"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"
(Teillard de Chardin)
11 junho 2014
10 junho 2014
A música da alma
Angelus Silesius (1624-1677), místico que só escrevia
poesia, disse o seguinte:
"Temos dois olhos. Com um contemplamos as coisas do
tempo, efêmeras, que desaparecem. Com o outro contemplamos as coisas da alma,
eternas, que permanecem".
Eis aí um bom início para compreender os mistérios do olhar.
Para entender os mistérios do ouvir, eu escrevo uma
variação:
"Temos dois ouvidos. Com um escutamos os ruídos do
tempo, passageiros, que desaparecem. Com o outro ouvimos a música da alma,
eterna, que permanece".
A alma nada sabe sobre a história, o encadeamento dos
eventos que acontecem uma vez e nunca mais se repetem.
Na história, a vida está enterrada no "nunca
mais". A alma, ao contrário, é o lugar onde o que estava morto volta a
viver.
Os poemas não são seres da história. Se eles pertencessem à
história, uma vez lidos nunca mais seriam lidos: ficariam guardados no limbo do
"nunca mais".
Mas a alma não conhece o
"nunca mais".
Ela toma o poema, escrito há muito
tempo, no tempo da história (escrito no tempo da história, sim, mas sem
pertencer à história), ela o lê, e ele fica vivo de novo: apossa-se do seu
corpo, faz amor com ele, provoca riso, choro, alegria.
A gente quer que os
poemas sejam lidos de novo, ainda que os saibamos de cor, tantas foram as vezes
que os lemos. (...)
(Rubem Alves)
* * *
Prece por Luz
Senhor,
Clareia-nos o entendimento, a fim de que conheçamos em suas consequências os caminhos já
trilhados por nós; entretanto, fazei-nos essa concessão mais particularmente
para descobrirmos, sem enganos, as estradas mais retas que nos conduzem à
integração com os teus propósitos.
Alteia-nos o pensamento, não somente para identificarmos a
essência de nossos próprios desejos, mas sobretudo para que aprendamos a saber
quais os planos que traçaste a nosso respeito.
Iluminai-nos a memória, não só de modo a recordarmos com
segurança as lições de ontem, e sim, mais especialmente a fim de que nos
detenhamos no dia de hoje, aproveitando-lhe as bênçãos em trabalho e renovação.
Auxilia-nos a reconhecer as nossas disponibilidades;
todavia, concede-nos semelhante amparo, a fim de que saibamos realizar com ele
o melhor ao nosso alcance.
Inspira-nos ensinando-nos a valorizar os amigos que nos
enviaste; no entanto, mais notadamente, ajuda-nos a aceitá-los como são, sem
exigir-lhes espetáculos de grandeza ou impostos de reconhecimento.
Amplia-nos a visão para que vejamos em nossos entes queridos
não apenas pessoas capazes de auxiliar-nos, fornecendo-nos apoio e companhia, mas,
acima de tudo, na condição de criaturas que nos confiaste ao amor, para que
venhamos a encaminhá-los na direção do bem.
Ensina-nos a encontrar a paz na luta construtiva, o repouso
no trabalho edificante, o socorro na dificuldade e o bem nos supostos males da
vida.
Senhor, abençoa-nos e estende-nos as mãos compassivas, em
tua infinita bondade, para que possamos Te perceber em espírito na realidade
das nossas tarefas e experiências de cada dia.
Hoje e sempre.
Assim Seja.
Emmanuel
(Psicografado por Chico Xavier)
* * *
Vira um lar...
A senhora encontrou-se com Chico Xavier na rua.
Ficou muito
feliz. Após alguns minutos de bate-papo amigo, o médium convidou:
– Vamos tomar
um cafezinho no bar.
Ela estranhou, cogitando, intimamente: “Logo num bar? O
ambiente ali deve ser péssimo”.
– Chico, vamos à minha casa. Fica perto. Lá estaremos à
vontade.
Ao que o grande discípulo do Cristo, demonstrando ter lido
seu pensamento, respondeu bem-humorado:
– Minha filha, quando um espírita entra num bar, ele vira um
lar.
Como sempre, temos um ensinamento profundo na observação de
Chico, apresentado na simplicidade de suas expressões.
