"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

09 dezembro 2011

Algumas frases de Emmanuel


“Todo minuto de queixa é minuto perdido, arruinando potencialidades preciosas para a solução dos problemas sobre os quais estejamos deitando lamentação.”

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“Se o Senhor não confiasse em ti, não te emprestaria o filho que educas, a afeição que abençoas, o solo que cultivas, a moeda que dás.”

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“Se conservares o amor no coração, – obra divina do Universo, – nunca te perderás na sombra, porque terás convertido a própria alma em presença de luz.”

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“Ora e pede. Em seguida, presta atenção. Algo virá por alguém ou por intermédio de alguma cousa doando-te, na essência, as informações ou os avisos que solicites.”

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“Os amigos espirituais auxiliam aos companheiros encarnados na Terra, em toda parte e sempre. Sobretudo, com alicerces na inspiração e no concurso indireto. Serviço no bem do próximo, todavia, será para todos eles o veículo essencial. Contato fraterno por tomada de ligação.”

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“É preciso discernir o momento em que o conselho deve ser substituído por um pedaço de pão.”

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“Perdão e tolerância são alavancas de sustentação da nossa paz íntima.”

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“A prática do bem, simples e infatigável, pode modificar a rota do destino.”

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“Não creias em salvadores que não demonstrem ações que confirmam a solução de si mesmos.”

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“Cada encarnação é como se fosse um atalho nas estradas da ascensão. Por este motivo o ser humano deve amar a sua existência de lutas e de amarguras temporárias, porquanto ela significa uma bênção divina, quase um perdão de Deus.”

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“Onde o bem permanece, Deus está.”

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“Em matéria de felicidade só se possui aquela que se dá.”

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“O bem que praticas em qualquer lugar será teu advogado em toda parte.”











07 dezembro 2011

Os fios da nossa vida


Toda vez que amamos uma pessoa lançamos, por assim dizer, um fio de nossa energia sobre ela, o que cria uma conexão viva entre os dois campos vibratórios, mesmo à distância. 

Dessa forma, sentimos quando ela não está bem ou quando pensa em nós intensamente.

Projetamos esse fio de conexão também sobre os amigos, as pessoas que gostamos, os projetos que temos; toda vez que nos identificamos com alguém e alguma coisa, lançamos nela uma parte de nossa energia, criando o vínculo.

Da mesma forma, quando odiamos alguém ou temos medo de algo, também nos ligamos energeticamente, mesmo sem querer. 

Quantas vezes ouvimos falar de pessoas que durante anos e anos ficaram presas entre si pelo ódio, sempre realimentado, sem conseguir seguir adiante na sua vida...

As situações mal resolvidas no passado formam muitas vezes uma rede de fios que carregamos nas costas (à imagem dos cães que arrastam na neve os trenós nos países gelados ) – continuamos arrastando as lembranças e culpas pela vida afora - e empenhando tanta energia nisso que pouco sobra para estarmos disponíveis para o presente. 

Ficamos, literalmente, amarrados ao passado.

Vivemos, assim, em meio a uma rede de fios que nos liga às pessoas, situações, ideais, medos, lembranças e esperanças.

Esse vínculo pode ser muito prazeiroso em certas situações, como quando amamos; mas quando o contato termina, muitas vezes sentimos que uma parte de nós ficou com o outro. 

Embora estejamos nos referindo aos sonhos e expectativas, isso ocorre realmente em termos energéticos.

É necessário puxar o fio de volta, resgatar a energia que ficou projetada sobre o outro, e integrá-la novamente em si mesmo. Voltar a estar inteiro.

O perdão é uma forma de fazer isso. 

Ao perdoar o outro, abrimos mão de toda expectativa lançada sobre ele e com isso trazemos de volta toda a nossa energia que com ele estava – seja sob a forma de amor, mágoa, raiva ou desejo de vingança.

Ao liberar o outro, nos libertamos também.

Da mesma forma, ao resolvermos internamente alguma situação do passado - aceitando as coisas da forma como aconteceram, mesmo que não tenha sido da maneira como esperávamos - recebemos de volta a energia lá investida e que até aí estava paralisada.

