"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

31 março 2012

A Alquimia do Amor


Para transformar as almas só existe um poder miraculoso: o amor.

Sem ele, caímos inevitavelmente no cadinho do sofrimento, sob o fogo da dor.

O amor é aquela energia misteriosa que os alquimistas procuravam, capaz de produzir a panacéia universal, remédio para todos os males, a revelar a pedra filosofal que transformava os metais comuns em ouro.

A um toque de amor, as almas rudes e violentas se aprimoram e se abrandam.

Por isso, ensina-nos Emmanuel que filhos e parentes difíceis não são enviados a nós apenas como inimigos do passado, mas também como criaturas queridas que perdemos nos descaminhos da vida.

Nosso amor os atrai para transformá-los.

Nesses casos de alquimia espiritual, os pais são sempre pacientes, abnegados, como os alquimistas medievais que se empenhavam em longas destilações e fundições em busca de resultados impossíveis.

Em geral, pensamos que os alquimistas nada produziram nas suas loucas tentativas.

Mas a verdade histórica é bem outra.

Da velha alquimia nasceu a química, toda uma técnica de filtragem e mistura, de fusão de metais, com resultados positivos para a evolução científica do planeta.

Assim, também na alquimia do amor, através das metamorfoses da reencarnação, os sacrifícios não são inúteis, os sofrimentos trazem os seus frutos.

A mãe, que tudo perdoa e tudo esquece, acaba tocando o coração do filho e nele acende a chispa renovadora do amor.

O pai, que suporta a rebeldia do filho em nome do amor paterno, dá-lhe a lição viva do exemplo que o libertará do passado negativo.

Ai de nós se não fosse o amor, esse toque do espírito que, como a vara de Moisés, faz nascer da pedra a água para os sedentos!

Deus criou o mundo por amor; num ato de amor fez surgir o caos do nada e o cosmos do caos.

Essas alegorias aturdem os espíritos positivos, mas quando encaramos a vida em suas transformações, vemos que a metamorfose é uma lei universal. Por toda parte, as coisas e os seres se transformam.

Os educadores antigos usavam os castigos físicos para os alunos rebeldes, mas os pedagogos modernos verificaram que a verdadeira disciplina é a que nasce do coração do educando, tocado pelo coração do mestre.

Descartes descobriu que a idéia de Deus é inata no homem; Rousseau revelou a bondade natural da criatura humana e, desde Pestalozzi, sabemos que a educação é um ato de amor. Mas esse ato de amor não se realiza apenas na escola, começa no lar e prossegue pela vida afora.

Os pregoeiros do ódio e da violência ainda infestam a nossa cultura, mas os conflitos e as fogueiras que acenderam se vão apagando ante a compreensão de que o amor é a única força capaz de modificar o mundo. Por isso, Jesus ensinou que devemos amar os nossos inimigos e perdoar sempre.

Filhos e parentes difíceis são pedintes de amor que o nosso amor atraiu para as nossas vidas.

Não são provações, são apenas provas.


(J. Herculano Pires / Irmão Saulo)


(Artigo publicado originalmente na coluna dominical "Chico Xavier pede licença" do jornal Diário de S. Paulo, na década de 1970) 


Dica de livro: "O Herói - Todos Nascemos para ser Heróis" - de Lutz Muller


O mito do herói, da pessoa que tem coragem para vencer todas as adversidades e superar todos os medos, que consegue penetrar em esferas até então desconhecidas para adquirir novos conhecimentos, que põe em risco a própria vida para salvar mesmo que seja uma única pessoa, sempre fascinou os homens de todas as culturas e de todas as épocas.

Quer nas antigas lendas, sagas e contos de fadas, quer na literatura e nos filmes atuais, assim como na religião, nas artes plásticas, na história, na política e na ciência, o ser humano que se arrisca no novo, no desconhecido e no extraordinário sempre desperta o maior interesse e a mais irrestrita simpatia.

E o herói nos fascina tanto porque resume em si todos os desejos e a figura ideal de cada ser humano.

