"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

30 julho 2011


O fracasso quebra as almas pequenas e engrandece as grandes, assim como o vento apaga a vela e atiça o fogo da floresta.
(Benjamin Franklin)





Dica de Livro: "Mediunidade - Homens e fatos que fizeram história" - Luiz Gonzaga Pinheiro


Escrever sobre homens e mulheres que fizeram história é, sobretudo, escrever sobre a relação existente entre encarnados e desencarnados ligados à Terra. 

Todavia, o plano espiritual, em sua generosidade, não se cansa de enviar heróis da caridade, mestres da sabedoria, que se vestem de roupagem humilde para melhor servir aos objetivos que perseguem, o progresso da raça humana. 

Um livro interessante, onde acompanhamos a evolução histórica da mediunidade, com uma linguagem fácil e que nos prende a cada capítulo.

Abaixo um pequeno trecho inicial desta obra.

* * *
Quem realmente iniciou a era da mediunidade sobre a Terra não sabemos. Todavia, a época deve remontar aos primeiros habitantes do planeta.

Diante desse fato é impossível afirmar com segurança o quanto do progresso que já atingimos deriva exclusivamente das idéias dos encarnados, uma vez que somos todos, em maior ou menor grau, antenas vivas a captar pensamentos e a convertê-los em ações e obras.

A descoberta da roda, do fogo, da agricultura, dos milhares de instrumentos que auxiliaram o homem na sua faina diária de domar a natureza e de extrair dela a sua sobrevivência foi exclusivamente uma batalha dele ou teve a ajuda de outros já despidos da vestimenta carnal? [...]

A Terra não é habitada apenas por encarnados.

Visitam-nos e convivem conosco vasta população de desencarnados a interagir através de conselhos, ensinamentos, advertências, bênçãos, agressões, e mil maneiras outras de comunicação até mesmo desconhecidas por nós.

Nesse contexto aparentemente caótico em que vivemos, destacam-se regras simples enfatizadas pelo Espiritismo para uma vida mais saudável: nossas companhias espirituais são escolhidas pelo nosso pensamento e nossa casa tem os hóspedes que convidamos pelo nosso proceder.

Desconhecemos o número exato dessa população que não consta nos registros do censo nem tem por base os obituários.

A maneira natural de promover qualquer intercâmbio com essa parcela aparentemente inexistente é, como foi dito, o pensamento.

Se alguém procura uma conversa mais íntima com um habitante do mundo oculto pode recorrer à mediunidade como quem utiliza um telefone para dialogar; caso queira liberar-se de uma
companhia indesejável que o importune, deve recorrer à desobsessão. Tudo, naturalmente, dentro da moral e da ética cristã.

Kardec expôs tudo com clareza, sem mistérios ou iniciação obrigatória.

É verdade que toda essa fenomenologia já existia antes dele e dos seus mais remotos ancestrais.

Todavia, é igualmente verdade que ele codificou, sintetizou e retirou do espontaneísmo com o qual eram praticados, os fenômenos mediúnicos.



Dica de Livro: “Doutrinação: Diálogos e Monólogos” - Luiz Gonzaga Pinheiro


Obra dividida em três partes: 
-diálogos que compõem A Prática da Doutrinação através da conversação com os espíritos enfermos;  
-Monólogos que são estudos e pesquisas que o doutrinador faz como aprofundamento dos casos que precisa administrar;
-As Crianças de Francisco, diálogos com crianças que, enquanto encarnadas foram vítimas da Síndrome de Down ou do autismo e que já são capazes de interagir.

Procura mostrar aos que jamais estiveram em uma reunião deste estilo, a sua dinâmica, a disciplina que a direciona, a paciência, a humildade e a dedicação daqueles que a compõem. 

Abaixo segue o trecho inicial deste excelente livro.

Recomendadíssimo!

* * *

Costumo chamar as noites nas quais dirijo reuniões de desobsessão, de noites azuis.

Por isso convido a você, leitor: ao abrir este livro, olhe para o céu.

Sempre há azul a nos inspirar beleza e harmonia.

São tantos os que não podem ver, os que não querem ver, os que não têm olhos de ver, mas o azul está lá doando-se para a mágoa e para o contentamento. Não deixe passar em vão essa oportunidade, pois dias e noites não se repetem.

