"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"
(Teillard de Chardin)
05 maio 2011
03 maio 2011
Depois de tudo te amarei
como se fosse sempre antes
como se fosse sempre antes
como se de tanto esperar
sem que te visse nem chegasses
estivesses eternamente
respirando perto de mim.
Perto de mim com teus hábitos,
teu colorido e tua guitarra
como estão juntos os países
nas lições escolares
e duas comarcas se confundem
e há um rio perto de um rio
e crescem juntos dois vulcões.
Perto de ti é perto de mim
e longe de tudo é tua ausência
e é cor de argila a lua
na noite do terremoto
quando no terror da terra
juntam-se todas as raízes
e ouve-se soar o silêncio
com a música do espanto.
O medo é também um caminho.
E entre suas pedras pavorosas
pode marchar com quatro pés
e quatro lábios, a ternura.
Porque sem sair do presente
que é um anel delicado
tocamos a areia de ontem
e no mar ensina o amor
um arrebatamento repetido.
(Pablo Neruda)
Sobre a morte e o morrer
O que é vida?
Mais precisamente, o que é a vida de um ser humano?
O que e quem a define?
Já tive medo da morte. Hoje não tenho mais.
O que sinto é uma enorme tristeza.
Concordo com Mário Quintana: "Morrer, que me importa? (...) O 'diabo' é deixar de viver". A vida é tão boa! Não quero ir embora...
Eram 6h. Minha filha me acordou. Ela tinha três anos. Fez-me então a pergunta que eu nunca imaginara: "Papai, quando você morrer, você vai sentir saudades?". Emudeci. Não sabia o que dizer.
Ela entendeu e veio em meu socorro: "Não chore, que eu vou te abraçar..." Ela, menina de três anos, sabia que a morte é onde mora a saudade.
Cecília Meireles sentia algo parecido: "E eu fico a imaginar se depois de muito navegar a algum lugar enfim se chega... O que será, talvez, até mais triste. Nem barcas, nem gaivotas. Apenas sobre humanas companhias... Com que tristeza o horizonte avisto, aproximado e sem recurso. Que pena a vida ser só isto...”
Dona Clara era uma velhinha de 95 anos, lá em Minas. Vivia uma religiosidade mansa, sem culpas ou medos. Na cama, cega, a filha lhe lia a Bíblia. De repente, ela fez um gesto, interrompendo a leitura. O que ela tinha a dizer era infinitamente mais importante. "Minha filha, sei que minha hora está chegando... Mas, que pena! A vida é tão boa...”
Mas tenho muito medo do morrer. O morrer pode vir acompanhado de dores, humilhações, aparelhos e tubos enfiados no meu corpo, contra a minha vontade, sem que eu nada possa fazer, porque já não sou mais dono de mim mesmo; solidão, ninguém tem coragem ou palavras para, de mãos dadas comigo, falar sobre a minha morte, medo de que a passagem seja demorada. Bom seria se, depois de anunciada, ela acontecesse de forma mansa e sem dores, longe dos hospitais, em meio às pessoas que se ama, em meio a visões de beleza.
Mas a medicina não entende.
Um amigo contou-me dos últimos dias do seu pai, já bem velho.
As dores eram terríveis. Era-lhe insuportável a visão do sofrimento do pai. Dirigiu-se, então, ao médico: "O senhor não poderia aumentar a dose dos analgésicos, para que meu pai não sofra?". O médico olhou-o com olhar severo e disse: "O senhor está sugerindo que eu pratique a eutanásia?".
Há dores que fazem sentido, como as dores do parto: uma vida nova está nascendo.
Mas há dores que não fazem sentido nenhum. Seu velho pai morreu sofrendo uma dor inútil. Qual foi o ganho humano?
Que eu saiba, apenas a consciência apaziguada do médico, que dormiu em paz por haver feito aquilo que o costume mandava; costume a que freqüentemente se dá o nome de ética.
Um outro velhinho querido, 92 anos, cego, surdo, todos os esfíncteres sem controle, numa cama -de repente um acontecimento feliz! O coração parou.
Ah, com certeza fora o seu anjo da guarda, que assim punha um fim à sua miséria! Mas o médico, movido pelos automatismos costumeiros, apressou-se a cumprir seu dever: debruçou-se sobre o velhinho e o fez respirar de novo. Sofreu inutilmente por mais dois dias antes de tocar de novo o acorde final.
Dir-me-ão que é dever dos médicos fazer todo o possível para que a vida continue.
Eu também, da minha forma, luto pela vida.
A literatura tem o poder de ressuscitar os mortos.
Aprendi com Albert Schweitzer que a "reverência pela vida" é o supremo princípio ético do amor.
