"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

30 dezembro 2013

Mais uma vez - Rosa de Saron


Excelente regravação da música “Mais uma Vez”, de Renato Russo e Flávio Venturini, pelo grupo musical Rosa de Saron.
Para ouvir, ouvir e ouvir...
Sempre que as sombras tomarem nosso coração...

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Se não quiser adoecer - aceite-se.



Sofrer dói. Dói e não é pouco. Mas faz um bem danado depois que passa.

(Caio Fernando Abreu)

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26 dezembro 2013

Que venha o novo ano...


Que venha o novo ano com todas as surpresas que trará.  

As boas e as não tão boas. 

Todas surpreendem, excitam os sentidos e a imaginação, para aderir, gozar, alegrar ou para resistir, suportar, crescer.

Que venha um ano cheio de criatividade para aprendermos a fazer do pouco muito, do nada tudo, da pequenez grandeza e da humildade plenitude.  

Um ano que desate a potencialidade de fazer brotar a beleza, articular as palavras em harmoniosas frases e sonoros versos, combinar as cores em dança multi e furta-cor, que enfeitice os olhos e os faça piscar de emoção.

Que venha um ano – como todos – com nascimentos e mortes.

Nascimentos que alegrarão mulheres e homens, que farão anciãos chorar de emoção e ternura.  

Diante dos recém-nascidos duros corações se abrandarão, inflexíveis ditadores se tornarão misericordiosos, almas secas pela descrença e pela aridez se tornarão umedecidas pelas lágrimas do acolhimento.  

Nascimentos inesperados, não planejados e mesmo indesejados, que venham todos, pois nascer é sempre bendito e a vida é santa e sempre nova em sua força cheia de fragilidade.

Mortes que serão descanso a quem chegou ao fim de seus dias ou que, enfim, repousa da luta inglória contra uma longa e inclemente enfermidade.  

Mortes heróicas em nome de ideais, de crenças, de causas humanas e sobrenaturais. 

Mortes prematuras e injustas, que farão a humanidade sentir-se indigna, pecadora e assassina, ainda que não haja puxado o gatilho, acionado a injeção letal, ou mergulhado a faca nas entranhas do outro.  

Mortes que denunciam e gritam alto que fomos criados para a vida e pela vida lutamos e nela cremos e em nada mais que ela.  

E se a morte acolhemos como irmã, seguindo o Irmão Francisco, que seja apenas a morte natural, que é suave transição para vida mais plena e mais cheia do Autor da vida. E não a morte brutal, interrupção indevida do plano criador, “de emboscada antes dos vinte, de velhice antes dos trinta, de fome um pouco por dia”, como dizia o poeta. (...)

Que traga suavidade, alguma suavidade, por Deus, que ninguém aguenta mais violência, agressão, destruição da terra e da vida, crueldades várias em laboratórios, ruas, praças públicas, quartéis e cárceres.  

Que venha carregado de misericórdia e compaixão, para que os corações fiquem mais doces, mais pacientes e mais desejosos de amar.

Que venha distribuindo fome e sede de justiça para que haja saciedade e mansidão, para que se tenha o direito de possuir a terra. 

Que venha tocando todas as coisas com o condão do Espírito que, ao soprar, faz tudo novo e fecundo, permitindo ao broto desabrochar em flor, à semente tornar-se árvore, à criança afiançar-se na força e na potência da vida adulta.  

Que venha acariciando o rosto dos que choram e enxugando-lhes as lágrimas; rolando na grama com os que se extasiam no jogo amoroso; brincando de correr, de pular com os bichinhos e as crianças; tocando música para todos os ouvidos... e também para os que já não conseguem ouvir.

Que venha...o Novo Ano.  

E que possamos acolhê-lo com corações novos, não remendados.  

Que sua novidade nos ajude a suportar o tempo que passa inexorável sobre nossos corpos, consolando-nos com a Força Santa que nos faz crescer até a estatura que Deus sonhou para cada um de nós.  

Que venha o Ano Novo.  Que seja feliz.  

E que ao longo de seus dias e meses possamos aprender, de novo e sempre, a sermos humanos e divinamente novos, ainda que os cabelos já estejam brancos, a face enrugada e as pernas trôpegas. 


