"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

22 janeiro 2013

Na esfera da palavra



Certa palavra delituosa foi projetada ao mundo por uma boca leviana e, em breves dias, desse quase imper­ceptível fermento de incompreensão, nasceu vasta epide­mia de maledicência.

Da maledicência surgiram apontamentos ingratos, estabelecendo grande infestação de calúnia.

Da calúnia apareceram observações impróprias, ge­rando discórdia, perturbação, desânimo e enfermidade.

De semelhantes desequilíbrios, emergiram conflitos e desvarios, criando aflição e ruína, guerra e morte.

Meus irmãos, para o médico desencarnado o verbo mal conduzido é sempre a raiz escura de grande parte dos processos patogênicos que flagelam a Humanidade.

A palavra deprimente é sarna invisível, complicando os problemas, enegrecendo o destino, retardando o pro­gresso, desfazendo a paz, golpeando a fé e anulando a alegria.

Se buscamos no mundo selecionar alimentos sadios, na segurança e aprumo do corpo, é indispensável esco­lher conversações edificantes, capazes de preservar a be­leza e a harmonia de nossas almas.

Bocas reunidas na exaltação do mal assemelham-se a caixotes de lixo, vazando bacilos de delinqüência e de­sagregação espiritual.

Atendamos ao silêncio, onde não seja possível o con­curso fraterno.

Disse o profeta que «a palavra dita a seu tempo é como maçã de ouro em cesto de prata».

No entanto, só o amor e a humildade conseguem produzir esse milagre de luz.

Para cooperar com o Cristo, é imprescindível sin­tonizar a estação da nossa vida com o seu Evangelho Redentor.

Busquemos sentir com Jesus.

Não nos esqueçamos de que a língua fala com os homens e de que o coração fala com Deus.

( extraído do livro “Instruções Psicofônicas”, de André Luiz & Francisco Cândido Xavier)

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Dica de vídeo: "Quando eu for para a vida espiritual o que pode acontecer?"




Excelente palestra de Américo Sucena sobre a vida na espiritualidade, numa linguagem bem humorada e esclarecedora.
Fala ainda sobre o Projeto Imagem, que tem como objetivo transformar em linguagem visual os principais livros espíritas.
Imperdível!

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Pretos Velhos - por Richard Simonetti



1 – O que dizer da manifestação de pretos velhos no Centro Espírita, com seu linguajar peculiar? Não devem ser estimulados a mudar a postura, instruindo-se?

Parece-me que a evolução não tem nada a ver com a expressão física ou linguística. Espíritos que se manifestam como pretos velhos podem ser muito evoluídos, tanto quanto branquelos podem ser atrasados.

 2 – O problema é quando Espíritos apresentam-se como orientadores. Fica complicado aceitar que um mentor não tenha aprendido a falar.

Kardec orienta que devemos considerar o conteúdo, não a forma. Respeitando a opção do Espírito, tudo o que nos compete avaliar é se sua mensagem guarda compatibilidade com os princípios espíritas.

 3 –  Não devemos, portanto, opor resistência à manifestação de pretos velhos, índios, caboclos?…

Não vejo motivo para cultivar preconceitos, mesmo porque, não raro, Espíritos dessa condição, menos esclarecidos e ainda vinculados às tradições da raça, manifestam-se para serem ajudados, não para receberem lições de português.

 4 -  E se estivermos diante de um condicionamento mediúnico, médiuns falando como pretos velhos por imitação?

É um problema que compete ao dirigente resolver, avaliando se está diante de manifestação autêntica ou de mero condicionamento a partir da influência de outros médiuns. Não costuma acontecer com médiuns que se preparam adequadamente em cursos específicos sobre mediunidade.

 5 –  Diante de uma manifestação autêntica, se o preto velho é um Espírito evoluído, não será razoável que se manifeste com linguagem escorreita, sem maneirismos?

Penso que não devemos impor condições ao manifestante. Os Espíritos desencarnados, quando evoluídos, podem adotar a forma e o linguajar que lhes aprouver. É uma opção e um direito.

 6 –  Por que o fazem?

