"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

02 julho 2011

Anjos


O preconceito é um fardo que confunde o passado, ameaça o futuro e torna o presente inacessível.
(Maya Angelou) 




As Sete Lágrimas de um Preto Velho


Num cantinho de um terreiro, sentado num banquinho, pitando o seu cachimbo, um triste preto-velho chorava.

De seus olhos molhados, esquisitas lágrimas desciam-lhe pelas faces e não sei porque contei-as...

Foram sete.

Na incontida vontade de saber aproximei-me e o interroguei. Fala, meu preto-velho, diz ao teu filho por que externas assim uma tão visível dor?

E ele, suavemente respondeu: Estás vendo esta multidão que entra e sai? As lágrimas contadas estão distribuídas a cada uma delas.

A primeira, eu dei a estes indiferentes que aqui vem em busca de distração, para saírem ironizando aquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber...

A segunda a esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando, na expectativa de um milagre que seus próprios merecimentos negam.

A terceira, distribui aos maus, aqueles que somente procuram a Umbanda, em busca de vingança, desejando sempre prejudicar a um seu semelhante.

A quarta, aos frios e calculistas que sabem que existe uma força espiritual e procuram beneficiar-se dela de qualquer forma e não conhecem a palavra gratidão.

A quinta, chega suave, tem o riso, o elogio da flor dos lábios mas se olharem bem o seu semblante, verão escrito: Creio na Umbanda, nos teus caboclos e no teu Zambi, mas somente se vencerem o meu caso, ou me curarem disso ou daquilo.

A sexta, eu dei aos fúteis que vão de Centro em Centro, não acreditando em nada, buscam aconchegos e conchavos e seus olhos revelam um interesse diferente.

A sétima, filho notas como foi grande e como deslizou pesada? Foi a última lágrima, aquela que vive nos olhos de todos os Orixás. Fiz doação dessa aos Médiuns vaidosos, que só aparecem no Centro em dia de festa e faltam as doutrinas.

Esquecem que existem tantos irmãos precisando de amparo material e espiritual.

Assim, filho meu, foi para esses todos, que viste cair, uma a uma,
as sete lágrimas de um preto velho.








Quebrando o Preconceito


Pouca gente sabe, mas numa das reuniões realizadas na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, Allan Kardec evocou um Espírito que, segundo as terminologias da cultura brasileira, poderia ser classificado como um “preto velho”.

Esse encontro, narrado pelo próprio Kardec nas páginas da sua histórica “Revista Espírita” (Revue Spirite), de junho de 1859, aconteceu na reunião do dia 25 de março daquele mesmo ano. 

Pai César – este o nome do Espírito comunicante – havia desencarnado em 8 de fevereiro também de 1859 com 138 anos de idade – segundo davam conta as notícias da época –, fato este que certamente chamou a atenção do Codificador, que logo se interessou em obter, da Espiritualidade, mais informações sobre o faleci do, que havia encerrado a sua existência física perto de Covington, nos Estados Unidos. 

Pai César havia nascido na África e tinha sido levado para a Louisiana quando tinha apenas 15 anos.

Antes de iniciar a sessão em que se faria presente Pai César, Allan Kardec indagou ao Espírito São Luís, que coordenava o trabalho, se haveria algum impedimento em evocar aquele companheiro recém-chegado ao Plano Espiritual.

Ao que respondeu São Luís que não, prontificando-se, inclusive, a prestar auxílio no intercâmbio.

E assim se fez.

A comunicação, contudo, mal iniciada, já conclamou os participantes do grupo a muitas reflexões.

Na sua mensagem, Pai César desabafou, expondo a todos as mágoas guardadas em seu coração, fruto dos sofrimentos por que passara na Terra em função do preconceito que naqueles dias graçava em ainda maior escala do que hoje.

E tamanhas eram as feridas que trazia no peito que chegou a dizer a Kardec que não gostaria de voltar a Terra novamente como negro, estaria assim, no seu entendimento, fugindo da maldade, fruto da ignorância humana.

