"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

31 outubro 2012

A Guerra ainda não acabou...




Aos poucos fui recobrando a consciência. 

Sons iam e vinham, preenchendo minha mente, parecendo penetrar por todos os lados.

Estava deitado de bruços, com a cara enterrada numa poça de lama. Ergui-me com certa dificuldade e a cena que vi era grotesca. 

Meu avião, ou o que restava dele, estava mais adiante, com a cauda ao vento, apontada para o céu.

O céu, por sua vez, estava marrom alaranjado e apesar de saber que era dia ainda não encontrei o sol em ponto algum.

As bombas dos aviões que permaneciam em combate continuavam a cair em todos os lugares com seu barulho ensurdecedor e sua nuvem negra de destruição. 

Fiquei ali sentado por algum tempo, ainda desnorteado com tudo o que se passava em minha volta sem, porém, sentir dor ou medo.

Soldados alemães iam e vinham aos gritos e pareciam não me ver, era como se eu não estivesse ali. Outros tantos, pareciam, como eu, perdidos ou mesmo abobados. 

Levantei-me e pus-me a caminhar, disposto a sair dali. A esta altura já sabia não mais pertencer ao mundo material, porque ao passar pelos restos do meu avião vi meu corpo ainda lá dentro, metralhado e mutilado pela queda.

"Devo ter morrido instantaneamente", pensei.

Aí é que me dei conta da ironia da situação. Eu havia morrido de repente e estava ali parado, indiferente a aquele inferno. Nunca mais veria ninguém a quem amava e nem poderia avisar a meus pais e a minha noiva. 

Simplesmente fui abatido e morri em pleno vôo e não tinha a mínima consciência de como cheguei ao chão sem ver nem sentir nada. Agradeci a Deus por isto e segui caminhando.

Tropecei em alguma coisa na escura confusão da batalha e caí de quatro. Virei-me para ver o que me derrubara e meus olhos fixaram-se no olhar de um jovem soldado alemão, que jazia preso ao corpo ensangüentado. 

Ele pôde me ver claramente, embora ainda estivesse vivo e preso ao corpo, qual casulo inútil que não mais o levaria a lugar algum.

Vi em seu olhar o pavor e o sofrimento intenso, mas nada pude fazer por ele naquele momento e segui meu caminho, por um momento sentindo grande satisfação pelo meu desenlace ter sido tão diferente do daquele infeliz. 

Estremeci só de pensar quanto tempo ele ainda teria que ficar preso ao corpo naquela situação.

Caminhei dias a fio sem comer e sem dormir e fiquei surpreso em não sentir fome ou cansaço. 

Passei por muitos homens e mulheres vivos e mortos, alguns ainda presos ao corpo, outros relutantes em abandoná-lo, como a querer voltar à vida física.

Acabei encontrando ajuda depois de orar e pedir perdão por meus erros. 

Assusta-me, porém, saber que para muitos a batalha que me tirou a vida ainda não acabou. 

Basta retornar aos campos de determinadas áreas da Alemanha e espectros de pobres soldados ainda podem ser facilmente encontrados em combate, enclausurados num mundo plasmado por sua própria mente doentia, aprisionados no passado.

Mesmo nós, espíritos de luz, temos dificuldade em penetrar neste mundo surreal para oferecer ajuda. 

Tudo o que podemos fazer é entrar em cena e esperar que nosso irmão soldado nos veja, compreenda quem somos e aceite sinceramente o nosso auxílio.

Todos os dias percorremos estes campos de batalha imaginários e esperamos, orando e pedindo as bênçãos de Deus.

Como vêem pela minha narrativa, a 2ª guerra ainda não acabou para muitos desencarnados. 

É o preço de de um doutrina imposta desde a mais tenra infância, uma crença onde impera a supremacia racial, o desprezo pelo ser humano com aparência diferente, a ausência da caridade e dos ensinamentos do Cristo.

Peço, pois, a todos os que lerem esta mensagem, que, na medida do possível, incluam em suas orações os soldados alemães perdidos. 

Isto ajudará a intensificar as nossa vibrações e acelerará o processo de resgate e de encerramento deste doloroso e estúpido processo de guerra. 

Mas, mesmo com toda a ajuda que pudermos receber, ainda dependemos basicamente de uma só atitude que deve partir dos soldados infelizes: aceitar a ajuda que esta sendo oferecida.