Ao fazer isso, fecha-se a brecha, e nos tornamos mais completos novamente. 

O que o outro faz não nos afeta mais. 

O que aconteceu é passado. Nos tornamos mais atentos ao presente. 

E, principalmente, mais disponíveis para a vida.


(Sonia Weil)







Ainda que eu falasse a linguagem dos anjos...



Uma das coisas mais difíceis no mundo é ter um coração puro.

Podemos ter corações amáveis, gentis e abertos aos outros, mas puros e cheios de amor, desinteressados...quanto trabalho ainda deve ser feito, quanta renúncia, quanta aceitação e quanta doação!

Não podemos negociar com Deus, fazer isso em troca daquilo, agir de uma certa forma para obter algum tipo de recompensa.

O amor é gratuito e nossa dedicação a Deus ou aos outros não deve depender do que obtemos de volta.

Aquilo que sai da nossa alma e do nosso coração devem ser ofertas, livres de quaisquer condições.

Deus nos dá em retorno?

Certamente, porém não como paga, mas como resultado da confiança que depositamos nEle.

Não somos bons quando damos de nós aos outros, nem quando fazemos caridade, nem mesmo quando abandonamos nossa vida por alguém que carece da nossa ajuda.

Somos bons quando as coisas, gestos e palavras saem do nosso coração como uma flecha e não ficamos observando se ela vai voltar.

Somos bons quando não contamos que nosso irmão tem mais que nós e nos sentimos ofendidos, quando o bem e a felicidade do outro passam a ser nosso bem e felicidade também.

Erram as pessoas que acham-se boas quando doam de si. Isso é orgulho.

Geralmente elas dão do que lhes sobra e seus objetivos são tornarem-se pessoas melhores.

Fazem por si no fim das contas, não pelos outros.

O caminho para o Alto é muito longo e a porta de entrada é estreita.

Os que acham que já estão na metade do caminho, certamente nem começaram ainda a subir.

É Deus quem nos eleva e precisamos dizer muitos "não" e muitos "sim" até que alcancemos um pedacinho do céu.

Amar demais aqui e odiar ali, anula o amor; escolher os que perdoamos é o mesmo que não perdoar ninguém, pois nosso coração continua com manchas.

O amor tem olhos fechados e é o maior de todos os dons, distribuído a todos na face da terra.

Mas segundo a Bíblia, há os que plantam, os que colhem, os que multiplicam e os que escondem.

Podemos fazer todos os bens do mundo, regar os jardins dos que precisam e oferecer-lhes nosso melhor sorriso, mas ainda assim não teremos começado nosso caminho se negamos a palavra a um irmão, se os ressentimentos corroem nosso coração, se contamos cada ato que realizamos.

Deus não precisa dos nossos gestos vazios, Ele apenas pede um coração sincero.

Aquele que sabe e reconhece não ser perfeito, mas abre-se a cada dia ao próximo, ao distante, tem por meta fazer o bem.

Deus ama a todos indistintamente, mas os que aprenderam o que é compartilhar, compreenderam melhor os preceitos do Seu coração.

E esses provam plenamente da Sua Graça.


(Letícia Thompson)



Basta de clamares inocência - Ney Matogrosso

05 dezembro 2011

Cuida do Mais Importante


Certa vez um jovem recebeu do rei a tarefa de levar uma mensagem e alguns diamantes a outro rei, de uma terra distante. 

Para essa tarefa recebeu o melhor cavalo do reino para carregá-lo na jornada.

- Cuida do mais importante, e cumprirás a missão! disse o soberano, ao se despedir.

O jovem preparou seu alforje. Escondeu a mensagem na bainha da calça e colocou as pedras numa bolsa de couro amarrada na cintura, por baixo das vestes. 

Pela manhã, bem cedo, sumiu no horizonte. E não pensava, sequer, em falhar. 

Queria que todo o reino soubesse que era um nobre e valente rapaz, pronto para desposar a princesa. Aliás, esse era o seu sonho, e parecia que a princesa correspondia às suas esperanças.