Cada dia que passa é uma dádiva. Cada noite que chega, uma benção.

Lembre-se:cada noite tem a cor que você quiser.

Há noites de todas as cores e com todos os sentimentos. Mas as noites verdadeiramente luminosas são azuis.

A noite de natal, às vezes é branca, de outras, azulada. As noites de orações são douradas e as noites de saudades podem ser verdes ou lilazes. A noite de São Bartolomeu foi uma noite negra e a noite da paixão do Senhor teve mais cinza que qualquer outra cor.

Gosto de noites azuis. São calmas, perfumadas, melodiosas. Não possuem a neurastenia das calamidades nem a angústia da desesperança. Os dias do Senhor possuem noites azuis. A morada da bondade é sempre azul. O mar é azul, o céu é azul, azuis são os olhos da esperança. Por isso estou chamando de noites azuis aquelas onde existem diálogos e monólogos de um doutrinador.

Eles podem ocorrer em qualquer bairro, cidade ou país, a fazer brotar entre os cascalhos da discórdia, as flores do entendimento.

Nelas estão a bondade do Dr. Bezerra de Menezes, o amor de Jesus, os ensinamentos de Kardec e o carinho disciplinado dos amigos espirituais.

Que outra cor poderia ter tais noites?

Este livro demonstra que, embora vagarosamente, o bem avança, a caridade movimenta-se com seus gestos aveludados e o amor não abdica do seu velho hábito de estancar lágrimas.

Ele procura mostrar aos que jamais estiveram em uma reunião desse estilo, a sua dinâmica, a disciplina que a direciona, a paciência, a humildade e a dedicação daqueles que a compõem.

São casos emocionantes, onde não raro, a lágrima de gratidão se mistura a alegria do dever retamente cumprido.

São noites belas, suaves, onde o Espírito armazena forças para enfrentar com galhardia as dificuldades dos dias futuros.

Adentre conosco nessas noites através deste livro e veja quanto azul pode comportar um coração que adora o trabalho e ama a disciplina, pois assim é o coração espírita e assim são as noites azuis.



 

28 julho 2011

Regressão da Memória - Vidas Passadas


Se fomos trazidos à Terra para esquecer o nosso passado, valorizar o presente e preparar em nosso benefício o futuro melhor, porque provocar a regressão da memória do que fomos ou fizemos, simplesmente por questões de curiosidade vazia, ou buscar aqueles que foram nossos companheiros, a fim de regressar aos desequilíbrios que hoje resgatamos?

A nossa própria existência atual nos apresentará as tarefas e provas que, em si, são a recapitulação de nosso passado em nossas diversas vidas, ou mesmo, somente de nossa passagem última na Terra fixada no mundo físico, curso de regeneração em que estamos integrados nas chamadas provações de cada dia.

Porque efetuar a regressão da memória, unicamente para chorar a lembrança dos pretéritos episódios infelizes, ou exibirmos grandeza ilusória em situações que, por simples desejo de leviana retomada de acontecimentos, fomos protagonistas, se já sabemos, especialmente com Allan Kardec, que estamos eliminando gradativamente as nossas imperfeições naturais ou apagando o brilho falso de tantos descaminhos que apenas nos induzirão a erros que não mais desejamos repetir?

Sejamos sinceros e lancemos um olhar para nossas tendências.

(Emmanuel)





Espiritismo - Uma ponte com o Além


Tudo começou em Hydesville, no Estado de Nova York, EUA.

Era dezembro de 1847. A neve e a pouca luz do gélido inverno na costa leste americana davam um tom sombrio aos estranhos fenômenos ocorridos na casa da família Fox.

Ruídos e deslocamento de objetos, como copos e talheres, insistiam em assombrar as irmãs Catherine, Leah e Margaret.

Um espírito estava instalado na residência. Isaac Post, amigo da família, sugeriu que se tentasse algum tipo de comunicação com aquela pobre alma. Numerando letras, ele pediu ao ente sobrenatural que produzisse golpes para formar palavras.

E assim foi feito. Seu nome era Charles B. Rosna. Ele havia sido assassinado na casa e enterrado no porão. Os Fox escavaram o local - e, de fato, encontraram ossos humanos.