Neste livro, Lutz Muller revela o verdadeiro caminho do herói — o caminho da individuação e da vida criativa; o caminho da mudança que, através da morte, leva a uma nova vida.

E, ao convidar o leitor a refletir sobre a história do seu herói preferido, mostra que esse caminho não está reservado a uns poucos escolhidos, mas que todos nós — homem ou mulher — nascemos para ser heróis.

* * *

Abaixo um trecho do livro.
Recomendo a leitura!

* * *

Há pouco vi na rua um jovem herói "cavalgando".

Um jovem de uns 10 anos caçava com as mãos livres, montado na sua bicicleta, ao longo do passeio, e fazia movimentos de montaria sobre o selim.

Na mão esquerda segurava um escudo imaginário e com a direita enfiava exasperado uma espada imaginária num adversário também imaginário — provavelmente, tratava-se de uma daquelas maravilhosas espadas mágicas que o tomava invencível.

Para isso ele produzia os respectivos sons de combate, imitando o tinir das espadas, os gemidos de força e os gritos de dor.

Estava tão envolvido na sua luta heróica que nem percebia as outras pessoas à sua volta.

Quando o vi, tive de rir.

Ele me lembrou minhas brincadeiras e fantasias de batalhas heróicas, nas quais na minha infância e adolescência — e, ainda hoje, de forma sublimada — abria caminho com a espada em punho: como eu sempre aparecia no último minuto no local da luta, envolto pelos toques da fanfarra e por uma luz brilhante, graças às minhas forças e habilidades em tudo dominar, mudava as coisas para melhor, e o júbilo das pessoas não conhecia fronteiras.

Sei também o quanto tinha necessidade dessa luta heróica, o quanto precisava dela para superar meus medos, suportar e compensar minhas mágoas e humilhações e conter a minha raiva.

Se já não existisse a imagem do herói vencedor, eu a teria inventado.

O herói representa, portanto, o modelo do homem criativo, que tem coragem para ser fiel a si mesmo, aos seus desejos, fantasias e às suas próprias concepções de valor.

Ele se atreve a viver a vida, em vez de fugir dela.

Ele supera o profundo medo diante do estranho, do desconhecido e do novo.

Trilha caminhos que, por um lado, tememos, mas que, por outro, percorreríamos prazerosamente em segredo: caminhos em esferas ocultas e proibidas do ser de difícil acesso; trata-se aí de países estrangeiros ou galáxias distantes, de fenômenos naturais incompreensíveis ou da escuridão da nossa alma.

A medida que ele não se deixa desviar do seu propósito pelas advertências de outros homens, nem pelos seus próprios medos e sentimentos de culpa, mantendo-se aberto e disposto a aprender, capaz de suportar conflitos, frustrações, solidão e rejeição, ele adquire novos conhecimentos e realiza ações que possuem uma força transformadora, não apenas em relação a ele, mas também à sociedade.

Ele representa características fundamentais de que precisamos para o domínio da vida e o embate criativo com a nossa existência.

Seu caminho é o caminho da auto realização. […]

Se não quisermos esperar mais tempo por novos heróis, que nos tragam a libertação dos nossos problemas individuais e coletivos, então podemos tentar nos dedicar a alguns dos nossos heróis interiores e a eles confiar a nossa orientação de vida.

Os antigos mitos podem servir primeiro como diretriz para descobrir e concretizar o herói para o qual nascemos.

* * *

30 março 2012

Hora do Planeta: apague as luzes por um mundo melhor


Há cinco anos, o último sábado do mês de março é marcado por uma ação que visa à conscientização da população mundial sobre o aquecimento global.

Neste dia 31, mais uma vez, várias cidades em todos os continentes vão apagar as luzes de residências, escritórios e monumentos públicos, por exemplo, quando o relógio marcar 20h30.

Durante 60 minutos, espera-se que mais de 1 bilhão de pessoas se mobilizem para a Hora do Planeta 2012.

A partir das 20h30 de sábado, pessoas de todo o mundo devem apagar as luzes de suas casas, empresas, monumentos públicos em um ato simbólico que marca a luta contra o aquecimento global.