Para cumprir rapidamente a tarefa, por vezes deixava a estrada e pegava atalhos que sacrificavam sua montaria. Dessa forma, exigia o máximo do animal. 

Quando parava em uma estalagem, deixava o cavalo ao relento, não lhe tirava a sela nem a carga, tampouco se preocupava em lhe dar de beber ou comer.

- Assim, meu jovem, acabas perdendo o animal, disse alguém.

- Não me importo, respondeu ele. Tenho dinheiro. Se este morrer, compro outro. Nenhuma falta ele me fará!

Com o passar dos dias, sob tamanho esforço, o pobre animal não suportou mais os maus tratos e caiu morto na estrada. 

O jovem, simplesmente, o amaldiçoou e seguiu o caminho a pé. Mas como naquela região havia poucas fazendas e eram muito distantes uma das outras, muito rápido o moço se deu conta da falta que lhe fazia o animal.

Depois de algum tempo ficou exausto e sedento. 

Para aliviar o peso que carregava já tinha deixado pelo caminho toda a tralha, com exceção das pedras, pois lembrava da recomendação do rei: "cuida do mais importante!" 

Seu passo se tornou curto e lento e as paradas, freqüentes e longas. 

Como sabia que poderia desfalecer a qualquer momento, e temendo ser assaltado, escondeu as pedras no salto de sua bota. 

Mais tarde, caiu exausto no pó da estrada onde ficou desacordado por longo tempo. No entanto, uma caravana de mercadores que seguia viagem para o seu reino, encontrou-o e cuidou dele.

Quando o jovem recobrou os sentidos, estava de volta à sua cidade. Imediatamente foi ter com o rei para contar o que havia acontecido, e sem remorso jogou toda a culpa do insucesso no cavalo "fraco e doente", que recebera.

- Porém, majestade, conforme me recomendaste, "cuida do mais importante", aqui estão as pedras que me confiaste. Devolvo-as a ti. Não perdi uma sequer. 

O rei as recebeu de suas mãos com tristeza e se despediu, mostrando completa frieza diante de seus argumentos.

Abatido, o jovem deixou o palácio. Em casa, ao tirar a roupa suja, encontrou na bainha da calça a mensagem do rei, que dizia:

"Ao meu irmão, rei da terra do norte. 

O jovem que te envio é candidato a casar com minha filha. 
Esta jornada é uma prova. Dei a ele alguns diamantes e um bom cavalo. Recomendei que cuidasse do mais importante. 
Faz-me, portanto, este grande favor e verifica o estado do cavalo. Se o animal estiver forte e viçoso, saberei que o jovem é fiel e sabe reconhecer quem o auxilia na jornada. 
Se, porém, perder o animal e apenas guardar as pedras, não será um bom marido nem rei, pois terá olhos apenas para o tesouro do reino e não dará importância à rainha nem àqueles que o servem".

Cuida do mais Importante!







03 dezembro 2011

Os Bons São Maioria


Uma campanha de marketing nacional trouxe uma verdade bela e esperançosa.
Espalhados pelas cidades, vários outdoors revelavam alguns dados estatísticos muito interessantes.

Eis alguns deles:

Para cada pessoa dizendo que tudo vai piorar, existem cem casais planejando ter filhos.

Para cada corrupto existem oito mil doadores de sangue.

Enquanto alguns destroem o meio ambiente, 98% das latinhas de alumínio já são recicladas no Brasil.

Para cada tanque fabricado no mundo, são feitos cento e trinta e um mil bichos de pelúcia.

Na Internet, a palavra amor tem mais resultados do que a palavra medo.

Para cada muro que existe no mundo, se colocam duzentos mil tapetes escritos "bem-vindo".

Enquanto um cientista desenha uma nova arma, há um milhão de mães fazendo pastéis de chocolate.

Existem razões para acreditar. Os bons são maioria.

* * *

Estamos precisando de visão otimista e positiva como esta em nosso mundo.

Aqueles que desejam ver o mundo em pânico e se alimentam de notícias ruins - pois dizem que são essas que vendem - não podem mais controlar nossos sentimentos.