Mas o que é vida? Mais precisamente, o que é a vida de um ser humano? O que e quem a define? O coração que continua a bater num corpo aparentemente morto? Ou serão os ziguezagues nos vídeos dos monitores, que indicam a presença de ondas cerebrais?
Confesso que, na minha experiência de ser humano, nunca me encontrei com a vida sob a forma de batidas de coração ou ondas cerebrais.
A vida humana não se define biologicamente. Permanecemos humanos enquanto existe em nós a esperança da beleza e da alegria. Morta a possibilidade de sentir alegria ou gozar a beleza, o corpo se transforma numa casca de cigarra vazia.
Muitos dos chamados "recursos heróicos" para manter vivo um paciente são, do meu ponto de vista, uma violência ao princípio da "reverência pela vida".
Porque, se os médicos dessem ouvidos ao pedido que a vida está fazendo, eles a ouviriam dizer: "Liberta-me".
Comovi-me com o drama do jovem francês Vincent Humbert, de 22 anos, há três anos cego, surdo, mudo, tetraplégico, vítima de um acidente automobilístico. Comunicava-se por meio do único dedo que podia movimentar. E foi assim que escreveu um livro em que dizia:
"Morri em 24 de setembro de 2000. Desde aquele dia, eu não vivo. Fazem-me viver. Para quem, para que, eu não sei...".
Implorava que lhe dessem o direito de morrer. Como as autoridades, movidas pelo costume e pelas leis, se recusassem, sua mãe realizou seu desejo. A morte o libertou do sofrimento.
Dizem as escrituras sagradas: "Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer".
A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A "reverência pela vida" exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir.
Cheguei a sugerir uma nova especialidade médica, simétrica à obstetrícia: a "morienterapia", o cuidado com os que estão morrendo.
A missão da morienterapia seria cuidar da vida que se prepara para partir. Cuidar para que ela seja mansa, sem dores e cercada de amigos, longe de UTIs. Já encontrei a padroeira para essa nova especialidade: a "Pietà" de Michelangelo, com o Cristo morto nos seus braços. Nos braços daquela mãe o morrer deixa de causar medo.
(Rubem Alves)
Texto publicado no jornal “Folha de São Paulo”, Caderno “Sinapse” do dia 12-10-03. fls 3.
Espíritos Batedores
Espíritos Batedores são aqueles que se comunicam por meio de pancadas ou ruídos semelhantes.
Para tanto, é necessário que haja por perto da manifestação algum médium de efeitos físicos, pois os espíritos só conseguem provocar ruídos, mover objetos ou tornarem-se visíveis aos encarnados quando estão de posse do fluido magnético chamado ectoplasma, doado de forma imperceptível por estes médiuns. Ele não precisa estar necessariamente no local exato em que ocorra o fenômeno, mas estará nas redondezas.
É importante definir o termo “Tiptologia”, que é a forma de comunicação obtida pela sucessão de pancadas ou batidas curtas, feitas em algum material rígido, usualmente madeira, produzindo ruídos.
Na história do Espiritismo, a Tiptologia foi o meio utilizado nas primeiras comunicações entre os mortos (espíritos desencarnados) e os vivos (espíritos encarnados), no episódio protagonizado pelas Irmãs Fox em Hydesville, nos Estados Unidos da América, em 31 de março de 1848.
Nesse episódio registrou-se a utilização da forma mais simples de Tiptologia, ou seja, uma combinação, entre as duas partes comunicantes, em que certa quantidade de pancadas significaria "Sim" e outra quantidade, "Não".
Logo, essa forma simples de comunicação evoluiu para uma forma mais elaborada, a chamada Tiptologia Alfabética, na qual a quantidade de pancadas significava uma determinada letra do alfabeto ou determinado algarismo, conforme combinação prévia entre as duas partes comunicantes.
No começo do Moderno Espiritualismo e do Espiritismo, comunicações importantes foram feitas por meio da Tiptologia.
Com o tempo, no entanto, devido à demora do processo, as comunicações passaram a ser feitas por outros meios até alcançar a psicografia ou psicofonia.
Nos dias de hoje, as ocorrências de fenômenos tiptológicos estão praticamente restritas àquelas em que um espírito desencarnado deseja se fazer notar aos encarnados presentes, geralmente para perturbá-los. É o caso dos Espíritos Batedores.
Um Espírito Superior, quando necessário, pode através dos chamados Espíritos Batedores, provocar ruídos variados, usando estes últimos para sinalizar sua presença e estabelecer uma comunicação; neste caso especifico, nunca para atormentar ou assustar um encarnado.