O resto fica por nossa conta, que, como o Cristo que nos guia, temos prazer em servir, mesmo a aqueles que no passado tentaram roubar a nossa terra e tiraram as nossas vidas.

Obrigado por esta oportunidade e rezem por nós!

John M.


(Psicografado por: Cleber P. Campos)



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Dica de filme: “O Despertar” (The Awakening) – 2011



Em 1921, a Inglaterra sofre com as perdas e o luto deixados pela Primeira Guerra Mundial.
A cética Florence Cathcart é especialista em desvendar fenômenos paranormais e desmascarar os golpistas que exploram a boa fé daqueles que buscavam algum alento para a dor da perda de um ente querido.
Ela é contratada para desvendar a morte de uma criança num colégio para meninos e, paralelamente, a suposta aparição de um fantasma de uma criança.
O caso, porém, colocará em dúvida tudo aquilo em que ela pensou acreditar até então.

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30 outubro 2012

Carl G. Jung



Eu posso muito bem imaginar que posso ter vivido em séculos passados e lá ter encontrado perguntas que ainda não fui capaz de responder. Assim, tenho de nascer novamente porque não cumpri a missão que me foi confiada.

(Carl G. Jung)

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Goethe



A alma do homem é como a água; vem do céu e sobe para o céu, para depois voltar à Terra, em eterno ir e vir. 

(Goethe)

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29 outubro 2012

Take me home - Phill Collins









Amparadores, Virtude e Luz



Além das aparências, além dos meros portais interplanos, os Amparadores Espirituais estão agindo em nome do Alto.

Em seus trabalhos assistenciais, resgatam os espíritos perdidos nas trevas conscienciais e todos aqueles que estão enredados nas malhas do sofrimento.

Usando sofisticados aparelhos extrafísicos, preparados para essa finalidade, eles transportam os sofredores dos planos densos para as estações de tratamento espiritual adequadas, situadas nos climas extrafísicos mais amenos.

Nesses ambientes salutares, ocorre a maravilha da assistência espiritual, onde os doentes conscienciais são submetidos aos
“banhos de luz” que restauram suas energias e corrigem os desequilíbrios de suas vibrações.

Os Amparadores que operam nessas estações do bem são exímios manipuladores de energia e profundos conhecedores da estrutura do corpo espiritual.

São silenciosos, sutis, educados e muito conscientes da tarefa que lhes cabe. Tratam os pacientes com respeito e atenção, pois consideram que todos são dignos de receber a luz que cura os distúrbios da alma.

Elevam a mente ao Alto, de onde haurem a inspiração e a força sutil que lhes norteia o trabalho.

Enquanto curam com a luz, repetem silenciosamente a palavra “VIRTUDE” em seus centros frontais.

Essa é a palavra-chave que eles evocam em suas conexões mentais com os planos sutis - e também que utilizam para a evocação de seus próprios potenciais extrafísicos.

Fazem isso agradecendo ao Todo pela oportunidade do serviço luminoso.

A esses Amparadores das luzes da cura, a nossa admiração e nosso profundo respeito. 

E que sua dedicação e Amor possam inspirar todas as pessoas, na Terra e nos planos extrafísicos, a também evocarem a VIRTUDE e a LUZ que restauram as mentes, as emoções, os corpos e as energias.

(Wagner Borges - texto extraído do livro “Viagem Espiritual – Vol. III” – Editora Universalista – 1998.)




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De que adianta...



Todo o conhecimento do mundo é insuficiente para gerar mudanças se não houver o mínimo de vontade para colocá-lo em prática.

Viver somente com o intelecto não nos dará a sabedoria para entender o simples motivo de uma lágrima nem o significado de um sorriso.

É necessário aquecer o coração para que o gelo do intelecto não enrijeça os nossos atos nem perturbe as nossas relações.

O nosso saber é insignificante se não estiver aliado à generosidade, à indulgência para com a ignorância de alguns e ao desejo sincero do bem.

Somente quando unimos os bons sentimentos a nossa inteligência é que teremos a vestimenta ideal para frequentarmos as regiões mais felizes do Espírito, como nos ensina a parábola do Festim de
Núpcias.