Pretos velhos revivem, nas manifestações, o tempo em que estiveram em regime de escravidão, que lhes foi muito útil, ajudando-os a superar o orgulho que marca o comportamento humano. É uma homenagem que prestam à raça negra e um exercício de humildade.

 7 –  Quanto à morfologia perispiritual, tudo bem. Quanto à palavra, não seria interessante usar uma linguagem atual, não africanizada?

 Pode acontecer, mas aí vai depender do próprio grupo e de uma adequação dos médiuns. O Centro Espírita Amor e Caridade, em Bauru, foi orientado desde sua fundação, em 1919, por uma corrente africana. Seus representantes, em dado momento, observando a evolução do grupo, na década de 40, disseram: Pretalhada vai vestir casaca. Anunciavam por esta metáfora que a partir daquele momento eliminariam as expressões africanizadas, o que de fato ocorreu.

 8 –  Devemos, então, admitir que esses Espíritos façam uma adequação do linguajar, de conformidade com as tendências ou necessidades do grupo?

 Exatamente. Um confrade, médium vidente, visitou certa feita um grande terreiro de Umbanda, em Vitória, Espírito Santo. Viu algo que o perturbou: o Espírito Frederico Figner, que foi dedicado diretor da Federação Espírita Brasileira, manifestar-se como um preto velho. Julgou estar tendo uma alucinação e logo esqueceu. Algum tempo depois, em visita a Uberaba, ouviu alguém perguntar a Chico Xavier por onde andaria Frederico Figner. E o médium: Anda dando assistência a um terreiro de umbanda em Vitória, no Espírito Santo.

(Richard Simonetti é escritor, palestrante espírita e vice-presidente do CEAC  em Bauru-SP)


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O esplendor de Roma e Grécia onde está?



A crise econômica e social que vem agitando a Grécia tem levado muitas pessoas a pensar: onde estão as civilizações que marcaram seu nome na história deste mundo, como as que floresceram no Egito e na própria Grécia?

O assunto é tratado num dos capítulos que integram O Livro dos Espíritos, a principal obra da doutrina espírita.

Muitos povos, depois de atingirem determinado estágio evolutivo, recaíram na barbárie e alguns deles simplesmente desapareceram ou perderam seu vigor. 

Assírios, babilônios, egípcios, Roma, Esparta e Atenas... Para onde foram os Espíritos que tornaram famosos esses povos?

A explicação fornecida pelo Espiritismo – que o leitor pode conferir nas questões 786 a 788 d´O Livro dos Espíritos – é objetiva e bastante curiosa.

Quando uma casa ameaça cair – dizem os imortais – mandamos demoli-la e construímos outra mais sólida e mais cômoda.

Ocorre que, enquanto a nova moradia não fica pronta, há perturbação e confusão, fato comum que se observa nas construções em reforma. 

Aliás, expressão parecida foi utilizada certa vez por Emmanuel numa referência ao globo em que vivemos: “A Terra é uma casa em reforma”.

Segundo a doutrina espírita, os Espíritos não se encarnam indefinidamente numa mesma região ou em um mesmo país. Eles encarnam-se em diferentes lugares, porque assim exige o processo evolutivo, que permite, desse modo, se extingam também essas rivalidades pueris inerentes à nacionalidade.

Aqueles que, quando encarnados, constituíam o povo que desapareceu ou degenerou, não são os que o constituíam ao tempo do seu esplendor. Encontram-se eles reencarnados em outros países, ou talvez em outros planetas, enquanto outros Espíritos, menos adiantados, tomaram o lugar que ficara vago e que, também, a seu turno, terão um dia de deixar.

Os povos são, portanto, personalidades coletivas que, tal como os indivíduos, passam pela infância, pela idade da madureza e pela decrepitude. 

Os que apenas dão importância à vida do corpo, aqueles cuja grandeza unicamente assenta na força e na extensão territorial, nascem, crescem e morrem, porque a força de um povo se exaure, como a de um homem.

Aqueles cujas leis egoísticas criam obstáculos ao progresso das luzes e da caridade, morrem, porque a luz mata as trevas e a caridade mata o egoísmo. 

Contudo, tanto para os povos, como para as pessoas, existe a vida da alma, sendo certo que os povos cujas leis se harmonizam com as leis eternas do Criador viverão e servirão de farol aos outros povos.