(Maria Clara Lucchetti Bingemer) 


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Fonte: 
http://www.verbodivino.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=327:que-venha-o-novo-ano-com-todas-as-surpresas-que-trara&catid=70&Itemid=105



Dica de vídeo: Google - o que o mundo pesquisou em 2013 ?


Neste vídeo o Google revisita alguns dos assuntos mais buscados em 2013.

Vale a pena conferir...

(ative as legendas em português)

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Quero colo


Exatamente assim. 

Pesada, sufocada. Ando com uma vontade tão grande de receber todos os afetos, todos os carinhos, todas as atenções.

Quero colo, quero beijo, quero cafuné, abraço apertado, mensagem na madrugada, quero flores, quero doces, quero música, vento, cheiros ... quero parar de me doar e começar a receber.

Sabe, eu acho que não sei fechar ciclos, colocar pontos finais. 

Comigo são sempre vírgulas, aspas, reticências... eu vou gostando... eu vou cuidando, eu vou desculpando, eu vou superando, eu vou compreendendo, eu vou relevando, eu vou... e continuo indo, assim, desse jeito, sem virar páginas, sem colocar pontos... e vou... dando muito de mim, e aceitando o pouquinho que os outros tem para me dar.

(Caio Fernando de Abreu)


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Como vivi 2013...


15 dezembro 2013

Dica de filme: Feliz Natal 1914 (Joyeux noël)




Lançado em 2006, o filme mostra o Natal de 1914, em plena 1ª Guerra Mundial.
A neve e presentes da família e do exército ocupam as trincheiras francesas, escocesas e alemãs, envolvidas no conflito.
Durante a noite os soldados saem de suas trincheiras e deixam seus rifles de lado, para apertar as mãos do inimigo e confraternizar o Natal. É o suficiente para mudar a vida de um padre anglicano, um tenente francês, um grande tenor alemão e sua companheira, uma soprano.

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O diretor Christian Carion soube do cessar-fogo no Natal de 1914 por acaso, ao descobrir em 1993 um livro chamado "Battles of Flanders and Artois 1914-1918", de Yves Buffetaut.
Foi nele que encontrou os eventos narrados no filme, contados na passagem intitulada "O Incrível Inverno de 1914".

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(Abaixo o filme, dublado em espanhol.)





A trégua de Natal da Primeira Guerra Mundial



A incrível trégua não oficial em 25 de Dezembro de 1914

Não há a menor dúvida de que realmente aconteceu – a trégua de Natal não oficial de 1914 – mas até hoje, muitas pessoas não estão totalmente a par dos detalhes e extensão deste notável hiato na guerra, que ocorreu durante aquelas poucas horas do quinto mês do primeiro ano de conflito.


Registro histórico das tréguas em tempo de guerra

Tréguas em períodos de guerra não eram tão incomuns.

Exemplos de interrupções temporárias em conflitos datam de séculos atrás e incluem as guerras Peninsular e da Criméia (entre os ingleses e franceses na primeira e ingleses e russos na segunda).

Estórias similares são contadas a respeito de refeições trocadas entre os lados opostos durante a Guerra Civil Americana e, em 1900, na Guerra dos Boers, na África do Sul.

De fato, em várias arenas da Primeira Guerra Mundial a tradição continuou além do Natal.

O extraordinário líder alemão da guerrilha na África Leste, Coronel Paul von Lettow-Vorbeck, era famoso por suas cavalheirescas – segundo alguns, civilizadas – maneiras com que ele conduzia a guerra.

Por exemplo, após humilhar as forças indianas lideradas pelos britânicos na batalha de Tanga, no início de Novembro de 1914, líderes de ambos os lados se reuniram sob uma bandeira branca para trocar opiniões acerca da ação e para compartilhar uma garrafa de brandy.

Entretanto, este estilo de cortesia foi considerado extinto com a aparição da relativamente nova forma de guerra mecanizada que caracterizou a Primeira Guerra Mundial, certamente como era combatida no Front Oeste.

Apesar disso, não eram incomuns breves cessar-fogo serem taticamente aceitos e observados por uma hora ou mais, como durante o café-da-manhã em setores mais calmos onde apenas poucas jardas separavam as tropas aliadas das germânicas; um caso de “viva e deixe viver”.