A respeito deste assunto, “O Livro dos Espíritos” nos diz o seguinte:
“Estes Espíritos não formam, propriamente falando, uma classe distinta quanto às suas qualidades pessoais, e podem pertencer a todas as classes da terceira ordem.
Manifestam freqüentemente sua presença por efeitos sensíveis e físicos, como golpes, movimento e deslocamento anormal de corpos sólidos, agitação do ar etc.
Parece que estão mais apegados à matéria do que os outros, sendo os agentes principais das vicissitudes dos elementos do globo, quer pela sua ação sobre o ar, a água, o fogo, os corpos sólidos ou nas entranhas da terra.
Reconhece-se que esses fenômenos não são devidos a uma causa fortuita e física, quando têm um caráter intencional e inteligente.
Todos os Espíritos podem produzir esses fenômenos, mas os Espíritos elevados os deixam, em geral, a cargo dos Espíritos subalternos, mais aptos para as coisas materiais que para as inteligentes.
Quando julgam que as manifestações desse gênero são úteis, servem-se desses espíritos como auxiliares.”
01 maio 2011
Dica de Livro: “Cuidar” - Livro-documentário que mostra o retrato da Medicina Humanizada do País
O livro-documentário "Cuidar" é o resultado de uma expedição que percorreu o Brasil, de norte a sul, registrando através das lentes das câmeras fotográficas as relações entre médicos, equipes de saúde, familiares e pacientes registradas dentro e fora do ambiente hospitalar.
O livro com 110 imagens faz parte de um projeto de humanização de hospitais batizado de “Humanizando Relações”, que tem como parceira a farmacêutica Roche.
O objetivo é documentar algo que é humanamente sensível, mas nem sempre visível aos olhos.
André François, fotógrafo idealizador do projeto e fundador da organização ImageMagica, registrou ao longo de 2006 mais de 25 mil imagens, que refletem as relações entre médicos, equipes de saúde, familiares e pacientes, mostrando que nos momentos mais cruciais na luta pela vida é possível existir ternura e delicadeza.
O resultado pode ser visto nas 248 páginas do livro, que traz 110 imagens em preto e branco com relatos de médicos, familiares e pacientes sobre a arte do Cuidar.
A leitura da obra não termina nas fotografias: ela vai além, pois retrata o universo do “Cuidar”, tema pertinente não apenas quando abordamos a Medicina.
Traduzir esse sentimento para o papel foi uma tarefa complexa desempenhada pelo editor de imagens Pisco Del Gaiso, fotógrafo e editor da revista Fotosite.
O trabalho em conjunto de François e Gaiso foi fundamental para a escolha de detalhes tão sutis quanto reveladores do universo hospitalar.
“Era preciso transformar as milhares de imagens no livro com certa sobriedade, porém sem deixar se levar pelo lado do drama ou da tragédia.
O fotógrafo é um instrumento de comunicação entre os povos, um mediador entre dois olhares. Minha missão foi tornar as histórias daquelas pessoas mais vivas”, explica François.
No livro estão retratadas histórias que falam da espera da cura, e de como a humanização influencia esta espera.
O fotógrafo registrou de grandes a pequenos hospitais, lugares de difícil acesso, equipes médicas que trabalham de forma itinerante atendendo a comunidades carentes, médicos de família e o trabalho solitário de profissionais que arriscam suas vidas em trajetos para chegar até as fronteiras, como, por exemplo, da Colômbia.
Ao longo do trabalho, François descobriu que a humanização está em pequenas e simples atitudes do cotidiano, retratadas para documentar seus efeitos e benefícios.
André partiu em busca da imagem que carregava na mente há tempos: a do médico iluminado, aquele que carrega em sí o cuidado como premissa para qualquer tratamento.
Para Ernest Egli, presidente da Roche Brasil, a concretização deste projeto comemora não apenas os 75 anos da Roche no Brasil, mas principalmente a presença do Cuidar nos hospitais e ambulatórios.
“Hoje, não temos dúvidas de que o cuidado é o melhor caminho para a cura, por isso, não apenas apoiamos, como também nos integramos a este fascinante projeto”.
O livro foi desenvolvido com o apoio da Lei Rouanet, terá distribuição nacional e será traduzido para quatro línguas: espanhol, inglês, francês e português.
O medo que nos protege
O medo é uma sensação natural própria de quem está vivo.
Ele serve como um alerta para o organismo de algum perigo ou ameaça e provoca uma reação protetora.
Sendo assim, todo mundo tem medo. Temos medo de tudo: de ser assaltado, de perder o emprego, da crise financeira, de terrorismo, de romper um relacionamento, de ser feliz, de ingerir gordura trans, de pegar gripe suína, de barata, de altura, de envelhecer, de solidão, de acidente aéreo.