Quando indagado também sobre sua idade, se tinha vivido mesmo 138 anos, Pai César disse não ter certeza, fato compreensível, como esclarece o Codificador, visto que os negros não possuíam naqueles tempos registro civil de nascimento, sobretudo os oriundos da África, pelo que só poderiam ter uma noção aproximada da sua idade real.

A comunicação de Pai César certamente ajudou Kardec, em muito, a reforçar as suas teses contra o preconceito, o mesmo preconceito que o levou a fazer, dois anos depois, nas páginas da mesma “Revista Espírita”, em outubro de 1861, a declaração a seguir, na qual deixou patente o papel que o Espiritismo teria no processo evolutivo da Humanidade, ajudando a pôr fim na escuridão que ainda subjuga mentes e corações.

Revista Espírita – Outubro de 1861 – Kardec


“O Espiritismo, restituindo ao espírito o seu verdadeiro papel na criação, constatando a superioridade da inteligência sobre a matéria, apaga naturalmente todas as distinções estabelecidas entre os homens segundo as vantagens corpóreas e mundanas, sobre as quais só o orgulho fundou as castas e os estúpidos preconceitos de cor.” (Allan Kardec)

(Fonte: SERVIÇO ESPÍRITA DE INFORMAÇÕES ed. nº. 2090
- 19/04/2008)


Observações:


Esta conversa nos faz refletir sobre os dias de hoje, pois vemos em muitas casas espiritas a prática do preconceito com relação a nossos irmãos em espirito; é lamentável que irmãos que se dizem "espiritas kardecistas ortodoxos" [...] não aceitem a comunicação de espíritos que se apresentem com a roupagem fluídica (peri-espírito) de um preto velho, indo contra os ensinamentos deixados por Kardec, que sempre nos alertou que não importava a aparência, nem o nome do espirito e sim o propósito com o qual se apresentam.

Que possamos refletir a respeito e que as separações que criamos aqui na Terra possam refletir somente aqui, por que no plano espiritual não há divisão; somos todos irmãos, caminhando juntos para o crescimento.






Vossos filhos não são vossos filhos:
são filhos e filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós,
e embora vivam convosco, não vos pertencem.

Podeis doar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos;
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã, que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.

Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força, para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria: pois assim como ele ama a flecha que voa, ama também o arco que permanece estático.

(Gibran Khalil Gibran; O profeta)

* * *           

Hoje meu filho mais velho começou a voar com suas próprias asas....e eu me vejo aqui, tarde da noite com o coração apertado...feliz e ao mesmo tempo agoniada...

Por que é sempre tão difícil para as mães? 

Mesmo sabendo que nossos filhos não são nossos filhos, são apenas emprestados a nós por Deus, para ajudá-los a evoluir...

Apenas um desabafo...






01 julho 2011

Preto velho, um amigo espiritual


São muitas as lembranças da minha encarnação como escravo em uma fazenda de café no interior paulista.

O som da chibata, os gritos dos feitores que saíam à caça dos escravos fugidos, as amas de leite obrigadas a amamentar os filhos da sinhá. Lembranças pungentes de muito sofrimento.

Quando a princesa Izabel assinou a Lei Áurea, eu estava velho e muito doente.

A senzala era o único lugar onde o negro conseguia ser livre.

Minha história de vida foi muito triste, mas aprendi muito. O sinhô era um homem muito refinado e não me tratava mal, mas a sinhá era uma mulher muito infeliz. Seu coração cheio de fel não sabia amar. Era temida e detestada. Por muito pouco, mandava chicotear os escravos da senzala e o sinhô fazia todas suas vontades.

Negrinhos eram afastados das suas mães, velhos escravos iam para o tronco e as escravas caseiras tremiam com as ordens da caprichosa sinhá. Eu não me queixava e jamais cultivei o ódio e a vingança. Alguns escravos odiavam os senhores com todas as forças até à morte.

No plano espiritual, continuavam a perseguição perturbando os senhores com a força da magia negra e da vingança.

Como é bom ser bom! Como é triste ser mau! Quantas lágrimas e sofrimentos os senhores plantaram através de suas atitudes. No entanto, todos caminharemos para a Eterna Felicidade! O caminho mais sublime é o Amor, mas alguns só evoluem através da Dor!

