"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

30 agosto 2013

Dica de livro: “Diálogo com o invisível - Experiências Espíritas de Grandes Escritores”, de Ubiratan Machado



O relacionamento de intelectuais com fenômenos da ordem do espiritismo é muito mais comum do que se divulga.

Provavelmente pela rejeição a essa ordem de fenômenos no meio acadêmico, essas curiosas experiências são intencionalmente relegadas ao esquecimento, como algo que não fosse digno de constar da biografia de intelectuais.

Especializado em literatura brasileira, especialmente a do século 19, Ubiratan Machado já havia remado contra  a maré na bem sucedida obra "Os intelectuais e o espiritismo", que se tornou referência no assunto e citação obrigatória em qualquer texto acadêmico sobre o espiritismo no Brasil.

Neste livro,  o autor reúne experiências de intelectuais de renome, como Thomas Mann, Gustave Jung, Humberto de Campos, Coelho Neto, Vinicius de Morais, Drummond de Andrade e tantos outros.

Editora Lachâtre.


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Raphael Rabello - Anos dourados


Lindíssimo!...

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Curvas...


A Mulher e o Lar - Perguntas e Respostas


O lar pode ser definido como a menor célula da sociedade e a mulher tem sido tradicionalmente o núcleo desta célula, mas hoje ela anseia pela igualdade dentro da família.

A família foi definida pela ONU como a menor democracia no coração da sociedade, mas essa democracia esta longe de ter como princípios a liberdade, igualdade e fraternidade.

Estamos a procura de novos paradigmas e a Doutrina Espírita vem ao nosso encontro nos trazendo os ensinamentos dos Espíritos de luz dando-nos a conhecer as Leis da natureza e abrindo a era de emancipação legal da mulher, como abre a da igualdade e fraternidade.


1 - Qual a relação espiritual entre a mulher e o lar?

A mulher é um espírito que reencarnou com a roupagem corporal de mulher, e no lar irá exercer uma de suas mais nobres funções que é a maternidade. 
Através dela e de seu companheiro este lar receberá espíritos que reencarnarão para progredirem através da convivência do amor.



Duas perguntas correlatas: [2] - Quando a mulher trabalha fora, como fica o seu compromisso diante da maternidade, ou seja, a quem confiar a incumbência da educação maternal? [03] - Quando a mulher fica muito tempo fora do lar, por trabalho, estaria ela abrindo mão de um lar, compromisso este assumido ainda na erraticidade?

Como bem disse o professor Deolindo Amorim no seu livro "A Doutrina Espírita e os Direitos da Mulher": "Nos dias presentes, pretender que a mulher seja exclusivamente dona de casa seria um despropósito."

A mulher, através da história da humanidade, foi conquistando a sua igualdade perante o homem, e hoje pode desenvolver não apenas a função maternal, como também deve desenvolver o seu intelecto através de uma atividade profissional.

Diz "O Evangelho Segundo o Espiritismo" no Cap.22 que Deus quis que os seres se unissem não só pelos laços da carne, mas também pelos da alma, afim de que a afeição mútua dos esposos se lhes transmitisse aos filhos e que fossem dois e não um somente a amá-los, a cuidar deles e a fazê-los progredir.



4 - Quais as conseqüências espirituais para a mulher que abandona seu lar, deixando sozinhos marido e filhos?

Culturalmente acreditamos que o espírito que reencarna como mulher é um Espírito superior pronto para renúncias e sacrifícios. Esta não é a realidade. Muitos espíritos ainda bastante comprometidos reencarnam em roupagem feminina para poderem progredir, mas ao invés disso se comprometem ainda mais.



5 - Como a mãe que precisa confiar a tarefa de educação dos filhos a terceiros (mesmo que seja à avó da criança) deve agir quando a criança mostra-se mais afeiçoada à pessoa que passa o dia inteiro com ela?

Não devemos ter medo da influência que temos na vida de nossos filhos. Se temos a consciência tranqüila que estamos fazendo o melhor para todos devemos aceitar esta afeição como natural, pois a convivência no momento está sendo maior com a avó, mas os laços do amor dependem muito da qualidade desta convivência mãe e filho. Se for bem conduzido, o amor prevalecerá e a criança ampliará o triângulo familiar (Pai, Mãe e Filho), aprendendo também a amar outras pessoas.



6 - Em relação à pergunta anterior, como colaborar para que a mãe e o pai não se sintam inseguros em relação ao amor do filho para com eles?

