"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

13 agosto 2010

13 de agosto - Dia do Canhoto



Para uma parte das pessoas, escolher qual mão estender para cumprimentar alguém não é automático. Ao contrário dos destros, que são 90% da população mundial, os canhotos - os 10% restantes - diariamente se adaptam a um mundo (e a tesouras e abridores de latas) que não foi feito exatamente para eles e precisam oferecer a mão direita ao invés da esquerda, pois essa é a convenção social.

Para lembrar dessas pequenas dificuldades diárias, a Left-Handers Internacional (uma associação de canhotos em Topeka, nos Estados Unidos, hoje já extinta) instituiu, na década de 70, o dia Internacional dos Canhotos em 13 de agosto.

O porquê da escolha do dia não se sabe ao certo. Mas a data é por si só sinistra (outra palavra usada para designar um canhoto e que significa funesto e pernicioso, segundo o dicionário), já que 13 sempre foi considerado número de azar e agosto é o mês oficial do mau-agouro. Isso sinaliza um pouco dos problemas que canhotos tiveram no passado e ainda têm em algumas culturas.
(Homenagem ao um canhotinho que tenho aqui em casa - meu filho Renan)

11 agosto 2010

Espera



Horas, horas sem fim,
pesadas, fundas,
esperarei por ti
até que todas as coisas sejam mudas.

Até que uma pedra irrompa
e floresça.
Até que um pássaro me saia da garganta
e no silêncio desapareça.
(Eugénio de Andrade)

Confiem ao vento



"Confiem ao vento as cinzas dos que tentam em vão ressuscitar.

Espalhem pelo mundo esse pó e deixem-no voar por si só, ao colo das brisas que carreguem para o infinito esse sonho proscrito que apenas adormeceu.

Libertem a utopia e não lhe chorem o fim, pois dentro de mim a Primavera acontece a toda a hora numa redoma intocável junto à nascente inesgotável de fantasias e de ilusões onde as mortes são renovações e todos os ciclos se perpetuam. Nas vossas também.

E testemunhem em silêncio o bailado da poeira desenhado no céu e aceitem esta maneira peculiar de percorrer a vida com o olhar de quem acredita na reencarnação da mais bela emoção de qualquer existência, nada mais.

Tomem consciência da imortalidade garantida na ressaca da dor mais profunda que apenas marca uma nova etapa do amor que se reproduz, infindo. Que renasce para o mundo, inevitável, como a constante maravilha que surge a cada dia quando brilha no horizonte, de novo, um sol.

Assistam ao renascimento da luz nesse momento de simples transição, de constante renovação da esperança justificada. E não percam a confiança nesse amigo que nos sopra ao ouvido a certeza de que conhece bem a estrada a percorrer pelas cinzas que transporta para outra dimensão.
Nunca se despeçam dos dias que anoiteçam, sorriam-lhes apenas e sussurrem um “até já” e acolham as estrelas mais a lua refletida no vosso olhar agradecido.

A beleza para observar a todo o tempo que se tem e se ignora esquecido quando nos entregamos à ingratidão injustificada.

A vida que nos é dada como uma oferenda milagrosa, o desabrochar de uma rosa plantada por um deus ou outra entidade superior a quem foi confiada a missão de cuidar deste jardim suspenso.

E o amor é tão intenso que não consegue morrer mas apenas transitar, como a alma, para novos paradeiros nos instantes derradeiros de uma calma mudança, a eterna renascença do fogo fátuo embutido em cada um.

Eu não consigo abandonar esta vontade de amar sem freio algum.
Enquanto sopro em vão esta cinza teimosa na palma da minha mão."

Clarice Lispector


Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava.
Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente.
Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar fosse fácil.
(Clarice Lispector)

08 agosto 2010

Santa Clara, clareai


Santa Clara, clareai
Estes ares.
Dai-nos ventos regulares,
de feição.
Estes mares, estes ares
Clareai.


Santa Clara, dai-nos sol.
Se baixar a cerração,
Alumiai
Meus olhos na cerração.
Estes montes e horizontes
Clareai.