Nós, como consumidores de notícias, de informações, devemos mostrar que desejamos também ver o lado bom do mundo, da vida, das pessoas.

Se analisarmos qualquer noticiário, seja local ou nacional, iremos ainda perceber a grande dominação das notícias ruins, como se o mundo estivesse vivendo o caos absoluto.

Não é bem assim. Muito de bom está sendo feito no mesmo instante em que ocorrem assassinatos, acidentes, crises políticas, etc.

O bem está sendo construído no mundo, sim, mesmo os pessimistas e terroristas de plantão dizendo que não ou mesmo se negando a ver.

O que acontece é que, muitas vezes, os bons ainda são tímidos e receosos. Isso os impede de se sobrepor aos maus bulhentos e arrojados.

Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, questiona, no item 932: Por que, no mundo, os maus têm geralmente maior influência sobre os bons?

Eis a resposta que obteve dos Espíritos:

É pela fraqueza dos bons. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes últimos quiserem, dominarão.

Permaneçamos refletindo sobre esta última afirmação: Quando os bons quiserem, dominarão.

Reflitamos qual nosso papel nesta mudança. O que posso fazer para ter parte nesta dominação pacífica e definitiva do bem na face da Terra.

Permitamos que nossos gestos de amor ganhem o mundo e mostrem à sombra que seus dias de dominação estão contados.

Raia o sol de uma Nova Era. O tempo do amor finalmente chegou.

Façamos parte desta transformação de alegria que tomará conta do orbe. Amemos mais. Participemos mais. 

Sorriamos mais.

(Redação do Momento Espírita)






A visão espírita da pedofilia

 
Assunto delicado e grave. 

Vejamos alguns aspectos iniciais:

Como o espiritismo vê a questão da pedofilia?

Como um grave desequilíbrio mental e espiritual, necessitando severo tratamento multidisciplinar, isto é envolvendo diversos profissionais além de tratamento espiritual complementar.

Qual a razão de existirem pedófilos?

A mesma razão de existirem quaisquer outros desequilíbrios psíquicos. São atitudes doentias que se estruturaram ao longo de uma ou mais existências ou seja reencarnações. Ninguém foi criado pedófilo.

O que se passa nas suas mentes?

Cada um deles tem uma história. Não há como colocar todos em um mesmo rótulo. Mas poder-se-ia dizer que tem um impulso sexual doente e destituído de ética.

Quais os traumas que eles têm?

Diversos, e variam conforme cada caso. Podem ter sofrido: violência infantil, abandono, desprezo, presenciado quando em tenra idade, sexo entre os pais, enfim outras distorções de educação ou de vivência.

Como se explica tal comportamento?

A resposta é tão difícil como explicar qualquer outra grave alteração de comportamento. São espíritos que pelo seu atraso, imaturidade, ignorância e sobretudo pelo livre arbítrio desviaram-se da linha normal de conduta.

E as vitimas, por que isso?

Em diversas oportunidades, quando fizemos palestra sobre reencarnação, fomos questionados posteriormente sobre a dolorosa e delicada circunstância da pedofilia.

Principalmente, ao se propiciar perguntas nos serem dirigidas por escrito viabilizava-se este questionamento.

Embora o tema seja potencialmente polêmico e desagradável, não há como ignorá-lo no contexto de nossa situação planetária.

Nossa abordagem será pelo ângulo transcendental e reencarnacionista considerando que são dois espíritos, no mínimo, envolvidos na tragédia em questão.

Cumpre-nos esclarecer que o livre arbítrio é o maior patrimônio que nós, espíritos humanos, temos alcançado ao atingirmos a faixa evolutiva pensante. Livre arbítrio que não legitima atitudes, mas oportuniza às criaturas decidir e se responsabilizar pelas consequências de seus atos posteriores.

Outra premissa que deveremos estabelecer é aquela da maior ou menor repercussão dos atos perante a Lei Universal, em função do nível de esclarecimento que possuímos. Importante também salientar que não há atos perversos que tenham sido planejados pela espiritualidade superior. Seria de uma miopia intelectual sem limites, a idéia de que alguém deve reencarnar a fim de ser violentado ou sofrer pedofilia.

