Cresce cada vez mais o número de pessoas que se declaram espiritualistas sem ter uma religião definida.
Por um lado isso é bem positivo, pois as pessoas percebem que podem ser religiosas ou ter espiritualidade sem entregar seu discernimento a um líder religioso com um pacote fechado cheio de dogmas.
Entretanto, tenho observado também o aumento de um subgrupo que chamo de “esquisotéricos”, uma junção divertida e bem humorada de esquisitos com esotéricos.
Esse subgrupo é composto por pessoas que “engolem” tudo o que lêem e o que lhes dizem, sem o menor discernimento.
Fazem a simpatia do amor para amarrar o escolhido aqui, desejam tirar do caminho uma outra pessoa acolá, acendem uma velinha para o grande mestre sagrado não-sei-das-quantas, fazem o ritual do supremo sagrado fulaninho-de-tal e tudo de maneira superficial, por modismo puro, sem entender o que aquilo realmente pode representar e sem vivenciar a rica experiência que isso pode proporcionar.
Ser espiritualista é muito mais que isso; para ser espiritualista é necessário ter um mínimo de discernimento, saber separar o que tem de bom do que não presta: o joio do trigo; inclusive, na leitura deste texto deve-se usar o discernimento, com o crivo da razão.
Não existe o floral “resolve tudo”, o incenso remove-tudo, o elixir me-faça-feliz-instantaneamente ou ainda fórmulas mágicas que resolvam tudo do dia para a noite.
Qualquer caminhada, seja ela qual for, exige discernimento, dedicação e coerência. Essas ferramentas são válidas e nos auxiliam muito no nosso caminho, entretanto, não substituem nossas ações, nossa coerência e nosso discernimento; também precisamos fazer a nossa parte para que essas ferramentas sejam eficientes.
A espiritualidade deve ser um estado de espírito, deve fazer parte do nosso íntimo, deve estar incorporada ao nosso dia-a-dia e em nossas atitudes com tudo o que nos cerca.
A atitude espiritualista não é para ser praticada só nos seus momentos de ligação com o Sagrado e sim em todas as nossas ações do dia-a-dia.
Outra coisa muito importante a se ressaltar é que ser resignado e ter atitude espiritualista não é ser bobo, nem saco de pancada; é necessário ter coerência também neste quesito e saber ser justo com o que ocorre à nossa volta, entendendo que existem horas de aceitar e baixar a cabeça, mas também existem horas de se impor, fazendo-se respeitar, sempre com a flexibilidade necessária, tolerância e sem extremismos.
Tenho um amigo que sempre diz: “Céu e Inferno: cada um carrega o seu dentro do peito”, numa alusão clara de que nós produzimos nosso Céu ou nosso Inferno de acordo com nossas atitudes e pensamentos.
O sagrado e o profano são atitudes e pensamentos que carregamos e realizamos no dia-a-dia, e não algo externo e alheio.
Seja qual for o caminho escolhido a seguir, tenha sempre discernimento para: olhar o que serve e o que não serve; o que é bom e o que não é; e não deixe as coisas serem apenas superficiais.
Entenda o mecanismo, o porquê, o significado de toda a simbologia, e aí sim, viva a espiritualidade como ela deve ser vivida.
Paz e Luz.
(Valter Cichini Jr.)
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