A notícia causou sensação instantânea e cruzou o oceano Atlântico, despertando a curiosidade de milhares na Inglaterra e na Alemanha.

Em 1854, um professor francês chamado Hippolyte Rivail também se interessou pelos fenômenos.

Por conselho dos espíritos, adotou o nome "Allan Kardec". Sob essa identidade, publicou diversas obras, como O Livro dos Espíritos, em 1858, e O Evangelho Segundo o Espiritismo, em 1864.

Era o início do espiritismo kardecista.

A doutrina de Allan Kardec se tornou a escola mais difundida do espiritualismo ao redor do mundo.

Em comum, todas elas acreditam na possibilidade de comunicação com os mortos - que ocorre por meios materiais, como no caso das chamadas "mesas girantes" (quando os espíritos dão pancadas no chão usando os pés de uma mesa ou de uma cadeira).

A "ponte com o além" é feita por indivíduos de extraordinária sensibilidade a fenômenos sobrenaturais: os médiuns.

O espiritismo não rompeu com as idéias cristãs. O próprio Allan Kardec era católico, além de maçom.

A originalidade da crença está no conceito de evolução: os seres evoluem com a reencarnação - e a vida futura deixa de ser uma hipótese para se tornar uma realidade palpável. 

Kardec insistia no fato de que a doutrina espírita, no fundo, é uma ciência. 

E que sua moral está de acordo com os ensinamentos de São Paulo Apóstolo, São Francisco de Assis, Buda e Mahatma Gandi, entre outros grandes guias espirituais da humanidade.

(Álvaro Oppermann)









Profissões e Resgate


O Médico
  
Dr. Silas é cirurgião de tórax na equipe de um hospital tradicional de São Paulo. 

Duas ou três cirurgias por dia, abrindo pulmões e corações. 
A jornada é exaustiva, mas, já se vão mais de 20 anos praticamente sem férias.

Sua memória atual não lhe permite recordar suas batalhas como “lanceiro” nos campos de guerra nas tropas francesas. 
Rasgava o tórax do inimigo no manejo certeiro da lança.

Hoje ele salva pessoas com ferimentos no tórax


O Professor

Seu Armando Torrinha, foi dedicado professor de português e matemática na cidadezinha de Bom Jesus. 

Um bando de meninos que lhe batiam a porta para cursinhos preparatórios - naquele tempo havia um exame de admissão entre o primário e o ginasial e muita gente corria ao professor Torrinha para se aprimorar nos testes que as provas exigiam.

Alguns séculos antes, na França medieval, o seu Torrinha professava uma seita que desviava crianças e jovens para práticas de falsa mendicância.

Hoje, o educador professa uma religião cristã e, ninguém é melhor que ele como orientador de adolescentes.


O Engenheiro

Dr. Ronaldo Silveira, é engenheiro contratado pelo serviço de estradas de rodagem. 

Uma temporada em cada cidade sobrando muito pouco tempo para a família. 

Está sempre às voltas com novos projetos construindo pontes, desvios, trevos e viadutos.

Nas longas viagens das cruzadas espanholas o Dr. Ronaldo comandava a derrubada das casas a cada batalha que seu exército conquistava. 

Estradas, pontes e casas eram postas ao chão - sua oportunidade de resgate está se cumprindo agora no interior de São Paulo.


A Farmacêutica

O Bairro da Moca em São Paulo abriga antiga farmácia de
manipulação cuja confiança foi conquistada pelo trabalho incansável de Dona Alzirinha.

Muita febre, dor de cabeça, cólicas, intestinos preso, urina solta, vômitos biliosos, lombalgia, sinusite, má digestão, pedra nos rins já foram acudidas por Dona Alzira.

Eram poções que não exigiam receita médica, mas eram infalíveis.
Entre a Alzira que conhecemos hoje e a Dolores viveu na corte espanhola haviam decorrido sete séculos. 

Dolores nessa época era procurada para produzir poções farmacêuticas de finalidade duvidosa: eliminar adversários, atrair um amor pretendido, afastar a rival, realizar um bom negócio, receber títulos ou ganhar um bom cargo público.