A concepção do Deus punitivo e vingativo já não cabe mais no dicionário dos esclarecidos sobre a vida espiritual. Deus é a fonte inesgotável de amor. É a Lei maior que a tudo preside, uma lei de amor que coordena as leis da natureza.

Então, como conceber a violência física? Como enquadrar a onipresença divina em situações e sofrimentos que observamos? Deus estaria ausente nestas circunstâncias? Ou estaria presente? Para muitos indivíduos se estivesse presente já seria motivo para não crer na sua existência ou na sua infinita bondade e onisciência.

Outra questão importante: Quem é a “vítima”? Analisemos. Cada um de nós ao reencarnar trouxe todo o seu passado impresso indelevelmente em si mesmo, são os núcleos energéticos que trazemos em nosso inconsciente construídos no passado.

Espíritos que somos e pelas inúmeras viagens que percorremos, representadas pelas inúmeras vidas, possuímos no nosso “passaporte” inúmeros “carimbos” das pousadas onde estagiamos em vidas anteriores.

Hoje, a somatória dessas experiências se traduzem em manancial energético que irradia constantemente do nosso interior para a superfície desta vida.

Assim, é também a “vítima”. A criança, que hoje se apresenta de forma diferente, podem trazer de seu passado profunda marcas de atitudes prejudiciais a irmãos seus. Atitudes de desequilíbrio que são gravadas em si mesma.

Algumas dessas, hoje crianças, participaram intelectualmente de verdadeiras emboscadas visando atingir de maneira dolorosa a intimidade sexual de criaturas; outras foram executoras diretas, pela autoridade que eram investidas, de crimes nesta área.

Enfim, são múltiplas as situações geradoras da desarmonia energética que agora pulsa constantemente nos arquivos vibratórios da criança, nossa personagem neste drama.

Pela Lei Universal da sintonia de vibrações, poderá ocorrer, em um dado momento, uma surpresa desagradável. O espírito, criança agora, poderá atrair e sintonizar com o agressor, ou seja, o pedófilo, e ser agredida.

Identificados dois dos protagonistas (agressor e criança), temos também que considerar o frequente processo obsessivo que vinha se desenvolvendo. Uma outra entidade pode estar fixa perifericamente ou até profundamente à trama perispiritual de um ou dos dois envolvidos no processo.

Lembramos, novamente, não foi em hipótese alguma programada a violência ou o estupro, nem ele em qualquer circunstância teria justificativa.

No entanto, o crime existindo, necessário compreender em uma visão mais ampla o que está acontecendo. A espiritualidade sempre fará o máximo para evitar o “mal” ou não sendo possível, apoiar aos que sofrem.

O espírito submetido à violência da pedofilia sofre intensamente no processo, conforme o seu grau de maturidade espiritual. Não houve a programação, mas a tendencia que trazia era forte e havia o risco em passar por algo do gênero, que a espiritualidade não conseguiu evitar.

A violência da pedofilia gera, muitas vezes, profundos traumas em todos os envolvidos, exacerbando a dolorosa situação kármica da constelação familiar.

Há, também, espíritos afins e benfeitores que visam amparar os envolvidos nesta dor.

Amigos do extrafísico cheios de ternura em seu coração, com projetos de dedicação e amparo, sempre se fazem presentes.

O tempo se encarregará de cicatrizar os ferimentos da alma.

(Dr. Ricardo Di Bernardi)


(Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 76.)








De Repente 60 (ou 2 x 30)



Ao completar sessenta anos, lembrei do filme “De repente 30” , em que a adolescente, em seu aniversário, ansiosa por chegar logo à idade adulta, formula um desejo e se vê repentinamente com trinta anos, sem saber o que aconteceu nesse intervalo.

Meu sentimento é semelhante ao dela: perplexidade.

Pergunto a mim mesma: onde foram parar todos esses anos?

Ainda sou aquela menina assustada que entrou pela primeira vez na escola, aquela filha desesperada pela perda precoce da mãe; ainda sou aquela professorinha ingênua que enfrentou sua primeira turma, aquela virgem sonhadora que entrou na igreja, vestida de branco, para um casamento que durou tão pouco!Ainda sou aquela mãe aflita com a primeira febre do filho que hoje tem mais de trinta anos.