Eu era forte e jovem, mas quando meu grande amor foi vendido, capricho da sinhá, minha saúde nunca mais foi a mesma. Minha vida mudou bastante e o meu consolo eram as rezas. Jamais cultivei a revolta ou a vingança. Os Orixás me davam a paz e o consolo para suportar as provas daquela encarnação.

Pior que a escravidão são os grilhões da maldade e do preconceito. Muito pior que nosso sofrimento era o peso dos pecados daqueles que oprimiam seus irmãos de cor.

No dia 13 de maio, a alforria! No entanto, as lembranças marcaram minha vida para sempre. Foi minha encarnação mais proveitosa. Nessa vida de martírios, cultivei a renúncia e a humildade.

Quando desencarnei, meu grande amor estava à minha espera. A linda escrava que eu amei e foi vendida já estava no Plano Espiritual ansiosa pelo meu retorno. Somos todos irmãos! Somos todos iguais!

Muito tempo se passou e agora estou novamente na Terra. Não como espírito encarnado, mas como pai velho trabalhando nos terreiros de Umbanda. Minha vestimenta astral é a de preto velho.

Escolhi essa missão para estar mais perto dos meus filhos de fé. Muitos precisam de libertação, da alforria da paz e da fé. Essa é a missão dos pretos velhos! Conselho, resignação, amor e paz! Limpar com a fumaça do cachimbo os miasmas do mal e da doença.

Aceitei essa tarefa sublime por muito amar a Humanidade. Conheci o sofrimento, a humilhação e a pobreza.

Minha mensagem é de libertação!

Filho de fé ,liberte-se dos grilhões do orgulho e do egoísmo. Se você está sofrendo, não desanime!

Confie no Pai Oxalá que tudo vê e tudo sabe! Faça sua parte no aprimoramento espiritual e na reformulação das suas atitudes. Liberte-se das vibrações negativas do desânimo, da tristeza e do pessimismo.

Ame a Terra! Colabore para que nosso planeta melhore cada vez mais e seja um grande Lar de Amor! Liberte-se do peso da angústia através do Amor! Perdoe seus inimigos, porque Oxalá é o exemplo de Perdão e Misericórdia!

Desejo que Oxalá o ilumine hoje e sempre! Nascemos para vencer e evoluir! Nascemos para conviver com Amor e tolerância! Somos todos irmãos! Nascemos para cumprir apenas uma passagem! A verdadeira vida é a vida espiritual!



Pai João das Almas (Mensagem psicografada por Sandra Cecília)


* * *


O querido pai velho Pai João das Almas nos acompanha desde o nascimento! Ele teve uma vida pregressa como escravo negro no Brasil.

Todos os pais velhos que baixam nos terreiros foram escravos? 

Não. 

Eles tomam a forma de negro velho para trabalhar nos terreiros de Umbanda. No entanto, nem todos tiveram encarnações como escravos.

Os pretos velhos são os queridos mensageiros da paz, senhores da experiência e da humildade![...]

Os pretos velhos utilizam as rezas e os benzimentos. Seus benzimentos com a fumaça do cachimbo limpam a aura dos filhos de fé. 

Os pais velhos não são viciados no fumo. Os pais velhos evoluídos não precisam do fumo e nem do cachimbo no Plano Espiritual.

Ao fumarem seus cachimbos veiculam com a fumaça fortes vibrações que limpam a Aura, desagregando as vibrações negativas que poderiam trazer doenças e sérias perturbações aos filhos de fé.

O pai velho sabe como manipular a fumaça de um cachimbo. São vários os graus da evolução de um preto velho. No entanto, todos caminham para a Sabedoria Maior.

Suas mirongas são poderosas. Através do singelo oferecimento do café ou do vinho, os pretos velhos magnetizam a bebida com elementos para a cura e alívio dos filhos de fé.

Espíritos evoluídos não tem necessidades materiais. Não precisam tomar café, vinho ou pinga. Se alguns pais velhos utilizam o café ou vinho é por que tem alguma finalidade superior. Estou falando dos pretos velhos evoluídos e sábios.

O médium de Umbanda tem que se aprimorar cada vez mais para ser um instrumento fiel dos sábios pretos velhos.