Usa o seu conhecimento para trazer ao seu lado aqueles que sabem menos; para conscientizar sobre o bem aqueles que ainda transitam por caminhos sombrios; para gerar sorrisos, elevar auto-estima, espiritualizar conceitos, respeitando em cada um o modo de pensar para que assim se sintam acolhidos e esperançosos em nos dar as mãos e seguir a diante em nossa jornada pela vida.

(André Ariovaldo)

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27 outubro 2012

Comunicação telefônica com o Além



Relato de episódio verificado no ano de 1823, vivido pelo escritor Coelho Neto, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.

Caso que o levou a converter-se ao Espiritismo e que, publicado pelo “Jornal do Brasil (7/ 06/ 1823), provocou grande alarido nos meios culturais, especialmente porque o célebre escritor era ateu convicto e um combatente obstinado da doutrina kardecista, por considerá-la a mais ridícula das superstições.

Como relata Coelho Neto, numa entrevista intitulada “conversão”, relatou a experiência que tivera e que o impressionara tanto. Assim o escritor relatou o caso:

Depois da morte da pequenina Ester, que era o nosso enlevo, a vida tornou-se sombria. Minha mulher, para quem a neta era tudo, não fazia outra coisa senão evocá-la, reunindo lembranças:
roupas, brinquedos, etc.

Júlia... Coitada! Nem sei como resistiu à perda do marido e, seis meses depois, a da filha.

Pensei perdê-la.

Todas as manhãs lá ia ela para o cemitério, cobrir o pequeno túmulo de flores, e lá ficava horas e horas, conversando com a terra, com o mesmo carinho com que conversava com a filha. Ia, depois, ao túmulo do marido e assim vivia entre mortos, alheia ao mais, indiferente a tudo.

Propus mudarmo-nos para Copacabana. Opôs-se. Insistiu em ficar em casa, em que fora feliz e desgraçada, mas onde perduravam recordações do seu tempo de ventura.

Temi que a seduzissem para o Espiritismo. No estado de abatimento moral em que ela se achava, seria arriscado perturbar-lhe a razão com prática nigromânticas.

As minhas ordens severas foram obedecidas: Júlia passava os dias no quarto, que fora da filha falecida, e de fora ouvíamo-la falar, rir, contar histórias de fadas, exatamente como fazia durante a vida da criança.

Tais ilusões eram bálsamos que aliviavam a alma, como a morfina alivia as dores. Cessada a ilusão, o desespero irrompia mais forte. 

Era assim.

Uma manhã, porém, com surpresa de todos, Júlia apareceu-nos risonha. 

Interroguei-a. Sorriu.

Interroguei minha mulher. Nada.

Confesso que cheguei a pensar que ela se interessara por Lucílio, que se tornava mais assíduo nas visitas...

Já começava a fazer-me tal idéia quando uma noite minha mulher entrou-me pelo escritório, lavada em lágrimas, e disse-me, abraçando-me, que a filha enlouquecera. “Ela está lá embaixo, ao telefone, falando com Ester”.

Espantado perguntei: 

- Que Ester?

- Ora, ora... A filha...

Encarei-a demoradamente, certo que a louca era ela, não Júlia.

Como se captasse meu pensamento, ela insistiu: 

-Lá está. Se queres convencer-te, vem até a escada. Poderás ouvi-la.

Fui com minha mulher até a balaustrada do primeiro andar.

Júlia falava baixo, no escuro. Não conseguíamos ouvir uma palavra. Era um sussurro meigo, cortado de risinhos. O que me pareceu que a conversa era de amor.

-Por que dizes que ela fala com Ester? - perguntei à minha mulher.

-Porque ela mesma mo confessou e não imaginas com que alegria.

Fiquei estatelado, sem compreender o que ouvia. 

De repente, numa decisão, entrei no escritório onde havia uma extensão telefônica, levantei lentamente o fone do aparelho, apliquei-o ao ouvido e ouvi.

Ouvi minha neta. 

Reconheci-lhe a voz. Mas não foi a voz o que me impressionou, que me fez sorrir e chorar, senão o que ela dizia.

Ainda que eu duvidasse, com toda a minha incredulidade, havia de convencer-me, tais eram as referências, as alusões que a pequenina voz do Além fazia a fatos, incidentes da vida que conosco vivera.

Ouvi toda a conversa e compreendi que nos estamos aproximando da grande era; que o finito defronta o infinito, e das fronteiras que os separam, as almas já se comunicam.”


