De repente tudo ficou
muito esquisito.
Eu tinha a impressão
que tudo estava diferente, mas não conseguia explicar o que.
No trabalho, em casa ,
na escola. Ninguém mais falava comigo, apesar de parecer que estavam
o tempo todo falando de mim.
Tentava aproximar-me
das pessoas, mas todos simplesmente me ignoravam, como se eu
estivesse invisível. Alguns até faziam uma cara estranha e pareciam
chorar na minha presença.
Preocupado, ficava a
pensar o que eu poderia ter feito de errado para ter tanta gente de
cara virada comigo.
Meu consolo era chegar
em casa e ver o Thor. Criado desde filhote com muito amor, era uma
grande cão, amigo de todas as horas. Ele, pelo menos, vinha me
receber como sempre, latindo muito quando eu virava a esquina e
atirando-se sobre mim quando eu passava pelo portão.
Minha mãe, que no fim
da tarde sempre me esperava no portão, ao invés de me abraçar,
punha-se a chorar ao ver o Thor latir para mim.
Assim, como somente meu
cão dava-me atenção, passava todo o meu tempo livre brincando com
ele e, sempre que possível, aproximava-me das pessoas tentando a
reconciliação, apesar de não lembrar ter feito nada que as
magoasse.
Numa noite, quando
brincava com o Thor, percebi que ele ficou um pouco agitado, fixando
o olhar numa densa folhagem do jardim dos fundos da casa.
Fiquei prestando
atenção quando ele correu para lá, latindo e abanando o rabo. Pude
ver, de relance, a nossa cadela chamada Laika, que já há muito
tempo havia morrido. Fiquei assustado e ao mesmo tempo curioso. Como
aquilo era possível?
Lembrei-me então do
centro espírita que minha avó costumava freqüentar e no dia
seguinte fui até lá, pois sabia que faziam sessões todos os dias
às dezenove horas.
Fui chegando e fiquei
maravilhado ao notar como a casa estava enfeitada com luzes de todos
os tipos naquela noite. Passava em frente daquela pequena casa com
freqüência, e nunca a havia visto tão iluminada.
Entrei e fui recebido
com muito carinho.
Sentado num banco na
lateral, onde me pediram para aguardar, participei de toda a sessão,
acompanhando emocionado as orações.
Ao fim dos trabalhos,
uma senhora de branco que esteve atarefada durante todo o tempo
aproximou-se e colocou uma das mãos sobre meus olhos, dizendo-me
gentilmente:
- Que Deus abra teus
olhos para a Verdade.
Estremeci. Ao abrir os
olhos reconheci imediatamente minha avó naquela senhora cheia de
luz.
Ela contou-me sobre
minha nova condição e levou-me para um novo lar, onde eu deveria
viver como espírito.
Fiquei sabendo que meu
corpo deixou de funcionar após um acidente, onde fui vítima de
atropelamento. Até hoje tenho curiosidade e acima de tudo gratidão
a Deus, pois nada senti ou percebi em minha passagem. Apenas
continuei vivendo.
E ainda hoje vou
vivendo, feliz em minha condição de desencarnado trabalhador do
Cristo, auxiliando no que estiver a meu alcance aos irmãos
necessitados.
À Dona Marta, minha
querida mãe, deixo o meu amor e a certeza que estou sempre presente,
lá no quintal, brincando com o Thor, pois sempre que posso dou uma
passadinha lá para fazer um carinho nele.
André
(Psicografado por
Cleber P. Campos)
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Autor: André
Destinatário: Marta
(mãe)
Psicografado por:
Cleber P. Campos
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