Ouvir a voz paciente do médium incorporado com seu preto velho, receber seu benzimento traz alívio e reconforto. Os pais velhos benzem crianças com ramos de arruda e alecrim.[...]

Como homenagear os queridos pretos velhos?

Faça uma prece singela ou acenda uma vela branca.

Mantenha sempre uma vibração de paz e concórdia. Ame e compreenda seus irmãos e se liberte dos véus da ignorância e do egoísmo.

Não há felicidade suprema sem transformação para o Bem!

Saiba conversar com o preto velho! Não o escravize novamente com pedidos egoístas ou maldosos. Lembre-se da lei da Caridade!

Confie! Oxalá colocou em nosso caminho a serena e experiente proteção dos pretos velhos para nossa libertação!

(Magnólia Francisca)










Profissionais Liberais



Em determinada publicação, encontramos um interessante anúncio intitulado: 



"Profissionais liberais. Precisa-se!


Grandiosa obra de renovação do mundo precisa urgentemente de profissionais liberais diversos para as seguintes funções:

Engenheiros - que edifiquem pontes para aproximar mais as pessoas entre si, na construção da verdadeira fraternidade;

Advogados - para que defendam as causas da justiça e do bem;

Psicólogos - com grande poder de penetração no complexo mundo interior das criaturas para que consigam ajudar, de maneira direta e simples, as pessoas a se relacionar entre si e a viver em paz. Especialmente as que vivem sob o mesmo teto, nos agrupamentos familiares;

Dentistas - que, melhorando o aspecto bucal dos pacientes, consigam descontrair-lhes também a face e estimulá-los a sorrir. Sorrir sempre, a fim de amenizar as tensões da vida;

Professores - de todas as matérias, que saibam promover a formação integral da personalidade dos novos habitantes que diariamente aparecem no cenário do mundo, através dos renascimentos.Que levem em conta a formação moral dos educandos, com a base do Evangelho de Jesus, para o pleno desenvolvimento do ser;

Cirurgiões - para extirpar do íntimo do homem, sem lhe mutilar o ser, as raízes do mal que ali ainda insistem em habitar;

Economistas - que, além de resolver devidamente os problemas de ordem material da coletividade, sejam capazes de fazer ver ao homem que as questões relacionadas com o abastecimento, produção e distribuição de bens e serviços são o mais elementar dos desafios da evolução.

Que interesses mais altos esperam por suas iniciativas, como seja o aperfeiçoamento do saber, o vasto mundo da arte etc;

Enfermeiras - que saibam tratar não somente das lesões do corpo, como também amparar os acidentados da alma, os que se envolveram nos lamentáveis sinistros do ódio, da paixão arrasadora, do egoísmo, dos atritos, dos vícios, de modo a corrigir com paciência e amor as causas dos desequilíbrios humanos.

Todos esses profissionais e quaisquer outros trabalhadores sinceros serão prontamente admitidos, no maior número possível, na grande obra de preparar uma nova civilização, onde sejam reais as palavras felicidade, justiça, prosperidade e paz."

* * *

Para realizar a obra de renovação do mundo, nenhum de nós precisa sair do local onde se encontra, nem se desvincular daqueles com quem convive.

Todos os percalços e entraves que, porventura, encontremos na família, no local de trabalho, devem simplesmente constituir estímulo para que trabalhemos mais depressa, a fim de abreviar o advento da nova era de paz e harmonia, fraternidade e beleza, que todos aguardamos.


(Redação do Momento Espírita, com base no artigo Profissionais liberais: precisam-se!, de Lauro F. Carvalho, publicado no jornal Mundo Espírita, de janeiro de 1992, ed. Fep.)







O Livre Arbítrio e a Espiritualidade


É necessário que se compreenda o verdadeiro significado de arbítrio para que possamos adentrar a esse tema de fundamental importância nas raízes de ensinamento e doutrinário da literatura espírita.

Arbítrio significa resolução que dependa só da vontade; o que nos leva à conclusão de que “livre arbítrio” determina a decisão livre, sob os auspícios da vontade livre, consciente e sem vícios de cada um.