Em resposta à indagação que lhe fez um jornalista sobre como consegue D. Júlia pôr-se em comunicação com o espírito da filha, Coelho Neto respondeu: “Quando Júlia deseja comunicar-se com a filha, invoca-a, chama-a com o coração, com o amor e ouve-lhe imediatamente a voz”.

Coelho Neto testemunhou pessoalmente uma comunicação (TCI) por telefone, entre sua filha viva e a sua neta falecida há poucos meses, e não duvidou da verdade dos que estava acontecendo, em sua própria casa.

Este fato fez de um perseguidor ferrenho do Espiritismo, um ardoroso defensor do mesmo, um participante entusiasmado nas tarefas do Centro.

Hoje sabemos que o fenômeno da Transcomunicação Instrumental com os Espíritos (TCI) faz parte de estudos e de pesquisa em vários países da Europa, nos EEUU e no Brasil.




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25 outubro 2012

Dica de vídeo: "Veteranas de Guerra"



A Fundação SOS Mata Atlântica condecora árvores de São Paulo pela resistência ao urbanismo descontrolado.

Em nova campanha “Veteranas de Guerra”, a Fundação mobiliza a população para mapear as 20 árvores mais antigas da capital paulista, espécies nativas da Mata Atlântica, contar suas histórias e denunciar maus tratos.

Inciativa importante que merece estar no blog.



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Eu gosto de olhos que sorriem, de gestos que se desculpam, 
de toques que sabem conversar e de silêncios que se declaram.

(Machado de Assis)

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Dica de livro: "Transparências da Eternidade", de Rubem Alves



Como um mestre da palavra, Rubem Alves relata nesta obra passagens e experiências vividas, nas quais Deus, a religiosidade, o amor, a beleza e o sentido da vida estão sempre presentes.

Trata-se de uma coletânea de crônicas poéticas onde estão reunidos textos que abarcam, com maestria e conhecimento de causa, os principais questionamentos existenciais da humanidade.

Anjos, alma, inferno e céu são debatidos sob um enfoque ousado e surpreendente, que desmitifica idéias preconcebidas.

Seu texto flui com uma simplicidade de rara beleza, inspirado por uma memória poética e reflexões cotidianas.

E o resultado não poderia ser melhor: Rubem Alves apresenta, nesta publicação, a espiritualidade sob uma nova ótica, tornando a sua leitura obrigatória àqueles que buscam ampliar seus horizontes.

Editora Verus.


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Abaixo uma das crônicas deste livro, para nossa reflexão.

Boa leitura!


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Tenho medo de morrer e ir para o céu. 

Eu me sentiria um estranho por lá.

A Cecília Meireles pensava o mesmo. E se perguntava se, “Depois que se navega, a algum lugar enfim se chega... O que será, talvez, até mais triste. Nem barca, nem gaivota: somente sobre-humanas companhias...“.

Também eu preciso de barcas e gaivotas, pois amo o mar e o ar. Sou um ser deste mundo e sinto que no meu corpo moram rios, árvores, montanhas e nuvens.

Nenhum mundo além poderá consolar-me da sua perda.

É certo que um espírito, por bem-aventurado que seja, não pode sentir o cheiro bom do capim gordura (que recém começa a florescer roxo nos campos). Para isso ele teria de ter um nariz.

E nem pode sentir o vento frio das tardes de inverno, a lhe golpear o rosto. Ao que me parece, espíritos não têm pele. E (pobres) não podem jamais sentir o prazer de mergulhar no mar. Esta alegria animal está vedada aos espíritos, seres etéreos que, ao que consta, não sofrem os efeitos da gravidade (ou da gravidez).

Sua leveza os protege de quedas de muros, mas lhes tira a alegria do mergulho. Saltam, e ficam flutuando no espaço.

Amo este mundo. Por isso não quero ir para o céu.

Nietzsche sentia o mesmo. E até sonhou com o “retorno eterno“ - voltarei sempre a este mesmo lugar, o único que conheço, das coisas materiais do cotidiano, que vão desde o café com leite e pão com manteiga, pela manhã, até a música de Bach e os céus estrelados, à noite.

Isto, para não se falar nos prazeres do amor, que não podem subsistir sem o corpo. Pois precisam do encanto dos olhos que dizem: “Como é bom que você existe...“. E do olfato, que percebe desde o “brabo cheiro bom de suor e graxa“, a que Adélia Prado se refere, até o perfume de pêssego maduro que vem da flor do imperador, tão discreta, e que Guimarães Rosa declarou ser a mais querida.

