"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

31 outubro 2013

Dica de vídeo: Os fantásticos livros voadores do Sr. Morris Lessmore



Animação, que ganhou o Oscar de melhor curta-metragem em 2012, conta a história de um rapaz que tem a sua casa destruída por um furacão. Com o vento, ele acaba caindo em uma terra misteriosa dominada por livros, e reconstrói a vida em uma pequena biblioteca. Lá, seus únicos amigos são os fantásticos livros voadores.

Lindíssimo!

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Às bruxas que habitam em nós


Existe mais ou menos um consenso de que a Festa de Halloween tenha suas origens nas terras dos Celtas, onde hoje seria a região da Irlanda.

Pode-se dizer, quase sem medo de errar, que seria uma festa para homenagear os protetores da Terra e das colheitas, do frio do inverno que viria logo a seguir. Os druidas, duendes, fadas, gnomos, em suma, os elementais, que seriam responsáveis pela guarda e proteção dos frutos da Terra.

Quer se acredite ou não, existe uma imensa força que nos cerca, ligada aos elementos da Terra.

É impossível não perceber a grandeza que existe no poder dos ventos ou das águas, por exemplo. Uma "magia" que a tudo permeia e que cada um pode dar o nome que melhor lhe aprouver, de acordo com suas crenças pessoais.

Não dá para não pensar que a natureza "responde", quando de suas grandes manifestações, como tempestades, maremotos e por aí vai, por toda a agressão que o Planeta sofre, com seu desmatamento, poluição ou desperdício de água. O Planeta é vivo e imagino que se manifeste, através da força que possui, por tanto dano que sofre.

Os índios americanos, por exemplo, sempre tiveram uma profunda relação de respeito com os elementos do Planeta e com seus semelhantes, membros de sua tribo.

Assim como os Celtas, eles também faziam festas para celebrar a colheita e pedir proteção aos Espíritos da Terra. 

Quem, entre aqueles que têm quarenta anos ou mais, nunca viu filmes que envolvessem índios e seus conselhos tribais, com a presença dos membros mais velhos da tribo, para participarem das decisões pertinentes aos Siouxs e Apaches, por exemplo?

Como tudo e todos estão interligados, temos em nossa memória genética, resquícios desses tempos mais remotos, onde a natureza era reverenciada e celebrada, como aquela que nos traz seus frutos como oferendas.

O Planeta nos oferece presentes diários e o mínimo que espera é respeito, uma palavra que também vai ficando cada vez mais para trás, infelizmente!

A imagem que tenho das bruxas é a de seres que também, como as fadas, protegem o Planeta e seus elementos. Vejo o "dia das bruxas" como homenagem àquelas que ajudam a preservar as coisas belas que nos cercam, onde quer que estejamos. Não seres feios, malvados, antagonistas às fadas, mas belos como essas, apenas com nomes diferentes.

Que as bruxas que habitam em nós, possam homenagear o Planeta todo dia, com respeito e preservação de seus recursos naturais.

Que sejam usados com gentileza, para que os que venham depois de nós, também possam fazer uso e desfrutar de seu conforto e de suas belezas.


(Leila Silva)




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Feliz dia das Bruxas!







30 outubro 2013

Um pouco de Neruda...


Vivo para florescer outros jardins
e sem perceber, o meu
se abarrota de rosas e manacás.
Vivo cada dia
como se fosse cada dia.
Nem o último nem o primeiro:
- O único.

(Pablo Neruda)


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Pra ler todo dia...


Quando


Quando compreendermos que vingança, ódio, desespero, inveja ou ciúme são doenças claramente ajustáveis à patologia da mente, requisitando amor e não o revide...

Quando interpretarmos nossos irmãos delinqüentes por enfermos da alma, solicitando segregação para tratamento e reeducação e não censura ou castigo...

Quando observarmos na caridade simples dever...

Quando nos aceitarmos na condição de espíritos em evolução, ainda portadores de múltiplas deficiências e que, por isso mesmo, o erro do próximo poderia ser debitado á conta de nossas próprias fraquezas...

Quando percebermos que os nossos problemas e as nossas dores não são maiores que os de nossos vizinhos...