Início com árvores de Natal e cantigas

Embora existam muitas histórias individuais acerca de como o Natal não oficial foi iniciado em vários setores, para a maior parte ele foi iniciado pelas tropas alemãs estacionadas defronte às forças britânicas, onde uma distância relativamente curta separava as trincheiras ao longo da Terra de Ninguém.

Muitos soldados alemães tinham, como era seu costume na véspera de Natal, começado a montar árvores de Natal, adornadas com velas acesas – com a exceção que, desta vez, foram posicionadas ao longo das trincheiras do Fronte Oeste.

Inicialmente surpresos e, então, desconfiados, os observadores britânicos reportaram a existência delas para os oficiais superiores.
A ordem recebida foi que eles não deveriam atirar mas, em vez disso, observar cuidadosamente as ações dos alemães.

A seguir foram ouvidos cânticos de Natal, cantados em alemão.

Os ingleses responderam, em alguns lugares, com seus próprios cânticos.

Aqueles soldados alemães que falavam inglês então gritaram votos de Feliz Natal para “Tommy” (o nome popular dos alemães para o soldado britânico); saudações similares foram retribuídas da mesma maneira para "Fritz".

Em algumas áreas, soldados alemães convidaram “Tommy” para avançar pela “Terra de Ninguém” e visitar os mesmos oponentes alemães que eles estavam tão absortos em matar poucas horas antes.

Edward Hulse, um tenente dos Scots Guards, com 25 anos de idade, escreveu no diário de guerra do seu batalhão: "Nós iniciamos conversações com os alemães, que estavam ansiosos para conseguir um armistício durante o Natal. Um batedor chamado F. Murker foi ao encontro de uma patrulha alemã e recebeu uma garrafa de uísque e alguns cigarros e uma mensagem foi enviada por ele, dizendo que se nós não atirássemos neles, eles não atirariam em nós”.

Consequentemente, as armas daquele setor ficaram silenciosas aquela noite.


A notícia se espalha

Estórias começaram a se espalhar sobre visitas trocadas entre as forças aliadas (incluindo algumas francesas e belgas) e os inimigos alemães. 

Tais visitas não estavam restritas aos soldados rasos somente: em algumas ocasiões, o contato inicial foi feito entre oficiais, que definiram em conjunto os termos da trégua, acrescentando somente o quanto seus homens poderiam avançar em direção às linhas inimigas.

Estes termos normalmente permitiam o enterro das tropas de cada lado que jaziam ao longo da “Terra de Ninguém”, alguns mortos há apenas uns dias, enquanto outros haviam esperado meses pela dignidade de um funeral – todos, porém, tiveram que ser deixados onde haviam caído, pois metralhadoras cobriam o local onde eles jaziam na desolação entre as trincheiras opostas.

Naturalmente, homens das equipes encarregadas dos funerais entraram em contato com os membros das equipes similares do inimigo quando, então, conversas foram entabuladas e cigarros trocados.

Cartas foram encaminhadas para serem entregues para famílias ou amigos vivendo em cidades ou vilarejos beligerantes.

O mais notável de tudo foi, talvez, a história da partida de futebol entre o regimento inglês de Bedfordshire e as tropas alemãs (alegadamente vencido por 3-2 pelos últimos).

O jogo foi interrompido quando a bola atingiu um emaranhado de arame farpado. Em muitos setores a trégua durou até a meia-noite de Natal; enquanto em outros durou até o primeiro dia do ano seguinte.



Reação oficial e do público

As reações à trégua de Natal vindas de várias fontes vieram sob várias formas.

Os Governos aliados e o alto-comando militar reagiram com indignação (principalmente entre os franceses).

O Comandante-em-Chefe britânico, Sir John French, possivelmente tinha previsto a suspensão das hostilidades no Natal quando emitiu uma ordem antecipada alertando suas forças para um provável aumento da atividade alemã durante o Natal: ele, portanto, instruiu seus homens para redobrar o estado de alerta durante esta época.

Após a trégua ele escreveu severamente: "Eu emiti ordens imediatas para prevenir qualquer recorrência deste tipo de conduta e convoquei os comandantes locais para prestarem contas, o que resultou em punições severas".

A igreja Católica, através do Papa Benedito XV, tinha solicitado anteriormente uma interrupção temporária das hostilidades para a celebração do Natal. Embora o Governo alemão tenha indicado sua concordância, os aliados rapidamente discordaram: a guerra tinha que continuar, mesmo durante o Natal.

