"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

06 agosto 2011

O Piloto de caça que poupou o B-17


A Incrível História do piloto de um caça alemão que poupou o B-17 G e toda a sua tripulação

Segue abaixo uma bela história. Mostra que, mesmo na guerra, é possível conservar a dignidade e a humanidade.


* * *


Charlie Brown era piloto americano de um B-17G do 379th BG em Kimbolton na Inglaterra.Seu B-17 era o "Ye Old Pub" e estava seriamente danificado, atingido pelas balas dos caças inimigos e pela antiaérea.

Com a bússola arruinada, ele voava perdido e cada vez mais adentro da Alemanha, ao invés de estar com rumo para sua base inglesa. Após sobrevoar um aeródromo alemão, um caça Messerschmidt Me 109G foi enviado para abater este B-17.

Quem estava no comando do caça era o alemão Franz Steigler. Ao se aproximar do bombardeiro, não podia crer no que via. Em suas palavras:
"Nunca vi um avião naquele estado. A seção traseira, leme e profundores muito avariados, artilheiros feridos, a proa do
quadrimotor danificada e furos por toda fuselagem.

Embora tivesse o caça armado e carregado, Franz emparelhou seu Me 109 com o B-17 e olhou para o comandante Charlie Brow e este estava apavorado e lutando com os controles para manter o bombardeiro voando e ainda estava sangrando.

Ciente da desorientação do piloto, Franz acenou que eles girassem 180 graus, escoltando o avião em um rumo seguro para a Inglaterra. Então Charlie Brown saudou e voltou para sua base.

Ao pousar, Franz informou ao CO que abateu o bombardeiro sobre o mar. No "debrief", Charlie Brown e sua tripulação informaram o ocorrido, mas foram instruídos para não falar sobre o episódio com ninguém até então.

Após 40 anos, Charlie partiu em busca daquele piloto alemão que o salvou. Depois deste longo tempo de pesquisa, ele encontrou Franz. Ele nunca citou o fato, nem nas reuniões do pós-guerra.

Eles se encontraram nos EUA numa reunião do 379 BG, com a equipe que ainda estava viva porque Franz não disparou suas armas. Quando perguntaram a Franz por que não derrubou o B-17, ele respondeu:

"Não tive coragem de acabar com a vida daqueles homens que lutavam para viver. Voei ao lado deles por um longo tempo. Eles davam tudo de si para chegar são e salvos à sua base, e eu não ia impedi-los de viver.

Simplesmente não podia atirar em um inimigo indefeso. Seria o mesmo se eu estivesse num pára-quedas.

Ambos pilotos morreram em 2008.

Abaixo ilustração do caso dos pilotos na 2ª guerra e imagens de seu encontro nos EUA - com Franz Steigler à esquerda e Charlie Brown à direita. 











Quão grandes trevas serão


Quisera eu ter tido a oportunidade de saber das verdades que hoje sei, quando na carne estive. 

Irmãos espíritas, vós sois afortunados, pois fostes presenteados com o maior dos tesouros que o Espírito imortal pode pretender, que é a chave do conhecimento sobre as coisas celestiais. 

O saber a razão da vida faz toda a diferença entre viver e morrer, segundo o Apóstolo dos gentios.

Quando na vida terrena estive, em minha última experiência, vivi de forma recatada, porém meus atos de pureza eram apenas exteriores. 

Tinha vida religiosa e dediquei-me com afinco aos trabalhos do meu núcleo, que cuidava de pessoas idosas e de drogados. 

Cumpria minhas obrigações uma vez por semana, levando mantimentos, agasalhos e também as visitas para cada uma daquelas pessoas, quando se pretendia amparar através do suposto sentimento de amor ao próximo.

Porém, meus caros irmãos, por quantas vezes me irritei com aquela miséria. 

Sentia náuseas com o cheiro desagradável dos alojamentos e não me compadecia do rosto macilento e desesperançado dos assistidos. 

Muitas vezes escondi-me dos que me procuravam para pedir coisas e, embora soubesse ser errada essa atitude, não sentia arrependimento. 

