Tombei no campo de
batalha, no calor da luta.
Meu enterro, no Brasil,
foi simbólico, caixão vazio, com honras de herói. Meu corpo só eu
sei onde ficou e onde tornou ao pó.
Vaguei por muito tempo
em meio a sangue e lágrimas, o coração cheio de ódio pelos
nazistas por terem me privado o direito da volta para casa e tornar a
ver a esposa e os filhinhos.
A batalha continuava
dia a dia sem fim, sem parecer que ia um dia acabar.
Até que um dia um
senhor de cabelos tão brancos quanto os meus (de alguma forma minha
mocidade foi-se com o corpo) me bateu de leve no ombro.
Virei-me e ao olhar em
seus olhos reconheci imediatamente Roberto, meu filhinho que havia
ficado no Brasil então com 2 anos.
Confuso, olhei em volta
e vi que os canhões haviam silenciado, que os soldados haviam sumido
e que os campos agora verdejantes estavam serenos e belos com o
desabrochar de uma nova primavera.
Percebi então, que em
minha loucura, muitos anos haviam passado e meu ódio alimentou uma
guerra particular, dentro de minha mente.
Roberto, diante de mim
era a prova. Enquanto eu vivia minha alucinação, esquecendo que
Deus é Pai e não nos desampara, meu filho cresceu, casou-se, teve
filhos e netos e desencarnou, vindo a resgatar-me.
Mais tarde, reunido com
minha esposa e os outros filhos, recuperei a felicidade e percebi o
quanto tinha a agradecer a Deus e o quanto deveria trabalhar para
recuperar o tempo perdido.
José Antonio
(Psicografado por
Cleber P. Campos)
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