Com relação a Atenas e Esparta, Chico Xavier transmitiu oportunamente uma informação de Emmanuel segundo a qual personalidades importantes das duas famosas cidades encontravam-se, no século 20, reencarnadas em duas nações poderosas da Europa que tiveram papel preponderante, mas em lados contrários, no conflito que ficou conhecido como a Segunda Guerra Mundial, de triste memória.

(Astolfo Olegário de Oliveira Filho)


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Oração Nossa



Senhor, ensina-nos a orar, sem esquecer o trabalho.
A dar, sem olhar a quem.
A servir, sem perguntar até quando...

A sofrer, sem magoar, seja quem for.
A progredir, sem perder a simplicidade.
A semear o bem, sem pensar nos resultados...

A desculpar, sem condições.
A marchar para frente, sem contar os obstáculos.
A ver sem malícia...

A escutar, sem corromper os assuntos.
A falar, sem ferir.
A compreender o próximo, sem exigir entendimento...

A respeitar os semelhantes, sem reclamar consideração.
A dar o melhor de nós, além da execução do próprio dever, sem cobrar taxas de reconhecimento...

Senhor,
fortalece em nós, a paciência para com as dificuldades dos outros, assim como precisamos da paciência dos outros, para com as nossas próprias dificuldades...

Ajuda-nos para que a ninguém façamos aquilo que não desejamos para nós...

Auxilia-nos, sobretudo, a reconhecer que a nossa felicidade mais alta será, invariavelmente, aquela de cumprir seus desígnios onde e como queiras, hoje, agora e sempre.

(Emmanuel / Chico Xavier)


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21 janeiro 2013

Lembra de mim - Ivan Lins


Não te canses de amar



Alma amiga, que ora perpassa nas duras lides do educandário a que elegestes,
Não desperdices as tuas horas ao desânimo,
pois todo momento que o senhor lhe concede ao aprendizado reveste-se de infinitas oportunidades ao trabalho na seara do bem.
Por mais que lhe acenem sombrias paisagens, voltes os teus olhos para a beleza dos campos e trabalhes no auxílio da sementeira que resguarda doces frutos no porvir.
Recorda-te que a oferta é dada conforme o que trazes em ti,
Jamais ofertarás o pão se não lançares no campo a boa semente do trigo,
portanto, compreendas a quem ofereces o joio, pois dele ainda se servirás.
Não te canses de amar,
Ames a quem te secas o pranto,
nunca se esquecendo das tantas outras lágrimas que tens a enxugar.
Ames a quem te deixas de amar ou mesmo a quem não te amas,
Fazes da verdade o teu caminho e da prece a tua fiel companheira,
assim terás os recursos necessários a venceres as tuas árduas provas na certeza de que em todos os instantes,
dias, horas e segundos,
Não te faltarás jamais o amparo maior daquele que lhe sustenta a vida.

Carlos Pereira/Por Glauco

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A lenda das lágrimas



Contam as lendas que, quando o Criador concluiu a sua obra, dividiu-a em departamentos e os confiou aos cuidados dos Anjos. Após algum tempo, o Todo Poderoso resolveu fazer uma avaliação da sua criação e convocou os servidores para uma reunião.

O primeiro a falar foi o Anjo das luzes. Postou-se respeitosamente diante do Criador e lhe falou com entusiasmo:

“Senhor, todas as claridades que criastes para a Terra continuam refletindo as bênçãos da sua misericórdia. O Sol ilumina os dias terrenos com os resplendores divinos, vitalizando todas as coisas da natureza e repartindo com elas o seu calor e a sua energia.”

Deus abençoou o Anjo das luzes, concedendo-lhe a faculdade de multiplicá-las na face do mundo.

Depois foi a vez do Anjo da terra e das águas, que exclamou com alegria:

"Senhor, sobre o mundo que criastes, a terra continua alimentando fartamente todas as criaturas; todos os reinos da natureza retiram dela os tesouros sagrados da vida. E as águas, que parecem constituir o sangue bendito da sua obra terrena, circulam no seio imenso, cantando as suas glórias.”

O Criador agradeceu as palavras do servidor fiel, abençoando-lhe os trabalhos.