O sofrimento que causava como Dolores no passado, transformou-se em cura no boticário de Alzirinha.


O psicólogo

Padre Damiaozinho adorava um segredo. 

Na igreja de Diamantina, o que não faltava naquele tempo eram confissões recheadas de intrigas e fofocas. 

E nosso padre adorava plantar uma semente aqui ou dar um pontinho ali. 

Costurava as versões e plantava os fatos com o texto que lhe convinha. 

Entre um caso de amor e outro, Damiaozinho emitia julgamento e condenação. Nas disputas políticas ele preferia sempre ser do próprio partido do ouvinte. Em partilha de herança ele não permitia que a igreja ficasse de fora.

Hoje, um prédio alto de Belo Horizonte abriga uma belíssima clínica de psicologia. 

Dr. Nogueira, cursou psicologia, fez doutorado em Barcelona e é especializado em terapia de casais. Não sabe explicar porque sua clientela procedente de Diamantina é tão grande. Foi um casal de parentes do prefeito que o procurou de início e, daí em diante sua fama se alastrou na cidade.

Com aconselhamento, distribuição de paciência e tolerância, ele vai costurando uniões rompidas.


Lição de casa:
Diz André Luiz que “somos todos enfermos de assistência recíproca”. Em todas as formas de tratamento, é o próprio terapeuta quem mais se beneficia.


(Nubor Orlando Facure)






25 julho 2011

Dica de Livro: “Reflexões Jurídico-Filosóficas sobre a Morte - Pronto para Partir?” - José Renato Nalini


"Na vida, só existem duas coisas certas: os impostos e a morte", disse certa vez Benjamin Franklin, um dos líderes da Revolução Americana de 1776. Mas quem está preparado para morrer?

Lidar com uma morte inesperada altera nossa forma de ver a vida e de vivê-la.

A vida ganha em intensidade e em valor se confrontada com a morte.

Pensar na morte é uma das fórmulas eficazes de conferir um salto qualitativo à vida.

É o convite que o Autor formula a quem não desanimar diante de uma reflexão que angustia.

E ao falar sobre a morte, faz com que possamos nos auto-indagar se estamos ou não prontos para partir.

Preparado para partir?
 
* * *

O desembargador José Renato Nalini, do TJ/SP, sempre se destacou como jurista de primeira linha, professor de Ética, ambientalista de larga visão, e pela capacidade gerencial demonstrada quando presidente do extinto Tribunal de Alçada.

Sempre foi um campeão da luta pelo direito e pela reforma da mentalidade jurídica (principalmente no livro “A rebelião da toga , Millenium”, 2008), uma vocação jurídica marcante, mas nada faria suspeitar que ele se dedicasse, com tamanho vagar e profundidade, ao tema anunciado no título de seu último livro, “Reflexões Jurídico-Filosóficas Sobre a Morte” (Editora Revista dos Tribunais, 2011).

O livro tem por subtítulo a interrogação “Pronto para Partir?” , enunciado crucial, mais eloquente que o próprio título.

Não se trata de um livro comum, em feitio de mera pesquisa acadêmica, e sim de um depoimento muito pessoal, de quem sofreu a fundo toda a dramaticidade encerrada no tema da morte, e foi pressionado intimamente a acertar as contas com a fatalidade da partida rumo ao desconhecido.

"É raro que alguém se prepare para a morte. Convivi com alguém que foi exceção. Minha mãe falou sobre a morte continuamente. Possuía numa caixa o vestido com que foi enterrada. Cumprimos sua vontade" (p.173).

Palavras reveladoras nas quais vislumbramos qual foi a mola que desencadeou o livro, e que nos transmitem o retrato do autor: um homem profundamente ligado aos valores tradicionais, excelente filho e pai de família, de formação religiosa, bom profissional, bom amigo, e meticuloso cumpridor dos rituais da piedade cristã.