Acho que é por isso que engordei, para caber tanta gente, é preciso espaço!

Passei batido pela tal crise dos trinta, pois estava ocupada demais lutando pela sobrevivência.

Os quarenta foram festejados com um baile, enquanto eu ansiava pela aposentadoria na carreira do magistério, que aconteceu quatro anos depois.

Os cinquenta me encontraram construindo uma nova vida, numa nova cidade, num novo posto de trabalho.

Agora, aos sessenta, me pergunto onde está a velhinha que eu esperava ser nesta idade e onde se escondeu a jovem que me olhava do espelho todas as manhãs.

Tive o privilégio de viver uma época de profundas e rápidas transformações em todas as áreas: de Elvis Presley e Sinatra a Michael Jackson, de Beatles e Rolling Stones a Madonna, de Chico e Caetano a Cazuza e Ana Carolina; dos anos de chumbo da ditadura militar às passeatas pelas diretas e impeachment do presidente a um novo país misto de decepções e esperanças; da invenção da pílula e liberação sexual ao bebê de proveta e o pesadelo da AIDS. Testemunhei a conquista dos cinco títulos mundiais do futebol brasileiro (e alguns vexames históricos).

Nasci no ano em que a televisão chegou ao Brasil, mas minha família só conseguiu comprar um aparelho usado dez anos depois e, por meio de suas transmissões, vi a chegada do homem à lua, a queda do muro de Berlim e algumas guerras modernas.

Passei por três reformas ortográficas e tive de aprender a nova linguagem do computador e da internet.

Aprendi tanto que foi por meio desta que conheci, aos cinquenta e dois anos, meu companheiro, com quem tenho, desde então, compartilhado as aventuras do viver.

Não me sinto diferente do que era há alguns anos, continuo tendo sonhos, projetos, faço minhas caminhadas matinais com meu cachorro Kaká, pratico ioga, me alimento e durmo bem (apesar das constantes visitas noturnas ao banheiro), gosto de cinema, música, leio muito, viajo para os lugares que um dia sonhei conhecer.

Por dois anos não exerci qualquer atividade profissional, mas voltei a orientar trabalhos acadêmicos e a ministrar algumas disciplinas em turmas de pós-graduação, o que me fez rejuvenescer em contato com os alunos, que têm se beneficiado de minha experiência e com quem tenho aprendido muito mais que ensinado.

Só agora comecei a precisar de óculos para perto (para longe eu uso há muitos anos) e não tinjo os cabelos, pois os brancos são tão poucos que nem se percebe (privilégio que herdei de meu pai, que só começou a ficar grisalho após os setenta anos).

Há marcas do tempo, claro, e não somente rugas e os quilos a mais, mas também cicatrizes, testemunhas de algumas aprendizagens: a do apêndice me traz recordações do aniversário de nove anos passado no hospital; a da cesárea marca minha iniciação como mãe e a mais recente, do câncer de mama (felizmente curado), me lembra diariamente que a vida nos traz surpresas nem sempre agradáveis e que não tenho tempo a perder.

A capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo diminuiu, lembro de coisas que aconteceram há mais de cinquenta anos e esqueço as panelas no fogo.

Aliás, a memória (ou sua falta) merece um capítulo à parte: constantemente procuro determinada palavra ou quero lembrar o nome de alguém e começa a brincadeira de esconde-esconde. Tento fórmulas mnemônicas, recito o alfabeto mentalmente e nada! De repente, quando a conversa já mudou de rumo ou o interlocutor já se foi, eis que surge o nome ou palavra, como que zombando de mim...

Mas, do que é que eu estava falando mesmo? Ah, sim, dos meus sessenta.

Claro que existem vantagens: pagar meia-entrada (idosos, crianças e estudantes têm essa prerrogativa, talvez porque não são considerados pessoas inteiras), atendimento prioritário em filas exclusivas, sentar sem culpa nos bancos reservados do metrô e a TPM passou a significar “Tranquilidade Pós-Menopausa”.