Idealizadora do movimento Hora do Planeta, a rede WWF pretende conscientizar a população sobre a necessidade de proteger os recursos naturais.

"Nosso objetivo é fazer com que pessoas do mundo todo repensem o seu estilo de vida. Queremos que a participação vá além dessa hora, colocando em prática ações mais sustentáveis nas cidades, empresas e casas", afirma Regina Cavini, coordenadora da Hora do Planeta no Brasil.

Segundo ela, a expectativa deste ano é superar a meta de 2011, quando pelo menos um bilhão de pessoas em diversos países apagaram as luzes por uma hora. "No Brasil, tivemos a participação de 123 cidades.

Para este ano, 125 municípios já nos confirmaram apoio". Cavini explica que 546 monumentos serão apagados por 60 minutos, entre eles o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, a Ponte Estaiada, em São Paulo, e o Senado Federal, em Brasília.

A Hora do Planeta surgiu em 2007, em Sydney, na Austrália, quando 2,2 milhões de pessoas e mais de 2 mil empresas desligaram as luzes para demonstrar apoio ao ato que chamava atenção para as mudanças climáticas do planeta.

De acordo com Cavini, a ideia do "apagar das luzes" foi adotada porque é uma forma simples, viável em todo o mundo, de marcar a luta contra o aquecimento global.

"Assim foi possível criar uma conexão global, unindo pessoas do mundo todo em torno da preocupação com o ambiente". 

Fonte: 

Paciência


Ah! Se vendessem paciência nas farmácias e supermercados…
Muita gente iria gastar boa parte do salário nessa mercadoria tão rara hoje em dia.
Por muito pouco a madame que parece uma “lady” solta palavrões e berros que lembram as antigas “trabalhadoras do cais”…
E o bem comportado executivo?
O “cavalheiro” se transforma numa “besta selvagem” no trânsito que ele mesmo ajuda a tumultuar…

Os filhos atrapalham, os idosos incomodam,
a voz da vizinha é um tormento,
o jeito do chefe é demais para sua cabeça,
a esposa virou uma chata, o marido uma “mala sem alça”.
Aquela velha amiga uma “alça sem mala”, o emprego uma tortura, a escola uma chatice.

O cinema se arrasta, o teatro nem pensar, até o passeio virou novela.
Outro dia, vi um jovem reclamando que o banco dele pela internet estava demorando a dar o saldo, eu me lembrei da fila dos bancos e balancei a cabeça, inconformado…
Vi uma moça abrindo um e-mail com um texto maravilhoso e ela deletou sem sequer ler o título, dizendo que era longo demais.

Pobres de nós, meninos e meninas sem paciência, sem tempo para a vida, sem tempo para Deus.
A paciência está em falta no mercado, e pelo jeito, a paciência sintética dos calmantes está cada vez mais em alta.
Pergunte para alguém, que você saiba que é “ansioso demais” onde ele quer chegar?
Qual é a finalidade de sua vida?
Surpreenda-se com a falta de metas, com o vago de sua resposta.

E você?
Onde você quer chegar?
Está correndo tanto para quê?
Por quem?
Seu coração vai agüentar?
Se você morrer hoje de infarto agudo do miocárdio o mundo vai parar?
A empresa que você trabalha vai acabar?
As pessoas que você ama vão parar?
Será que você conseguiu ler até aqui?
Respire… Acalme-se…
O mundo está apenas na sua primeira volta e, com certeza, no final do dia vai completar o seu giro ao redor do sol, com ou sem a sua paciência…

(Paulo Roberto Gaefke)

Bullying - denuncie


Video utilizado na Campanha anti-bullying, com trecho da animação "Mary e Max - Uma Amizade Diferente".


Dica de Livro: “Entrevista com os Espíritos” - Vera Lúcia Marinzeck / Espírito Antonio Carlos

 
Conversando amigavelmente com espíritos que vivenciaram as mais extraordinárias experiências, o repórter do Além reúne depoimentos que nos servem de valiosas lições de espiritualidade.
 
