"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

07 junho 2014

Eu não morri!




Quando eu me for deste planeta,
Abandonando quem você acha que fui
Mas que em nenhum momento disse ser,
Pois apenas estava, não era,
Fique feliz.

Não me procure numa sepultura, nem chore para sempre por isso.
Não chore nunca por isso.
Eu não estarei lá. Eu nunca estarei lá.

Eu estarei nos ventos que se fundem,
Na chuva dos dias de março,
Nas folhas que da árvore caem no outono, 
Na luz do sol que aquece a grama verde orvalhada.

E quando você acordar, você me sentirá
Na brisa da manhã que tímida se inicia,
No vôo do pássaro liberto que grita,
No pulsar da luz matutina.

E a sensação da presença da vida, em tudo 
Fará você se lembrar dos momentos que juntos vivemos.
Mas não quero que você chore por isso,
Quero que sorria e sinta o amor que está em tudo, 
E que lhe envolve sem cessar.

Sinta o entardecer da vida,
Onde o sol se despede, feliz por mais uma jornada, 
E a lua chega ainda tímida, de mansinho, 
Sinalizando que ali eu estarei.

E quando olhar para as estrelas pregadas 
Naquele céu aveludado e macio, 
Perceba que também ali estarei, brilhando por você 
E vibrando pela felicidade do mundo.

E olhe todas às estrelas do céu,
Que não passam de amor que cintila,
E perceba que esse amor também lhe envolve 
E lhe remete para nossos momentos bons.

Então, meu amor, quando eu me for,
Não esteja em minha sepultura e não grite por mim para sempre.
Eu não estarei lá.
Eu não morrerei.

Eu estarei mais vivo do que nunca,
Mais liberto do que posso imaginar,
Unindo-me aos outros que lá estão
Com o Criador.

Para que juntos possamos vibrar, inclusive 
Para aqueles que na sepultura se encontram 
A esperar que alguém volte dali, 
Ou a esperar que alguém chegue para visita-los.

Eu apenas me unirei ao amor do Criador
E lá estarei, até que ele me escolha
Para uma nova jornada.


( Fernando Golfar )


Fonte:


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Karl Rokitansky


Rokitansky nasceu na Áustria, no século XIX. 

Médico patologista supervisionou cerca de 70.000 necropsias, executando 30.000 delas no instituto de patologia em Viena. 

Sua técnica de necropsia é utilizada ainda hoje (técnica Rokitansky).

Foi um grande filósofo, influenciou os médicos da época a não considerar o ser humano como objetos de pesquisa, devendo tratar os indivíduos com respeito máximo.

Também lutou em desenvolver a ética na medicina e a compaixão, com o trecho: “se preservamos e praticarmos a compaixão, seremos capazes de aliviar parte do ônus de sofrimento de nossos pacientes”.

É aprendendo a respeitar os mortos que nos concentramos e nos esforçamos para auxiliar a vida.

“Primeiro mandamento da Anatomia: respeito.”


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"Ao curvar-te com a lâmina rija de teu bisturi sobre o cadáver desconhecido,

lembra-te que este corpo nasceu do amor de duas almas;

cresceu embalado pela fé e esperança daquela que em seu seio o agasalhou,

sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens;

por certo amou e foi amado e sentiu saudades dos outros que partiram,

acalentou um amanhã feliz e agora jaz na fria lousa, 

sem que por ele tivessem derramado uma lágrima sequer, sem que tivesse uma só prece.

Seu nome só Deus o sabe; mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir a humanidade que por ele passou indiferente.

Tu que tivestes o teu corpo perturbado em seu repouso profundo pelas nossas mãos ávidas de saber, o nosso respeito e agradecimento."



(Oração ao cadáver desconhecido - Rokitansky, 1874)


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Pátria Minha


A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.

Se me perguntarem o que é a minha pátria direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos…
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias pátria minha
Tão pobrinha!

Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação e o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!

Tenho-te no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem pé-direito.

Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu
Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
À espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu sabia, mas amanheceu…

Fonte de mel, bicho triste, pátria minha
Amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
O não poder dizer-te: aguarda…
Não tardo!