E o maior de todos os medos é o da morte. Isso é assim porque temos consciência de que um dia iremos morrer.
Ao contrário do que se possa pensar, o medo não é para ser vencido ou superado, mas para ser enfrentado.
Uma das palavras que Jesus mais expressou foi “não temas”. Ele disse isso em várias circunstâncias. A ideia é de que não se deve permitir que o medo nos imobilize e impeça que tomemos as atitudes necessárias.
O medo é uma força interior que orienta as nossas ações diante de grandes tormentas.
Ele funciona como um dinamizador de nossas ações a fim de se enfrentar os desafios e superar as dificuldades. Os problemas precisam ser enfrentados, e isso não acontecerá sem medo, mas apesar do medo.
Esse é o sentido da coragem: a virtude de entender quem somos e, ainda assim, enfrentar os riscos de se atingir um objetivo maior. É uma forma de inteligência que nos ajuda a enfrentar o medo, a tomar decisões e a agir. Apesar da razão nos dizer o que devemos fazer, é a coragem que nos impulsiona a fazer.
Ser corajoso não é viver sem medo nem ser ousado diante dos perigos, mas é colocar a vida em risco por uma causa que vale à pena ou mesmo tomar a decisão de se preservar.
O covarde ou medroso é dependente de seu medo, mas o corajoso é aquele que orienta a sua ação entre a ousadia e a prudência.
“A virtude de um homem livre se revela tão grande quanto ele evita os perigos, como quando os supera; ele escolhe com a mesma firmeza de alma, ou presença de espírito, a fuga ou o combate”, disse Espinosa.
O medo tem alcançado novas dimensões nesse tempo. Hoje, há o medo do fracasso. Em nossa cultura, aprendemos que temos o controle de nosso sucesso ou fracasso. Queremos ter o controle de tudo, do outro, dos resultados, das causas.
O resultado disso é que a culpa ganhou um novo sentido, o medo de fracassar.
Esse medo se justifica diante dos desafios e metas que traçamos para nós mesmos, quando nos perdemos em meio às exigências de superar as nossas deficiências em face da competitividade da vida. E é assim mesmo.
As oportunidades não são iguais para todos e não há espaço para todos. Mas ninguém precisa se sentir inferior por isso.
Mas quando o medo de fracassar impede a ação, temos aí um problema.
Normalmente desenvolvemos pouca tolerância com o fracasso ou com situações adversas. Esse medo nada mais é que medo de sofrer e precisa ser enfrentado.
É isso que nos leva ao medo do futuro. Se temos medo do futuro é porque temos dificuldades de suportar o presente. Enquanto o presente é o objeto do nosso conhecimento, o futuro é o objeto de nossa esperança, assim como o passado é objeto de nossas lembranças.
O presente é a realidade e o futuro é projeto, sonho, o imaginado. Enfrentar o medo no presente é a forma de encarar o futuro. Não se trata de uma superação amanhã ou depois, mas de vivenciar o agora.
Há o medo dos outros. É o sentimento que nos leva a construir muros, a classificar as pessoas entre boas e ruins, amigas ou inimigas, eleitas ou reprováveis, a adotar posturas defensivas ou agressivas, a desenvolver a desconfiança. É isso que provoca o isolamento.
Nossa confiança no outro depende de nossa capacidade de perceber o caráter das pessoas. Nesse aspecto, temos a tendência de desconfiar sempre. Não damos a chance ao outro para que se aproxime até que se prove o contrário. Não que isso seja sem razão. É que as relações de amizade têm se tornado cada vez mais complicadas.
Há o medo de crescer. É o que faz a gente pular as etapas da vida. Isso prejudica o exercício do autoconhecimento, de saber quem é, de assumir responsabilidades.
Em cada fase da vida temos medos que são muito próprios. Vagueamos durante a vida toda, segundo Erik Erikson, entre a confiança e a desconfiança, a autonomia e a dúvida, a iniciativa e a culpa, a construtividade e a inferioridade, a identidade e a confusão de papéis, a intimidade e o isolamento, a produtividade e a estagnação, a integridade e a desesperança.
Por fim, há o medo da mudança.
Mas mudar é próprio dos seres vivos. É parte do processo da vida sair de uma condição que a gente domina para experimentar uma situação nova. O problema é que temos uma tendência de nos acomodar a uma situação que seja confortável.
Estamos em busca de uma estabilidade e de certezas. E nos acostumamos em uma zona de conforto que só faz sentido para nós mesmos.
Marina Colasanti disse: “A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.”
Quando Jesus enfrentou uma situação de medo, ele tomou uma atitude: a oração.
