"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

22 fevereiro 2014

Conviver com o Médium Ostensivo


Um depoimento interessante e esclarecedor.

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Uma das grandes dificuldades em ser médium ostensivo espírita
(porque só posso falar do espírita, visto que é a doutrina adotada e vivenciada por mim), é a convivência com quem não estuda a doutrina e não tem uma base (por enquanto) dos mecanismos mediúnicos.

Faz 3 anos que atuo num voluntariado de programa de assistência aos dependentes do álcool e familiares.

Nosso grupo ajuda a entender os aspectos psicológicos (aí entro eu enquanto psicóloga), físicos (contamos com uma médica espírita para esta parte), sociais, familiares e espirituais do vício.

É uma terapia de grupo, e paralelo a esta, fazemos uma magnetização de cura.

Damos o “passe” enquanto acontecem as reuniões também, mas em separado, na câmara de passe.

O que ocorre ali na câmara de passe é o passe comum, porém mais focado nos problemas relacionados ao vício. 

E eu, enquanto médium ostensiva, recebo orientações e informações acerca de cada assistido que entra e também vejo as companhias que estes trazem; às vezes me é permitido enxergar o porque das suas angústias a nível perispiritual em suas experiências regressas ou atuais. 

Sem contar nas companhias que os assistidos trazem - obsessores, mas a maioria, apenas doentes. Que esbravejam, xingam, falam alto, tentam impedir o passe, etc. Isso é bem comum.

Ocorre que, para quem não tem familiaridade com esta rotina, é até difícil acreditar. Se eu não passasse por isso também não acreditaria.

Uma das realidades do médium, é que ele é médium 24 horas.

Dormindo ou acordados, estamos “trabalhando”.

O que isso significa? Que é comum perceber quando familiares ou companheiros estão sob influência de espíritos que querem enfraquecer os trabalhos de assistência espiritual, seja assistência aos encarnados, seja aos desencarnados.

No meu caso, o trabalho com alcoólicos e drogaditos (que também comparecem a nossas reuniões) é um trabalho que desperta muita raiva daqueles que dependem dos viciados para se manterem nesta ilusão de prazer.

Sendo assim, optei por não mais beber desde que iniciei estes trabalhos.

Um brinde ou outro em uma festa (que são raras) ate não ligo. Mas achei coerente manter o “sim, sim; não, não” do evangelho de Jesus.

Sendo assim, não mantenho bebidas em casa.Até porque tenho uma filha adolescente e sempre digo para ela não entrar neste vício ou uso. Tenho de manter autoridade moral.

Quando alguém que fez uso de bebida (não interessa quanto nem qual) entra na minha casa, uns 15 minutos antes sei que esta pessoa está perto de casa pelas companhias que ela vai trazer junto dela.

Hoje mesmo, uma pessoa ao colocar a chave no portão, já me presenteou com um grupo de 4 espíritos que fazem uso de álcool e outras substâncias através de encarnados que usam.

E estes quando chegam perto de mim, parecem gatos ariscos…tzzz!!! Chegam e começam imediatamente o ataque. Em mim?Também, mas especialmente naquele que os trouxe. Insuflam frases de angústia, raiva, recalque, irritação, etc.

E a pessoa, invigilante, segue estas influências cegamente. Daí a falta que faz o entendimento destes mecanismos mediúnicos.

A psicosfera pesa imediatamente.

Eu também sinto estas influências. Ainda sou cheia de falhas. Fico irritada na hora, com raiva…bicuda. rs

Ainda preciso sair de perto da pessoa para me reestabilizar.

Mas é fato, já percebi e constatei: entra bebida em casa, minha paz estremece. Porque estas sempre trazem companhia. Afinal quem compra, quem traz, gosta de beber.

No centro, durante o passe, estes “entreveros” ocorrem sempre, mas lá o ambiente é outro. Eu quase não preciso me esforçar para minha defesa. Mas em casa, esta defesa fica mais frágil. Mas, que fique claro, é possível. Com disciplina e treino.

O que dificulta é a pessoa que bebe não entender isso.

E eu, por outro lado, odeio ficar falando destes fenômenos.

Vamos combinar que alguém ficar narrando estes fenômenos o tempo todo parece que ela quer holofotes.

"Tem um espírito aí que você trouxe que está lhe provocando; disse isso, assim, assado…Olha a vigilância!". Isso é muito chato.

Sem contar que parece que sou a perfeita e o outro, um pobre ignorante.

Então, por estas e outras, resolvi postar isso depois de um tempo ausente aqui para que as pessoas saibam que conviver com médium ostensivo é diferente.

Se você gosta deste(a) médium, estude com afinco a mediunidade e suas atribuições.

Porque para nós, é horrível ter de lembrar disso o tempo todo.

Parece que a gente quer aparecer.

Não que é seja preciso colocar este médium numa redoma e desculpar suas atitudes sempre, mas quando existe um mínimo de entendimento, fica mais fácil de se conviver.

Bebida, gente que bebe em minha casa - devido ao voluntariado que faço - me atrapalham sim. E muito. Porque eu ainda não consigo ficar sempre imune as influências. Lido com estas até no sono. 

Se não fossem os amigos espirituais, eu levaria uma surra em vários sonhos (ou desdobramentos) aonde encaminho ainda vários casos para a casa espírita, para que sejam atendidos na reunião mediúnica.

Não é ter super poderes esta coisa toda de ser médium. É apenas um ser humano que estuda e aplica experiências aprendidas no seu dia a dia, e qualquer pessoa pode fazer isso. Se quiser.

Médium espírita, tem que estudar sempre. Tem que ser vigilante, orar, buscar boas companhias encarnadas e desencarnadas. Buscar coerência no que diz e faz. Ou seja: isso serve para todos nós.

E para quem convive com médiuns - tenha paciência e busque entender estes mecanismos.

Se quando uma pessoa está doente, a outra busca informações sobre a doença, por que não fazer o mesmo com esta expressão máxima de saúde espiritual?


(Blog Cantodaletra)


Fonte: http://cantodaletra.wordpress.com/2012/01/13/conviver-com-o-medium-ostensivo/



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