À noite, em minhas longas preces, debulhando cada conta do velho terço, eu pedia perdão a Deus por meus erros e achava assim que tudo ficava bem.

Certa vez, em minha casa apareceu uma jovem mulher com dois filhos pequenos a solicitar qualquer tipo de auxílio. 

Imediatamente fiz meu julgamento e coloquei-a na condição de mendiga profissional. Além de não ajuda-la, humilhei-a com minhas duras palavras, sem perceber que mesmo que fosse verdadeiro o meu julgamento, a própria condição de miséria já era humilhante para aquela pobre mulher.

E assim vivi. 

Sem fazer nada de especial, amando apenas os que me amavam. 

Nada sabia sobre a lei de causa e efeito e muito menos sobre a reencarnação. Entretanto, considerava-me conhecedora do Evangelho, pois recitava seus ensinos uma vez por semana nas missas dominicais.

Adentrei ao mundo espiritual em grande sofrimento. 

Vitima de fulminante infarto, retornei à pátria verdadeira sem qualquer bagagem, pois as que havia acumulado não faziam parte dos bens eternos. 

Sofri amargamente o meu erro. 

Vi-me humilhando os outros, deixando de fazer muito bem, apenas pela pretensão de achar que estava salva por professar uma religião e cumprir com o que considerava minhas obrigações de cristã.

Caros amigos, ser cristão é algo muito mais sublime do que podeis supor. 

É viver uma prática superior de vida sustentada na doutrina de Jesus, coisa que a grande maioria dos encarnados desse planeta não consegue alcançar. 

Vós todos que sois espíritas, não jogueis fora a santa oportunidade de redenção para vossas almas. 

Procurai viver em harmonia com o que aprendeis nos livros revelados, grandes fontes de sabedoria, e vereis que ao final de vossas jornadas, vossas consciências estarão mais iluminadas e todo o vosso corpo será luz. 

Porém, irmãos, como diz o Mestre, se tal não acontecer todo o vosso corpo será trevas. E quão grandes trevas serão. Paz a todos!



Um Espírito arrependido.

(mensagem mediúnica)


Espírito: Um Espírito arrependido
Sociedade de Estudos Espíritas Allan Kardec
São Luís – MA






03 agosto 2011

As Vozes do Mundo


Senhor cala em mim todas as vozes do mundo…
Porque tudo me fala…
Mesmo aquilo que não vejo e até desconheço…
Cala em mim, Senhor,
as vozes do orgulho e da soberba,
pecados horrendos que deformam as almas…
Cala em mim as vozes da imaginação fútil e dos pensamentos vãos…
Cala, Senhor,
as vozes da ilusão e da solidão…
As vozes da impureza e das incertezas
e as outras vozes que não fazem sentido…
Porque só servem às acusações e castigo
para a culpabilidade que é tanta…
Por isso, peço-te, ó Senhor,
do mais profundo silêncio de minha alma…
Fale-me a voz do teu perdão…
que me traz absolvição
e a graça que me refaz…
Fale-me a voz de tua paz…
que pacifica todo o meu ser,
fazendo-me viver
sem confusão alguma…
Por fim, fale em mim, Senhor,
A voz do teu Silêncio Sagrado…
Que é ternura de um Deus apaixonado
Que nos livra da morte e do pecado
Sacrificando-se pela nossa salvação…
Ah! Senhor!
Abre os ouvidos de nossas almas
como abristes o entendimento
dos discípulos de Emaús…
E faz com que vivamos em tal sintonia
com a harmonia do teu Silêncio…
que tenhamos o mesmo entendimento
da Vontade do Pai para a nossa vida,
como tiveste ao carregar
e morrer naquela cruz…
Senhor,
que aprendamos com o Silêncio de Maria,
a tua e nossa Santa Mãe, a silenciar também…
Ela, que Te guardava em seu coração…
Soube acolher com devoção
a vontade silenciosa do Pai…
que por Ti nos deu a Verdadeira Paz…
Definitivamente…

(Frei Fernando) 



Não se perdeu


Não se perdeu nenhuma coisa em mim.
Continuam as noites e os poentes
Que escorreram na casa e no jardim,
Continuam as vozes diferentes
Que intactas no meu ser estão suspensas.
Trago o terror e trago a claridade,
E através de todas as presenças
Caminho para a única unidade.