Diante do medo da morte, Jesus foi ao monte do Getsêmane para orar e criou um ambiente de oração a sua volta.
Ele chamou três dos seus discípulos mais íntimos para orar, embora eles tenham dormido em todo o tempo. Dali ele saiu para suportar a traição, a tortura, o julgamento e a cruz.
O que fazer diante de situações que provocam medo? Jesus Cristo é um grande exemplo de como enfrentar o medo.
Fonte: http://filosofiaeespiritualidade.blogspot.com/2009/07/dimensao-espiritual-do-medo-spiritual.html
O Desafio das Doenças Espirituais
A medicina humana não admite a existência do Espírito, não reconhecendo, conseqüentemente, as doenças espirituais.
No passado, porém, durante séculos, o Espírito era considerado causa de doença, principalmente na loucura onde parecia evidente seu parentesco com o mal.
Quando a Medicina começou a descobrir a fisiologia mecanicista dos fenômenos biológicos, excluiu dos meios acadêmicos a participação da alma, inclusive na criação dos pensamentos, que passaram a ser vistos como "secreção" do cérebro, e as doenças mentais, como distúrbios da química dos neurônios.
O médico espírita que pretender retomar, nos dias de hoje, a discussão sobre as doenças espirituais precisa expurgar, em primeiro lugar, a "demonização" das doenças, um ranço medieval que ainda contamina igrejas e repugna o pensamento médico atual.
A medicina moderna aprendeu a ajuizar os sintomas e os desvios anatômicos, usando sinais clínicos para fazer as classificações das doenças que conseguiu identificar.
Para as doenças espirituais, porém, fica faltando conhecer "o lado de lá" de cada paciente para podermos dar um diagnóstico correto para cada necessitado.
Já no século XVII, Paracelso atribuía causas exteriores ou perturbações internas aos doentes mentais, destacando os lunáticos (pela interferência das fases e movimentos da Lua), os insanos (pela hereditariedade), os vesanos (pelo abuso de bebida ou mal uso de alimentos) e os melancólicos (por um vício de natureza interna).
Para as doenças espirituais também percebemos causas externas e internas.
Por enquanto, nossa visão parcial nos permite apenas uma proposta onde constem as possíveis causas da doença espiritual, sem o rigor que uma avaliação individual completa exigiria, adotando-se para tanto a seguinte classificação:
1. Doenças espirituais auto-induzidas
a) por desequilíbrio vibratório
De maneira geral, o ser humano ainda perde muito dos seus dias comprometido com a crítica aos semelhantes, o ódio, a maledicência, as exigências descabidas, a ociosidade, a cólera e o azedume entre tantas outras reclamações levianas contra a vida e contra todos. Como o vigiai e orai ainda está distante da nossa rotina, desajustamos a sintonia entre o corpo físico e o perispírito, causando um "desequilíbrio vibratório".
Essa desarmonia desencadeia sensações de mal-estar, como a estafa desproporcional e a fadiga sistemática, a enxaqueca, a digestão que nunca se acomoda, o mau humor constante e inúmeras outras manifestações tidas como "doenças psicossomáticas”.
b) por auto-obsessão
O pensamento é energia que constrói imagens que se consolidam em torno de nós. Impressas no perispírito elas formam um campo de representações de nossas idéias. À custa dos elementos absorvidos do fluido cósmico universal, as idéias tomam formas, sustentadas pela intensidade com que pensamos nelas.
Medos, angústias, mágoas não resolvidas, idéias fixas, desejo de vingança, opiniões cristalizadas, objetos de sedução, poder ou títulos cobiçados, tudo se estrutura em "idéias-formas" na psicosfera que alimentamos, tornando-nos prisioneiros dos nossos próprios fantasmas.
A matéria mental produz a "imagem" ilusória que nos escraviza. Por capricho nosso, somos, assim, "obsedados" pelos nossos próprios desejos.
2. Doenças espirituais compartilhadas
a) por vampirismo
O mundo espiritual é povoado por uma população numerosíssima de Espíritos, quatro a cinco vezes maior que os seis bilhões de almas encarnadas em nosso planeta.
Como a maior parte desta população de Espíritos deve estar habitando as proximidades dos ambientes terrestres, onde flui toda a vida humana, não é de se estranhar que esses Espíritos estejam compartilhando das nossas condutas.
Podemos atraí-los como guias e protetores, que constantemente nos inspiram, mas também a eles nos aprisionar pelos vícios - o álcool, o cigarro, as drogas ilícitas, os desregramentos alimentares e os abusos sexuais.
