"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

12 junho 2012

Dica de livro: "Podemos dizer adeus mais de uma vez", de David Servan-Schreiber


Aos 31 anos, completados em 1992, o médico David Servan-Schreiber descobriu um tumor agressivo no cérebro e recebeu um prognóstico assustador: dificilmente sobreviveria mais do que seis meses.

No entanto, sobreviveu por mais 19 anos, estudou intensivamente para descobrir como poderia contribuir para a própria cura e criou um programa anticâncer baseado em evidências científicas, que transformou em livro e que o ajudou a fortalecer seu organismo para superar uma recaída anos mais tarde.

Ganhador da Medalha Fig, concedida pela revista Le Figaro, "por ter conseguido ganhar tempo contra a doença e por ter transmitido a esperança", David vendeu mais de um milhão de exemplares de “Anticâncer”, livro em que fala da importância de uma postura proativa do paciente, ao mesmo tempo em que defende o uso de terapias alternativas aliadas à medicina tradicional.

" 'Anticâncer' terminava com a confissão de que eu não sabia quanto tempo ainda viveria. Mas que, seja lá o que acontecesse, eu teria sido feliz por ter escolhido o caminho que consiste em cultivar ao máximo todas as dimensões de minha saúde, pois essa escolha me permite já ter vivido uma vida bem mais feliz. Hoje reitero aquela afirmação: é preciso alimentar a saúde, alimentar o equilíbrio psíquico, alimentar as relações com os outros, alimentar o planeta em torno de nós. É o conjunto desses esforços que contribui para nos proteger, individual e coletivamente, do câncer, ainda que nunca obtenhamos uma garantia de 100 %.", ponderou o autor.

Em junho de 2010, David descobriu um novo tumor muito agressivo no cérebro.

Foi quando decidiu começar a escrever 'Podemos dizer adeus mais de uma vez', um último livro feito para se despedir dos amigos, dos leitores e refletir sobre a vida.

"Foi uma oportunidade de dizer adeus a todos os que apreciaram meus livros anteriores ou que vieram me ouvir. Aconteça o que acontecer, tenho grande esperança de que esse adeus não seja o último. Podemos dizer adeus mais de uma vez."

Editora FONTANAR.

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Sobre o desapego...


Coragem, às vezes, é desapego. É parar de se esticar, em vão, para trazer a linha de volta. É permitir que voe sem que nos leve junto. 
É aceitar que a esperança há muito se desprendeu do sonho. 
É aceitar doer inteiro até florir de novo. É abençoar o amor, aquele lá, que a gente não alcança mais.

(Ana Jácomo)

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09 junho 2012

Em busca de uma resposta


Por muitos anos vaguei.

Fui a lugares iluminados, levado que fui por benfeitores, mas nada vi a não ser minha própria amargura.

Fui a catacumbas escuras, descendo o mais baixo que alguém pode descer, arrastado que fui por arruaceiros e infelizes, que se diziam sábios.

A idéia de ter morrido em vão não me abandonava.

Um roubo de alguns trocados, um tiro no peito e meu corpo destruído... bestamente, deixando abandonados minha jovem esposa e meu filho pequeno.

Deste dia em diante passei a buscar uma resposta á minha tragédia pessoal.

"Por que?" perguntava a todos os que pareciam poder esclarecer-me de alguma forma.

Sem o saber, porém, minha auto-piedade apenas me afastava da resposta, causando-me grandes aflições e sofrimento.

Mesmo não tendo conseguido o que desejava, muito aprendi em minhas andanças. Em conta-gotas e em doses homeopáticas meu coração foi se abrandando e finalmente voltei às esferas de Luz, pelas minhas próprias pernas.

Lá chegando, fui recebido com alegria por todos os benfeitores amigos, que queriam saber se eu finalmente já obtivera a tão desejada resposta.

Respondi que "sim".

Não na forma de uma explicação que tanto "cobrei" de Deus, mas em forma de lições que me fizeram refletir profundamente e ver que Deus se manifesta em tudo e em todos, inclusive no infeliz que puxou o gatilho naquele fatídico mas longínquo dia.

Demorei para compreender que a lei divina atinge a todos e que eu não estava na condição de vítima inocente e sim de alguém chamado a ajustar as contas com a própria consciência e que Deus nada mais fizera do que proporcionar a Bendita oportunidade.

Demorei tanto que minha esposa e filho cumprem hoje novo ciclo encarnatório na Terra, e luto hoje por merecer retornar entre eles.

Que Deus abençoe a todos e me conceda nova oportunidade.


Ricardo


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(Psicografado por: Cleber P. Campos)




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Dica de vídeo: A Senhora e a Morte


Muito bom!


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Não fales mal de ninguém


Toda pessoa não suficientemente realizada em si mesma tem a instintiva tendência de falar mal dos outros.

Qual a razão última dessa mania de maledicência?

É um complexo de inferioridade unido a um desejo de superioridade.

Diminuir o valor dos outros dá-nos a grata ilusão de aumentar o nosso valor próprio.

A imensa maioria dos homens não está em condições de medir o seu valor por si mesma.