Que sendo certo, determinará também a força e o valor do resultado em razão da conduta livre e opcional de cada ser, ensejando a conseqüência necessária e respectiva aí o resultado alcançado ou pretendido na conduta e comportamento individualizadamente do ser humano.

Surge então a questão de muito interesse que é saber se é verdadeiro o exercício do livre arbítrio quando se nega alguma coisa ou caminho que não se conhece, ou talvez se negue algo que não compreenda, bem assim argumenta-se à respeito de decisões tomadas sobre fatos desconhecidos ou que não se detêm a informação necessária, bem como precisa, sem que tivesse o esclarecimento mínimo necessário para exigi-la ou perceber sua falta.

Conclui-se desta forma que só se pode falar em exercício de livre arbítrio a partir do momento em que conhecemos os dois lados de forma real e o mais total possível, aí sim pode-se falar em opção, em caminhos em comportamentos, em lados positivo ou negativo, com a consciência necessária e certeza válida do que se deseja, isto sim, é o livre arbítrio.

Quando um espírito sofrido e escravizado pelos baixos trevosos optar por permanecer nas trevas, em algumas vezes ele não esta optando, mas apenas manifestando o desejo de permanecer no lugar que já conhece, mesmo que não seja um lugar ideal e bom, de sofrimento e tristeza, é o lugar que ele conhece e aprendeu a viver, sem estar sujeito a novidades ou coisas inesperadas de qualquer tipo, cujo medo é seu companheiro constante, decidindo estão pela opção conhecida, ou seja, em muitas vezes a única conhecida.

Pergunta-se então como será o calor da luz? Será bom ou aumentará cada vez mais a sua dor.

Amor... uma palavra para ele tão distante... Como será senti-la... Todas esta dúvidas inundam a cabeça deste tipo de espírito que em total desespero opta por continuar nas trevas.

Estes são seus maiores temores.

E cabe ao doutrinador lhes dizer, que eles não devem temer, pois aqueles que ali se encontram não estão em busca de vingança, mas sim o estão esperando, de braços abertos, com muito amor, para ajudá-lo em mais esta prova que irá enfrentar.







Dias Difíceis


Há dias que parecem não ter sido feitos para ti.

Amontoam-se tantas dificuldades, inúmeras frustrações e incontáveis aborrecimentos, que chegas a pensar que conduzes o globo do mundo sobre os ombros dilacerados.

Desde cedo, ao te ergueres do leito, pela manhã, encontras a indisposição moral do companheiro ou da companheira, que te arremessa todos os espinhos que o mau humor conseguiu acumular ao longo da noite.

Sentes o travo do fel despejado em tua alma, mas crês que tudo se modificará nos momentos seguintes.

Sais à rua, para atender a esse ou àquele compromisso cotidiano, e te defrontas com a agressividade
de muitos que manejam veículos nas vias públicas e que os convertem em armas contra os outros; constatas o azedume do funcionário ou do balconista que te atende mal, ou vês o cinismo de negociantes que anseiam por te entregar produtos de má qualidade a preços exorbitantes, supondo-te imbecil.

Mesmo assim, admites que, logo, tudo se alterará, melhorando as situações em torno.

Encontras-te com familiares ou pessoas amigas que te derramam sobre a mente todo o quadro dos problemas e tragédias que vivenciam, numa enxurrada de tormentos, perturbando a tua harmonia ainda frágil, embora não te permitam desabafar as tuas angústias, teus dramas ou tuas mágoas represadas na alma.

Em tais circunstâncias, pensas que deves aguardar que essas pessoas se resolvam com a vida até um novo encontro.

São esses os dias em que as palavras que dizes recebem negativa interpretação, o carinho que ofereces é mal visto, tua simpatia parece mero interesse, tuas reservas são vistas como soberba ou má vontade. Se falas, ou se calas, desagradas.

Em dias assim, ainda quando te esforces por entender tudo e a todos, sofres muito e a costumeira tendência, nessas ocasiões, é a da vitimação automática, quando se passa a desenvolver sentimentos de autopiedade.

No entanto, esses dias infelizes pedem-nos vigilância e prece fervorosa, para que não nos percamos nesses cipoais de pensamentos, de sentimentos e de atitudes perturbadores.