Quando nos certificarmos de que a fogueira do mal deve ser extinta na fonte permanente do bem...

Quando nos capacitarmos de que a prática incessante do serviço aos outros é o dissolvente infalível de todas as nossas mágoas...

Quando nos submetermos à lei do trabalho, dando de nós sem pensar em nós, no que tange a facilidades imediatas...

Quando abraçarmos a tarefa da paz, buscando apagar o incêndio da irritação ou da cólera com a bênção do socorro fraternal e abstendo-nos de usar o querosene da discórdia...

Quando, enfim, nos enlaçarmos, na experiência comum, na posição de filhos de Deus e irmãos autênticos uns dos outros, esquecendo as nossas faltas recíprocas e cooperando na oficina do auxílio mútuo, sem reclamações e sem queixas, a reconhecer que o mais forte é o apoio do mais fraco e que o mais culto é o amparo do companheiro menos culto, então, o egoísmo terá desaparecido da Terra, para que o Reino do Amor se estabeleça. Definitivo, em nossos corações.

( Chico Xavier/André Luiz, in “Paz e Renovação”)


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Ironia


Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós

Um pouco mais de paciência
Será que é o tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara


(Lenine)


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É - Gonzaguinha


Atualíssima música de Gonzaguinha, na voz de Simone.

Postado num dia especial, dia de dizer "Basta!"

"A gente não tem cara de panaca, a gente não tem jeito de babaca"


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26 outubro 2013

A poesia da terra nunca morre


Era eu um poeta estimulado pela filosofia e não um filósofo com faculdades poéticas. Gostava de admirar a beleza das coisas, descobrir no imperceptível, através do diminuto, a alma poética do universo.

A poesia da terra nunca morre. Podemos dizer que as eras passadas foram mais poéticas, mas não podemos dizer (...)

A poesia encontra-se em todas as coisas - na terra e no mar, no lago e na margem do rio.

Encontra-se também na cidade - não o neguemos - é evidente para mim, aqui, enquanto estou sentado, há poesia nesta mesa, neste papel, neste tinteiro; há poesia no barulho dos carros nas ruas, em cada movimento diminuto, comum, ridículo, de um operário, que do outro lado da rua está pintando a tabuleta de um açougue.

Meu senso íntimo predomina de tal maneira sobre meus cinco sentidos que vejo coisas nesta vida - acredito-o - de modo diferente de outros homens.

Há para mim - havia - um tesouro de significado numa coisa tão ridícula como uma chave, um prego na parede, os bigodes de um gato.

Há para mim uma plenitude de sugestão espiritual em uma galinha com seus pintinhos, atravessando a rua, com ar pomposo.

Há para mim um significado mais profundo do que as lágrimas humanas no aroma do sândalo, nas velhas latas num monturo, numa caixa de fósforos caída na sarjeta, em dois papéis sujos que, num dia de ventania, rolarão e se perseguirão rua abaixo.

É que a poesia é espanto, admiração, como de um ser tombado dos céus, a tomar plena consciência de sua queda, atônito diante das coisas.

Como de alguém que conhecesse a alma das coisas, e lutasse para recordar esse conhecimento, lembrando-se de que não era assim que as conhecia, não sob aquelas formas e aquelas condições, mas de nada mais se recordando.


(Fernando Pessoa, in "O Eu Profundo")


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Dica de vídeo: Por que criar orquídeas é tão viciante?



Interessante...


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Não basta ler...



  

Que essa moda pegue...


Calada


Sou mestre na arte de falar em silêncio.
Toda a minha vida falei calando-me e vivi em mim mesmo tragédias inteiras sem pronunciar uma palavra.

(Dostoiévski)



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21 outubro 2013

Verdadeiros Necessitados


Muito tempo se passou até que eu pudesse andar com minhas próprias pernas.

Muito tempo, também, levei para ter a permissão de movimentar-me entre as esferas planetárias.

As coisas não são o que parecem e não são como queremos. Tudo tem um propósito e tudo tem um sentido maior, designado por Deus. A compreensão é o único caminho. Aceitemos os fatos.