Dono de um estilo inconfundível, habituado a se expressar em linguagem simples e coloquial, Antônio Carlos supera-se ao conduzir tão produtivos diálogos.
 
Durante as entrevistas realizadas pelo repórter espiritual, vêm à tona novas revelações sobre temas de interesse geral, questões polêmicas sobre as quais ainda existem muitas divergências, sobre as quais os espíritos – questionados pelo autor espiritual –, acrescentam novas informações. 

Em síntese, os doentes entrevistados nos ensejam a entender melhor as causas das enfermidades e nos dão pistas para evitá-las.

Obsessores e obsediados são testemunhas vivas dos perigos que nos cercam, exemplificam até onde os desvios da conduta, as sintonias maléficas, podem nos levar.

Médiuns desviados da tarefa nos recordam a importância da mediunidade, a necessidade de abraçar, em favor do próximo, a abençoada percepção. 

Espíritos sofredores, ainda apegados ao mal, nos auxiliam a repensar o quanto é valorosa a fé raciocinada, o entendimento da Lei de Ação e Reação.
 
Ao fim da leitura de Entrevistas com os espíritos, é provável que a maioria dos leitores indague quando será publicada sua continuação. 

Afinal, um bom talk-show não pode parar. A gama de temas a explorar é vasta e o talento do entrevistador está, certamente, à altura do desafio.

* * *

Um livro especial.
É sempre reconfortante quando lemos o relato daqueles que se foram e que do outro lado nos ensinam a evitar erros, a ter paciencia e a ter fé.








Mal de Alzheimer



Alzheimer é uma doença degenerativa e, até o momento em que transcrevo, incurável para os encarnados.

Para cada enfermo, ela acontece de forma única, embora existam pontos comuns, como a perda de memória e desligamento da realidade, chegando à privação das funções motoras.

Como estamos vivendo mais tempo na matéria física, com muitas maneiras de cuidar melhor do corpo, certas enfermidades, ocasionadas pelo envelhecimento, ficaram agora mais em evidência.

Ressalto que a nossa vestimenta carnal se desgasta e temos de ter ainda, infelizmente, motivos para mudarmos para o Além. E doenças podem surgir pelo envelhecimento e desgaste dos órgãos.

Espiritualmente, podemos explicar as enfermidades pela lei da ação e reação e pelo abuso.

Elas também podem ser uma prova: enfermar para se certificar de que não reclamaria ou de que trabalharia para o bem mesmo sentindo dores.

Ficamos doentes por muitos motivos.

Somente teremos saúde em todas as fases da vida encarnada, infantil, adulta e na velhice, quando formos espiritualmente sadios.

Entrevistei Antônio, conheci-o encarnado e temos uma grande afinidade: a literatura espírita.

Ele adoeceu nos últimos anos de sua vida física, teve Alzheimer.

Desencarnou com o merecimento de ser acolhido por diversos amigos e familiares e, dias depois, estava sadio e conseguiu se livrar dos sensações de sua roupagem física facilmente.

Nosso encontro foi agradável, rever os amigos e estar com eles são momentos de ternura que nos alegram e pelos quais não podemos deixar de agradecer.

– Antônio – pedi –, fale um pouco de sua doença.

Doenças nos trazem padecimentos – Antônio atendeu-me tranquilo. – Idosos sempre sentem diversas dores. Sofrer tendo consciência, raciocinando, é uma coisa; o cérebro não estando bem, não conseguindo raciocinar, é outra.

Para mim foi muito pior. Fiquei muito triste, preocupado, quando comecei com os esquecimentos.

Familiares também se reocuparam, minha doce esposa tentava me animar, consolar, dizendo que não era grave, que todos tinham esquecimentos etc.

Resolvi, para não deixá-la mais preocupada e triste, concordar. E fui piorando.

Meu espírito não estava doente, graças a Deus, e queria comandar o corpo.

Uma comparação: o corpo era um barco, o espírito, o leme, e a peça que os une estava quebrada, não obedecia ao comando.