As entidades espirituais viciadas compartilham dos prazeres do vício que o encarnado lhes favorece e ao seu tempo estimulam-no a nele permanecer. Nesta associação, há uma tremenda perda de energia por parte do encarnado. Daí a expressão vampirismo ser muito adequada para definir esta
parceria.
b) por obsessão
Os reencontros ou desencontros são de certa maneira planejados ou atraídos por nós para os devidos resgates ou para facilitar o cumprimento das promessas que desenhamos no plano espiritual.
É assim que, pais e filhos, reencontram- se como irmãos, como amigos, como parceiros de uma sociedade. Marido e mulher que se desrespeitaram, agora se reajustam como pai e filha, chefe e subalterno ou como parentes distantes, que a vida dificulta a aproximação. As dificuldades da vida de uma maneira ou de outra vão reeducando a todos.
Nenhum de nós percorrerá essa jornada sem ter que tomar decisões, sem deixar de expressar seus desejos e sem fazer suas escolhas. É aí que muitas e muitas vezes contrariamos as decisões, os desejos e as escolhas daqueles que convivem próximo a nós.
Todos nós, sem exceção, estamos endividados e altamente comprometidos com outras criaturas, também exigentes como nós, que como obsessores vão nos cobrar noutros comportamentos, exigindo-nos a quitação de dívidas que nos furtamos em outras épocas.
Persistem como dominadores implacáveis, procurando nos dificultar a subida mais rápida para os mais elevados estágios da espiritualidade. Embora a ciência médica de hoje ainda não a traga em seus registros, a obsessão espiritual, na qual uma criatura exerce seu domínio sobre a outra, é, de longe, o maior dos males da patologia humana.
c) por mediunismo
Com muita freqüência, a mediunidade se manifesta de forma tranqüila e é tida como tão natural que, o médium, quase sempre ainda muito jovem, mal se dá conta de que o que vê, o que percebe e o que escuta de diferente.
Outras vezes, os fenômenos são apresentados de forma abundante e o principiante é tomado de medos e inseguranças, principalmente, por não saber do que se trata.
Em outras ocasiões, a mediunidade é atormentada por espíritos perturbadores e o médium se vê às voltas com uma série de quadros da psicopatologia humana, ocorrendo crises do tipo pânico, histeria ou outras manifestações que se expressam em dores, paralisias, anestesias, "inchaço" dos membros, insônia rebelde, sonolência incontrolável, etc.
Uma grande maioria tem pequenos sintomas psicossomáticos e se sente influenciada ou acompanhada por entidades espirituais. São médiuns com aptidões ainda muito acanhadas, em fase de aprendizado e domínio de suas potencialidades, uma tenra semente que ainda precisa ser cultivada para se desabrochar.
d) por doenças cármicas
A "doença cármica" é antes de mais nada uma oportunidade de resgate e redenção espiritual.
Sempre que descuidamos com o nosso corpo e atingimos o equilíbrio físico ou psíquico do nosso próximo, estamos imprimindo estes desajustes nas células do nosso corpo espiritual.
É assim que, na patologia humana, ficam registrados os quadros de "lúpus" que nos compromete as artérias, do "pênfigo" que nos queima a pele, das "malformações" de coração ou do cérebro, da "esclerose múltipla" que nos imobiliza no leito ou das demências que nos compromete a lucidez e nos afasta da sociedade.
Precisamos compreender que estas e todas as outras manifestações de doença não devem ser vistas como castigos ou punições.
O Espiritismo ensina que as dificuldades que enfrentamos são oportunidades de resgate, as quais, com freqüência, fomos nós mesmos quem as escolhemos para acelerar nosso progresso e nos alavancar da retaguarda, que às vezes nos mantém distantes daqueles que nos esperam adiante de nós.
Mais do que a cura das doenças, a medicina tibetana, há milênios atrás, ensinava que médicos e pacientes devem buscar a oportunidade da iluminação.
Os padecimentos pela dor e as limitações que as doenças nos trazem sempre possibilitam esclarecimento, se nos predispormos a buscá-lo.
Mais importante do que aceitar o sofrimento numa resignação passiva e pouco produtiva é tentar superar qualquer limitação ou revolta, para promovermos o crescimento espiritual, através desta descoberta interior e individual.
(Dr. Nubor Orlando Facure - Neurologista)
Um historiador e ex-ateu, agora espírita
Será possível um ateu mudar radicalmente de pensamento?
Pode até ser inacreditável, mas acontece.
Foi o caso do historiador Armando Souto Maior, conhecido nacionalmente. Ele não só mudou de ponto de vista, quando se tornou espírita, como de comportamento.
Ele assume que, antes de sua aceitação da teoria espírita, era pouco complacente, algo vaidoso, auto-suficiente e tinha muita dificuldade em perdoar.