Apresento-me aqui hoje auxiliado por verdadeiros amigos e benfeitores que, creiam-me, deixaram seus afazeres para que vocês pudessem receber esta mensagem.

Fico feliz e agradecido por poder enviar esta nota a vocês, pessoas queridas a quem muito amo e de quem muitas saudades tenho sentido.

No meu íntimo, porém, sinto o desconforto de saber que os amigos que aqui comparecem deixam de atender outros mais necessitados, por minha causa e para atender as suas súplicas.

Por que haveria de não estar bem? Onde está a fé que sempre cultivamos juntos?

Tive uma vida baseada no trabalho honesto. Lutamos, minha querida, eu e você e graças a Deus conseguimos ensinar a nossos filhos o caminho da verdade e a verdadeira fé cristã.

Em nossas orações em família, sempre discutíamos sobre a continuidade da vida e sobre a nossa certeza de que pelas nossa boas obras seríamos amparados por nossos protetores e amigos espirituais na hora derradeira.

E foi assim que comigo aconteceu, e não haveria de ser diferente.

A doença que lentamente consumiu meu corpo não deveria ter sido forte o suficiente para consumir a sua fé.

Sim, muito sofri até que meu corpo fosse desligado. Aqui cheguei sem dores e sem demora, foi como um alívio imediato. Estava, porém, bastante debilitado e precisei de tempo para adaptar-me, tempo este que acabou prolongado pelos estados mentais a que vocês todos se entregaram.

Hoje estou recuperado, com uma aparência mais robusta e até mais jovem. Quero trabalhar e ofereceram-me oportunidade para muito breve. Não poderei, porém, estar entre vocês até que tenham mudado seu padrão mental.

Assim, quero deixar aqui um pedido a todos vocês. Orem, como costumávamos juntos orar. Creiam, de coração aberto, que tudo aquilo que discutíamos em nossa reuniões é a mais pura verdade. Aqui estou para provar. Deus não nos desampara.

Não mais enviarei mensagens. Muitos são os verdadeiramente necessitados deste tipo de instrumento, e muito poucos são os canais disponíveis.

Cada um de nós deve seguir seu caminho, com Amor e Fé, até que chegue a hora do nosso reencontro aqui deste lado.


Com amor,


João Batista.



(Psicografado por Cleber P. Campos)







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Um pouco de Gandhi...


A não-violência é a mais alta qualidade de oração. 
A riqueza não pode consegui-la, a cólera foge dela, o orgulho devora-a, a gula e a luxúria ofuscam-na, a mentira a esvazia, toda a pressão não justificada a compromete.

Não-violência não quer dizer renúncia a toda forma de luta contra o mal. Pelo contrário. A não-violência, pelo menos como eu a concebo, é uma luta ainda mais ativa e real que a própria lei do talião - mas em plano moral.

O erro não se torna verdade por se difundir e multiplicar facilmente. Do mesmo modo, a verdade não se torna erro pelo fato de ninguém a ver.

Creio na verdade fundamental de todas as grandes religiões do mundo.
Creio que são todas concedidas por Deus e creio que eram necessárias para os povos a quem essas religiões foram reveladas.
E creio que se pudéssemos todos ler as escrituras das diferentes fés, sob o ponto de vista de seus respectivos seguidores, haveríamos de descobrir que, no fundo, foram todas a mesma coisa e sempre úteis umas às outras.

(Mahatma Gandhi)




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17 outubro 2013

Algumas reflexões sobre a Espiritualidade


Todos os homens estão cercados de espíritos que os assistem, tentam, protegem, ajudam ou exploram, quer sejam teosofistas, rosacruzes, iogues, espíritas ou católicos! 
Os encarnados atraem espíritos em conformidade com suas idéias, paixões ou intenções, pouco importando a sua crença ou religião.

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O médium intuitivo é algo semelhante a um vidro colorido, pois dá a sua cor própria à luz que transmite.

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Quanto ao corpo físico, este é a vestimenta material ou o "escafandro", e a alma o ajusta ao seu perispírito como veículo necessário para fixar-se nos mundos escolas, a fim de, nesse ambiente, adquirir conhecimentos e virtudes que, pouco a pouco, lhe proporcionarão subir a Escada de Jacó da evolução espiritual até alcançar a hierarquia da angelitude.