Ainda bem que quando o corpo doente dormia, meu espírito, vestido com o perispírito, saía, encontrava-se com amigos e conversava com familiares encarnados que também se afastavam de seus corpos físicos.

Dessa maneira, me refazia.

– O que essa doença significou para você? – perguntei.

– O corpo físico adoece independentemente da nossa vontade e não temos escolha. A enfermidade, a dor, foi para mim uma grande mestra. Compreendo agora que, mesmo me esforçando para vencer minhas tendências nocivas, ainda restava um bocadinho de vaidade.

Sentia um orgulho indevido por ser bom, não ter vícios, cumprir com meu dever, de ter conhecimentos que eram e continuam sendo importantes para mim.

Sofri por ser privado temporariamente disto tudo.

Compreendi, pela dor, que tudo o que nos foi dado pode ser retirado, mas se algo foi adquirido pelo estudo, por esforço próprio, ficar sem isso por algum tempo não significa que o tenha perdido. 

Recuperei aquilo de que havia sido privado da melhor maneira possível, sem a réstia da vaidade e com muita gratidão aos familiares que cuidaram de mim com muito amor e dedicação.

– Como foi sua desencarnação? – quis saber.

– Não vi meu desligamento – respondeu Antônio.
Não notei nenhuma diferença. Senti-me melhor e vi amigos. Mas como sempre os estava vendo, não percebi que meu corpo físico havia parado suas funções.

Dormi alguns dias e acordei num local que não conhecia, fiquei confuso, não sabia se estava sonhando ou não.

Conversei com amigos e eles me explicaram que meu envoltório carnal morrera.

Não sentia nenhum receio da desencarnação, sabia bem o que iria encontrar no Além.

Senti-me liberto e feliz.

Envergonhei-me da minha euforia, embora minha família estivesse triste com a separação, mas logo tudo ficou bem, eles se
conformaram, entenderam que havia sido o melhor para mim, continuaram tendo alegrias e dificuldades, essa mistura da vida no plano físico.

Eu só me senti liberto mesmo, sadio, depois de satisfazer minha curiosidade de conhecer de perto lugares da espiritualidade, então passei a ser útil e me sentir muito bem.

– Você voltou para o plano espiritual realizado? – indaguei.

– Não! – exclamou Antônio. – Senti que poderia ter feito mais e melhor. Gostaria de ter voltado com mais obras úteis na bagagem.

– Creio, meu amigo, que esta sensação é sentida por muitos que regressam ao Além. Você fez por merecer um socorro, fez amizades espirituais.

– Pois é, regressei rico espiritualmente – Antônio sorriu contente.

– Você encarnado, quando doente, tinha conhecimento
de seu estado?

– No início sim – respondeu Antônio. – Não quis mais sair de casa, conversar com as pessoas para não constrangê-las por não me lembrar delas, por repetir perguntas e preferi falar menos.

Depois a sensação era a de que saía do ar, dormia para acordar.

Não me lembrava de muitas coisas e foi aumentando a sensação de ausência. Mas tinha momentos que entendia estar doente, sentia por estar dando trabalho e também me apiedava dos familiares que estavam se privando de tantas coisas para cuidarem de mim.

Queria ficar consciente, mas, de repente, o esquecimento.

– Você sofreu?

– Sim, sofri. Meu espírito, preso num corpo sem lembranças e ação, sofreu. Sofremos muito pelo espírito. Também senti outras dores e não conseguia reagir a elas ou explicar. Às vezes a sensação que tinha era como se estivesse anestesiado, e esta anestesia ia e vinha, isto é, era um torpor, com dor e sem dor.

Muito estranho, esforçava-me para sair deste torpor, mas não conseguia, era como se quisesse acordar sem conseguir. Anos antes fora anestesiado para uma cirurgia, ao acordar senti dores, sem ter total consciência de onde estava e foi isso que muitas vezes senti com o Alzheimer. E nesses instantes em que tive um pouquinho de entendimento, padecia muito.