E os ouvidos? As serenatas (antigas), o “eu te amo“ (eterno), os poemas - são todos seres materiais, que não existem sem a física da fala.

Não posso imaginar um som espiritual, embora se diga que os querubins tocam harpas e cantam.

Sons precisam de bumbos, trombones, violinos, dedos, sopro, corpo: são coisas físicas, corpóreas. E fico preocupado com o destino de Bach e Beethoven, espíritos nos céus, para sempre separados dos bons instrumentos da terra onde tocaram a sua música.

Por isso me alegrei com esta festa de nome latino, Corpus Christi, em que a cristandade comemora, teimosa e inconsciente, o corpo de Cristo. Fosse a celebração da sua alma, confesso que fugiria.

Almas do outro mundo, boas ou más, são assombrações que causam medo. Sei que há um dia que as celebra, o dia de “todas as almas“, também chamado de dia de todos os santos, logo antes de finados. O que combina muito bem. A alma começa quando o corpo termina.

Parece que acreditavam que as almas vagavam, penadas, por este mundo (dia das bruxas!), sofrendo e assombrando os vivos - que, neste dia, faziam orações por sua eterna salvação nos céus, deixando livre a terra para as coisas materiais e boas que nela moram.

Mas este dia, Corpus Christi, a se acreditar na tradição, diz que Deus, cansado de ser espírito, descobriu que o bom mesmo era ter corpo, e até se encarnou, segundo o testemunho do apóstolo.

Preferiu nascer como corpo, a despeito de todos os riscos, inclusive o de morrer. Porque as alegrias compensavam. E nasceu, declarando que o corpo está eternamente destinado a uma dignidade divina.

Curioso que os homens prefiram os céus, quando Deus prefere a terra.

Lembro-me do espanto do chefe índio que escrevia ao presidente dos Estados Unidos e dizia não poder compreender as razões que levavam os brancos a desejar, depois de mortos, ir morar num lugar muito longe da terra.

Nós, ele dizia, precisamos do perfume dos pinheiros, do barulho da água, dos riachos, do cintilar da luz sobre a superfície dos lagos.

Corpus Christi: divino é o pão e toda a terra onde cresceu, com a água que o fez germinar, e o vento que o acariciou, e o fogo que o cozeu.

Divino é o vinho, alegria pura que dá asas ao corpo e o faz flutuar. Coisas do corpo: dentro dele cabe o universo.

Não é à-toa que a tradição fala não em imortalidade da alma mas em ressurreição do corpo.

Afirmação de que a vida é bela e o divino se encontra nas coisas materiais mais simples.

Como dizia Blake: “Ver a eternidade num grão de areia“.

Ou Fernando Pessoa: “Toda matéria é espírito“.

E assim, como e bebo as coisas deste mundo, corpo de Deus...


(Rubem Alves, in “Transparências da eternidade”, Verus, 2002)





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Carta às mães que choram




Hoje venho para falar às mães.

Esses seres especiais a que foi dado o dom da vida e mais: de cuidar e colocar essas vidas em com caminho.

Mãe ! Anjo! Não há diferença alguma entre os dois seres, pois o que se compara é a bondade, o amor, os cuidados despendidos a favor de outra criatura.

Mães são anjos mesmo no reino animal, pois lá cuidam e zelam por seus filhotes com amor desinteressado, preparando-os para a vida humana ou selvagem.

Aí surgem os questionamentos sobre aqueles seres que desprezam seus filhos ou mesmo conseguem atentar-lhe contra a vida. Dessas ‘mães’ não falaremos, deixamos que as vidas sucessivas façam-nas evoluir a ponto de ao menos serem boas mães.

Aquelas que sofrem por seus filhos, que choram por suas derrotas e sentem-se totalmente vulneráveis com sua perda, merecem nossa atenção.

Ah! A estas mães, em especial, rogo a Deus por clemência e misericórdia, para que consigam superar a dor da perda, para que seus corações se acalmem e haja alguma faísca de esperança para continuarem neste mundo sem o que para elas é o mais importante: seus filhos.

Não há dor maior, isso é sabido, mas às vezes, muitas vezes, é o necessário como resgate e evolução.