Quero rever-te, pátria minha, e para
Rever-te me esqueci de tudo
Fui cego, estropiado, surdo, mudo
Vi minha humilde morte cara a cara
Rasguei poemas, mulheres, horizontes
Fiquei simples, sem fontes.

Pátria minha… A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação
De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra
E urina mar.

Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamem
Que um dia traduzi num exame escrito:
“Liberta que serás também”
E repito!

Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão…
Que vontade de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.

Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.

Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
“Pátria minha, saudades de quem te ama…

(Vinicius de Moraes)


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O caminho do bem


Ninguém sofre porque quer.

Sofremos entretanto por nossas falhas do passado, que nos trazem as inevitáveis consequências de tudo aquilo o qual fomos nós os agentes causadores.

Cabe portanto à pessoa que sofre, buscar a reflexão afim de entender que a melhor forma de encontrar o caminho do bem e da felicidade nada mais é do que aprendendo com cada dor e sofrimento do dia de hoje afim de que, a cada lição assimilada , não venha mais a cometer as mesmas falhas comuns na sua rotina, vindo assim a aprimorar as suas qualidades morais e consequente progresso espiritual.

O caminho do bem é aquele que nos leva às pessoas de bem, entretanto o passaporte para se entrar nesta região de espíritos afins com a bondade está em nossas ações.

Quanto melhores nós formos com o nosso próximo, mais compatíveis estaremos com os irmãos de bem e pela prática da fé, do perdão, do amor, da paciência e da tolerância, passo a passo conseguiremos caminhar até que cheguemos naturalmente a completa afinidade com tudo aquilo de melhor, tornando-nos então eficazes instrumentos de Deus, na semeadura do bem em todas as esferas de acesso ao auxílio.

Graças a Deus.


(Mensagem do Espírito José Carlos Pereira da Rocha)






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El tango de Roxanne - Moulin Rouge


01 junho 2014

Reflexão: Sobre a Lei de causa e efeito



Tanto a vida humana quanto a natureza são regidas por leis imutáveis: Leis da física, Leis da química, Leis da biologia, Leis morais, etc..

A Mãe Terra e o Universo conspiram em nosso favor, ensinando que: "A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória."

Entendemos essas verdades; tanto os letrados como os analfabetos.
Basta consultarmos "os nossos botões" ou "a voz interior".

Sujou? Terás que limpar!
Quebrou? Terás que consertar!
Traiu? Serás traído!
Preconceituou? Serás preconceituado!
Humilhou? Serás humilhado!
Mau uso da justiça? Serás injustiçado!

Assim funciona a Lei de Causa e Efeito.

Teria Jesus mentido quando afirmou: "Quem fere pela espada, será ferido pela espada"?

Contudo, encontramos ainda mentalidades acomodadas  ou imaturas que optam pela crença de que a vida é uma só.

Morreu?... Pluft... Acabou!

Fim imediato, tal qual uma bolha de sabão.

Muito cômodo pensar assim, não acha?

Nada de vida eterna, nada de acerto de contas, nada de assumir a responsabilidade diante dos atos praticados, pois conforme raciocinam, vieram do nada e ao nada voltarão. O nada não pode gerar nada; a não ser apenas o nada.(rss)

O nosso planeta passa pela transição do mundo de expiação e provas para o mundo de regeneração.

Basta comparar as crianças de hoje com as de antigamente.

Com o avanço das ciências. do livre pensar,  do reto discernimento e da fé raciocinada, as velhas crenças e os velhos dogmas seculares criados pelo homem, cairão brevemente no esquecimento.

Assim como também ficaram no passado as línguas hoje mortas, os antigos impérios,  os mitos e os velhos deuses.