Santa Clara, no mau tempo
Sustentai
Nossas asas.
A salvo de árvores, casas,
E penedos, nossas asas
Governai.
(Manuel Bandeira)

01 agosto 2010

Kardec e as crianças


De fato, ponderai que nos vossos lares nascem possivelmente crianças cujos Espíritos vêm de mundos onde contraíram hábitos diferentes dos vossos e dizei-me como poderiam esses seres estar no vosso meio, trazendo paixões diversas das que nutris ou inclinações e gostos, inteiramente opostos aos vossos. Como poderiam incorporar-se entre vós, sem ser como Deus o determinou, ou seja, passando pelo crivo da infância?
(Allan Kardec)

Os Fenômenos Paranormais do Filme Sexto Sentido


Vários fenômenos paranormais podem ser percebidos ao longo do filme. Veja as definições deles, segundo o Diccionario de Parapsicología, de Werner Bonin (Alianza Editorial).

-Clauriaudiência
Capacidade de ouvir vozes mediante mecanismos paranormais. Percepção extra-sensorial auditiva. É importante não confundi-la com alterações mentais ou psicopatológicas.
– Cole escuta: "De profundis clamo et domine" (Das profundezas eu te chamo, ó Senhor!). O menino jamais tinha lido latim ou escutado algo nesse idioma. Além disso, alguns fantasmas falam, outros se comunicam apenas por sinais.

-Poltergeist
Movimentos e deslocamento de objetos de forma anômala.
– Enquanto o menino toma café da manhã na cozinha, sozinho, sua mãe descobre que, em poucos segundos, quase todos as gavetas e portas do armário estavam abertas, sem provocar o menor ruído.

-Aparições
Percepção visual de um fantasma, muitas vezes acompanhada de sensações táteis e auditivas.
– Todas as cenas em que Cole vê os mortos são exemplos claros de aparições. Fica claro que eles não sabem que morreram, exceto a menina que lhe entrega a fita de vídeo que mostra sua própria morte.

-Psicofotografias
Efeitos anômalos em fotografias e filmes.
– A mãe de Cole nota que em todas as fotos penduradas na parede surgem pequenas luzes próximas da criança, como vagalumes.

-Psicografias
Escritos que se obtêm de um médium – normalmente em transe – proveniente de entidades desencarnadas.
– A mãe de Cole também percebe que seu filho guardava textos com sua letra, dizendo: "Calem o maldito bebê ou o corto em pedaços".

-Retrocognição
Percepção extra-sensorial de eventos que ocorreram no passado.
– Na escola, o menino diz a seu professor que o prédio da escola não foi um tribunal de justiça, como todos pensam, mas o local em que se enforcavam os réus, no século 16.

-Telepatia
Transferência de pensamentos entre duas ou mais pessoas.
– Na seqüência da mesma cena, Cole diz a seu professor – aos gritos – como seus colegas de escola zombavam dele, chamando-o "o gago Stanley". O efeito emocional que essa declaração provoca é tamanho que o professor começa a gaguejar.

-Psicometria
Percepção paranormal, visual ou auditiva, utilizando um objeto como indutor.
– Pode-se interpretar a cena em que Cole vê os enforcados de sua escola como uma percepção extra-sensorial das antigas execuções realizadas no prédio.

-Paratermogênese
Queda ou aumento brusco da temperatura por mecanismos paranormais.
– Cole vai ao banheiro, à noite, e o termômetro mostra uma queda súbita da temperatura, sempre que os fantasmas aparecem.

-Psicofonia
Captação de vozes ou sons de origem paranormal em equipamentos eletromagnéticos.
– O psicólogo aumenta o volume de seu gravador e descobre um diálogo – quase imperceptível – entre duas pessoas que não estavam presentes quando ele conversava com seu paciente.

-Clarividência
Percepção extra-sensorial de um evento ou um lugar distante.
– Cole confessa à mãe que a avó tinha presenciado secretamente a filha no dia em que ela estreou no teatro. A mãe do menino jamais soube disso, mas isso a convence de um contato espiritual legítimo entre Cole e a avó.

-Ataques Espirituais
Golpes, feridas ou lesões produzidas por ação violenta de seres desencarnados.
– Cole é atacado por um dos fantasmas agressores, quando dois colegas de escola o trancam durante a festa de aniversário.