Que estas mães possam entender e doar parte desse amor a outros seres que necessitam dele.

Não dizemos que deve esquecer ou substituir, mas encontrar na caridade uma forma de passar o tempo e aliviar o coração.

Mães queridas que hoje estão separadas de seus filhos! Conformem-se, lutem pela própria evolução e cumpram com o acordado para que possam estar livres e disponíveis no reencontro.

O reencontro é certo, não duvidem nunca, pois Deus, nosso Pai, não nos separaria de quem amamos para sempre.

Vejamos como um intervalo, como se o tempo pausasse e, durante um filme, pudéssemos tomar uma água para, novamente mais tarde, retomarmos de onde paramos.

Mães de Antônios, de Chicos, de Marias.

Mães de todos os nomes, sejam abençoadas e amparadas pelos bons espíritos.

Que jamais lhes passe pela cabeça abandonar esta vida para um reencontro mais rápido, pois desta forma, ele ficará mais e mais distante; e a lição poderá ser dura demais.

Para as mães que desanimaram da vida, olhem para seus outros filhos, eles estão ali, também dependem de você.

Não dizemos para seguir como se nada tivesse acontecido, mas para que continuem a caminhada e terminem seu trabalho.

Amor de mãe é gigante, não tem fronteiras e por este motivo seus filhos recebem tudo o que vem de vocês. Suas alegrias, que muito ajudam, e sua tristeza, que também os atinge.

Calma, paciência e muita fé em Deus é o remédio para a perda de um filho.

Vocês não estão sozinhas, Deus está ao lado de cada uma neste caminho sinuoso e muitas vezes estreito demais. Deus nunca deixaria perecer uma mãe. Então, erga a sua cabeça, enxugue suas lágrimas e espere pelo tão esperado reencontro.

Desejo, espero e vibro muito para cada uma, para que cada ‘anjo-mãe’ encontre uma maneira, a sua maneira, para sobreviver a este fato tão triste.

Que Deus abençoe o proteja cada uma, cada coração de mãe. Um abraço fraterno.

Josué

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Data : 02 de outubro de 2012
Local : "Casa da Prece" - Sorocaba ( SP )
Médium : S.A.O.G.





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24 outubro 2012

Corrupção - Richard Simonetti



01 – É assustador constatar como a corrupção está entranhada em todos os setores da vida brasileira. É uma característica nacional?

É uma vocação universal. 
As transgressões estão presentes em todos os países, em todas as culturas, envolvendo particularmente dinheiro, política e sexo, desde Adão e Eva deixando-se corromper pelas sugestões da ardilosa serpente.
Trata-se de sugestiva alegoria que exprime bem essa tendência humana.

02 – Parece, entretanto, que no Brasil a corrupção é bem maior. Diariamente topamos com escândalos divulgados pela mídia.

É apenas menos reprimida, como acontece em todos os países subdesenvolvidos.
Não temos os mecanismos de controle que caracterizam nações como a Inglaterra, a França, os Estados Unidos, onde há uma legislação mais severa e uma fiscalização mais eficiente.

03 – Não seria também um problema cultural, determinado pela deficiência educacional que caracteriza os países mais pobres?

Nas próprias universidades, mesmo nas sociedades mais desenvolvidas, a corrupção está presente, o que demonstra que não é esse o problema.

04 - Qual seria então a origem da corrupção?

Há uma causa comum para todos os males humanos, inclusive a corrupção – o egoísmo.
É por pensar muito em si mesmo, em seu bem-estar, no atendimento de suas necessidades, que o indivíduo acaba se envolvendo com um comportamento inadequado e imoral.

05 – Mas há pessoas que, não obstante corruptas, são generosas e desprendidas, preocupadas inclusive com o bem-estar alheio.

São gentis com o chapéu alheio, generosas com recursos que não lhes pertencem. enquadram-se nessa situação políticos que agem na base do “rouba mas faz”, o que é lamentável, já que se espera do homem público exatamente o contrário – Que faça sem roubar, porquanto está lidando com patrimônios que não lhe pertencem.

06 – Todas as religiões combatem a corrupção. Por que, não obstante, enfatizarem que há sanções divinas aplicadas contra os infratores, não raro ela se instala nos próprios círculos religiosos?

