Olá.
Aqui me apresento sob a orientação da Espiritualidade
Superior, que me pede para registrar a minha última passagem à condição de
espírito liberto.
Lembro-me bem, apesar do grande intervalo de tempo terrestre
que já se passou, dado ao sofrimento e angústia que isto me causou.
Não tive consciência da minha morte física. Para mim, ainda
pertencia ao mundo dos vivos.
Estava voltando do trabalho quando fui acometido de um
infarto fulminante. Senti uma tremenda dor no peito, que me levou ao chão.
A dor logo passou, ergui-me, uma certa tonteira, um breve
escurecer de vista e pronto. Segui adiante, rumo à minha casa.
Chegando lá, começaram os meus problemas.
Custei a poder
entrar, pois minha chave parecia não servir mais.
Até cabia na fechadura, mas
virava em falso.
Bati, chamei, gritei e nada. Ninguém veio abrir.
Quando meu filho chegou, entrei junto com ele e ele nem se
importou com as minhas reclamações.
E assim foi por dias.
Em casa e no trabalho as pessoas
falavam e eu não entendia, eu falava e elas não me respondiam.
Por vezes eu
chegava a gritar perto delas e o máximo que conseguia fazer era causar algum
abalo emocional, que só eu percebia.
Os demais continuavam em seus afazeres com
se eu não estivesse ali. Compreendi que alguma coisa estava errada, mas não
sabia definir o que eu havia feito de tão grave para ser tratado com tamanho
desprezo por todos.
Um dia, surpreendi-me ao ver minha casa repleta de vultos
escuros, que escarneciam de tudo e de todos.
Estes infelizes
"grudavam" em todos de minha família e divertiam-se ao ver-me lutar
em vão para separá-los e expulsá-los.
Chegaram a dizer-me que sempre estiveram
por ali e que eu é que não conseguia vê-los antes.
Meu mundo estava de pernas para o ar. Além de minha esposa e
filhos não me darem mais atenção, a fome e o frio estavam presentes o tempo
todo. Nada que eu fizesse acalmava estas sensações.
Comecei a desconfiar que eu podia esta "morto" ao
dar de cara com meu velho pai, que já havia partido há muito tempo. Nesta
ocasião, saí correndo para a rua em pânico, crendo estar louco.
Assim meus dias foram se passando.
Aos poucos o sofrimento foi me chamando à realidade,
trazendo à minha mente alguns preciosos ensinamentos religiosos do passado, como se eu pudesse
ouvir de novo a voz de minha mãe e da professora de catecismo falando-me sobre
Deus, sobre Jesus e ensinando-me a orar.
O resto é prosa.
Meu pai finalmente conseguiu aproximar-se
de mim e levou-me dali.
Fica aqui o meu relato, na tentativa de alertar a todos que
vivam no Amor e na Caridade e que, sobretudo, creiam em Deus e na continuidade
da vida.
Desejo que todos aprendam, em seus corações, as lições que
Jesus nos deixou para que não sejam, como eu fui, surpreendidos por sua própria
ignorância.
Boa noite a todos.
Um amigo.
(Psicografado por: Cleber P. Campos)
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