Relembra: “Fazia da ironia uma regra de conduta e do orgulho intelectual um escudo. Depois, é claro, minha personalidade sofreu grandes transformações. Naturalmente ainda tenho seqüelas do passado, mas quem não as tem? Percebi, contudo que havia dado um grande passo no meu processo evolutivo”.
- Mas o que levou um historiador ateu transformar-se num espírita?
O historiador é um homem que, de certa forma, carrega sobre seus ombros as dores do mundo. Vê mais e, consequentemente, sofre mais do que qualquer outro profissional que questione e se espante continuamente com o ser humano. Se não tiver acesso ao Espiritismo, a atração que sentirá pelo agnosticismo ou pelo materialismo militante é então muito forte.
Além disso tem vários mecanismos de fuga sempre à sua disposição, pois pode mergulhar em um tempo que não é o seu, com facilidades e técnicas especiais. Entre seu eventual alheamento, suas fugas, seus eventuais sofrimentos pessoais e desencontros com a filosofia, surgem-lhe as sedutoras propostas do ateísmo que, teoricamente, são obviamente um tanto dolorosas e ao mesmo tempo libertadoras de suas inquirições mais profundas, anestesiando-lhe seu choque diante do mundo. Não fugi à regra e percorri esta etapa.
- O que significa Deus, hoje, para o senhor?
- Deus é minha explicação existencial. Como Ele é a inteligência transcendente universal, sinto-me parte, embora infinitamente pequena, de sua eterna existência.
O caminho da conversão:
O primeiro contato de professor Armando com o Espiritismo aconteceu quando certa vez, nos Estados Unidos, ele foi assistir a uma conferência de Carlos Campetti sobre o Livro dos Espíritos, atendendo ao convite de uma amiga, Fernanda Wienskoski.
Conta que após a conferência, Campetti colocou-se à disposição do público para responder a perguntas sobre o assunto tratado. “Tentei encostá-lo no canto da parede. Ele respondeu com elegância e lógica. É claro que não me convenceu naquela noite, mas me induziu a uma posterior leitura de Kardec, onde aos poucos obtive respostas convincentes ao problema do ser, do destino e sua origem. O aspecto científico do Espiritismo deu-me o apoio de que eu necessitava para aceitá-lo como um fato transcendente na minha vida”.
Segundo o historiador, chega-se ao Espiritismo através de três caminhos: pelo amor, pela dor ou pela necessidade intelectual de se obter uma explicação racional para transcendentes perguntas:
- Quem somos,
- Por que somos,
- De onde viemos
- Para onde vamos.
Observa que a filosofia tentou oferecer respostas a essas perguntas e o resultado foi uma verbalização erudita não explicativa.
“Aqui e ali houve clarões que se anteciparam à teoria espírita. Sócrates e Platão, acessíveis somente a pessoas de certo nível intelectual são exemplos clássicos desses clarões, porém a concepção sistêmica de um todo que respondesse logicamente àquelas perguntas a qualquer pessoa só se tornou possível nos meados do século XIX”.
O historiador Armando Souto Maior nos revela que até o homem pré-histórico percebia, embora não pudesse explicar como e por que, a existência de uma outra realidade além do ambiente físico, material e concreto que o cercava. O homem pré-histórico intuía o sobrenatural.
E justifica sua tese:
“Ao colocar junto aos mortos alguns objetos, adornos e armas demonstra sua concepção empírica da existência de uma outra vida. Os egípcios, os gregos, os romanos e os judeus intuíram a idéia da realidade transcendente. Na Índia, essa idéia é absorvida pela teoria búdica, mas todos esses mecanismos teóricos careciam de base científica e foi somente no século XIX, quando a ciência passou a nortear os grandes questionamentos humanos, que a revelação feita a Kardec tornou-se viável. Cristo já havia dito, em sua época, que muitas outras coisas poderiam ser explicadas mas os homens de então não poderiam compreendê-las”.
A resistência histórica:
De acordo com o que acompanhou o historiador, a revelação da verdade espírita enfrentou – e ainda enfrenta – barreiras poderosas tais como cleros organizados de diversas crenças, com fortes motivações econômicas, antigas tradições religiosas e pautas culturais sedimentadas há séculos e completamente alheias ao conhecimento científico.
Criaram-se, portanto, ‘establisments’ religiosos que, somente com o tempo serão paulatinamente modificados. Observou também que a fé e a ciência percorreram, ao longo da história, caminhos separados, muitas vezes antagônicos. “É com o advento do Espiritismo que esse secular desencontro está sendo atenuado, com tendência natural ao desaparecimento.