– Você teve e ainda tem conhecimento espiritual. Então pergunto: Teve motivos para ter passado este período enfermo? – perguntei.

– Quando desencarnei, não quis saber o porquê de ter passado este período difícil.

Maravilhei-me com o plano espiritual e queria ser útil, o descanso forçado pela doença me fez querer ser mais ativo no trabalho. Soube que era para ter desencarnado anos antes, que havia esticado minha vida encarnado – sorriu. – Vivi mais anos do que planejei antes de reencarnar.

Não tive nenhuma doença mais grave, cuidei do meu corpo, não o envenenei com nada que o prejudicasse, fui uma pessoa útil.

Adoeci, e esse período foi muito importante para mim.

Provei a mim mesmo ser resignado e grato. Foi um aprendizado! 

Lição preciosa!

Provei ter realmente aprendido o que falava e escrevia.

– Você quer acrescentar algo a mais nesta entrevista?

– O doente de Alzheimer – explicou Antônio – pode espiritualmente não sentir tanto o reflexo da doença, afastar-se do corpo físico quando este adormece e saber de tudo o que acontece, sentir de forma confusa outras dores e ter períodos conscientes num tremendo esforço do espírito em relação ao cérebro físico, mas isso não ocorre com todos os doentes.

Pode dar trabalho mas ainda é o ser amado.

E, como todas as enfermidades, elas acabam, passam, e um portador de Alzheimer, quando vem para o plano espiritual, se cura, uns mais rápido, outros demoram um pouco mais.

(Texto extraído do livro “Entrevista com os Espíritos”, Vera Lúcia Marinzeck, Espírito Antonio Carlos)





28 março 2012

A vida continua...


Hoje, de algum lugar longe dessas terras
Há um doce olhar só pra você...
Um olhar especial
De alguém especial, de distantes origens
Um olhar de um justo coração que pulsa só a vida...
Que sorri porque ama plenamente
Sem julgamentos, preconceitos nem prisões
Hoje, como ontem, longe desses Céus
Há um encantador olhar só pra você
Nesse olhar vai para você a magia da luz
A simplicidade do perdão
A força para comungar com a vida
A esperança de dias mais radiantes de paz
Hoje, de algum lugar dentro de você,
Alguém que já o amou muito e ainda o ama
Diz para você que valeu a pena ter estado nessas Terras...
Sob estes Céus...
Falando de união, paz, amor e perdão
Poder sentir a força que faz você sorrir
E continuar o caminho
Que um dia aquele doce olhar iniciou pra você
Tudo isso, só pra você saber que
A Vida continua...
E a Morte é uma viagem...

(Paulo Kronemberger)

("Hoje é Natal" - Mensagem que encerra o último capítulo da novela “A Viagem” - 1994)


A grande viagem do Espírito: a Vida


A vida não espera.
Por onde você for, o tempo não pára, mesmo que você queira.
O que ficou, ficou...
O que se foi, passou...
É a vida em movimento. Somos viajantes eternos em suas trilhas.

Parece que somos passageiros na eternidade, mas a verdade é outra: somos eternos dentro do temporário. Ou seja, somos o eterno no movimento da vida que segue...

Na natureza, tudo passa! O traço característico da existência é a impermanência.

As coisas mudam, sim, mesmo que você não queira. 

Pessoas e situações vão e vêm em nossas vidas, entram e saem na esfera de ação do nosso viver. Isso é assim mesmo!

Há um tempo para tudo: o amanhecer, o meio-dia e o anoitecer. Da mesma forma, há um tempo para semear e colher; nascer, viver, partir, renascer e seguir...

Tudo passa! O que marca é a experiência adquirida.

As culpas e mágoas também passam!

No rio da vida, as águas do tempo curam tudo, pois diluem no eterno as coisas passageiras.

As coisas estranhas que aconteceram, os dramas que rolaram e as palavras que feriram também passam... se você permitir. 

Sim, se você se permitir notar que o tempo leva tudo, e que a vida segue... mesmo que você esteja emburrado agora.