Certamente o saldo é positivo, com muitas dúvidas e apenas uma certeza: tenho mais passado que futuro e vivo o presente intensamente, em minha nova condição de mulher muito sex...agenária!

(Regina de Castro Pompeu - terceira colocada no Prêmio Longevidade Bradesco de Jornalismo, Histórias de Vida, com o texto “De repente 60”)








02 dezembro 2011

Abra a Geladeira


Tem gente que pensa que a vida tudo faz contra nós. 

É o contrário: a vida tudo faz a nosso favor; tudo conspira a nosso favor e a felicidade só não se concretiza porque não entendemos as mensagens que a vida envia diariamente.

Aquele homem estava diante de uma pia lotada de pratos, talheres e panelas para lavar. 

Confabulava consigo próprio, contrariado, e perguntando mentalmente porque enviuvara. Por que a esposa o deixara tão cedo? Agora ele estava ali, arrumando cozinha, com cinco filhos pequenos para cuidar, sentindo-se pressionado com a quantidade de afazeres domésticos e o barulho ensurdecedor das crianças.

E, ao mesmo tempo, perguntava-se como era possível a uma mulher dar conta de tanto serviço: era o almoço, as roupas para lavar e passar, a casa por limpar, a educação dos filhos, os afazeres da escola de cada um, sem contar a atenção ao marido, aos filhos, etc. E como se sentiriam em relação a si mesmas?

Porém, estava contrariado. O filho menor o indagava o tempo todo onde estava o outro irmão. Eles brincavam de esconde-esconde e a todo momento o filho lhe perguntava onde o irmão teria se escondido. Mas, a irritação do pai tornava a pergunta repetida, insuportável.

Nesta pressão toda, toca a campanhia. 

Ele vai atender e depara-se com um mendigo, que lhe pede um prato de comida. Ele diz não ter comida. O mendigo insiste que deve haver algo na geladeira. 

Sua irritação vai ao extremo diante daquilo que ele julga uma petulância: um mendigo insistir por um prato de comida da geladeira. Com isso descarrega-lhe todo seu nervosismo, indagando quem ele pensa que é para lhe ordenar tal coisa.

O mendigo, então, explica que sua esposa (e pergunta por ela, sendo esclarecido sobre a morte da esposa) sempre lhe atendera com carinho e que sempre buscava na geladeira algo para lhe oferecer. Ele não tinha residência e todo mês passava por ali, detalhando o atendimento da esposa para com ele. E insiste pedindo que abra a geladeira. 

O pai, muito nervoso e afirmando não haver nada na geladeira, resolve por ir abrir a geladeira para mostrar ao intruso que nada havia a lhe servir.

No momento em que abre a geladeira, dá um grito. O filho pequeno estava lá, escondido na geladeira. Abriu, entrou e fechou por dentro. Porém, não conseguia abrir...

Foi aquela correria até o hospital, acompanhado pelo mendigo. O médico atendente afirma, então, que o garoto foi salvo por segundos...

Somente aí ele pode compreender a vinda do mendigo até sua casa exatamente naquela hora. E como o gesto de sua esposa repercutiu em favor do filho.

A vida estava a seu favor. A morte da esposa ou do marido é um fato a que todos estamos sujeitos. Porém, é preciso considerar as aparentes contrariedades nada mais são que providências a nosso favor.

Quantas pessoas não se livram de acidentes ou dissabores diante de um fato inesperado que lhes impede de prosseguir viagem ou tomar determinadas iniciativas. 

Isto é simplesmente a vida agindo pela nossa segurança e proteção.

Portanto, cabe prestar atenção nos detalhes. 

Prestar atenção nos acontecimentos à nossa volta, para entender que muitos deles estão sinalizando simplesmente a proteção que precisamos, embora se apresentem com aparência de tribulação, dificuldade ou algo que encaremos contra nós.

Este relato foi contado por Divaldo Franco em palestra proferida em Santo André-SP, em setembro de 2002, e julgamos oportuno trazê-lo aos nossos leitores.

(Orson Peter Carrara)








Saudades das Estrelas