Necessita medir o seu próprio valor pelo desvalor dos outros.

Esses homens julgam necessário apagar luzes alheias a fim de fazerem brilhar mais intensamente a sua própria luz.

São como vagalumes que não podem luzir senão por entre as trevas da noite, porque a luz das suas lanternas fosfóreas é muito fraca.

Quem tem bastante luz própria não necessita apagar ou diminuir as luzes dos outros para poder brilhar.

Quem tem valor real em si mesmo não necessita medir o seu valor pelo desvalor dos outros.

Quem tem vigorosa saúde espiritual não necessita chamar doentes os outros para gozar a consciência da saúde própria. (...)

De acordo com o Evangelho de Lucas: “A boca fala do que está cheio o coração”.

Pensemos nisso.


(Huberto Rohden)


(Texto extraído do livro  “A essência da amizade”, de Huberto Rohden, Editora Martin Claret)








Se eu soubesse o que sei agora...



Conta-se que o dono de um pequeno comércio, amigo do grande poeta Olavo Bilac, abordou-o na rua e lhe falou: Sr. Bilac, estou precisando vender o meu sítio, que o senhor conhece tão bem. Poderia redigir um anúncio para o jornal?

Olavo Bilac, muito solícito, apanhou um papel e escreveu:

Vende-se encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortada por cristalinas e marejantes  águas de um ribeirão. A casa, banhada pelo sol nascente oferece a sombra tranquila  das tardes, na varanda.

Meses depois, o poeta topa com o homem e pergunta-lhe se havia vendido o sítio.

Nem pensei mais nisso, disse o amigo. Quando li o anúncio é que percebi a maravilha que tinha.

Às vezes, para que possamos reconhecer o valor dos tesouros que possuímos, é preciso que alguém nos abra os olhos. E isso não acontece somente com relação aos bens materiais, mas também no campo afetivo.

Talvez motivados pela rotina ou pela acomodação, passamos a observar apenas as manias ou os pequenos defeitos daqueles que convivem conosco, esquecendo-nos das qualidades boas que eles possuem.

Não é raro alguém de fora nos surpreender com uma lista de virtudes dos nossos filhos, que passam despercebidas aos nossos olhos.

Ou, então, um colega que elogia nosso esposo ou esposa ressaltando qualidades que não estamos percebendo.
  
Esposas que criticam o marido porque ele não abre a porta do carro para ela, não puxa a cadeira para ela se sentar, esquece o aniversário de casamento, não lhe oferece flores no dia dos namorados...

Essas esposas não levam em conta que aquele mesmo homem é um pai carinhoso, dedicado, é trabalhador, honesto, e sempre que ela precisa, ele está por perto para ajudar.

Há maridos que desvalorizam suas esposas porque nem sempre estão em dia com a moda, porque os cabelos brancos não estão bem camuflados, porque não lhe dão atenção integral quando dela necessitam...

Esses esposos certamente não se dão conta do valor que essas mulheres têm. Não percebem quantas noites elas são capazes de passar acordadas, vigiando o filho doente, e enfrentar dias inteiros de trabalho exaustivo, sem reclamar.

Não se dão conta de que essas mulheres, tantas vezes, fazem verdadeiros malabarismos financeiros para poupar o marido de saber que o dinheiro do mês foi curto.

Mães e pais que criticam os filhos porque não atendem a todos os seus caprichos, ou porque nem sempre fazem as coisas como lhes determinam, esquecidos de que esses garotos e garotas têm muito valor.

São jovens que prezam pela fidelidade, que respeitam opiniões contrárias, que valorizam a família, que se dedicam a causas nobres, jovens saudáveis e cidadãos de bem.

Assim, não façamos como o comerciante que queria vender seu sítio, e ao ler o anúncio redigido por alguém de fora, mudou de idéia.

Tenhamos, nós mesmos, olhos de ver, ouvidos de ouvir e sensibilidade para sentir as boas qualidades e as virtudes daqueles que nos seguem mais de perto.

Você sabia?

Você sabia que há pessoas que nem sempre conseguem demonstrar seus verdadeiros sentimentos?

Talvez por medo de uma decepção ou por timidez, escondem-se atrás de uma couraça de proteção que as faz sentir-se mais seguras.

E essa forma de isolar-se, muitas vezes pode aparecer disfarçada de agressividade ou de comportamento anti-social.

É por essa razão que precisamos desenvolver nossa capacidade de penetrar os sentimentos das pessoas, um pouco além das aparências.


(Equipe de Redação do Momento Espírita)





04 junho 2012

Dica de livro: “Porque sofremos”, de Huberto Rohden


Um livro que fala do sofrimento humano à luz da Filosofia, da Biologia e do Evangelho.

Uma visão límpida e inteligente sofre o ato de sofrer e como enfrentá-lo quando este é inevitável.

Nada vem até nós por acaso. Assim como este livro do filósofo Huberto Rohden...

Abaixo um pequeno trecho para nossa reflexão.

Boa leitura!


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Este livro é um dos meus livros mais lidos.

Por quê?

Porque focaliza um fenômeno universal da humanidade.