Em seguida, falou radiante, o Anjo das árvores e das flores.

"Senhor, a missão que concedestes aos vegetais da Terra vem sendo cumprida com sublime dedicação. As árvores oferecem sua sombra, seus frutos e utilidades a todas as criaturas, como braços misericordiosos do vosso amor paternal, estendidos sobre o solo do planeta.”

Logo após falou o Anjo dos animais, apresentando a Deus seu relato sincero.

“Os animais terrestres, Senhor, sabem respeitar as suas leis e acatar a sua vontade. Todos têm a sua missão a cumprir, e alguns se colocam ao lado do homem, para ajudá-lo. As aves enfeitam os ares e alegram a todos com suas melodias admiráveis, louvando a sabedoria do seu Criador.”

Deus, jubiloso, abençoou seu mensageiro, derramando-lhe vibrações de agradecimento.

Foi quando, então, chegou a vez do Anjo dos homens. Angustiado e cabisbaixo, provocando a admiração dos demais, exclamou com tristeza:

“Senhor, ai de mim! Enquanto meus companheiros falam da grandeza com que são executados seus decretos na face da Terra, não posso afirmar o mesmo dos homens... Os seres humanos se perdem num labirinto formado por eles mesmos. Dentro do seu livre-arbítrio criam todos os motivos de infelicidade. Inventaram a chamada propriedade sobre os bens que Lhe pertencem inteiramente, e dão curso ao egoísmo e a ambição pelo domínio e pela posse. Esqueceram-se totalmente do seu Criador e vivem se digladiando.”

Deus, percebendo que o Anjo não conseguia mais falar porque sua voz estava embargada pelas lágrimas, falou docemente: “Essa situação será remediada.”

Alçou as mãos generosas e fez nascer, ali mesmo no céu, um curso de águas cristalinas e, enchendo um cântaro com essas pérolas líquidas, entregou-o ao servidor, dizendo:

“Volta à Terra e derrama no coração de meus filhos este líquido celeste a que chamarás água das lágrimas... Seu gosto é amargo, mas tem a propriedade de fazer que os homens me recordem, lembrando-se da minha misericórdia paternal. Se eles sofrem e se desesperam pela posse passageira das coisas da Terra, é porque me esqueceram, esquecendo sua origem divina.”

... E desde esse dia o Anjo dos homens derrama na alma atormentada e aflita da humanidade, a água bendita das lágrimas remissoras.


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A lenda encerra uma grande verdade: cada criatura humana, no momento dos seus prantos e amarguras, recorda, instintivamente, a paternidade de Deus e as alvoradas divinas da vida espiritual.


(Texto extraído do livro “Crônicas de além túmulo” (Cap, 22 - Lenda das Lágrimas) - Pelo Espírito de Humberto de Campos / Psicografado por Francisco Cândido Xavier)

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O nazismo e as trevas



"Operação Valquíria" (em alemão Operation Walküre) foi um dos 15 planos elaborados por militares alemães para assassinar Adolf Hitler.

Em 1944, o coronel Claus Schenk Graf von Stauffenberg perpetrou um atentado contra Hitler, (o atentado de 20 de Julho) em nome do movimento da resistência alemã, do qual faziam parte vários oficiais.

Hitler saiu apenas levemente ferido da explosão de uma bomba em seu quartel-general, Wolfsschanze ("Toca do Lobo"), na Prússia Oriental. A represália não se fez esperar: mais de quatro mil pessoas, membros e simpatizantes da resistência, foram executadas nos meses seguintes.

Em 2008, Tom Cruise estrelou Valkyrie (Operação Valquíria), filme baseado na operação mostrando o atentado do ponto de vista de Stauffenberg.

Tantas tentativas frustradas em relação ao Nazismo e seu líder Hitler ao longo da história, tantas coincidências que salvaram a figura deste ditador, nos levam a este texto interessante de Hermínio C. Miranda, sobre a relação entre o nazismo e as trevas.

Segue parte deste texto que merece nossa atenção.

Para jamais esquecer que: nossos erros servem para que aprendamos a não mais repeti-los.


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O Médium do Anticristo - Hermínio C. Miranda


Um jovem de cerca de 20 anos vagava pelo Museu Hofburg, em Viena, como de costume. estava deprimido como nunca.