As religiões são especulativas, envolvendo-se com fantasias que não convencem.
Nenhum corrupto está preocupado com supostas sanções divinas, envolvendo seres diabólicos e caldeiras infernais.
Por isso, como na alegoria de Goethe, há muitos Faustos dispostos a vender a própria alma para conseguir fama e fortuna.
Não os impressionam as conseqüências de suas ações em suposto futuro espiritual. Nem mesmo acreditam que exista esse futuro.

07 – O Espiritismo seria mais eficiente nesse particular?

O Espiritismo é sempre mais eficiente em todos os assuntos que envolvem o destino humano, porquanto não é especulativo.
Temos, no contato com os espíritos sofredores, a visão do que nos espera no mundo espiritual se desencarnarmos comprometidos com o vício, o crime, a desonestidade…
Eles fazem estágios depuradores em regiões umbralinas de grande sofrimento.
Depois retornam à carne para enfrentar existências difíceis e problemáticas, com enfermidades e limitações físicas resultantes de seus erros.
Essa realidade é apresentada de uma forma tão clara e objetiva, que passamos atestado de insanidade ou absurda imaturidade quando não mudamos os rumos de nossa vida ao tomarmos conhecimento dela.

08 – Qual seria a medida exata para conservarmos a nossa integridade?

Toda corrupção está associada à mentira.
Fundamental portanto que, se a queremos combater, que sejamos sempre verdadeiros, guardando fidelidade à nossa crença, convictos de que podemos enganar a todos, mas jamais enganaremos nossa própria consciência.
Ela premiará com a paz ou punirá com a intranqüilidade e o desajuste nossos acertos e desacertos existenciais. 
Isso é inexorável.





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21 outubro 2012

Transcomunicação Instrumental - Entrevista com Sonia Rinaldi - Transição, Nibiru e áudios com espíritos/extraterrestres



Muito interessante a entrevista de Sonia Rinaldi, em 30.09.2012, ao Programa Música e Mensagem - Victor Rebelo - Rádio Mundial.

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À quem desconhece, uma breve explicação sobre a Transcomunicação Instrumental: é a comunicação entre o nosso plano físico e outros planos dimensionais, por meio eletrônico (computador, vídeo, tv, telefone, gravador, etc), não passando, portanto, pelo intermédio de uma pessoa, como exemplo, por um médium.

Com a tecnologia atual, a Voz Paranormal de falecidos / espíritos / extraterrestres não é mais de difícil compreensão, e ultimamente a TCI tem recebido a merecida atenção da mídia graças ao trabalho de Sônia Rinaldi e sua equipe.

A paulistana Sônia Rinaldi, é uma das maiores pesquisadoras no mundo sobre TCI - Transcomunicação Instrumental

Há 27 anos na área, autora de 7 livros, sendo um deles um best-seller, Sônia recebeu por duas vezes o prêmio internacional Hedri Prize, da Fundação Suíça de Parapsicologia, na Universidade de Berna, por suas pesquisas pioneiras na área da TCI. 

Coordenadora do ANT (Associação Nacional de
Transcomunicação), articulista, conferencista nacional e internacional, Sônia é graduada em Letras Anglo-Germânicas pela Universidade Mackenzie de São Paulo e conduz sua pesquisa com o propósito de comprovar cientificamente, a sobrevivência do espírito – razão pela qual, seu grupo é composto de matemáticos, físicos, engenheiros, etc.

Anos atrás, Edgar Mitchell, o sexto astronauta a pisar na Lua (que também confirmou a existência de vida extraterrestre), visitou Sônia para conhecer seu trabalho de pesquisa.

Sua ligação com cientistas de universidades respeitadas enfatiza sua seriedade e conduta rigidamente científica.

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Clique no link abaixo para ouvir a entrevista completa de Sonia Rinaldi:



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Sites citados na entrevista:



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O sábio e o pássaro



Conta-se que certa feita um jovem maldoso e inconseqüente resolveu pregar uma peça em idoso e experiente mestre, famoso por sua sabedoria.

Quero ver se esse velho é realmente sábio, como dizem. Vou esconder um passarinho em minhas mãos. Depois, em presença de seus discípulos, vou perguntar-lhe se está vivo ou morto. Se responder que está vivo, eu o esmagarei e o apresentarei morto. Se afirmar que está morto, abrirei a mão e o pássaro voará.

Realmente, uma armadilha infalível.

Aos olhos de quem presenciasse o encontro, qualquer que fosse sua resposta, o sábio ficaria desmoralizado.