(Sophia de Mello Breyner) 





A vida não passa de uma oportunidade de encontro; só depois da morte se dá a junção; os corpos apenas têm o abraço, as almas têm o enlace.
(Victor Hugo)




Angel Gabriel - Lamb

Dica de Livro: “A Morte Como Sustento” - Giselle Marques


O dia-a-dia dos profissionais que convivem com a dor alheia.

* * *

Ambientes clínicos e hospitalares lidam diariamente com explosões de vida, mas também de morte.

Giselle Marques, autora do livro "A Morte Como Sustento", explica a rotina dos profissionais que lidam com a morte: "Em ambiente médico-hospitalar, os profissionais geralmente encaram a morte de uma forma natural, de uma forma que os que evitam falar do assunto chamam de 'frieza', mas não é frieza. É realidade. Já para os familiares a situação é mais difícil, afinal, ninguém gosta de perder."

Abaixo segue um trecho da apresentação inicial do livro:

* * *

O Brasil registra um milhão de óbitos por ano e a humanidade se transforma em estatística a cada dia. No município de Campinas o número de funerais gira em torno de 600 por mês e desses, a morte violenta abate 130.

O inverno atinge grande parte das pessoas mais velhas com suas gripes e pneumonias.

Os mais jovens se matam no trânsito e a cura do câncer precisaria ser vendida em comprimidos nas farmácias. Existem falecimentos de maneiras inusitadas, como um senhor que estava colhendo manga para os netos quando caiu da árvore: não resistiu aos ferimentos.

Alguns procuram a inexistência em lâminas e cordas.

Entre tantos falecimentos existem profissionais especializados e experientes para lidar com a morte, seja para cuidar de um moribundo, melhorar a coloração de um corpo sem vida ou construir túmulos.

Os rituais existem para simbolizar o fim da vida.

Com o tempo, os funerais foram modificados. O maior motivo para as mudanças é o avanço da medicina que permite o prolongamento da vida ou do sofrimento.

Se velar um corpo na sala da própria casa era comum, hoje, com as famílias dispersas, a correria das grandes cidades, prédios e elevadores, o mercado funerário se aperfeiçoa a cada dia para cuidar de todos os detalhes.

Ao conviver com o sofrimento e a morte alheia, enfermeiros, médicos, sepultadores, floristas, diretores e agentes funerários precisam enfrentar o preconceito de quem não entende que o trabalho consiste em amenizar o choque causado por aquilo que é iminente, o fim.

Da mesma maneira que o proprietário da mais tradicional funerária de Rio Claro, no interior do estado de São Paulo, descobriu como vender aquilo que ninguém quer comprar, este livro-reportagem procura desvendar realidades pouco exploradas na sociedade ocidental onde homens e mulheres fazem de conta que esqueceram a limitação da própria existência.

Discutir o sexo com quem fez voto de castidade é como debater a morte com quem fez voto de eternidade.

E o ser humano, portador de uma vaidade quase insana, parece não admitir que um dia terá que se ausentar deste mundo.

(Giselle Marques)


O que não dizer a um doente



"Quando você passa por uma situação limite, é difícil o outro se colocar no seu lugar" - Rafael Paim, que perdeu um filho.

* * *

Não é fácil entrar no quarto e encarar alguém que acabou de receber o diagnóstico de um sério problema de saúde.

O abatimento físico e a fragilidade emocional criam um vazio nos caminhos para o diálogo.

Sem saber o que dizer, é comum o visitante se agarrar a uma série de bordões. 

Quem nunca perguntou ao doente se "está tudo bem" (sendo que a pessoa acaba de saber que tem uma doença gravíssima), garantiu que "vai dar tudo certo" (coisa que nem a mais avançada terapia médica pode garantir) ou soltou um "você está ótimo" (para alguém com olheiras profundas).

A intenção pode até ser boa. O resultado, porém, fica aquém do esperado.