-Aporte
Aparição ou desaparecimento paranormal de um objeto.
– A mãe de Cole não encontra um pendente que a avó lhe havia deixado e acusa o menino de tê-lo feito desaparecer.

-Psi em Animais
Percepção extra-sensorial em animais.
(extraído de texto de Alejandro Parra)

Obsessão, Medicina e Espiritismo



A Obsessão Espiritual como doença da Alma, já é reconhecida pela Medicina.

Em artigos anteriores, escrevi que a Obsessão espiritual, na qualidade de doença da alma, ainda não era catalogada nos compêndios da Medicina, por esta se estruturar numa visão cartesiana, puramente organicista do ser e, com isso, não levava em consideração a existência da alma, do espírito.

No entanto, quero retificar, atualizar os leitores de meus artigos essa informação, pois desde 1998, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o bem-estar espiritual como uma das definições de saúde, ao lado do aspecto físico, mental e social.

Antes, a OMS definia saúde como o estado de completo bem-estar biológico, psicológico e social do ser humano e desconsiderava o bem estar espiritual, isto é, o sofrimento da alma; tinha, portanto, uma visão reducionista, organicista da natureza humana, não a vendo em sua totalidade: mente corpo e espírito.

Mas, após a data mencionada acima, ela passou a definir saúde como o estado de completo bem-estar do ser humano integral: biológico, psicológico e espiritual. Desta forma, a Obsessão espiritual oficialmente passou a ser conhecida na Medicina como possessão e estado de transe, que é um item do CID -O Código Internacional de Doenças- que permite o diagnóstico da interferência espiritual obsessora.

O CID 10, item F.44.3 - define estado de transe e possessão como a perda transitória da identidade com manutenção de consciência do meio-ambiente, fazendo a distinção entre os normais, ou seja, os que acontecem por incorporação ou atuação dos espíritos, dos que são patológicos, provocados por doença. Os casos, por exemplo, em que a pessoa entra em transe durante os cultos religiosos e sessões mediúnicas não são considerados doença. Neste aspecto, a alucinação é um sintoma que pode surgir tanto nos transtornos mentais psiquiátricos -nesse caso, seria uma doença, um transtorno dissociativo psicótico ou o que popularmente se chama de loucura- bem como na interferência de um ser desencarnado , a Obsessão espiritual.

Portanto, a Psiquiatria já faz a distinção entre o estado de transe normal e o dos psicóticos que seriam anormais ou doentios. O manual de estatística de desordens mentais da Associação Americana de Psiquiatria - DSM IV - alerta que o médico deve tomar cuidado para não diagnosticar de forma equivocada como alucinação ou psicose, casos de pessoas de determinadas comunidades religiosas que dizem ver ou ouvir espíritos de pessoas mortas, porque isso pode não significar uma alucinação ou loucura.

Na Faculdade de Medicina da USP, o Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, médico, coordena a cadeira (hoje obrigatória) de Medicina e Espiritualidade.
Na Psicologia, Carl Gustav Jung, discípulo de Freud, estudou o caso de uma médium que recebia espíritos por incorporação nas sessões espíritas.
Na prática, embora o Código Internacional de Doenças (CID) seja conhecido no mundo todo, lamentavelmente o que se percebe ainda é muitos médicos rotularem todas as pessoas que dizem ouvir vozes ou ver espíritos como psicóticas e tratam-nas com medicamentos pesados pelo resto de suas vidas.

Em minha prática clínica,( também praticada por Ian Stevenson) a grande maioria dos pacientes, são rotulados pelos psiquiatras de "psicóticos" por ouvirem vozes (clariaudiência) ou verem espíritos (clarividência), na verdade, são médiuns com desequilíbrio mediúnico e não com um desequilíbrio mental, psiquiátrico. (Muitos desses pacientes poderiam se curar a partir do momento que tivermos uma Medicina que leva em consideração o ser integral).