A insegurança muita das vezes é devida ao nosso sentimento de culpa: "Será que estamos fazendo o melhor?"
O casal precisa dialogar para concluir o que seria melhor para os filhos, para eles, para família enfim, estando firmes nas suas convicções e, diante da impossibilidade de parar de trabalhar, devem acalmar seus corações na certeza que estão fazendo o melhor possível, pois há uma diferença entre o ideal e o possível.



7 - Como deve se comportar a mulher que percebe que seu marido, depois de alguns anos de convívio, já não demonstra nutrir o mesmo amor do início do relacionamento? Como resgatar um sentimento de amor para manter o equilíbrio no lar?

Esperamos de uma relação de anos o arrebatamento do início do namoro e, se tal não acontece, achamos que já não a mais amor na relação. Portanto, vamos tentar construir essa relação diariamente, no respeito mútuo, dividindo as responsabilidades do lar.



8 - Quando o casal não se entende, é melhor a separação, ou continuarem juntos pelos filhos?

Novamente o ideal e o que nos recomenda o Evangelho é que o casal esteja unido pelos laços do amor. A relação sem amor é uma relação difícil no dia-a-dia.

Quando um casal não se entende, talvez queira dizer que cada um pensa de uma maneira diferente, vemos isso sempre como um problema, mas, na verdade, duas cabeças pensam melhor do que uma e é preciso chegar a um denominador comum no eterno exercício da tolerância, se isso for impossível. Só o casal pode usar seu livre arbítrio e decidir por uma separação.



9 - A mulher é a maior responsável pelo equilíbrio e a harmonia no lar ou isso fica por conta de uma visão antiga acerca da vida em família?

Isso nos parece realmente um velho estereótipo. Em "O Livro do Espíritos", pergunta 890, os espíritos nos dizem que: "O amor materno é um sentimento instintivo e uma virtude". "Quando nasce na mulher o sentimento de abnegação e devotamento em relação aos filhos, essa energia psíquica inicialmente instintiva atinge o grau de virtude." Esta é a opinião de Dalva Silva Souza que escreveu o livro "Os Caminhos do Amor".



10 - Como devemos agir diante de um filho errante que, por mais que se esforce, sempre cai no mesmo erro? Por que a mãe quase sempre é responsável pelos erros dos filhos?

Os pais sempre se acham responsáveis pelos erros dos filhos, mas, se eles têm a consciência tranqüila de que tudo fizeram para transformar os Espíritos que reencarnaram através deles em homens de bem, cumpriram a sua missão. Muitas das vezes temos filhos ingratos, outras mais sofremos a conseqüência de não termos podado a árvore no tempo certo, só a nossa consciência poderá nos dizer.



11 - Se o pai e a mãe se dão bem, mas vivem fisicamente em locais distantes, se encontrando alguns dias por mês, como fazer para constituir o "lar" diante da criança? Manter esta situação é condenável espiritualmente, uma vez que "lar" é um conceito de unicidade?

Se os pais se dão bem, podemos dizer que se amam, que se respeitam, que amam e respeitam seus filhos? O lar não é um espaço físico. Isso se chama casa. O lar é o espaço afetivo.



12 - E quando a mulher decide casar mais cedo?

A idade cronológica nem sempre tem a ver com a idade mental. Se a mulher é ainda jovem e decide se casar mais cedo, se estiver fazendo isso com maturidade, não há o que temer.



13 - Como lidar com as influências que a criança sofre por todos os lados (principalmente através da televisão), se a mãe nem sempre pode estar o tempo todo ao lado do filho?

Não podemos criar nossos filhos numa redoma e isso não seria nada saudável para eles. O melhor é que possamos desenvolver em nossos filhos o espírito crítico e, desde cedo, a criança estará apta a fazer esse exercício junto com os pais.

Mas limites são necessários e devem ser respeitados, que se explique as crianças da inconveniência de verem determinados programas e fazer junto com eles a crítica até dos desenhos animados que pareçam mais inocentes.



14 - Quando a mulher é espírita e o marido, não, o que deve ter prioridade: as tarefas na casa espírita ou a permanência por mais tempo no lar (quando o marido não compreende o fato da mulher ser espírita)?

Devemos procurar o tão famoso equilíbrio nas nossas vidas. As tarefas na casa Espírita certamente nos dão uma enorme satisfação, mas não será um preço muito alto a constante reclamação do companheiro?