"Mentir para o paciente faz com que ele se afaste de nós", diz Elizabeth Nunes de Barros, coordenadora do serviço de psicologia do Centro de Combate ao Câncer.

Ser positivo sem dar falsas ilusões ao doente é o ideal, mas como fazer isso?

Nos EUA, dois livros em fase de produção prometem algumas respostas.

Em "Como Ser Amigo de um Amigo Doente", da escritora Letty Cottin Pogrebin (que teve câncer de mama), a autora lembra, por exemplo, que visita tem hora para acabar.

Letty propõe não exceder os 20 minutos – para não cansar ainda mais alguém abatido pelo problema de saúde.

Já em seu livro, cujo título em português é algo como "Você Não Faz Por Mal, Mas...", a executiva Jennifer Goodman Linn (que teve um sarcoma, tipo de tumor) alerta, entre outras coisas, que sugerir tratamentos mágicos não é uma boa idéia.

Nada de mandar cházinho, amuleto e depois cobrar do paciente se ele está usando o presente ou, pior, se está dando resultado.

Além dessas pequenas ações, tato e paciência são fundamentais para se estabelecer uma relação agradável com o doente.

Uma das orientações é que o visitante controle sua ansiedade e deixe o paciente guiar a conversa. Se ele quiser falar sobre morte e doença, que fale. Se quiser chorar, que chore. Se quiser, porém, conversar sobre assuntos leves ou simplesmente não falar nada, isso deve ser respeitado.

"Não devemos ter medo do silêncio", diz Maria Teresa Veit, coordenadora do Departamento de Psicologia da Associação Brasileira de Leucemia.


"Pequenos gestos do meu namorado mostram que ele está comigo para o que der e vier " - diz Larissa Meira, em tratamento de câncer.

Assim, evitam-se situações constrangedoras como a vivida pela arquiteta Tatiana de Godoy, 35 anos.

Às vésperas do início da quimioterapia para tratar um linfoma não hodgkin (tipo de câncer do sistema imunológico), ela recebeu um amigo que disparou a contar-lhe sobre reações adversas do tratamento.

"Ele me disse que uma amiga dele havia feito quimioterapia, tinha passado mal, vomitado e sentido muito enjoo", lembra. Hoje Tatiana reconhece que o amigo só queria protegê-la. À época, porém, ela quase entrou em pânico. "Já estava com medo e aquilo só me
assustou mais."

Colocar-se à disposição, sem querer adivinhar como o doente está se sentindo, é outra boa dica. "Toda vez que você chega a uma situação limite é muito difícil para o outro se colocar no seu lugar", avalia Rafael Paim, vice-presidente da ONG Adote.

Rafael perdeu o filho recém-nascido depois que a criança aguardou, em vão, por um coração na fila de espera de transplante.

O melhor a fazer é reconhecer a complexidade do problema do amigo e não tentar igualar o sofrimento causado por uma enfermidade séria com aquele oriundo de problemas do dia a dia.

Ou seja: nada de dizer "entendo seu sofrimento. Ontem tive dor de cabeça o dia inteiro no trabalho".

Para saber como ajudar, o melhor é seguir os sinais dados pelo próprio paciente.

"Há quem prefira ficar mais só, outros querem estar rodeados por amigos", diz Elizabeth Barros.

E não é preciso ser um super-homem para ajudar. Pequenos gestos podem significar muito.

A estudante de design Larissa Meira, 23 anos, por exemplo, acha reconfortante quando o namorado usa a máscara cirúrgica para acompanhá-la nos passeios – ela está em tratamento contra um câncer no sistema linfático e às vezes precisa usar a proteção.

"Pode parecer bobo, mas quando ele faz isso me mostra que está junto para o que der e vier."

A auditora fiscal Marina Izy Dellores, 44 anos, que teve câncer de mama, também se lembra de como o apoio de amigos ajudou-a a superar as dores do tratamento.

"Tinha quatro amigos que sempre me ligavam no dia da
quimioterapia", conta.

A frase mágica que a aguardava do outro lado da linha e lhe dava coragem: um simples "força, amiga".#

(Rachel Costa)