Depois de tanto
tempo...
Não sabia há quanto
tempo estava caminhando.
A estrada deserta
rasgava a paisagem desolada e difusamente iluminada por aquele fim de
tarde que parecia não ter fim.
Mas, nada mais havia a
fazer senão andar e andar, para tentar encontrar ajuda antes do
anoitecer. O carro estava imobilizado lá atrás, caído numa vala ao
lado da estrada depois de sofrer uma pane mecânica que me deixou sem
direção.
Quanto mais eu
caminhava, mais sozinha me sentia.
Não havia nada, nem o
som de um inseto. Às vezes parecia ouvir a sua voz me chamando,
mamãe, o som vindo lá de longe, de onde eu havia abandonado o
veículo.
Mas, uma força
inexplicável me impelia a seguir em frente, apesar do impacto dos
seus chamados me despertarem grande desejo de retornar.
Após muito andar senti
que alguma coisa estava diferente, pois custava a anoitecer e podia
jurar ter visto pelo caminho muitas coisas e lugares que me pareciam
familiares.
Vi de relance, ou
pensei ver, coisas, lugares, pessoas e situações que pertenciam a
meu passado, o que me fez julgar estar andando em círculos por
diversas vezes.
Não havia medo, mas
minha preocupação crescia porque não conseguia compreender onde
estava e como sair dali.
Achei que rezar seria
uma opção e me arrependi sinceramente de não ter lhe dado ouvidos,
pois não havia aprendido nenhuma oração direito. Sei que não foi
por falta de você falar.
Mas lembrei-me que você
sempre me dizia que rezar é falar com Deus, e pedi perdão por esta
falha e, do meu jeito, pedi a Ele que me ajudasse a encontrar alguém
que pudesse me auxiliar a encontrar o caminho.
Momentos depois surgiu
no horizonte uma mulher de branco. Aproximei-me e dei de cara com a
vovó Maria sorrindo com os braços abertos.
Fiquei trêmula pois
imediatamente entendi a minha nova situação, mas, sentindo-me
reconfortada pela vovó, fiquei bem.
Venho aqui depois de
tanto tempo oferecer a você este presente no Dia da Mães, com a
permissão de meus Benfeitores. Você tem sido uma pessoa exemplar e
mereceu esta atenção por parte da Espiritualidade.
Sei que você
compreendeu a minha partida e, embora com o coração dolorido pela
saudade, permaneceu firme em sua fé. Você estava e está, como
sempre, certa em suas impressões.
Era o meu momento, a
minha provação e precisei partir daquela forma.
Recebi em meu coração
todas as suas orações, que muito me ajudaram e sei que você
registrou as minhas sensações e a minha presença em você por
diversas vezes, pois estou sempre por perto.
Obrigada, mamãe, por
ter criado a Paulinha tão bem como me criou. Ela tornou-se uma linda
jovem e eu a amo muito.
Mande minhas saudades e
o meu amor a ela e também ao papai.
Amo muito todos vocês
e estou na minha melhor forma, como costuma dizer.
A vida aqui é linda,
como você sempre me contava.
Beijos
Alessandra.
* * *
(Psicografado por
Cleber P. Campos)
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