Quase imediatamente à trégua, as mensagens enviadas chegaram para os familiares e amigos daqueles servindo no front através do método usual: cartas para casa. Estas cartas foram rapidamente utilizadas por jornais locais e nacionais (incluindo alguns na Alemanha) e impressas regularmente.

O autor de Sherlock Holmes, Sir Arthur Conan Doyle, comentou em sua história da guerra o “episódio humano em meio às atrocidades que tem manchado a memória da guerra”.

Sir Horace Smith-Dorrien, o Comandante do II Corpo britânico na época, reagiu com uma simples instrução:
"O Comandante do Corpo, portanto, ordena aos Comandantes de Divisão para incutirem em todos os seus comandantes subordinados a absoluta necessidade de encorajarem o espírito ofensivo das tropas, enquanto estiverem na defensiva, por todos os meios à sua disposição. Relações amistosas com o inimigo, armistícios não oficiais (i.e. ‘nós não atiramos se vocês não atirarem’, etc.) e a troca de tabaco e outros confortos, não importa o quão tentadores e ocasionalmente agradáveis possam ser, estão absolutamente proibidos".



A visão do soldado no front

Nas cartas para casa, os soldados na linha de frente foram praticamente unânimes em expressar seu espanto com os eventos do Natal de 1914.

Um alemão escreveu: "aquele foi um dia de paz na guerra; é uma pena que não tenha sido a paz definitiva".

O Cabo John Ferguson contou como a trégua foi conduzida no seu setor:
"Nós apertamos as mãos, desejando Feliz Natal e logo estávamos conversando como se nos conhecêssemos há vários anos.
Nós estávamos em frente às suas cercas de arame e rodeados de alemães – Fritz e eu no centro, conversando e ele, ocasionalmente traduzindo para seus amigos o que eu estava dizendo.
Nós permanecemos dentro do círculo como oradores de rua. Logo, a maioria da nossa companhia (Companhia ‘A’), ouvindo que eu e alguns outros havíamos ido, nos seguiu...
Que visão – pequenos grupos de alemães e ingleses se estendendo por quase toda a extensão de nossa frente!
Tarde da noite nós podíamos ouvir risadas e ver fósforos acesos, um alemão acendendo um cigarro para um escocês e vice-versa, trocando cigarros e souvenires.
Quando eles não podiam falar a língua, eles tentavam se fazer entender através de gestos e todos pareciam se entender muito bem.
Nós estávamos rindo e conversando com homens que só umas poucas horas antes estávamos tentando matar!"

Bruce Bairnsfather, o autor dos famosos cartuns ‘Old Bill’, resumiu os sentimentos de muitas das tropas britânicas quando ele escreveu:
"Todos estavam curiosos: ali estavam aqueles malditos comedores-de-salsicha, que tinham começado aquela infernal guerra européia e, ao fazer isso, nos enfiaram no mesmo lamaçal junto com eles... Não havia um átomo de ódio em qualquer dos lados aquele dia e ainda, no nosso lado, nem por um momento havia a vontade de guerrear e a vontade de deixá-los relaxados".




Uma vez e somente uma

No entanto, a reação foi de tal monta que precauções especiais foram tomadas durante os Natais de 1915, 1916 e 1917, usando mesmo o expediente de realmente aumentar os bombardeios de artilharia. Os eventos do final de Dezembro de 1914 nunca mais foram repetidos.

Investigações foram conduzidas para determinar se a trégua não oficial foi de alguma maneira organizada de antemão; o resultado da apuração foi negativo. Aquilo foi um evento genuinamente espontâneo, que ocorreu em alguns setores mas não em outros.

Embora a história dos conflitos inclua numerosos exemplos de gestos generosos entre inimigos, a trégua de Natal no Front Oeste foi talvez o mais espetacular e, certamente, o mais renomado de seu tipo. Boa vontade para todos os homens – por um período.

Mesmo naquele aparentemente pacífico dia de Natal, a guerra não foi completamente esquecida; muitos dos soldados que apertaram as mãos de Tommy ou Fritz em 25 de Dezembro de 1914, trataram de observar a estrutura das defesas do inimigo, de modo que se pudesse tirar vantagem de qualquer falha nas defesas no dia seguinte...

Adolf Hitler, um jovem cabo do 16ª Reserva bávara de Infantaria, estava entre os opositores à trégua.



