sujeitos a outras leis, também de natureza física.
Henrique
(psicografado em 2005)
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