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Analogia entre o heliocentrismo e a reencarnação:

Galileu Galilei, aprimorando os estudos de Copérnico e contradizendo Aristósteles, surpreendeu o mundo de sua época com a bombástica afirmação de que a Terra gira em torno do Sol (heliocentrismo) e não o Sol em torno da Terra (geocentrismo) como se acreditou durante vários milênios.
Uma idéia revolucionária demais e inconcebível para o entendimento daquela humanidade, não preparada para tanto.
Galileu foi tachado de louco, combatido pelos cientistas, pelos intelectuais, pelo povo e perseguido pelos religiosos.
Declarado herege pela Igreja, foi submetido à inquisição sob a acusação de que suas idéias contrariavam a Bíblia na passagem de Josué, ordenando que o sol se detivesse para que seus soldados pudessem guerrear sob a luz do dia.

"O sol, pois, se deteve no meio do céu, e não se apressou a pôr-se, quase um dia inteiro".

(Josué, Cap 10 Vs. 13)

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Reencarnação:

A reencarnação, como toda idéia nova é de alguma forma similar à divulgação do heliocentrismo. 

Será assimilada lentamente, pois requer mudança de raciocínio. 

Demandará algum tempo, mas tornar-se-á tão lógica e natural quanto é o heliocentrismo nos dias atuais.   

A reencarnação não é uma crença; mas sim, um fato.

Quer "acreditemos" ou não, estamos reencarnando há milênios e a maioria ainda não se deu conta.

É através dela, da reencarnação, que se faz aplicada a Lei de Causa e Efeito e a justiça das Leis Morais.

Um gesto de bondade e misericórdia do Criador ao culpado arrependido, dando-lhe nova oportunidade para reparação das faltas cometidas, saldando seus débitos com a Lei Maior.(...)

Ainda nos dias de hoje, muitos jovens, maduros e idosos, satisfeitos na cômoda preguiça do livre-não-pensar,  parecem optar por sentar-se no último banco do velho bonde, ignorando o aviso do condutor de que essa é a derradeira viagem do enferrujado veículo, que tem como destino a sucata.

"Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará."

Quem assim sentenciou, não foi nenhum insensato.


(Prof. Silvio Ribeiro)






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O som da Terra



Estive em Inhotim - a maior galeria de arte contemporânea a céu aberto do mundo - próxima a Brumadinho-MG.

Além do encantamento do local, com a variedade e organização de seu espaço verde e das obras de arte contemporâneas entremeadas, impressionou-me a obra denominada “O som da Terra”.

Nada pode transmitir de forma completa a sensação que experimentei quando estive lá.

Havia um silencio respeitoso, necessário para uma obra de arte sonora, mas havia também muita emoção – chegando alguns a um choro sentido e à sensação de um encontro com Deus; havia a percepção de nossa pequenez perante o todo e também um sentimento de perda, pelo fato de tão poucos terem a oportunidade desse contato, por puro desconhecimento. 

Mas havia  mais que tudo a sensação de integração com uma entidade viva - Gaia , que nos parecia as vezes tranqüila e outras violenta e agressiva, chegando a vibrar todo ambiente formado de vidro e concreto, talvez em função da dor por estar sendo tão maltratada pelo ser humano...

Estamos todos interligados.

E se o som da Terra é a reprodução de um todo, existe uma dor muda imensa, guardada nas entranhas de nosso triste planeta azul...

Talvez seja a soma de todas as dores.

A dor dos sonhos desfeitos, da ausência de reconhecimento, da solidão, daquilo que deixamos de dizer, das oportunidades perdidas, do desrespeito diário no trabalho, das traições sofridas, da revolta pela injustiça política com seus desmandos e falcatruas, a dor por destruições em massa do nosso lar planetário e principalmente pela dor da violência urbana que sofremos todos os dias, desde a mais silenciosa delas à mais explícita. 

Tento fazer a minha parte para minimizar isso, mas confesso que muitas vezes sinto que minha determinação quase se esvai...

Mas minha esperança é: simplesmente acreditar que não há mal que dure para sempre, que os tempos realmente são outros e que embora a desesperança tente dominar nossa mente, há um exército invisível a nosso favor e que aos poucos, colocará as coisas nos seus devidos lugares. 

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“O Brasil merece ser visto lá fora como um país inteligente, não como um país que compra inteligência.”
(Bernardo Paz, dono de Centro de Arte Inhotim)



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