O dia fora muito frio, pois o vento trouxera o primeiro anúncio do outono que se aproximava.

Ele temia novo ataque de bronquite que se aproximava. Ele temia novo ataque no seu miserável quartinho numa pensão barata. Estava pálido, magro e de aparência doentia.

Sem dúvida alguma, era um fracasso. Fora recusado pela Escola de Belas – Artes e pela Arquitetura. As perspectivas eram as piores possíveis.

Caminhando pelo museu, entrou na sala que guardava as jóias da coroa dos Hapsburg, gente de uma raça que não considerava de boa linhagem germânica.

Mergulhado em pensamentos pessimistas, nem sequer notou que um grupo de turistas, orientado por um guia, passou por ele e parou diante de um pequeno objeto ali em exibição.

-"Aqueles estrangeiros – escreveria o jovem mais tarde – pararam quase em frente ao lugar onde eu me encontrava, enquanto seu guia apontava para uma antiga ponta de lança. 
A princípio, nem me dei ao trabalho de ouvir o que dizia o perito; limitava-se a encarar a presença daquela gente como intromissão na intimidade de meus desesperados pensamentos. 
E, então, ouvi as palavras que mudariam o rumo da minha vida: "Há uma lenda ligada a esta lança que diz que quem a possuir e decifrar os seus segredos terá o destino do mundo em suas mãos, para o bem ou para o mal."

Como se tivesse recebido um choque de alertamento, ele agora bebia as palavras do erudito guia do museu, que prosseguia explicando que aquela fora a lança que o centurião romano introduzira ao lado do tórax de Jesus (João 19:34) para ver se o crucificado já estava "morto".

Tinha uma longa e fascinante história aquele rústico pedaço de ferro. O jovem mergulharia nela a fundo nos próximos anos. 

Chamava-se ele Adolf Hitler.

Voltou muitas vezes mais ao Museu Hofburg e pesquisou todos os livros e documentos que conseguiu encontrar sobre o assunto. Envolveu-se em mistérios profundos e aterradores, teve revelações que o atordoaram, incendiaram sua imaginação e desataram seus sonhos mais fantásticos.

Sabemos hoje, em face da prática e da literatura espírita, que os Espíritos, encarnados e desencarnados, vivem em grupos, dedicados a causas nobres ou sórdidas, segundo seus interesses pessoais.

A inteligência e o conhecimento, como todas as aptidões humanas, são neutros em si mesmos, ou seja, tanto podem ser utilizados na prática do bem como na disseminação do mal.

Dessa maneira, tanto os bons espíritos, como aqueles que ainda se demoram pelas trevas, elaboram objetivos de longo alcance visando aos interesses finais do bem ou do mal.

Em tais condições, encarnados e desencarnados se revezam, neste plano e no outro, e se apoiam mutuamente, mantendo constantes entendimentos especialmente pela calada da noite, quando uma parte considerável da humanidade encarnada, desprendida pelo sono, procura seus companheiros espirituais para debater planos, traçar estratégias, realizar tarefas, ajustar  situações.

Há, pois, toda uma logística de apoio aos Espíritos que se reencarnam com tarefas específicas, segundo os planos traçados.

Estudando, hoje, a história secreta do nazismo, não nos resta dúvida de que Adolf Hitler e vários dos seus principais companheiros desempenharam importante papel na estratégia geral de implantação do reino das trevas na Terra, num trabalho gigantesco que, obviamente, tem a marca inconfundível do Anticristo.

Para isso, eclodem fenômeno mediúnicos, surgem revelações, encontram-se as pessoas que deveriam encontrar-se, acontecem "acasos" e "coincidências" estranhas, juntam-se, enfim, todos os ingredientes necessários ao desdobramento do trabalho.




August Kubizek descreve uma cena dramática em que Hitler, com apenas 15 anos de idade, apresenta-se claramente incorporado ou inspirado por alguma entidade desencarnada.