Aquele ranço antigo ou aquelas emoções apagadas que, vez por outra, bloqueiam a sua alegria, fazem parte do que é temporário, mas você é eterno.

Essas emoções passam por você, mas que tal virar o jogo?

Que tal passar por elas, sem se deter, apenas tirando a experiência e seguindo na vida?

Sim, tudo passa mesmo! As estações se sucedem no tempo certo: primavera, verão, outono e inverno. 

Isso não é bom ou ruim; é apenas natural. Como é natural o espírito imperecível entrar e sair dos corpos perecíveis ao longo da cadeia reencarnatória. Como é natural seguir para frente, pois o tempo não pára e a vida segue...

E, do centro da Consciência Cósmica, o Grande Arquiteto Do Universo, o Supremo Comandante de todas as vidas e de todos os tempos sorri e diz a todos: 

"Tudo passa, menos o Meu Amor por todos.
As experiências vão, mas o aprendizado fica.
É impossível deixar de existir, pois a evolução é inevitável!
Todos estão destinados à Consciência Cósmica, mesmo que não entendam isso agora. Porém, se o desentendimento é passageiro, a felicidade advinda do processo de evoluir continuamente será imperecível.
Tudo a seu tempo!
Enquanto evoluem e aprendem a arte de viver, passem e vivam... e não se detenham até alcançar a meta!
O Amor é o que vale!"

(Wagner Borges)




Sobre a novela "A Viagem" - de Ivani Ribeiro


Hoje bateu uma saudade.

Uma saudade que veio lá do fundo do meu grande baú de lembranças...

Ano de 1976.

Ano que o Espiritismo entrou em minha vida oficialmente, pela dor e pela porta da frente.

Foi quando perdi meu pai...

E lá se vão tantos anos...

Nessa época, a novela do momento era "A Viagem", de Ivani Ribeiro. 

Depois de muitos anos também assisti ao remake.

Mas para mim, mesmo o remake sendo ótimo, o impacto da primeira versão, desde a abertura, a novidade do texto, até a trilha sonora e músicas incidentais foi incomparável.

Segue um texto interessante, imagens dos atores das duas versões e um vídeo com a abertura antiga - que marcou minha infância para sempre - e a versão mais recente .

* * * 
  
Sobre a novela “A viagem” - de Ivani Ribeiro

A novela tratou da vida após a morte, baseando-se na filosofia de Allan Kardec. 

A autora, Ivani Ribeiro, usou de sua história e de seus personagens para apresentar detalhes da doutrina kardecista. 

Foram levantadas todas as dimensões da crença, desde o preconceito dos leigos até estudos científicos. Inclusive a comunicação entre vivos e mortos através da mediunidade, espíritos encarnados e desencarnados, possessões, crendices populares, etc.

As irmãs Diná e Estela (Eva Wilma e Irene Ravache), por exemplo, pressentiam quando estavam próximas uma da outra. 

Tibério (Abrahão Farc) conversava com um espírito amigo que ficava todo o tempo a seu lado. 

Dona Cidinha (Lúcia Lambertini) era uma mulher do povo, supersticiosa e cheia de crendices populares. 

Dona Guiomar, Téo e Tato (Carminha Brandão, Tony Ramos e Carlos Alberto Riccelli) sofriam a possessão do espírito maligno de Alexandre (Ewerton de Castro). 

O Dr. Alberto (Rolando Boldrin) era um sensitivo que fazia reuniões e rezava pela alma atormentada de Alexandre.

Ivani Ribeiro baseou-se nos livros "E a Vida Continua" e "Nosso Lar" ditados pelo espírito de André Luiz a Chico Xavier. Também teve a colaboração do professor Herculano Pires, considerado um dos maiores escritores e estudiosos da doutrina kardecista.

A princípio, a autora pensou em adaptar um livro de Chico Xavier. Mas foi o próprio Chico que sugeriu a Ivani que ela desenvolvesse uma trama que abordasse o tema. (*)

Naquele ano de 1975, a proibição da novela "Roque Santeiro" fez com que a Globo reprisasse "Selva de Pedra". A Tupi aproveitou o acontecido e, depressa, lançou "A Viagem". 