(Ramatís)






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Ben - Glee


Vivendo



De repente tudo ficou muito esquisito.

Eu tinha a impressão que tudo estava diferente, mas não conseguia explicar o que.

No trabalho, em casa , na escola. Ninguém mais falava comigo, apesar de parecer que estavam o tempo todo falando de mim.

Tentava aproximar-me das pessoas, mas todos simplesmente me ignoravam, como se eu estivesse invisível. Alguns até faziam uma cara estranha e pareciam chorar na minha presença.

Preocupado, ficava a pensar o que eu poderia ter feito de errado para ter tanta gente de cara virada comigo.

Meu consolo era chegar em casa e ver o Thor. Criado desde filhote com muito amor, era uma grande cão, amigo de todas as horas. Ele, pelo menos, vinha me receber como sempre, latindo muito quando eu virava a esquina e atirando-se sobre mim quando eu passava pelo portão.

Minha mãe, que no fim da tarde sempre me esperava no portão, ao invés de me abraçar, punha-se a chorar ao ver o Thor latir para mim.

Assim, como somente meu cão dava-me atenção, passava todo o meu tempo livre brincando com ele e, sempre que possível, aproximava-me das pessoas tentando a reconciliação, apesar de não lembrar ter feito nada que as magoasse.

Numa noite, quando brincava com o Thor, percebi que ele ficou um pouco agitado, fixando o olhar numa densa folhagem do jardim dos fundos da casa.

Fiquei prestando atenção quando ele correu para lá, latindo e abanando o rabo. Pude ver, de relance, a nossa cadela chamada Laika, que já há muito tempo havia morrido. Fiquei assustado e ao mesmo tempo curioso. Como aquilo era possível?

Lembrei-me então do centro espírita que minha avó costumava freqüentar e no dia seguinte fui até lá, pois sabia que faziam sessões todos os dias às dezenove horas.

Fui chegando e fiquei maravilhado ao notar como a casa estava enfeitada com luzes de todos os tipos naquela noite. Passava em frente daquela pequena casa com freqüência, e nunca a havia visto tão iluminada.

Entrei e fui recebido com muito carinho.

Sentado num banco na lateral, onde me pediram para aguardar, participei de toda a sessão, acompanhando emocionado as orações.

Ao fim dos trabalhos, uma senhora de branco que esteve atarefada durante todo o tempo aproximou-se e colocou uma das mãos sobre meus olhos, dizendo-me gentilmente:

- Que Deus abra teus olhos para a Verdade.

Estremeci. Ao abrir os olhos reconheci imediatamente minha avó naquela senhora cheia de luz.

Ela contou-me sobre minha nova condição e levou-me para um novo lar, onde eu deveria viver como espírito.

Fiquei sabendo que meu corpo deixou de funcionar após um acidente, onde fui vítima de atropelamento. Até hoje tenho curiosidade e acima de tudo gratidão a Deus, pois nada senti ou percebi em minha passagem. Apenas continuei vivendo.

E ainda hoje vou vivendo, feliz em minha condição de desencarnado trabalhador do Cristo, auxiliando no que estiver a meu alcance aos irmãos necessitados.

À Dona Marta, minha querida mãe, deixo o meu amor e a certeza que estou sempre presente, lá no quintal, brincando com o Thor, pois sempre que posso dou uma passadinha lá para fazer um carinho nele.


André 


(Psicografado por Cleber P. Campos)



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Autor: André 
Destinatário: Marta (mãe)
Psicografado por: Cleber P. Campos




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15 outubro 2013

Agradecendo ao Universo


Tenho percebido que o Universo ama a gratidão.

Assim, quanto mais agradecido você for, maiores serão os benefícios que obterá.

Quando digo benefícios, não me refiro apenas a objetos materiais, mas também incluo, entre eles, todas as pessoas, lugares e experiências que tornam a vida tão maravilhosamente digna de ser vivida.

Você tem consciência de que está bem quando a sua vida é plena de amor, alegria, saúde e criatividade. e você encontra todos os sinais abertos para dar prosseguimento a suas tarefas ou empreendimentos....