De pé diante de seu jovem amigo, agarrou-lhe as mãos emocionado, de olhos esbugalhados e fulminantes, enquanto de sua boca fluía desordenadamente uma enxurrada de palavras excitadas. Kubizek, artudido, escreve, em seu livro:

- Era como se outro ser falasse de seu corpo e o comovia tanto quanto a mim. 
Não era, de forma alguma, o caso de uma pessoa que fala entusiasmada pelo que diz. 
Ao contrário, eu sentia que ele próprio como que ouvia atônito e emocionado o que jorrava com uma força primitiva... 
Como enxurrada rompendo diques, suas palavras irrompiam dele. 
Ele invocava, em grandiosos e inspirados quadros, o seu próprio futuro e o de seu povo. 
Falava sobre um Mandato que, um dia, receberia do povo para liderá-lo da servidão aos píncaros da liberdade- missão especial que em futuro seria confiada a ele.

Ao que parece, foi o primeiro sinal documentado da missão de Hitler e o primeiro indício veemente de que ele seria o médium de poderosa equipe espiritual trevosa empenhada em implantar na Terra uma nova ordem.

Garantia-se a Hitler o poder que ambicionava, em troca da fiel utilização da sua instrumentação mediúnica.

O pacto com as trevas fora selado nas trevas.

É engano pensar que essas falanges espirituais ignoravam as leis divinas. Conhecem-nas muito bem e sabem da responsabilidade que arrostam e, talvez, até por isso mesmo, articulam seus planos tenebrosos e audaciosos, porque, se ganhassem, teriam a impunidade com que sonham milenarmente para acobertar crimes espantosos.

Eles conhecem, como poucos, os mecanismos da Lei e sabem manipular com perícia aterradora os recursos espirituais de que dispõem.

Vejamos outro exemplo: o relato da Segunda visita de Hitler à lança, narrada pelo próprio.

Novamente a sensação estranha de perplexidade. 

Sente ele que algo poderoso emana daquela peça, mas não consegue identificar o de que se trata. De pé, diante da lança, ali ficou por longo tempo a contemplá-la:

"Estudava minuciosamente cada pormenor físico da forma, da cor e da substância, tentando, porém permanecer aberto à sua mensagem. Pouco a pouco me tornei consciente de uma poderosa presença em torno dela – a mesma presença assombrosa que experimentara intimamente naquelas raras ocasiões de minha vida em que senti que um grande destino esperava por mim."

Começava agora a compreender o significado da lança – escreve Ravenscroft – e a origem de sua lenda, pois sentia, intuitivamente, que ela era o veículo de uma revelação - "uma ponte entre o mundo dos sentidos e o mundo do espírito".

As palavras entre aspas são dos próprio Hitler, que prossegue:

“Uma janela sobre o futuro abriu-se diante de mim, e através dela vi, num único "flash", um acontecimento futuro que me permitiu saber, sem sombra de dúvida, que o sangue que corria em minhas veias seria, um dia, o veículo do espírito de meu povo.”

Ravenscroft especula sobre a revelação. Teria sido, talvez, a antevisão da cena espetaculosa do próprio Hitler a falar, anos mais tarde, ali mesmo em frente ao Hofburg, à massa nazista aglomerada, após a trágica invasão da Áustria, em 1938, quando ele disse em discurso:

"A Providência me incumbiu da missão de reunir os povos germânicos...com a missão de devolver minha pátria 1 ao Reich alemão. Acreditei nessa missão. Vivi por ela e creio que cumpri."

Tudo começara com o impacto da visão da lança no museu. Já naquele mesmo dia, em que o guia dos turistas chamou sua atenção para a antiquíssima peça, ele experimentou estranhas sensações diante dela. 

Que fascínio poderia ter sobre seu Espírito - espetacular ele próprio – aquele símbolo cristão ? 

Qual a razão daquele impacto? Quanto mais a contemplava, mais forte e, ao mesmo tempo, mais fugidia e fantástica se tornava a sua impressão.

"Senti como se eu próprio a tivesse detido em minhas mãos anteriormente, em algum remoto século da História – como se eu a tivesse possuído, como meu talismã de poder e mantido o destino do mundo em minhas mãos. No entanto, como poderia isto ser possível? Que espécie de loucura era aquele tumulto no meu íntimo?"

Qual é, porém, a história conhecida da lança?

É o que tentaremos resumir em seguida.