Em busca do sentido da morte, Nalini passa em revista a abordagem da morte na filosofia, na medicina, na psicanálise, na religião, na literatura, onde colhe pensamentos densos e imagens belíssimas, a exemplo desta citação de Pascal Mercier, no livro “Trem noturno para Lisboa” (Record): "Não quero viver num mundo sem catedrais. Preciso da sua beleza e da sua transcendência. Preciso delas contra a vulgaridade do mundo. Quero erguer o meu olhar para seus vitrais brilhantes e me deixar cegar pelas cores etéreas. Preciso do seu esplendor. Preciso dele contra a suja uniformidade das fardas. Quero cobrir-me com o frescor das igrejas. Preciso do seu silêncio imperioso. ...Quero escutar o som oceânico do órgão, essa inundação de sons sobrenaturais" (p. 89).

O autor focaliza a rápida dessacralização e banalização da morte, cada vez mais despojada da aura de mistério que a envolvia no tempo das catedrais.

Chama atenção sobre a importância do luto, cita os mais diversos autores, Nelson Rodrigues, Elias Canetti, Philip Roth, Lygia Fagundes Telles, Yeats, Eliot, John Donne, Álvares de Azevedo,
Guimarães Rosa ( "as pessoas não morrem: ficam encantadas" ), e Paulo Bomfim: “No cemitério os mortos estendem aos vivos a flor do silêncio , ou os retratos dos avós são espelhos onde vivos e mortos se reconhecem” .

Nos capítulos finais, o livro, que vinha numa escalada progressiva, cresce ainda mais. Nalini termina seu mergulho no tema, falando das despedidas , das coisas a fazer antes de morrer, do medo da morte, do morrer em paz, enquanto a morte não vem, depois da morte, suas incertezas, e cita Krishnamurti. 

Indagado como ele se preparava para a morte, respondeu, singelamente: "Todos os dias morro um pouco."

E Nalini despede-se do leitor repetindo a pergunta: "pronto para partir?" E responde que para a grande viagem, "a bagagem nunca estará pronta" .

Partimos em dívida conosco mesmo.

Mas, "se a vida é curta, seu conteúdo pode ser imenso. Depende de cada qual impregná-lo de densidade, para que, ao final da jornada, toda e qualquer vida tenha valido a pena. E que a morte seja o ponto de convergência de uma bela aventura."

Ao terminar o livro, o leitor respira uma paz interior profunda, seu efeito é espiritualmente sedativo.

Ficamos depurados do medo, do pavor, da angústia, e repousamos a cabeça no seio do desconhecido como a criança pequena no colo da mãe.

(Gilberto de Mello Kujawski)







No more nights - David Phepls


E quando não somos amados?



O amor é algo tão natural e tão necessário na vida humana que não há quem não sofra por causa dele.

Na verdade, acredito que primordialmente não deveria ser assim. 

Acho que Deus, como energia que podemos chamar de Pai e Mãe, não nos concebeu para sofrer por amor.

Dele, entidade cósmica, princípio universal, recebemos tudo. Um corpo para experienciar a evolução da alma, desafios para nos ajudar a quebrar limites e crescer... enfim, Deus nos deu o bem e o mal justamente para a nossa evolução.

Mas por que ficamos presos aos processos de desamor?

Por que fica tão pesada a vida quando não nos sentimos compreendidos e amados?

Por que Deus fica tão distante, como um Pai carrasco? Ou melhor, essa energia divina que está dentro e fora de nós, que criou todo o universo, quando nos sentimos sem amor, se torna um padrasto e não um pai.

Vejo esses sentimentos profundos de abandono aparecerem constantemente em terapia por serem uma força, uma crença que está pulsando no inconsciente de muita gente e consequentemente construindo como que uma projeção na vida das pessoas.

Observo que é mais fácil alguém não se sentir amado que se sentir pleno de amor. Mesmo na família, com nossos entes queridos, infelizmente, o desamor é uma constante.

Não acho que as pessoas não gostem umas das outras, apesar de algumas vezes as questões cármicas aproximarem almas com sentimentos opostos.

Acredito no amor familiar e acredito que todo mundo quer se sentir amado e aceito, a despeito da sua condição de jovem filho, pai idoso ou irmão meio rebelde.

Todo mundo quer ser amado, encontrar o par perfeito, desenvolver intimidade e amor, pois o amor é o grande bálsamo da nossa existência. Então, por que seria tão difícil encontrá-lo? [...]

Às vezes, amigo leitor, de fato nem tudo depende somente de nós... não depende de atitudes e escolhas racionais e até nem de atitudes generosas e gentis de nossa parte.