15 - E quanto ao encaminhamento dos filhos na religião? Há pessoas que dizem que isso somente deve ser decidido quando a criança se tornar adulta. Gostaria que comentasse sobre a responsabilidade da mãe sobre tal aspecto.

A responsabilidade, como bem frisa o Evangelho, é dos dois, Pai e Mãe. Será que esperamos que nossos filhos tenham cáries nos dentes para depois levá-los ao dentista? Perguntamos a alguém se devemos matriculá-los no colégio? Valorizamos muito a educação formal e negligenciamos a educação espiritual.

A missão dos pais não é transformar seus filhos em médicos, engenheiros ou dentistas, mas em homens de bem.




Considerações Finais do Palestrante


Jesus engrandeceu a mulher quando aqui esteve conosco em nosso planeta. 
Muitos anos se passaram e ainda hoje a mulher não é dignificada no seu papel. 
O Espiritismo é o Cristianismo redivivo e, como tal, irá resgatar o que Jesus nos ensinou, a mulher está mulher, mas é um espírito reencarnado. Amanhã poderá reencarnar como homem.
Portanto, homens e mulheres devem se complementar em suas funções e lutarem para a igualdade e a fraternidade reinarem em seus lares e no mundo.
Dia virá que nos amaremos como irmãos, independente de sexo, raça ou credo.
Trabalhemos por este mundo melhor.


(Palestra de Vânia de Sá Earp - Rio de Janeiro - 06/10/2000)


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25 agosto 2013

A Convivência Perfeita



Mário Vicente era vidrado na idéia das famílias espirituais, que se sobrepõem às precárias ligações sangüíneas.

– Pois é – dizia, entusiasmado, a um confrade espírita –, os Espíritos tendem a formar grupos afins nos caminhos da vida.
– Reencarnam juntos?
– Sim, sempre que possível, compondo lares ajustados e harmônicos, “um por todos, todos por um”.
– Você vive com sua família espiritual?

Mário Vicente esboçou um sorriso triste.

– Quem me dera! Lá em casa nosso relacionamento funciona mais na base de “cada um por si e Deus por todos”. Estamos longe de um entendimento razoável. É muita discussão, muita briga… Somos velhos adversários amarrados pelo sangue, a fim de nos reconciliarmos.
– Recebeu alguma revelação?
– Não… nem seria preciso! Basta observar nossos conflitos.
– A barra é pesada?
– Bem… não é tanto assim. Gosto muito de minha mulher. Até pensei, durante os primeiros tempos, fosse uma alma gêmea. 
Ela é dedicada ao lar, mãe prestimosa. Ocorre que é um tanto voluntariosa e, não raro, agressiva. Faz tempestade em copo d’água. Considero a Ernestina meu teste de paciência. Nossos “santos” estranham-se freqüentemente.
– E os filhos?
– Adoro todos eles, mas são Espíritos imaturos que me dão trabalho e, não raro, desgostos. Pedro, o mais velho, envolveu-se com drogas! Júnior, o do meio, “aborrescente” típico, vive a me questionar; Jussara é delicada e sensível mas puxou o gênio da mãe. Se contrariada, sai de perto! Um horror!
– São seus credores. Cobram prejuízos que você lhes causou em vidas anteriores…
– Certamente! Estou consciente desse compromisso. Tento o fazer o melhor, sustentando a estabilidade do lar. No entanto, não é fácil. Às vezes perco o controle. Envergonho-me das brigas em que me envolvo… Convenhamos, porém, que ninguém é de ferro!…

Mário Vicente suspirou, emocionado:
– Sinto falta de um relacionamento familiar sustentado por legítima afinidade. Todos olhando na mesma direção, empenhados em cultivar a paz, o trabalho do bem, a amizade, a compreensão… Seria o paraíso! Vejo-me como um retardatário, preso a compromissos decorrentes de besteiras que andei cometendo, purgando meus débitos. Certamente aprontei muito!
– Espera alcançar a família espiritual?
– Claro! Quero cumprir minhas obrigações, fazendo o melhor… Hei de merecer um retorno ao convívio de meus queridos, em estágios mais altos… Tenho convicção de que uma companheira muito amada espera por meu sucesso nas provações humanas, favorecendo abençoado reencontro.


***

Animado por seus sonhos, Mário Vicente esforçava-se por superar as dificuldades de relacionamento junto à esposa e filhos. Tolerava suas impertinências. Fazia de tudo para ajudá-los. Exercitava carinho e compreensão.