Monumento

Um memorial da Trégua de Natal foi inaugurado em Frelinghien, França, em 11 de novembro de 2008. 

Neste mesmo dia, no local onde no dia de Natal de 1914 seus antepassados ​​regimentais saíram de suas trincheiras para jogar futebol, homens do 1º Batalhão dos Royal Welch Fusiliers jogaram uma partida de futebol com o Batalhão alemão 371. Os alemães venceram por 2-1.

Embora a “Trégua de Natal” hoje pareça um eco distante de uma época passada, estando nós mesmos vivendo num mundo em que os conflitos são alimentados por imensas diferenças culturais, fazendo com que tais tréguas se tornem praticamente impossíveis, ela permanece um símbolo de esperança.

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Vídeo clip da música de Paul McCartney - Pipes of Peace - inspirada na Trégua de Natal, ocorrida durante a Primeira Guerra Mundial.
 



Fontes:




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13 dezembro 2013

Dica de vídeo: Comercial antigo sobre o Natal



Comercial de Natal, do extinto Banco Bamerindus, feito no início da década de 70 e reprisado no período de festas de fim de ano 1985/1986.

Numa época de poucos recursos técnicos, é inesquecível, pela delicadeza das imagens e pela beleza de seu jingle...

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Ensaio sobre a vida


Diariamente eu chego a simples conclusão de que a vida é tão maravilhosa porque também é feita de colos, de feridas que cicatrizam, de amigos que celebram ou choram junto, de café coado com coador de pano, de gente que pega ônibus ou faz caminhada pela manhã, de quem planta o que se pode comer, de vizinhos que alimentam seus gatos com comida de gente.

Que a vida é feita de algumas pessoas que direcionam todo o seu potencial criativo para melhorar a qualidade de vida de gente que eles nem conhecem.

Que é feita de e-mails que chegam recheados de saudade e de cartas extraviadas solitárias numa gaveta de um correio qualquer.

De muros e pontes e cais. De aviões que suprimem distâncias e de barcos que chegam. De bicicletas que atravessam cidades. De redes que balançam gente. De rostos que recebem beijos. De bocas que beijam. De mãos que se dão.

Que existem pessoas altamente gostáveis, altamente rabugentas, altamente generosas, pessoas distraídas que perdem as coisas, mal educadas que buzinam sem necessidade, pessoas conectadas que se preocupam com o lixo, pessoas apaixonadas e apaixonantes, possíveis e impossíveis, pessoas que se entregam, pessoas que se privam, pessoas que machucam, pessoas que chegam pra curar; desencadeadores de poemas, de sorrisos, de lições de vida que ficarão guardadas para sempre..

A vida é tão maravilhosa porque ela nos compensa com ela mesma.




(Marla de Queiroz)





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Confia


Aprenda a confiar no que está acontecendo.
Se há silêncio, deixa-o aumentar, algo surgirá. Se há tempestade, deixa-a rugir, se acalmará.

(Lao Tsé)


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12 dezembro 2013

Dica de livro: "Anjos à mesa" - de Debbie Macomber


Shirley, Goodness e Mercy sabem que o trabalho de um anjo é interminável - especialmente na véspera do Ano-novo.

Ao lado de seu novo aprendiz, o anjo Will, elas se preparam para entrar em ação na festa de um de ano da Times Square.

Quando Will identifica dois solitários no meio da multidão, ele decide que a meia-noite será o momento perfeito para dar aquele empurrãozinho divino de que eles precisam para acabar com a solidão.

Então, por "acidente", Lucie Ferrara e Aren Fairchild esbarram-se no meio da alegria da festa, mas, assim como se aproximam, acabam se perdendo: um encontro marcado que não acontece os afasta pelo resto da vida. Ou será que não?

Um ano depois, Lucie é a chef de um novo e aclamado restaurante, e Aren é um colunista de sucesso em um grande jornal de Nova York.

Durante todo o ano que passou, os dois não se esqueceram daquela noite.

Shirley, Goodness, Mercy e Will também não se esqueceram do casal...

Para uni-los novamente, os anjos vão usar uma receita antiga e certeira: amor verdadeiro mais uma segunda chance (e uma boa dose de confusão), para criar um inesquecível milagre de Natal.



Editora Novo Conceito.