Mesmo pessoas íntimas podem ser desafetos de nosso passado, com um saldo a nos cobrar, e cabe a nós fazer o que sentimos que temos que fazer pelo outro. [...]

A atitude curativa deste e de muitos casos é praticar o bem sem esperar retorno; porque sentimos que temos que fazer; porque somos felizes no momento em que fazemos sem esperar sermos reconhecidos por nossos lindos atos de amor.

Pois é isso o que significa ser um instrumento do divino quando a energia do amor passa por nós.

Se fizermos isso com o coração aberto, apenas conscientes de se tratar da atitude correta, esse amor nos preencherá e o fluxo amoroso seguirá em sua plenitude.

[…] existe uma família carnal que nem sempre é a nossa família de alma. Porque frequentemente as almas não estão no mesmo plano evolutivo e justamente por isso nem compreendem os eventos, os fatos, da mesma forma. [...]

Quando analisamos algo em nossa vida devemos abrir a mente e ver além das aparências, porque nem sempre é tão ruim quanto imaginamos.

Se não somos amados por alguém o que fazer se não aceitar que é assim? E permitir que o amor venha de outras partes?

Com certeza, o universo tem outras formas de suprir essa energia.

Por vezes, esses resgates são muito doloridos, mas até nessa dor a mão de Deus está amorosamente nos conduzindo para a evolução e para o amor maior, que é o incondicional.

(Maria Silvia Orlovas)










Às vezes, as correntes que nos impedem de sermos livres e felizes são mais mentais do que físicas.
Pense, pois muitas vezes amarram você em nada e você acredita nisso...

(fonte: Internet)



24 julho 2011

Dica de Filme: "Em seus passos o que faria Jesus ?"


Ano de 2005 na cidade de Raymond, Califórnia, EUA.

Numa próspera cidade o Reverendo Henry Maxwell (Jim Gleason), pastor local de Raymond, se prepara para uma viagem em família ao norte do Estado. Quando se dirigiam ao acampamento, Henry e sua família sofrem um trágico acidente de carro.

Três anos mais tarde, a cidade de Raymond passa por tempos difíceis. Tal cidade que um dia fora próspera, agora é uma sombra de seu passado. Alex York, um político ambicioso, quer trazer um cassino para a cidade para fazer fortuna em Raymond. Ele faria tudo para conseguir estabelecer seu negócio num local que seria perfeito para o seu cassino: a igreja da cidade.

Entretanto, as coisas mudam quando um estranho viajante (John Schneider) chega à cidade procurando por abrigo e trabalho. Esse viajante é desprezado e ignorado por todos nesta cidade; ele tenta então mostrar às pessoas que suas atitudes estão erradas e que elas deveriam agir como Jesus agiria.

Baseado no romance de Charles Sheldon. 

Um filme edificante que leva-nos à reflexão.


 

23 julho 2011



Duas coisas projetam o homem acima das coisas mundanas: a simplicidade e a pureza.
A primeira busca Deus; a segunda O encontra e Nele se rejubila.

(Tomás de Kempis)




Ser simples


A simplicidade é o último degrau da sabedoria.
(Khalil Gibran)

A cólera não aproveita a ninguém, não passa de perigoso curto-circuito de nossas forças mentais, por defeito de instalação de nosso mundo emotivo, arremessando raios destruidores, ao redor de nossos passos...

(extraído do livro: Entre a Terra e o Céu - André Luiz)



22 julho 2011

Libertango - Astor Piazzolla

Dica de Livro: "O Mundo que Eu Encontrei" - Luiz Sérgio de Carvalho (Espírito)


Abaixo um trecho do livro “O Mundo que Eu Encontrei” - Luiz Sérgio de Carvalho (espírito), onde ele relata sua experiencia na espiritualidade após sua morte física.

Lindíssimo.

* * *

A Nova Vida

Veja você que só agora pude vir a escrever e dar notícias daqui. 

Ainda estou meio embaraçado com a nova vida. 

Tudo mudou; o que já não era voltou a ser e o que era já não é mais, ainda vai ser. Compreendeu?

É difícil para a gente se adaptar. Mas já consegui muita coisa. 