É dessa maneira que nossas vidas devem ser vividas.

O Universo (e eu digo Deus) é um doador generoso, abundante e que gosta de ser apreciado.

A gratidão põe em ação mecanismos para que se tenha mais motivos para sentir gratidão...

Ela aumenta a abundância da vida que tem.

A falta de gratidão ou as queixas nos dão poucos motivos para que nos regozijemos.

Os que vivem se queixando sempre acham que têm poucas coisas boas em suas vidas ou, então, não usufruem do que têm.

O Universo sempre nos dá aquilo que acreditamos que merecemos.

Muitos de nós fomos educados para olhar apenas o que não temos e sentir falta dessas coisas.

Somos produtos da crença na escassez e assim ficamos indagando por que nossas vidas são tão vazias...

Nós devemos ser gratos até pelas lições que recebemos...

Não fuja das aprendizagens, pois elas são pequenos pacotes que envolvem tesouros que nos foram oferecidos.

Na medida em que formos aprendendo com elas, nossas vidas sofrerão um transformação para melhor.

Utilizemos o máximo de tempo que pudermos agradecendo, diariamente, tudo de bom que há em nossas vidas.

Se você recebe pouco agora, irá receber mais...

Se você já possui uma vida de abundância, esta será intensificada.

É uma situação de lucro - você está feliz e o Universo (Deus) está feliz.

A gratidão multiplica a abundância.

Partilhe o segredo da gratidão. Vamos ajudar a transformar o mundo em um lugar de pessoas agradecidas, um lugar para dar e receber...


(Louise L. Hay - Livro: Gratidão)


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12 outubro 2013

Água turva


Dica de vídeo: OMO homenageia o Dia das Crianças



Um vídeo muito interessante: OMO - Feliz dia das crianças -  que homenageia as crianças em seu dia, lembrando de uma maneira divertida como é realmente ser criança de verdade...

Merece ser visto.

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Como o conceito de criança se transformou ao longo dos séculos


Em um tempo relativamente pequeno, o conceito de criança passou por muitas transformações.

Cortezzi Reis, baseando-se na obra do historiador francês Phillippe Ariès, descreveu como o olhar sobre a criança vem transformando-se dentro da sociedade, desde a sociedade medieval, até os dias atuais. [...]

Na sociedade medieval, a criança era vista como uma “coisinha engraçadinha”, porém, sua passagem pela família se dava de maneira muito breve e insignificante.

Contudo, um sentimento superficial da criança - a que chamei "paparicação" era reservado à criancinha em seus primeiros anos de vida, enquanto ela ainda era uma coisinha engraçadinha.

As pessoas se divertiam com a criança pequena como com um animalzinho, um macaquinho impudico. Se ela morresse então, como muitas vezes acontecia, alguns podiam ficar desolados, mas a regra geral era não fazer muito caso, pois uma outra criança logo a substituiria. A criança não chegava a sair de uma espécie de anonimato. (ARIÈS, 1985)


A morte de uma criança na época era algo sem importância, pois as famílias tinham muitos filhos.

A partir dos 5 ou 7 anos, a criança era como que um adulto em miniatura, sendo tratada como tal.

Era comum a criança morar em outra casa, com outra família, pois não se dava valor aos laços afetivos.

Observa-se, nessa época e até o fim do séc. XVII, o infanticídio tolerado, mesmo tendo sido um crime severamente punido. 

Era praticado em segredo e como forma de acidente: os pais colocavam a criança para dormir em sua cama e, durante a noite, a criança era asfixiada. 


Foi então que, a partir do séc. XVIII essa prática foi proibida terminantemente pelos bispos, aparecendo assim uma consideração pela vida da criança.

Do século XV ao XVII, o brinquedo infantil e os jogos adultos mesclavam-se, sendo difícil distinguir uns dos outros.

Parece, portanto, que no início do século XVII não existia uma separação tão rigorosa como hoje entre as brincadeiras e os jogos reservados às crianças e as brincadeiras e os jogos dos adultos...