Hitler dedicou-se daí em diante ao estudo de tudo quanto pudesse estar relacionado com o seu fascinante problema. 

Cedo foi dar em núcleos do saber oculto. [...] Pois seus assuntos prediletos eram a história de Roma antiga, as religiões orientais, ioga, ocultismo, hipnotismo, astrologia... Parece legítimo admitir que tenha lido também obras de pesquisa espíritas, porque os autores não especializados insistem em grupar espiritismo, magia, mediunismo e adivinhação, e muito mais sob o rótulo comum de ocultismo.

Sim, Hitler estudou tudo isso profundamente e não se limitou à teoria; passou à prática. 

Convencido da sua missão transcendental, quis logo informar-se sobre os instrumentos e recursos que lhe seriam facultados para levá-lo a cabo. 

O primeiro impacto da idéia da reencarnação em seu espírito o deixou algo atônito, como vimos, na sua primeira crise espiritual diante da lança, no museu de Hofburg; logo, no entanto, se tornou convicto dessa realidade e tratou a sério de identificar algumas de suas vidas anteriores. [...]
  
Mas, Hitler tinha pressa, e, para chegar logo ao conhecimento dos mistérios que o seduziam, não hesitou em experimentar com o peiote, substância alucinógena extraída do cogumelo mexicano, hoje conhecida como mescalina. Sob a direção de um estranho indivíduo, por nome Ernst Pretzsche, o jovem Adolf mergulhou em visões fantásticas que, mais tarde, identificaria como sendo cenas de uma existência anterior que teria vivido como Landulf de Cápua, que serviu de modelo ao Klingsor na ópera de Wagner.

Esse Landulf foi um príncipe medieval (século nono) que Revenscroft declara ter sido "the most evil figure of the century" – a figura mais infame do século. 

Sua influência tornou-se considerável na política de sua época e, segundo Ravenscroft, "ele foi a figura central em todo o mal que se praticou então".

Mas Hitler acreditava-se também uma reencarnação de Tibério, um dos mais sinistros dos Césares.[...]


Se essas encarnações estão certas ou não, não cabe aqui discutir, mas tais especulações evidenciam o interesse daqueles homens pelos mistérios e segredos das leis divinas, que precisavam conhecer para melhor desrespeitar e burlar. Por outro lado, contêm alguma lógica, quando nos lembramos de certos aspectos que a muitos passam despercebidos.

Muitos espíritos reencarnaram-se com o objetivo de infiltrarem-se nas hostes daqueles que pretendem combater, seja para destruir, seja para se apossarem da organização, sempre que esta detenha alguma parcela substancial de poder. [...]

De tanto investigar os mistérios e segredos da história universal, em conexão com os poderes invisíveis, Hitler se convenceu de realidades que escapam à maioria dos seres humanos. 

A história é realmente o reflexo de uma disputa entre a sombra e a luz, representadas, respectivamente, pelos Espíritos que desejam o poder a qualquer preço e por aqueles que querem implantar na Terra o reino de Deus, que anunciou o Cristo.

Hitler sabia, por exemplo, que os Espíritos trabalham em grupos, segundo o seus interesses e por isso se reencarnam também em grupos, enquanto seus companheiros permanecem no mundo espiritual – na sombra ou na luz, conforme seus propósitos – apoiando-se mutuamente. 



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Texto, na íntegra, publicado no Reformador de Março e Abril de 1976.
Leia mais em:



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19 janeiro 2013

Discurso de Victor Hugo para materialistas e ateus


  
Depois de um jantar oferecido por Victor Hugo a seus amigos, foi ele convidado a expor seus pensamentos.

Entre os comensais encontravam-se ateus, agnósticos e materialistas, mas, apesar disto o poeta derramou o perfume poético e filosófico de suas idéias espirituais.

Como sempre, suas asas de águia se abriram por cima de todos e de sua boca brotaram os mais excelsos conceitos, que foram reconhecidos pelo ilustre poeta Arsenio Houssaye.

O autor de Os Miseráveis respondeu assim ao convite:

"Quem pode dizer-nos que eu não volte a encontrar-me nos séculos futuros?