Estou aqui para dar notícias. Estive na casa da Valquíria, mas ela não me percebeu e não tive como fazer-me notar. Lembrei-me de que você era espírita e que podia me entender. 

É bom a gente poder comunicar-se com os vivos. Lembra-se muita coisa. Eu já pude comunicar-me com os meus pais através de pessoas que são como você.

Hoje, já não tenho mais medo de atrapalhar-me, porque entendi que tudo não passou de uma transformação e que o choque sofrido não podia ser conseqüência grave para mim, porque ele foi físico. 

Eu agora não tenho mais corpo físico, mais ainda tenho corpo. 

Interessante observar as propriedades deste corpo. São inteiramente diversas, no campo físico, das que tinha antes. 

Se dois corpos não podiam ocupar o mesmo espaço, agora podem, já que eu posso me incorporar em "massa física" se ela me repele. Então, eu a contorno, buscando uma superfície não repelente: aí eu atravesso.

Interessante como a pseudogravidade não atinge de maneira direta. 

Há uma força dentro de mim que anula qualquer atração e eu posso afastar-me do chão da Terra. Aliás, há outros chãos que nós não sabíamos. 

Eu nunca imaginei como seria e gostaria de contar, mas estou achando difícil. 

Se você conhecesse bem a Física, talvez eu pudesse explicar melhor. 

Há uma densidade relativa na matéria que circunda a Terra e nela a gente se apóia parra firmar os passos. Conforme caminhamos, pode acontecer que não consiga mais apoio e corre-se o risco de "afundar", como nas águas. 

Nosso corpo não agüenta a rarefação. Então, voltamos para lugar mais firme em relação à nossa densidade. Não sei se vai ser sempre assim. Talvez aprenda medidas que me tornem capaz de poder transitar nesses lugares que ainda estão interditados para mim, devido à inexperiência.

Não é fácil a gente se acostumar com o novo corpo. Novo é a maneira de dizer, porque eu já o possuía em estado latente. 

Assim que fiquei sem o corpo físico ele se formou sobre o molde mental. É um fato que precisamos dar a conhecer aos outros. Como ninguém percebe que isto acontece? Estuda-se tanto e no fim morre-se ignorando as coisas principais.

É de se admirar que a gente não guarde na memória tudo o que acontece, porque, segundo me disseram, já morri e nasci muitas vezes. Entretanto, não me lembro de nada disso. É uma pena, pois a gente podia ajudar muito a Ciência.

Agora veja como na Terra ainda falta muita coisa para ser descoberta. 

É preciso que alguém acorde e descubra o universo que vive em volta de nosso mundo. 

Coisas incríveis acontecem em lugares comuns às nossas vidas física e não física. Os fatos se dão na mesma área e se influenciam de tal forma que notamos haver uma relação decorrente de que esta passando uma outra espécie de formação, influências essas que ambas recebem. 

Não sei se estou empregando os termos adequados. Sei que consegui separar bem as idéias de físico e extrafísico e tirei minhas deduções empregando termos que eu mesmo atribuí aos fenômenos diferentes que vejo, relacionando-os com os do plano físico de onde eu vim.

Isto tudo é muito interessante mesmo. Pena eu não ter sabido que você conhecia tudo isso, porque me teria informado melhor.

Imagine que quando morri, logo levantei-me e pensei que tinha acordado de um desmaio. Não me ocorreu olhar para trás e ver meu corpo estendido. 

Procurei os outros e, quando vi meu companheiro ferido, quis buscar socorro. Corri para minha casa, depois em busca dos colegas e só muito depois entendi que já não era mais ouvido e que tinha morrido. 

Creio que tive um choque pensando em minha mãe. Foi pena, porque ela sofreu muito e ainda sofre.

Entretanto, fiz tudo o que eu podia para dizer-lhe que eu estava vivo. 

A vibração de minha palavra não se transmitia pelo ar pesado, mas por outro ar mais leve que entremeia a atmosfera, porém os ouvidos do corpo não acusam recebimento. Ela não consegue atuar nos nervos ou no aparelho auditivo do corpo físico. Depois eu entendi tudo isso. 

É como se houvesse uma duplicata do mundo, feita de material menos denso, mais leve, ou, talvez, uma outra forma de matéria. 