O cumprimento de seus deveres junto à família humana haveria de lhe proporcionar o sonhado reencontro com a família espiritual.

Passaram-se os anos.

Os filhos casaram, vieram netos, ampliou-se o grupo familiar, sucederam-se compromissos e problemas…

Nosso herói até que conseguiu sair-se relativamente bem, acumulando méritos.

Aos setenta e dois anos, retornou à Pátria Espiritual.

Espírita esclarecido, não teve dificuldade para reconhecer-se livre do escafandro de carne, amparado por generosos benfeitores.

Após os primeiros tempos, já adaptado à nova situação, procurou dedicado orientador da instituição socorrista que o abrigara.

Foi logo pedindo, inspirado pelo ideal que acalentava:
– Estimaria, se possível, receber notícias de minha família espiritual…
– Seus familiares estão bem, nas lutas de sempre, sofrendo e aprendendo, como todos os homens.
– Estão reencarnados? Pensei que os encontraria aqui!
– Você conviveu com eles… Não sabe que continuam na Terra?
– Não me refiro à família humana. Anseio abraçar os entes queridos de priscas eras, sobretudo a amada companheira perdida nas brumas do passado…

O mentor sorriu:
– Falou bonito, mas está equivocado, meu amigo. Sua família espiritual é aquela que lhe marcou a experiência na carne. Sua esposa é uma alma de eleição. Os filhos são antigos companheiros de jornada evolutiva. Desde remoto passado vocês vivem experiências em comum.
– Mas e os nossos problemas de relacionamento?
– Haveriam de experimentá-los mesmo que se transferissem para a esfera do Cristo. Como ensinava o Mestre, ainda há muita dureza no coração humano.
– Que devo fazer?
– Você julga-se um retardatário. Na verdade, não obstante suas limitações, está um pouco à frente do grupo familiar, ainda lento na aquisição de valores espirituais. Tem, portanto, o dever de ajudar. Foi essa a sua tarefa na última existência. Será esse o seu compromisso agora, exercitando a função de protetor espiritual junto aos seus.

E Mário Vicente, que tanto ansiara por sua família espiritual, constatou que estivera com ela durante décadas, sem se dar conta disso.

Muita água rolaria no rio do tempo, até que todos ganhassem asas, habilitando-se à convivência perfeita.


(Richard Simonetti, in "O Destino em Suas Mãos" - Editora CEAC – Bauru)


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24 agosto 2013

Timidez



Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...
- mas só esse eu não farei.
Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...
- palavra que não direi.
Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,
- que amargamente inventei.
E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...
e um dia me acabarei.

(Cecília Meireles)


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Eu pedi a Deus



Eu pedi a Deus que tirasse meu orgulho.
E Deus disse não.
Não Lhe cabia tirá-lo, mas a mim deixá-lo...

Eu pedi a Deus que me desse paciência.
E Deus disse não.
Ele disse que a paciência nasce das atribulações;
Ela não é concedida, é merecida...

Eu pedi a Deus que me concedesse felicidade.
E Deus disse não.
Ele disse que me daria Suas bênçãos;
A felicidade viria de mim mesmo...

Eu pedi a Deus que me poupasse do sofrimento.
E Deus disse não.
Ele disse que a dor afasta-me das ilusões da vida
e leva-me para mais perto d’Ele...

Eu pedi a Deus que me fizesse crescer em minha vida espiritual.
E Deus disse não.
Ele me disse que eu deveria crescer sozinho,
mas Ele vai podar-me como um ramo, para que produza frutos...

Eu perguntei a Deus se Ele me ama.
E Deus disse sim!
Ele deu-me Seu Único Filho, que morreu por mim
E quer-me um dia no céu, pela minha Fé...

Então, pedi a Deus que me ajudasse
a amar os outros como Ele me ama.
E Deus disse:
"Finalmente compreendeste!"





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Um pouco de Francis Hime


Amar, mesmo no silêncio, sempre valerá a pena....

O amor perdido - Francis Hime

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21 agosto 2013



A luta mais difícil trava-se com as armas da paz. 
Conquistar sem destruir, impor-se sem humilhar, combater sem ferir.
É a luta da sabedoria, que reconhece na inteligência o recurso que mais intimida os iludidos pelo poder.
Não à nós Senhor, mas pela Glória de teu Santo Nome.


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