Frequentemente ouvimos
pessoas reclamarem que enfrentam problemas sérios de influências espirituais,
em face de contaminação em ambientes por onde andam. Impressionáveis, sem
controle sobre suas emoções, afirmam:
– Não entro em locais profanos, como bares, restaurantes,
lanchonetes… Vibrações deletérias…
Na atividade profissional:
– Não suporto o ambiente na empresa em que trabalho. Muita
fofoca, palavrões, conversa fiada, gente mal orientada…
Até na atividade religiosa:
– Vai mal o grupo. Infindáveis discussões e divergências. O
pessoal não se entende.
Se levarmos às últimas consequências essa postura, o ideal
será mudar de planeta.
Segundo nos informam os mentores espirituais, a Terra é
um mundo de provas e expiações, habitado por Espíritos orientados pelo egoísmo,
cujas vibrações mentais são tão densas que todo o planeta é circundado pela
escuridão.
No livro Renúncia, psicografia de Francisco Cândido Xavier,
Emmanuel reporta-se à Terra como a região das faixas negras.
Valha-nos Deus!
Imperioso considerar, amigo leitor, que mais importante do
que o ambiente por onde transitamos é o ambiente que cultivamos.
Se estivermos bem psiquicamente, nenhuma vibração, nenhuma
densidade fluídica, nenhuma influência espiritual nos afetará. Pelo contrário,
nós influenciaremos o ambiente e as pessoas, porquanto é elementar que a luz
sempre espanta as trevas.
Nossa estabilidade íntima e nosso equilíbrio emocional não
podem, portanto, estar condicionados aos ambientes da Terra.
Devem ser
resguardados pelo exercício da oração e de todas as virtudes preconizadas e
exemplificadas por Jesus ao longo de seu abençoado apostolado.
Em inúmeras oportunidades, Jesus transmitiu orientações aos
discípulos quanto ao seu procedimento na divulgação da Boa Nova, em que
haveriam de enfrentar a hostilidade de inimigos gratuitos.
O Mestre recomendava
(Mateus, 10:12-13):
E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a. Se a casa for
digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a
vossa paz.
Está aí uma boa medida, capaz de nos preservar em qualquer
lugar por onde transitemos. Saudemos as pessoas desejando:
– A paz esteja com todos!
Obviamente, façamos isso em pensamento, a fim de que não nos
confundam com delirante pregador evangélico.
Se os que ali se encontram forem receptivos às nossas
vibrações, ótimo! Depuraremos o ambiente.
Se não nos receberem bem, ainda assim teremos o melhor – a
paz não nos deixará.
(Richard Simonetti)
* * *
07 junho 2014
Eu não morri!
Quando eu me for deste planeta,
Abandonando quem você acha que fui
Mas que em nenhum momento disse ser,
Pois apenas estava, não era,
Fique feliz.
Não me procure numa sepultura, nem chore para sempre por
isso.
Não chore nunca por isso.
Eu não estarei lá. Eu nunca estarei lá.
Eu estarei nos ventos que se fundem,
Na chuva dos dias de março,
Nas folhas que da árvore caem no outono,
Na luz do sol que
aquece a grama verde orvalhada.
E quando você acordar, você me sentirá
Na brisa da manhã que tímida se inicia,
No vôo do pássaro liberto que grita,
No pulsar da luz matutina.
E a sensação da presença da vida, em tudo
Fará você se
lembrar dos momentos que juntos vivemos.
Mas não quero que você chore por isso,
Quero que sorria e sinta o amor que está em tudo,
E que lhe
envolve sem cessar.
Sinta o entardecer da vida,
Onde o sol se despede, feliz por mais uma jornada,
E a lua
chega ainda tímida, de mansinho,
Sinalizando que ali eu estarei.
E quando olhar para as estrelas pregadas
Naquele céu
aveludado e macio,
Perceba que também ali estarei, brilhando por você
E
vibrando pela felicidade do mundo.
E olhe todas às estrelas do céu,
Que não passam de amor que cintila,
E perceba que esse amor também lhe envolve
E lhe remete para
nossos momentos bons.
Então, meu amor, quando eu me for,
Não esteja em minha sepultura e não grite por mim para
sempre.
Eu não estarei lá.
Eu não morrerei.
Eu estarei mais vivo do que nunca,
Mais liberto do que posso imaginar,
Unindo-me aos outros que lá estão
Com o Criador.