Portanto, a obsessão espiritual como uma enfermidade da alma, merece ser estudada de forma séria e aprofundada para que possamos melhorar a qualidade de vida do enfermo.
(Osvaldo Shimoda)

Somos todos médiuns


Quem é médium o é sempre, e não apenas no instante em que o fenômeno esta acontecendo, embora seja no exato momento do transe que a mediunidade alcança o seu ápice.

A mediunidade pode ser observada ostensivamente, quando, por exemplo, o médium incorpora, psicografa, transmite o passe, libera ectoplasma, pinta sob a influência dos espíritos... Entretanto, a mediunidade, no cotidiano, manifesta-se discretamente, ao ponto de o próprio médium não perceber que esteja agindo como instrumento.

Dificilmente o médium precisará com nitidez quando estará sendo intuído ou inspirado a dizer palavras ou tomar atitudes que mudem o rumo dos acontecimentos dos quais participe.

Citemos um fato corriqueiro como exemplo. Numa simples conversação, ,o médium poderá dizer uma palavra que clareie as decisões que o seu interlocutor tenha que tomar. Imaginemos um médico indeciso sobre o diagnóstico de um paciente...

Em conversa com um médium, às vezes completamente alheio ao caso, os espíritos poderão inspirar o sensitivo no sentido de que a mente do médico se abra para o diagnóstico preciso, salvando vidas e evitando cirurgias de risco já programadas.

Quem procura sintonia com o Mais Alto através da oração e do dever retamente cumprido será sempre uma antena captando mensagens de elevado teor e retransmitindo-as através da palavra, imperceptivelmente.

A mediunidade ostensiva e declarada não é a única maneira de exercer-se a mediunidade.

A mãe é médium quando antecipa-se como seus conselhos aos problemas do filho; o pai é médium quando poupa recursos que pressentem necessários no futuro; o filho é médium quando protegem os pais de uma queda dentro de casa; o amigo é médium quando alerta alguém acerca da necessária revisão nos freios do automóvel, antes da viagem prevista; o vizinho é médium quando se refere a uma árvore prestes a desabar no quintal ao lado...

Há quem imagine que o seu compromisso com a mediunidade seja apenas naquele dia determinado e naqueles poucos minutos semanais em que passa ao redor de uma mesa de sessões.

Não terão sido médiuns Einstein, Thomas Édison, Pasteur, Gandhi, Florence Nigthingale e tantos outros gênios e benfeitores da humanidade?!

Não será médium o pastor anônimo e bem intencionado que prepara o seu sermão para a comunidade dos fiéis?!

Não será médium o legislador que se debruça sobre as leis dos homens, estudando um meio de adequá-las às Leis de Deus?!

Não será médium o cientista que no silêncio dos laboratórios pesquisa, por exemplo, a cura da AIDS?!

Não será médium o professor que atina com o problema emocional que angustia um de seus alunos, interferindo negativamente no seu aproveitamento escolar?!

Não será médium o lavrador que pressente a hora de lançar a semente ao solo para a sonhada colheita?!...

De fato o homem é portador de livre-arbítrio e a decisão final em suas atitudes sempre lhe cabe, entretanto não deve ignorar que o Mundo Espiritual e o Mundo Físico se interpenetram e interagem e que a comunidade dos espíritos desencarnados faz parte da comunidade dos encarnados, onde continua tendo interesses comuns aos homens.

Não exageraríamos se disséssemos que tudo é mediunidade, tanto na Terra quanto nos Céu!

O Pensamento Divino, até chegar ao homem, passa, por assim dizer, por dezenas de cérebros... Para que esse pensamento chegasse a nós sem distorções é que Jesus corporificou-se no planeta e trouxe-nos o Verbo Divino que identificava-se plenamente com a sua Palavra.

Anteriormente, os profetas, portadores da Palavra de Deus, sujeitaram-na à cultura social e religiosa a que pertenciam, regionalizando o que era universal.

Por isto, em essência, O Espiritismo identifica-se com tosas as religiões e filosofias que vão desde as ramificações do Cristianismo às que pregam a reencarnação, a lei do carma e a comunicação com os chamados mortos.

Tendo sido codificada na França, a Doutrina Espírita é universal, porque a Verdade, em todos os idiomas, é sempre a mesma em toda parte.
(Carlos A. Bacelli / Odilon Fernandes)