Não mediu esforços, chegando a sacrificar a novela anterior no horário, "Ovelha Negra", que teve os capítulos encurtados.

A campanha promocional de "A Viagem" contava com slogan nos cartazes de rua que dizia: "Assista a uma novela inédita com capítulos inéditos".

Referia-se ao fato de Selva de Pedra, na emissora concorrente, ser uma reprise.

Ivani Ribeiro reescreveu "A Viagem" para a Globo em 1994. 

Este remake tornou-se um grande sucesso da emissora.

Christiane Torloni, Antônio Fagundes, Maurício Mattar, Andréa Beltrão e Guilherme Fontes viveram os personagens que foram originalmente interpretados por Eva Wilma, Altair Lima, Tony Ramos, Elaine Cristina e Ewerton de Castro.

A Tupi teve dificuldades em encontrar uma igreja para realizar o casamento entre Téo e Lisa (Tony Ramos e Elaine Cristina). 

Na época, a Cúria Metropolitana baixou uma ordem negando qualquer colaboração com a novela, alegando que a história se voltava contra os princípios católicos. (*)

Ivani Ribeiro em entrevista a Marcilene Caetano para a Revista Melodias nº 216: (*)

"Com A Viagem quis desvendar o mundo espiritual. 
Acredito muito em Deus e procurei, antes de tudo, aproximar o homem dele. 
Mostrando o outro lado da vida, procurei provar que as pessoas não precisam cultivar esse pavor imenso da morte. 
Torno a dizer: "A Viagem" é uma novela para ser assistida por católicos, protestantes, espíritas e pessoas de qualquer outra religião, porque sua mensagem maior é caridade, amor a Deus, pureza."

Último trabalho da atriz Lúcia Lambertini, que morreria em 23/08/1976, após a finalização da novela.

A atriz Márcia Maria, que fazia uma participação especial, ficou doente sendo substituída por Kate Hansen. O diretor Carlos Zara apareceu em off no capítulo da substituição explicando a mudança de atriz.

O ator Kadu Moliterno, antes de ser contratado pela Globo (em 1978), assinava Carlos Eduardo nas novelas onde trabalhou na Tupi e Record.

A menina Andréa Morales, que fez Patrícia, a filhinha de Diná e Téo, era sobrinha-neta de Ivani Ribeiro.

Rogaciano de Freitas, então repórter da Revista Amiga, estreava como ator em "A Viagem". Na ocasião, recebeu o apelido de "gari celestial", pois numa das cenas, seu personagem, Germano, aparecia varrendo o Nosso Lar, local onde moravam os espíritos do bem. (*)

Não confundir "A Viagem" com outra novela de Ivani Ribeiro: "A Grande Viagem" (Excelsior, 1965).

"A Viagem" foi a última novela de Ivani Ribeiro como contratada da TV Tupi. 

Em 1976, a autora assinou contrato com Silvio Santos e escreveu "O Espantalho". 

Seu contrato com o "homem do Baú" terminou no final de 1979, quando Ivani foi para a Bandeirantes. Entre 1977 e 1979, Ivani foi "emprestada" à Tupi e escreveu duas novelas: "O Profeta" e "Aritana".

A novela teve uma versão romanceada lançada nas livrarias.

"A Viagem" foi reprisada às 20 horas (em substituição à "Como Salvar Meu Casamento" - que não teve seu final exibido), de 3 de março a meados de julho de 1980, quando a emissora fechou suas portas, deixando essa reprise inacabada.

Para a reprise, a Tupi criou nova abertura, inclusive com outro tema musical.

(*) Fonte: De Noite Tem... Um Show de Teledramaturgia na TV Pioneira, Mauro Gianfrancesco e Eurico Neiva, Giz Editorial, 2007.



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A Viagem - 1975 - Atores














 A Viagem - 1994 - Atores
















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Aberturas das duas versões: 

Apenas destacando que na abertura antiga assistia-se o final do capítulo anterior.

1975


1994