Para que juntos possamos vibrar, inclusive
Para aqueles que
na sepultura se encontram
A esperar que alguém volte dali,
Ou a esperar que
alguém chegue para visita-los.
Eu apenas me unirei ao amor do Criador
E lá estarei, até que ele me escolha
Para uma nova jornada.
( Fernando Golfar )
Fonte:
* * *
Karl Rokitansky
Rokitansky nasceu na Áustria, no século XIX.
Médico patologista
supervisionou cerca de 70.000 necropsias, executando 30.000 delas no instituto
de patologia em Viena.
Sua técnica de necropsia é utilizada ainda hoje (técnica
Rokitansky).
Foi um grande filósofo, influenciou os médicos da época a
não considerar o ser humano como objetos de pesquisa, devendo tratar os
indivíduos com respeito máximo.
Também lutou em desenvolver a ética na medicina e a compaixão,
com o trecho: “se preservamos e praticarmos a compaixão, seremos capazes de
aliviar parte do ônus de sofrimento de nossos pacientes”.
É
aprendendo a respeitar os mortos que nos concentramos e nos esforçamos para
auxiliar a vida.
“Primeiro mandamento da Anatomia: respeito.”
*
"Ao curvar-te com a lâmina rija de teu bisturi sobre o
cadáver desconhecido,
lembra-te que este corpo nasceu do amor de duas almas;
cresceu embalado pela fé e esperança daquela que em seu seio o agasalhou,
sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens;
por certo amou e foi amado e sentiu saudades dos outros que partiram,
acalentou um amanhã feliz e agora jaz na fria lousa,
sem que por ele tivessem derramado uma lágrima sequer, sem que tivesse uma só prece.
Seu nome só Deus o sabe; mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir a humanidade que por ele passou indiferente.
Tu que tivestes o teu corpo perturbado em seu repouso profundo pelas nossas mãos ávidas de saber, o nosso respeito e agradecimento."
(Oração ao cadáver desconhecido - Rokitansky, 1874)
* * *
Pátria Minha
A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.
Se me perguntarem o que é a minha pátria direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.
Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos…
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias pátria minha
Tão pobrinha!
Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação e o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!
Tenho-te no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem pé-direito.
Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova
Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu
Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
À espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu sabia, mas amanheceu…
Fonte de mel, bicho triste, pátria minha
Amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
O não poder dizer-te: aguarda…
Não tardo!
Quero rever-te, pátria minha, e para
Rever-te me esqueci de tudo
Fui cego, estropiado, surdo, mudo
Vi minha humilde morte cara a cara
Rasguei poemas, mulheres, horizontes
Fiquei simples, sem fontes.
Pátria minha… A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação
De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra
E urina mar.
Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera
tamem
Que um dia traduzi num exame escrito:
“Liberta que serás também”
E repito!
Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão…
Que vontade de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.
Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.
Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
“Pátria minha, saudades de quem te ama…
(Vinicius de Moraes)
* * *
O caminho do bem
Ninguém sofre porque quer.
Sofremos entretanto por nossas falhas do passado, que nos
trazem as inevitáveis consequências de tudo aquilo o qual fomos nós os agentes
causadores.
Cabe portanto à pessoa que sofre, buscar a reflexão afim de
entender que a melhor forma de encontrar o caminho do bem e da felicidade nada
mais é do que aprendendo com cada dor e sofrimento do dia de hoje afim de que,
a cada lição assimilada , não venha mais a cometer as mesmas falhas comuns na
sua rotina, vindo assim a aprimorar as suas qualidades morais e consequente
progresso espiritual.
O caminho do bem é aquele que nos leva às pessoas de bem,
entretanto o passaporte para se entrar nesta região de espíritos afins com a
bondade está em nossas ações.
Quanto melhores nós formos com o nosso próximo, mais
compatíveis estaremos com os irmãos de bem e pela prática da fé, do perdão, do
amor, da paciência e da tolerância, passo a passo conseguiremos caminhar até
que cheguemos naturalmente a completa afinidade com tudo aquilo de melhor,
tornando-nos então eficazes instrumentos de Deus, na semeadura do bem em todas
as esferas de acesso ao auxílio.
Graças a Deus.
(Mensagem do Espírito José Carlos Pereira da Rocha)
* * *
03 junho 2014
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