"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

09 maio 2014

Para Sempre - Carlos Drummond de Andrade


Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.


(Carlos Drummond de Andrade)




* * *

Mãe desnecessária


A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo.

Várias vezes ouvi de um amigo psicanalista essa frase, e ela sempre me soou estranha.

Até agora.

Agora, quando minha filha de quase 18 anos começa a dar vôos-solo.

Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural materno de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos. 

Uma batalha hercúlea, confesso. Quando começo a esmorecer na luta para controlar a super-mãe que todas temos dentro de nós, lembro logo da frase, hoje absolutamente clara.

Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária.

Antes que alguma mãe apressada me acuse de desamor, explico o que significa isso.

Ser “desnecessária” é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes.

Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros também. A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical. A cada nova fase, uma nova perda é um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho.

Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não para de se transformar ao longo da vida. Até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo.

O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância ou na divergência, no sucesso ou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis.

Pai e mãe - solidários - criam filhos para serem livres.

Esse é o maior desafio e a principal missão.

Ao aprendermos a ser “desnecessários”, nos transformamos em porto seguro para quando eles decidirem atracar.


(Márcia Neder)




* * *

06 maio 2014


Abençoadas sejam as surpresas risonhas do caminho.
As belezas que se mostram sem fazer suspense.
As afeições compartilhadas sem esforço.
As vezes em que a vida nos tira pra dançar sem nos dar tempo de recusar o convite.
As maravilhas todas da natureza, sempre surpreendentes, à espera da nossa entrega apreciativa.
A compreensão que floresce, clara e mansa, quando os olhos que veem são da bondade.
Abençoados sejam os presentes fáceis de serem abertos.
Os encantos que desnudam o erotismo da alma.
Os momentos felizes que passam longe das catracas da expectativa.
Os improvisos bons que desmancham o penteado arrumadinho dos roteiros da gente.
Os diálogos que acontecem no idioma pátrio do coração.
Abençoada seja a leveza, meu Deus.
Abençoadas sejam as dádivas generosas que vêm nos lembrar que viver pode ser mais fácil.
Que amar e ser amado pode ser mais fluido.
Que dá pra girar o dial.
Que dá pra sair da frequência da escassez e sintonizar a estação da disponibilidade, onde alegrias já cantam, mas a gente não ouve.
Abençoadas sejam as dádivas que vêm nos lembrar, com alívio, que há lugares de descanso para os nossos cansaços.
Que há lugares de afrouxamento para os nossos apertos.
Que dá pra mudar o foco.
Que não é tão complicado assim saborear a graça possível que mora em cada instante.
Abençoadas sejam as dádivas generosas que nos surpreendem. Elas não sabem o quanto às vezes, tantas vezes, nos salvam de nós mesmos.

(Ana Jácomo)



* * *


Que as crianças cantem livres - Taiguara



Grande Taiguara, que os meninos de hoje precisam conhecer e que em suas canções falou muito de amores e dores de ontem e sempre...


*  *  *



Ter um filho, escrever um livro (ter um blog serve?)...
Falta plantar uma árvore...

*  *  *



Amo aqueles que plantam árvores sabendo que não se assentarão à sua sombra.
Plantam árvores para dar sombra e frutos àqueles que ainda não nasceram.

(Rubem Alves in “Ostra feliz não faz pérolas”)




* * *

03 maio 2014

O Diálogo com os Espíritos



Quem se propõe a dialogar com os espíritos é porque entende e aceita que eles existem e podem se comunicar conosco.

Espíritos são os seres inteligentes criados por Deus e que habitam o universo, encarnados ou não.

Há quem pense que o Espírito desencarnado não pode comunicar-se e conosco trocar ideias. A esse respeito,os espíritos instrutores responderam a Kardec:


Por que não?
Que é o homem, senão um Espírito aprisionado num corpo?
Por que não há de o Espírito livre se comunicar com o Espírito cativo, como o homem livre com o encarcerado?
(O Livro dos Médiuns, 1ª Parte, Cap. 1, 5.)


Sim, os espíritos, encarnados ou não, nos comunicamos uns com os outros. Estamos sempre em comunicação, seja pela transmissão do pensamento (telepatia), ou pelas emanações fluídicas, que constantemente emitimos e recebemos.

De alguma maneira, todos sentimos a influência dos espíritos libertos e, assim, podemos dizer que todos somos médiuns.

Essa comunicação usual, porém, costuma ocorrer de maneira sutil e dela nem sempre chegamos a tomar consciência.

Nos médiuns, propriamente ditos, a mediunidade fica bem caracterizada, por fenômenos ostensivos que ocorrem frequente e regularmente.

É que, nos médiuns, uma condição orgânica enseja a expansão perispiritual e, nesse estado de expansão espiritual, ele retoma suas funções de espírito, vê e ouve o que se passa no plano além (que é invisível aos nossos sentidos corpóreos), e se relaciona com os espíritos libertos da carne.

O médium nos transmite o que percebe do plano espiritual e o que recebe do espírito comunicante. A fidelidade da transmissão dependerá da maior ou menor aptidão que o médium tenha para perceber e entender a realidade do plano espiritual e o que diz o comunicante.

Não obstante alguns senões no processo da comunicação mediúnica, é através dos médiuns que os espíritos “ressuscitam”, ressurgem espiritualmente, e se nos manifestam.(...)


(in “Conversando com os Espíritos na reunião mediúnica”, de Therezinha Oliveira. Ed. Allan Kardec)



* * *


Words / Run to me - Bee Gees (Covers)






02 maio 2014


O mal não existe. 
Isso que definimos assim são erros que cometemos por ignorância e atraso espiritual. 
A maldade é um estado passageiro da alma...

(in “A Mansão Renoir” -  de Dolores Bacelar, Alfredo/espírito, Ed. Correio Fraterno)




*  *  *