E lá se foi o jovem mal-intencionado, com sua artimanha perfeita.

Diante do ancião acompanhado dos aprendizes, fez a pergunta fatal:

Mestre, este passarinho que tenho preso em minhas mãos, está vivo ou morto?

O sábio olhou bem fundo em seus olhos, como se perscrutasse os recônditos de sua alma, e respondeu:

Meu filho, o destino desse pássaro está em suas mãos.



Esta história pode ser um sugestivo exemplo da perversidade que não vacila em esmagar inocentes para conseguir seus objetivos.

Será, também, uma demonstração das excelências da sabedoria, a sobrepor-se aos ardis da desonestidade.

É, sobretudo, uma ilustração perfeita sobre os mistérios do destino.

Consideram muitos que tudo acontece pela vontade de Deus, mesmo a doença, a miséria, a ignorância, o infortúnio...

Trata-se da mais flagrante injustiça que cometemos contra o Criador, o pai de infinito amor e bondade revelado por Jesus.

A Vida é dádiva divina, mas a qualidade de vida será sempre fruto das ações humanas.

Segundo os textos bíblicos, fomos criados à imagem e semelhança de Deus.

Filhos do Senhor Supremo, o que caracteriza nossa condição é o poder criador, que exercitamos usando prodigioso instrumento — a vontade, a moldar nosso destino e interferir no destino alheio.

Há os que não vacilam em esmagar a Vida para alcançar seus objetivos, envolvendo-se com a ambição e a usura, a agressividade e a violência, a mentira e a desonestidade, o vício e o crime...

E há os que libertam a Vida, estimulando-a a ganhar as alturas, mãos abertas para a solidariedade.

Entre essas duas minorias, que se situam nos extremos, temos a maioria que não é má, mas não assume compromisso com o Bem.

Por isso, o mal no Mundo está muito mais relacionado com a omissão silenciosa dos que se acreditam bons, mas não desenvolvem nenhum esforço para evitar que os maus façam barulho.

Isso está bem claro na questão 931, de O Livro dos Espíritos:


Por que, no Mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons?


Observe, leitor amigo, o alcance da resposta, uma das mais contundentes da Codificação:


Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quanto estes o quiserem, preponderarão.


Poderíamos acrescentar que a omissão dos bons favorece ainda que as pessoas se envolvam com o mal, porque ninguém as ajuda, nem ampara, nem orienta, nem as atende em suas carências e necessidades.




Algum progresso tem sido alcançado.

Fala-se muito, na atualidade, sobre cidadania.

Ser cidadão é estarmos conscientes de nossos direitos.

É lutarmos por eles, a partir dos elementares direitos à saúde, à educação, à habitação e, sobretudo, o inalienável direito à vida.

É um passo importante.

Podemos melhorar as condições de vida de uma sociedade, trabalhando pelos direitos humanos.

Mas há outro passo, bem mais importante:

Assumir deveres.

Destaque-se o dever básico:

Exercitar a solidariedade.

Jesus deixa isso bem claro ao recomendar que nos amemos uns aos outros e ao proclamar que devemos fazer pelo próximo o bem que desejaríamos receber dele, se sofrêssemos suas carências.

A mão que liberta o homem da doença, da miséria, da ignorância, do infortúnio, para que a Vida ganhe as alturas, deve ser a filosofia do trabalho de todas as pessoas que desejam contribuir em favor de um mundo melhor.

A Doutrina Espírita deixa bem claro que não podemos nos omitir diante das misérias humanas.

É preciso fazer algo pelo semelhante.

O destino de nossa sociedade é o somatório de nossas ações.

Não se faz uma sociedade boa se, a par do exercício, de cidadania, não houver o cultivo da solidariedade.

E aqueles que participam, que se dedicam a esse mister, logo fazem descobertas maravilhosas.

No empenho de ajudar o próximo, libertam-se das angústias que afligem o homem comum, preso ao egoísmo.

Ajudando alguém a erguer-se de suas misérias, pairam acima das inquietações humanas.

Contribuindo para clarear sendas alheias, iluminam o próprio caminho.

Estimulando ao bem seus irmãos, com a força do exemplo, percebem, deslumbrados, que encontraram sua gloriosa destinação.


(Extraído do livro “O Destino em suas mãos”, de Richard Simonetti).


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