William Crookes é um conhecido exemplo no século cientificista, e o superficial conhecimento que tinha do espiritismo levava-me sempre ao falacioso raciocínio de que a teoria espírita era demasiadamente bem organizada para corresponder à realidade.
O homem, para mim, sempre se havia revelado um espanto de maldade, e nada indicava que tivesse sido criado por uma entidade superior, personificação de bondade e justiça. As religiões onde ela se inseria, numas mais noutras menos, eram simples portões para uma fé irracional, sem nenhum compromisso com a lógica”.
Por fim, atesta que o Espiritismo, historicamente, contrariou interesses econômicos poderosos e suas implicações políticas. E analisa: “A Igreja Católica e as diversas igrejas protestantes, refugiadas na sacralização da Bíblia, supostamente ‘a palavra divina’, viram-se, com o Espiritismo, ameaçadas em suas posições como intermediárias entre Deus e os homens. Todos os absurdos dos teólogos medievais foram incorporados pela teologia protestante.
O empirismo religioso judaico, embasado por uma tradição sacralizadora, teve também guarida no pensamento da Reforma, isso em relação ao Antigo Testamento. Em relação aos Evangelhos é visível uma grande miopia intelectual, mas em todo esse processo anti-espírita, a força econômica foi de extrema importância, alimentada pela antiga e lucrativa prática do dízimo e uso do poder social decorrente da acumulação de capital. Muito tempo ainda decorrerá antes que o Espiritismo se transforme, como já foi previsto, no grande futuro de todas as religiões. Mas isso inexoravelmente acontecerá”.
(Revista Tribuna Espírita)
Muitos Espíritas estão Desencarnando Mal
A culpa e os pesares da consciência são maiores quanto mais o homem sabe o que faz.
Kardec afirma que "a responsabilidade é proporcional aos meios de que ele [o homem] dispõe para compreender o bem e o mal. Assim, mais culpado é, aos olhos de Deus, o homem instruído que pratica uma simples injustiça, do que o selvagem ignorante que se entrega aos seus instintos"
Há uma frase atribuída a Chico Xavier que diz o seguinte: "Muitos espíritas estão desencarnando em situações deploráveis, recebendo socorro em sanatórios no Plano Maior da Vida em virtude das péssimas condições morais e psíquicas em que se encontram. Os espíritas estão morrendo mal".
No livro "Vozes do Grande Além", Sayão, um pioneiro do Espiritismo no Brasil, afirma que "nas vastidões obscuras das esferas inferiores, choram os soldados que perderam inadvertidamente a oportunidade da vitória. São aqueles companheiros nossos que transitaram no luminoso carreiro da Doutrina, exigindo que baixasse o Céu até eles, sem coragem para o sacrifício de se elevarem até o Céu. Permutando valores eternos pelo prato de lentilhas da facilidade humana, precipitaram-se no velho rochedo da desilusão."
Aos espíritas sinceros e/ou simpatizantes do Espiritismo precisamos alertar: "Ninguém tem o direito de acender uma candeia e ocultá-la sob o alqueire, quando há o predomínio de sombras solicitando claridade".
Muitos espíritas que, presunçosamente, se autoavaliam equilibrados estão desencarnando muito mal.
Nessas condições, estão os espíritas desonestos, adúlteros, mentirosos, ambiciosos, mercantilistas inescrupulosos das obras espíritas, os tirânicos dos Centros Espíritas, os que trabalham nas hostes espíritas só para auferirem vantagens pessoais, os supostos médiuns que ficam ricos com a venda de livros de baixíssimo nível doutrinário, etc., etc.
Este último aspecto preocupa muito, pois, atualmente, existe uma enxurrada de publicações de livros "psicografados" que não passam de ficções de péssima qualidade.
Livros com erros absurdos de gramática, assuntos empolados, idéias desconexas, oriundas dos subprodutos de mentes doentes, de médiuns e/ou supostos "espíritos", que visam tirar dinheiro dos neófitos com a venda de tais entulhos antidoutrinários, mas que enchem os olhos dos incautos pela imaginação fantasiosa.
Insistentes, esses aparentes "psicógrafos" ou despreparados "espíritos" estão construindo denso universo de sombras sobre o Projeto Kardeciano, confundindo pessoas inexperientes, que batem à nossa porta em busca de esclarecimento e consolação.
Esses "médiuns" e/ou "espíritos inferiores" ocultam, sob o empolamento (enganação), o vazio de suas idéias esquisitas. Usam de uma linguagem pretensiosa, ridícula, obscura, forçando a barra para que pareça profunda.
Até quando? Eis a questão! O tempo urge.
(Jorge Hessen)
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