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Eu sonhei que tu estavas tão linda - Pedro Mariano


Romantismo puro, na voz de Pedro Mariano...

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08 dezembro 2013

O menino que fui volta sempre em Dezembro


Não sei se dezembro mexe com vocês como mexe comigo. 

Provavelmente não. 

Amar dezembro como eu o amo, esperá-lo como eu o espero, senti-lo como eu o sinto, reconheço que parece coisa de criança. 

E é. 

Às vezes, o menino que eu fui há tanto tempo volta e assume a direção do homem maduro que eu já deveria ser. Em dezembro o menino sempre vem. Vem e altera minha vida.

Logo nos primeiros dias do mês, já acordo diferente. As notícias do rádio, da TV e do jornal são aquelas de sempre: doença, miséria, fome, tragédia, desgraça, destruição. Há quem mata por nada. Há gente humilhada, gente ofendida, gente espezinhada, gente ressentida. Pessoas que acham o otimismo um escárnio e consideram a felicidade só uma palavra longa, sem nenhum significado.

Gente que sofre em dezembro tanto quanto sofre todo mês, de janeiro a novembro. Eu sei. Mas em dezembro eu sempre acredito que nem tudo esta perdido, que alguma coisa pode mudar. Defeito? Acho que sim. Ingenuidade? Creio que é. E tenho certeza de que herdei os dois, o defeito e a ingenuidade, de minha mãe.

Quando chegava dezembro, minha mãe esquecia as mágoas, fingia não estar sentindo mais a sinusite que atormentava os seus dias e concentrava-se toda nos preparativos para o Natal.

O Natal, para ela, eram os presentes, a árvore, os enfeites, a ceia, as nozes, o doce de semente de papoula cuja receita, uma preciosidade, tinha atravessado o mar e chegado com a família ao Brasil.

O Natal era isso tudo e, mais importante, eram os filhos reunidos todos em volta da mesa, tentando esconder as lágrimas trazidas pela simples, mas comovente Noite Feliz.

Chorávamos todos, no Natal, e sabíamos muito bem por quê. 

Chorávamos porque pressentíamos que um dia nos faltaria até aquele raro momento de comunhão, aquele instante único no ano, fruto da tenacidade daquela mulher que, chorando mais do que todos nós, dava graças a Deus por ter conseguido de novo, pelo menos por uma noite, colar os estilhaços de sua família.

Ela procurava nos ensinar, Natal após Natal, que tínhamos nascido para viver juntos. E nós sabíamos que passados aqueles instantes mágicos, voltaríamos a nos estranhar, a nos maldizer, a nos afastar.

Sabíamos que, um dia, não pousariam mais sobre nós aqueles olhos azuis, que não nos reuniríamos mais sob o irresistível apelo daquela doce voz.

Minha mãe amava dezembro porque dezembro era o mês do Natal e porque acreditava que, na época do Natal, as pessoas se tornavam melhores e os milagres se tornavam possíveis.

De janeiro a novembro, pedir-lhe algo que não pudesse dar era deixá-la triste. Em dezembro, era deixá-la arrasada. Ela sempre achou, até o fim, que no mês do nascimento de Jesus, não se devia negar nada a ninguém.

Conhecendo essa fraqueza do seu coração, eu lhe pedi uma vez, num longínquo dezembro, que ela me trouxesse do centro, onde ia fazer as últimas compras para o Natal, um almanaque de histórias em quadrinhos. 

Foi pura maldade do menino que eu era. O almanaque era caro e eu não ignorava que o dinheiro para a ceia do dia 24, arrancado com tanto sacrifício do meu pai, estava bem mais curto do que em outros anos. Foi o que ela me disse. Insisti, bati o pé, chorei. Quando saiu, ela estava quase chorando também.

Algumas horas depois, quando ela voltou e começou a colocar os pacotes em cima da mesa, eu não lhe dei tempo nem de tomar água. Quis logo saber se havia comprado o que eu tinha pedido.

Suspirando, ela, do fundo de uma sacolinha, puxou o almanaque. Só então eu notei que suas mãos e seus braços estavam feridos. Baixando os olhos, vi também dois machucados enormes nos joelhos. Perguntei o que tinha acontecido e minha mãe me contou que, quando o bonde tomado por ela na Praça da árvore se pôs em movimento, meu almanaque havia deslizado do seu colo e caído na rua.