“Shakespeare escreveu: «A vida é um conto de fada que se lê pela segunda vez». Poderia ter dito pela milésima vez. Porque não há século pelo qual eu não veja passar minha sombra."

"Vós não acreditais nas personalidades moventes, quer dizer, nas reencarnações, com o pretexto de que não recordais nada de vossas existências passadas, mas como as lembranças dos séculos desvanecidos poderiam estar impressas em vós quando não vos recordais nada das mil e uma cenas de vossa vida presente?

“Desde 1802 hei de ter tido em mim dez Victor Hugo! Credes vós que me lembro de todas as ações e de todos os seus pensamentos?

"Quando houver atravessado o túmulo para voltar a encontrar outra luz, todos esses Victor Hugo me serão um pouco estranhos, mas esta será sempre a mesma alma!

"Sinto em mim toda uma vida nova, toda uma vida futura; sou como a selva que muitas vezes foi derrubada; os jovens rebentos são cada vez mais fortes e vivazes.

“Eu subo, subo, subo até o infinito. Tudo é radiante à minha frente, a terra me dá sua seiva generosa, mas o céu me ilumina com o reflexo dos mundos entrevistos.

"Dizeis vós que a alma é a expressão das forças corporais: por que então minha alma é mais luminosa quando as forças corporais irão já me abandonar? O inverno está sobre minha cabeça, à primavera está em minha alma; aspiro aqui nesta hora às lilases e às rosas como se tivesse vinte anos.

“ À medida em que me aproximo da velhice, melhor escuto ao meu redor as imortais sinfonias dos mundos que me chamam. É um conto de fadas, mas é uma história.

"Faz meio século que escrevo meu pensamento em prosa e verso, história e filosofia, drama, novela, legendas, sátira, ode, canção; de tudo tenho tratado, mas sinto que não disse mais que a milionésima parte do que é meu. Quando estiver no túmulo poderei dizer, como tantos outros: ‘terminei minha jornada’ e não ‘terminei minha vida’. Minha jornada recomeçará no outro dia, de manhã. O túmulo não é um labirinto sem saída; é uma avenida, que se fecha no crepúsculo e volta a abrir na aurora.

"Se eu não perco um minuto é porque amo este mundo como a uma pátria, porque a verdade me atormenta, como atormentou Voltaire, esse deus humano. Minha obra não é mais do que um começo; meu monumento apenas saiu da terra; quisera eu vê-lo subir ainda, subir sempre. A sede do infinito prova o infinito. Que dizeis vós, senhores ateus?

"Escuta-me. O homem não é mais do que um exemplar de Deus infinitamente pequeno, a edição em 32 do infólio gigantesco, mas o mesmo livro. Glória inaudita para o homem! Eu sou o homem, eu, uma partícula invisível, uma gota no oceano, um grão de areia na praia. Contudo, pequeno que sou, sinto-me deus porque também desenvolvo o caos que está em mim. Eu faço livros - quer dizer, sonhos - que são os mundos.

“Oh! falo sem orgulho porque já não tenho mais vaidade que a formiga que edificou a Babilônia, nem vaidade como o menor dos pássaros, que canta no coro universal.

"Eu não sou nada. Jaz aqui Victor Hugo, um abismo, um eco que passa, uma nuvem que foi, uma onda que morre na praia. Eu não sou nada, mas deixa-me continuar minha obra começada; deixa-me subir de século em século em todas as rochas, todos os perigos, todos os amores, todas as paixões, todas as angústias.

“Quem vos disse que um dia, depois de milhares de ascensões, não haveria eu, como todos os homens de boa vontade, conquistado um posto de ministro no supremo conselho desse adorável tirano que se chama Deus".

( extraído do livro "Victor Hugo Espírita", de Humberto Mariotti, ed. EME) 

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Victor Hugo e os Espíritos

[...] num documentário sobre o livro "Os Miseráveis" chamou-me a atenção para o lado espírita de Victor Hugo. 
Nele, um dos estudiosos da obra de Hugo afirma que os espíritos o incentivaram a concluir e publicar o livro que se tornaria um marco na literatura mundial, por dar voz e luz a uma população geralmente esquecida, diminuída ou marginalizada pelos autores anteriores à sua época.

(Jáder Sampaio)



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