Conhecemos bem suas brincadeiras, pois, a partir do século XV os artistas multiplicaram as representações de criancinhas brincando. 

Reconhecemos nessas pinturas o cavalo de pau, o cata-vento, o pássaro preso por um cordão... e, às vezes, embora mais raramente, bonecas.

Ariès coloca que esses brinquedos eram reservados as crianças, mas que ao mesmo tempo, estudos sugeriam que antes de pertencer aos pequenos, havia pertencido aos adultos, pois haviam nascido da necessidade das crianças de imitar as atitudes dos adultos.


Em 1600 as brincadeiras eram feitas por adultos em cultos religiosos, manifestações coletivas da sociedade. Após um tempo ficaram reservadas às crianças,

O problema da boneca e dos brinquedos-miniaturas leva-nos a hipóteses semelhantes. 

Os historiadores dos brinquedos e os colecionadores de bonecas e de brinquedos-miniaturas sempre tiveram muita dificuldade em distinguir a boneca, brinquedo de criança, de todas as outras imagens e estatuetas que as escavações nos restituem em quantidades semi-industriais e que quase sempre tinham uma significação religiosa: objetos de culto doméstico ou funerário, ex- votos dos devotos de uma peregrinação etc.

Ou seja, não somente as crianças brincavam com bonecas, ou réplicas de brinquedos dos adultos, pois as bonecas, por exemplo, eram objetos de uso de bruxos e feiticeiros da época e eram usadas em presépios.

Havia o gosto pelos bibelôs (uma sobrevivência burguesa da arte popular dos presépios italianos ou das casas alemãs, por exemplo), os chamados fantoches que divertiram e dominaram Paris inteira, e de tal forma que não se podia ir a nenhuma casa sem encontrar alguns, pendurados nas lareiras, o teatro de marionetes, uma outra manifestação da mesma arte popular da ilusão em miniatura.


Do século XVI até o início do XIX, a boneca serviu às mulheres elegantes como manequim de moda.

É possível que exista uma relação entre a especialização infantil dos brinquedos e a importância da primeira infância...

A infância tornava-se o repositório dos costumes abandonados pelos adultos.

Por volta de 1600, a especialização das brincadeiras atingia apenas a primeira infância; depois dos três ou quatro anos, ela se atenuava e desaparecia. A partir dessa idade a criança jogava os mesmos jogos e participava das mesmas brincadeiras dos adultos, quer entre crianças, quer misturada aos adultos.

Tanto as meninas, quanto os meninos brincavam de boneca.

Também não havia a discriminação moderna entre meninas e meninos: ambos os sexos usavam o mesmo traje, o mesmo vestido.


Somente a partir do séc. XVII é que a noção de inocência infantil foi imposta, gerando assim, uma regularização com relação ao que era praticado contra as crianças. Estas foram, então, comparadas a anjos.

No século XVII, com o início da escola, essa funcionava como enclausuramento, separando as crianças dos adultos, porém, atribuindo maior importância à Educação e despertando a preocupação psicológica e moral.

Ao mesmo tempo a família tornou-se um lugar de afeição necessária entre pais e filhos e as crianças saíram do anonimato.

A escola substituiu a aprendizagem doméstica como meio de educação. Ao iniciar o processo de escolarização, a criança deixou de crescer naquele sistema, foi separada dos adultos e entrou num processo de enclausuramento – como os loucos, pobres e prostitutas. (CORTEZZI REIS, 1995).


Nessa época, eram comuns os castigos corporais, a delação e vigilância constantes.

Esse autoritarismo e severidade geravam problemas psíquicos nas crianças, numa tentativa falha de se conquistar a boa educação dos indivíduos.

Também surge a preocupação com a educação moral das crianças e alguns jogos, antes permitidos, passam a ser considerados inadequados, como os jogos de azar.

A indiferença moral da maioria e a intolerância de uma elite educadora coexistiram durante muito tempo.