Prevendo que eu não ia acreditar naquilo, ela, desesperada, saltou do bonde e estatelou-se com os pacotes no chão. Por pouco não foi atropelada por um carro. O motorista, furioso, tinha xingado minha mãe de louca. Vendo-a desamassar cuidadosamente os pacotes, senti que o motorista não tinha errado ao xingá-la. Ela era louca, sim. Louca de amor pelos filhos, pela família, pelo Natal.

Desde esse remoto dia, toda vez que dezembro vem eu lamento não ter herdado um pouco mais dessa saudável loucura, um pouco mais dessa bendita ingenuidade de minha mãe.

Gostaria de sonhar, com a mesma intensidade com que ela sonhava, gostaria de acreditar, com a mesma intensidade com que ela acreditava, que em dezembro os milagres são possíveis, que em dezembro tudo pode mudar.

(Raul Drewnick)


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07 dezembro 2013

Saudade...

Não sei se foi a chuva, se foi o silêncio ou a solidão, mas hoje a saudade chegou mais cedo. 
O tempo todo em volta de mim querendo atenção...
Resisti o quanto pude, mas sem que eu percebesse ela me abraçou e virou lágrima...


Saudade é amar um passado que ainda não passou. É recusar um presente que nos machuca. É não ver o futuro que nos convida...

(Pablo Neruda)

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Quem quiser plantar saudade, trate de escaldar a semente. Plante no solo bem duro, onde o Sol seja mais quente. Pois se plantar no molhado, ela cresce e mata a gente.

(Maomé)



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Um pouco de Nelson Mandela...


Não existe caminho fácil para a liberdade.
Sabemos que nenhum de nós consegue, sozinho, alcançar o sucesso. Devemos, portanto, atuar juntos, como um povo unido, para a reconciliação nacional, para a construção da nação, para o nascimento de um novo mundo.
Que haja justiça para todos.
Que haja paz para todos.
Que haja trabalho, pão, água e sal para todos.
Que cada um de nós saiba que o seu corpo, a sua mente e a sua alma foram libertados para se realizarem. Nunca, nunca, nunca mais deixaremos esta bela terra voltar a experimentar a opressão de uns sobre outros.
Vamos deixar a liberdade reinar.

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A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.

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O bravo não é quem não sente medo, mas quem o vence.

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Não me julgue pelo meu sucesso. Me julgue por quantas vezes eu caí e consegui me levantar.

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Não há nada como regressar a um lugar que está igual para descobrir o quanto a gente mudou.

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Uma boa cabeça e um bom coração formam uma combinação formidável. Mas quando você adiciona a isso uma língua ou uma caneta alfabetizada, aí você tem algo realmente muito especial.
Você não encontrará nenhuma paixão se se conforma com uma vida que é inferior àquela que é capaz de viver.

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Depois de escalar uma grande montanha se descobre que existem muitas outras montanhas para escalar.

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A bondade do homem é uma chama que pode ser escondida, mas nunca extinta.

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Se você fala com um homem numa linguagem que ele compreende, o recado entra na cabeça dele. Se você fala com um homem em sua língua, o recado vai para o seu coração.

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Lidere de trás e deixe os outros acreditarem que eles estão à frente.

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Você não encontrará nenhuma paixão se se conforma com uma vida que é inferior àquela que é capaz de viver.

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Se você quer fazer as pazes com seu inimigo, você tem que trabalhar com seu inimigo. Assim, ele se torna seu parceiro.

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Ser livre não é apenas se livrar das correntes que lhe prendem, mas viver sendo capaz de respeitar e engrandecer a liberdade dos outros.

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Você não é amado porque você é bom, você é bom porque é amado.

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Eu sou o capitão da minha alma.

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Devemos promover a coragem onde há medo , promover o acordo onde existe conflito, e inspirar esperança onde há desespero.

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Perdoem. Mas não esqueçam!

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Não há nada como regressar a um lugar que está igual para descobrir o quanto a gente mudou.

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Ninguém nasce odiando as pessoas por causa da cor de sua pele, ou por seu passado, ou por sua religião. As pessoas aprendem a odiar e, se elas podem aprender a odiar, elas também podem aprender a amar - já que amar é um sentimento que vem com mais naturalidade ao coração humano do que o seu oposto.


(Nelson Mandela)




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