São dias de avaliação, de testes impostos pelas regentes leis da vida terrena, desejosas de que te observes e verifiques tuas ações e reações à frente das mais diversas situações da existência.

Quando perceberes que muita coisa à tua volta passa a emitir um som desarmônico aos teus ouvidos; se notares que escolhendo direito ou esquerdo não escapas da ácida crítica, o teu dever será o de te ajustares ao bom senso.

Instrui-te com as situações e acumula o aprendizado das horas, passando a observar bem melhor as circunstâncias que te cercam, para que melhor entendas, para que, enfim, evoluas.

Não te olvides [esqueças] de que ouvimos a voz do Mestre Nazareno, há distanciados dois milênios, a dizer-nos: No mundo só tereis aflições...

Conhecedores dessa realidade, abrindo a alma para compreender que a cada dia basta o seu mal..., tratarás de te recompor, caso tenhas te deixado ferir por tantos petardos [chutes] , quando o ideal teria sido agir como o bambuzal diante da ventania. Curvar-se, deixar passar o vendaval, a fim de te reergueres com tranqüilidade, passado o momento difícil.

Há, de fato, dias difíceis, duros, caracterizando o teu estádio de provações indispensáveis ao teu processo de evolução. A ti, porém, caberá erguer a fronte buscando o rumo das estrelas formosas, que ao longe brilham, e agradecer a Deus por poderes afrontar tantos e difíceis desafios, mantendo-te firme, mesmo assim.

Nos dias difíceis da tua existência, procura não te entregares ao pessimismo, nem ao lodo do derrotismo, evitando alimentar todo e qualquer sentimento de culpa, que te inspirariam o abandono dos teus compromissos, o que seria teu gesto mais infeliz.

Põe-te de pé, perante quaisquer obstáculos, e sê fiel aos teus labores, aos deveres de aprender, servir e crescer, que te trouxeram novamente ao mundo terrestre.

Se lograres [conseguires] a superação suspirada, nesses dias sombrios para ti, terás vencido mais um embate no rol dos muitos combates que compõem a pauta da guerra em que a Terra se encontra engolfada.

Confia na ação e no poder da luz, que o Cristo representa, e segue com entusiasmo para a conquista de ti mesmo, guardando-te em equilíbrio, seja qual for ou como for cada um dos teus dias.


(Médium: Raul Teixeira - Autor: Camilo)




Acreditar em Reencarnação - estatísticas


No Brasil 12% da população acredita em reencarnação. Não é um número alto, para um país onde o tema circula abertamente e continuamente.

84% acreditam em Deus ou em um ser superior. Os outros 16% se dividem entre ateus (3%) e pessoas que não tem opinião ou sequer pensam no assunto.

Os que se dizem ateus são 39% na França e 36% na Suécia. Países mais ricos, mais equilibrados e com menos corrupção e menos violência tendem a ter mais ateus.

O que pensar destes números?

1) crença não é importante para o ser humano. Quem não acredita em Deus não vira um desajustado e nem quem crê em Deus fica melhor.

2) o que importa é a atitude e o caráter. A religião não é essencial para formar o caráter da pessoa.

3) apesar de uma parcela grande dos brasileiros se afastarem da religião, continuam a manter uma religiosidade. Isto acontece porque a religião ajuda a explicar o mundo e ajuda a dar sentido para a vida das pessoas.

4) a espiritualidade é diferente de religião. Existem pessoas espiritualizadas e não espiritualizadas em todas as religiões e, inclusive, entre os ateus. A espiritualidade faz parte da alma humana e não depende de crenças. A espiritualidade é uma experiência humana.

Não podemos dizer que na França haja menos espiritualidade que no Brasil. É absolutamente necessário as pessoas deixarem de confundir espiritualidade com religião.

A ESPIRITUALIDADE É UMA EXPERIÊNCIA HUMANA, QUE INDEPENDE DE RELIGIÃO, CRENÇA OU RITUAIS.

A espiritualidade permite a vivência do Fluxo de Deus, da Presença de Deus, do Espírito Santo ou de qualquer outro nome que queiram dar. Permite a emersão de conhecimentos, intuições e experiências. Permite a expansão da consciência e a evolução do ser.

(Regis Mesquita)