Ao longo dos séculos XVII e XVIII, porém, estabeleceu-se um compromisso que anunciava a atitude moderna com relação aos jogos, fundamentalmente diferente da atitude antiga. Esse compromisso nos interessa aqui porque é também um testemunho de um novo sentimento da infância: uma preocupação, antes desconhecida, de preservar sua moralidade e também de educá-la, proibindo-lhe os jogos então classificados como maus, e recomendando-lhe os jogos então reconhecidos como bons. (ARIÈS, 1985)


Já no século XVIII, a Psicopedagogia trouxe grandes contribuições ao desenvolvimento do corpo e espírito da criança. A preocupação com a higiene e a saúde física passaram a existir.

Surgiu também a figura do médico da família e a mãe passou a desempenhar papel fundamental na vida da criança, a o ser incentivada a amamentar, fato que antes era relegado as amas de leite, mas ainda havia um afrouxamento dos laços afetivos.

As relações entre pais e filhos possuíam lacunas a serem preenchidas. O pai (o patriarca) era dono do poder e saber e, em segundo plano, colocava o afeto.

Hoje a criança assume outro papel na sociedade.[...]

A família deixou de ter como núcleo pai, mãe e filhos, podendo ser composta por avós, tios e sobrinhos, somente mãe e filhos, pai e filhos, padrastos, madrastas...

Há uma preocupação muito maior com diversos aspectos da infância.


Nessa nova sociedade o pai perdeu a posição principal dentro da estrutura familiar e as crianças assumiram esse papel tornando-se indispensáveis à vida cotidiana.

A falta de hierarquia e da autoridade saudável dos pais produz crianças que não suportam frustrações e são incapazes de pensar ou buscar soluções criativas para suas dificuldades.

A preocupação excessiva com o prazer das crianças colocou os pais em segundo plano e os adultos passaram a projetar seus desejos e frustrações em seus filhos.

A vida moderna, os avanços tecnológicos das últimas décadas, a profissionalização da mulher, o número reduzido de filhos por família, têm levado a um aumento do individualismo tanto no adulto, como na criança. Como parte dos valores modernos, o incentivo à preservação da individualidade, tem conduzido esse culto ao individualismo, formando crianças mais narcisistas. (CORTEZZI REIS, 1995).


Ao mesmo tempo, milhares de brinquedos invadem as lojas e as casas das famílias, com especificidades para todas as idades, com diferentes objetivos pedagógicos, alguns preocupados com o desenvolvimento infantil, outros nem tanto.

A tecnologia ampliou as possibilidades das crianças com celulares, jogos, computadores, vídeo games, brinquedos eletrônicos, resultados de uma sociedade capitalista que promove o consumo exagerado como forma de obtenção de lucro para as empresas.

As crianças são vítimas de propagandas que induzem o tempo todo ao desejo de ter, transformando esse desejo numa necessidade, que não é real.

Os pais, muitas vezes, querendo satisfazer seus próprios desejo e a falta de tempo que têm para dedicar as brincadeiras aos seus filhos, compram além do que deveriam dar aos filhos, ou até mesmo além das suas possibilidades financeiras.


Atualmente, muito se discute a importância da afeição e que toda criança precisa de limites, regras, deveres, mas muitos pais fazem tudo o que seus filhos pedem ou, com medo de serem autoritários demais (a exemplo de seus próprios pais), deixam os filhos a bel-prazer.

Isso contribui para a formação de jovens inconseqüentes e despreparados para o exercício da vida futura.

Tornam-se individualistas, indisciplinados, narcisistas e inseguros pelo meio social que vivenciam. Possuem pouco senso de responsabilidade, recebem poucos valores, quase não têm deveres, mas muitos direitos, que também não têm sido respeitados.

A violência contra a criança cresce e inúmeros casos de homicídio, lesões corporais provocados até pelos próprios pais aparecem em jornais e revistas pelo mundo todo.


Mesmo com a grande quantidade de estatutos e leis que protegem a criança e o adolescente, temos crianças em situação de risco e vulnerabilidade, privadas de afeto, educação, saúde e moradia dignas.

As crianças de hoje são mais valorizadas?

São espertas, questionadoras e constantemente estão passando por transformações.

Contudo, ainda sofrem a violência física e afetiva.

Como a própria Cortezzi destaca: “Falta ainda, uma delicadeza no trato com a criança.”



(Aline Caetano Begossi)

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