Sei de pessoas que estavam em vésperas de suicídio, leram alguns dos capítulos deste livro – e vivem até hoje, resignadas com os revezes da vida.

Se o sofredor não chegou a ser um regenerado, pode, pelo menos, deixar de ser um revoltado, e viver como um conformado.

Poucos podem evitar o sofrimento – todos podem aprender como sofrer.

O principal não é não-sofrer – o principal é saber-sofrer.

Querer consolar alguém em pleno sofrimento, nem sempre é possível; o remédio contra o sofrimento deve começar antes de qualquer sofrimento – assim como a vacina contra uma doença deve ser aplicada em plena saúde.

Napoleão Bonaparte, interrogado quando devia começar a educação de uma criança, respondeu “pelo menos 20 anos antes dela nascer”.

Assim, a profilaxia contra a dor não pode ser dada no momento da tragédia, mas em plena bonança e saúde; o remédio não consiste num ato transitório, mas numa atitude permanente do homem.

Se o homem não assumir uma atitude de verdade e compreensão sobre si mesmo e harmonizar a sua vida com essa consciência, não encontrará consolo na hora do sofrimento.

O sofrimento atinge o nosso ego humano, e não o nosso Eu divino.

Quem confunde o seu ego periférico com o seu Eu central, não tolera o sofrimento.

Na presente edição do livro, modificamos quase todo o conteúdo das edições anteriores, dizendo de um modo mais direto e claro o que outrora era dito mais literariamente. Substituímos muitos capítulos por outros.

Tratamos mais da alma do que do corpo e do sofrimento. Frisamos que nem todo sofrimento é débito – há muito sofrimento-crédito, e há também sofrimento substitutivo, por culpas alheias.

O principal, repetimos, não é não-sofrer – o principal é saber-sofrer.

E este saber-sofrer supõe que o homem conheça a verdade sobre si mesmo, porquanto “conhecereis a verdade – e a verdade vos libertará”.

Também nos libertará da revolta contra o sofrimento.


(Huberto Rohden – in “Porque sofremos”, Ed. Martin Claret)


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Nossos pesos


Você se sente, em alguns dias, como se carregasse o peso do mundo?

Sente-se excessivamente cansado, atormentado, assoberbado de tarefas?

Talvez seja interessante refletir um pouco a respeito do que o está deixando tão exausto, quase desencantado da vida.

Conta-se que um conferencista tomou de um copo, nele despejou água e o ergueu, mostrando para a platéia.

Então, lançou a pergunta: Quanto vocês acham que pesa este copo?

As respostas variaram entre vinte e quinhentos gramas.

Bom, completou o conferencista, o peso real do copo não importa.

O que importa é por quanto tempo eu o segurarei levantado. Se o segurar por um minuto, tudo bem. Se o segurar durante um dia inteiro, precisarei de uma ambulância para me socorrer.

O peso é o mesmo, mas quanto mais o seguro, mais pesado ele ficará.

Isso quer dizer que se carregamos nossos pesos o tempo todo, mais cedo ou mais tarde não seremos mais capazes de continuar.

A carga irá se tornando cada vez mais pesada.

É preciso largar o copo, descansar um pouco, antes de segurá-lo novamente.

Temos que deixar a carga de lado, periodicamente. Isso alivia e nos torna capazes de continuar.

Portanto, antes de você voltar para casa, deixe o peso do trabalho num canto. Não o carregue para o lar.

Você poderá retomá-lo, no dia seguinte.

*   *   *

Há sabedoria nas palavras do conferencista. Por isso mesmo, o Sábio de Nazaré, há mais de dois mil anos recomendou: A cada dia basta sua própria aflição.

Equivale a dizer que devemos saber nos empenhar em algo que precisa ser feito, que exija todo nosso esforço.

Mas que, depois de um tempo, precisamos relaxar, espairecer, trocar de tarefa.

A lei trabalhista estabelece o cômputo de horas ao trabalhador. Também o dia do repouso, das férias.

Na escola, temos horários de estudo, intercalados com intervalos.

Pensemos, portanto, e comecemos a agir com sabedoria. Enquanto no trabalho, todo empenho.

Vencidas as horas de esforço mental ou físico, envolvamo-nos em outra atividade prazerosa.

Busquemos o lar e vivamos, intensamente, com nossos familiares.

Observemos o filho no berço, o outro que ensaia as primeiras letras no papel. Preocupemo-nos em saber se tudo está bem. Conversemos.

Desanuviemos o cenho, agora é o momento da família.

E não esqueçamos de momentos para a oração, para a boa música, a leitura nobre, que nos refaça a intimidade, nos descanse a alma.

Vinculemo-nos a um trabalho voluntário. Cultivemos nosso jardim. Podemos as árvores. Colhamos flores.

Despertemos mais cedo e observemos o nascer do sol. Encantemo-nos com o cair da tarde.

Em suma: vivamos cada momento com todas as nossas energias. Cada momento, sem levar conosco cargas desnecessárias.

Lembremos Jesus: A cada dia basta sua própria aflição.

(Redação do Momento Espírita)




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03 junho 2012