Ainda não sei muito bem. 

Já fiz muitas observações com pessoas mais cultas que me podem explicar melhor. Logo compreendi como podia comunicar-me com certas pessoas que conseguem entender o pensamento. 

Você deve saber que eu não estou escrevendo naturalmente. Eu me liguei ao seu cérebro e atuo sobre sua mão como se fosse escrever. 

Imagino todas as letras e você as escreve. Muito interessante mesmo. Creio que é mais fácil do que se eu próprio escrevesse.[...]

Gostei muito de poder transmitir minhas observações a você; irei fazer outras e voltarei, pois sei que tem capacidade para compreender. 

Aliás, eu não sei ainda até onde vai o seu conhecimento deste novo mundo onde estou. Pode ser que já o conheça melhor do que eu!

Nada deixei no plano físico que me fizesse falta aqui, porque possuo tudo aquilo de que preciso. Encontrei amigos, parentes e outras pessoas que diziam conhecer-me, mas eu não lembro delas. 

Acordo de manhã com o sol e me deito à noite com a escuridão. 

Vejo o luar. E também há água! Um pouco diferente, porque é mais leve. É suave ao tomarmos. Não sei se a constituição dela é H2O. 

Aliás, nem sei se respiro oxigênio.

Vou ter de entrar para uma escola. Já soube que existem muitas e estou retemperando-me para freqüentar uma. 

O engraçado é que neste novo mundo não se entra como criança, já se entra como adulto. 

Sim, vemos crianças que são pessoas que vêm do físico pesado, denso. Elas depois adquirem fisionomia de adultos. Olha que muita coisa eu poderia contar, mas não é possível resumir tudo. 

Não quero falar de outras pessoas que estão aqui, porque é possível que não gostem.

Agora, quero pedir-lhe um pequeno favor, um favorzinho. 

Aqui perto de onde estou agora há uma pessoa que eu lastimei ter deixado. Você sabe quem é. Eu gostaria de deixar algumas palavras escritas para ela.


"Valquíria


O mundo não acabou e o fim de uma vida foi o começo de outra. Um dia pode acontecer de nós nos encontramos de novo, aqui ou aí... 
Então, talvez eu seja mesmo louco, mais prudente e possamos pensar em sonhar outra vez. 
Não se importe mais comigo. Eu já era. Procure viver bem sua vida. 
Se você chegar a vir para cá eu estarei aqui. Mas não venha agora, não. Sua vida é boa e você tem meios para aproveitar bem. Viva onde está. 
Eu vou viver aqui neste país ou neste mundo, igual e diferente de sonho ou de realidade. 
Não sei se sonhei quando estava vivo ou se sonho agora que morri. Você talvez tenha sido uma imagem de sonho e agora a realidade a apagou. 
É a materialização de alguém ou a desmaterialização da realidade? 
É neste estado de espírito que me encontro. 
Ainda falta muito para eu conseguir firmar-me nesta espécie de vida. 
Entretanto, como todo mundo vai ter de morrer, é melhor ir pensando na possibilidade de ser diferente e não ser como é, pois um dia será como é em lugar de ser como foi. Entendeu? 
Aqui deixo minha lembrança apenas.



Luiz Sérgio".



Muito, muito, muito obrigado. Até outra visita.



Mensagem de 17/6/1973.

* * *











Se o Amor existe,
seu conteúdo já é manifesto.
Não se preocupe mais com ele e suas definições.
Cuide agora da forma.
Cuide da voz.
Cuide da fala.
Cuide do cuidado.
Cuide do carinho.
Cuide de você.
Ame-se o suficiente
para ser capaz de gostar do Amor,
e só assim poder começar
a tentar fazer o outro feliz.

(Artur da Távola)




E tudo mudou...


O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss

O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone

A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento
A escova virou chapinha
"Problemas de moça" viraram TPM
Confete virou MM

A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse

Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal

Ninguém mais vê...

Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service

A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão

O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD

A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email

O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do "não" não se tem medo
O break virou street

O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também

O forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bis
Polícia e ladrão virou counter strike

Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato

Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou fênix
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...

A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!

A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz...

... De tudo.

Inclusive de notar essas diferenças

(Luis Fernando Veríssimo)