"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

01 julho 2011

Preto velho, um amigo espiritual


São muitas as lembranças da minha encarnação como escravo em uma fazenda de café no interior paulista.

O som da chibata, os gritos dos feitores que saíam à caça dos escravos fugidos, as amas de leite obrigadas a amamentar os filhos da sinhá. Lembranças pungentes de muito sofrimento.

Quando a princesa Izabel assinou a Lei Áurea, eu estava velho e muito doente.

A senzala era o único lugar onde o negro conseguia ser livre.

Minha história de vida foi muito triste, mas aprendi muito. O sinhô era um homem muito refinado e não me tratava mal, mas a sinhá era uma mulher muito infeliz. Seu coração cheio de fel não sabia amar. Era temida e detestada. Por muito pouco, mandava chicotear os escravos da senzala e o sinhô fazia todas suas vontades.

Negrinhos eram afastados das suas mães, velhos escravos iam para o tronco e as escravas caseiras tremiam com as ordens da caprichosa sinhá. Eu não me queixava e jamais cultivei o ódio e a vingança. Alguns escravos odiavam os senhores com todas as forças até à morte.

No plano espiritual, continuavam a perseguição perturbando os senhores com a força da magia negra e da vingança.

Como é bom ser bom! Como é triste ser mau! Quantas lágrimas e sofrimentos os senhores plantaram através de suas atitudes. No entanto, todos caminharemos para a Eterna Felicidade! O caminho mais sublime é o Amor, mas alguns só evoluem através da Dor!

Eu era forte e jovem, mas quando meu grande amor foi vendido, capricho da sinhá, minha saúde nunca mais foi a mesma. Minha vida mudou bastante e o meu consolo eram as rezas. Jamais cultivei a revolta ou a vingança. Os Orixás me davam a paz e o consolo para suportar as provas daquela encarnação.

Pior que a escravidão são os grilhões da maldade e do preconceito. Muito pior que nosso sofrimento era o peso dos pecados daqueles que oprimiam seus irmãos de cor.

No dia 13 de maio, a alforria! No entanto, as lembranças marcaram minha vida para sempre. Foi minha encarnação mais proveitosa. Nessa vida de martírios, cultivei a renúncia e a humildade.

Quando desencarnei, meu grande amor estava à minha espera. A linda escrava que eu amei e foi vendida já estava no Plano Espiritual ansiosa pelo meu retorno. Somos todos irmãos! Somos todos iguais!

Muito tempo se passou e agora estou novamente na Terra. Não como espírito encarnado, mas como pai velho trabalhando nos terreiros de Umbanda. Minha vestimenta astral é a de preto velho.

Escolhi essa missão para estar mais perto dos meus filhos de fé. Muitos precisam de libertação, da alforria da paz e da fé. Essa é a missão dos pretos velhos! Conselho, resignação, amor e paz! Limpar com a fumaça do cachimbo os miasmas do mal e da doença.

Aceitei essa tarefa sublime por muito amar a Humanidade. Conheci o sofrimento, a humilhação e a pobreza.

Minha mensagem é de libertação!

Filho de fé ,liberte-se dos grilhões do orgulho e do egoísmo. Se você está sofrendo, não desanime!

Confie no Pai Oxalá que tudo vê e tudo sabe! Faça sua parte no aprimoramento espiritual e na reformulação das suas atitudes. Liberte-se das vibrações negativas do desânimo, da tristeza e do pessimismo.

Ame a Terra! Colabore para que nosso planeta melhore cada vez mais e seja um grande Lar de Amor! Liberte-se do peso da angústia através do Amor! Perdoe seus inimigos, porque Oxalá é o exemplo de Perdão e Misericórdia!

Desejo que Oxalá o ilumine hoje e sempre! Nascemos para vencer e evoluir! Nascemos para conviver com Amor e tolerância! Somos todos irmãos! Nascemos para cumprir apenas uma passagem! A verdadeira vida é a vida espiritual!



Pai João das Almas (Mensagem psicografada por Sandra Cecília)


* * *


O querido pai velho Pai João das Almas nos acompanha desde o nascimento! Ele teve uma vida pregressa como escravo negro no Brasil.

Todos os pais velhos que baixam nos terreiros foram escravos? 

Não. 

Eles tomam a forma de negro velho para trabalhar nos terreiros de Umbanda. No entanto, nem todos tiveram encarnações como escravos.

Os pretos velhos são os queridos mensageiros da paz, senhores da experiência e da humildade![...]

Os pretos velhos utilizam as rezas e os benzimentos. Seus benzimentos com a fumaça do cachimbo limpam a aura dos filhos de fé. 

Os pais velhos não são viciados no fumo. Os pais velhos evoluídos não precisam do fumo e nem do cachimbo no Plano Espiritual.

Ao fumarem seus cachimbos veiculam com a fumaça fortes vibrações que limpam a Aura, desagregando as vibrações negativas que poderiam trazer doenças e sérias perturbações aos filhos de fé.

O pai velho sabe como manipular a fumaça de um cachimbo. São vários os graus da evolução de um preto velho. No entanto, todos caminham para a Sabedoria Maior.

Suas mirongas são poderosas. Através do singelo oferecimento do café ou do vinho, os pretos velhos magnetizam a bebida com elementos para a cura e alívio dos filhos de fé.

Espíritos evoluídos não tem necessidades materiais. Não precisam tomar café, vinho ou pinga. Se alguns pais velhos utilizam o café ou vinho é por que tem alguma finalidade superior. Estou falando dos pretos velhos evoluídos e sábios.

O médium de Umbanda tem que se aprimorar cada vez mais para ser um instrumento fiel dos sábios pretos velhos.

Ouvir a voz paciente do médium incorporado com seu preto velho, receber seu benzimento traz alívio e reconforto. Os pais velhos benzem crianças com ramos de arruda e alecrim.[...]

Como homenagear os queridos pretos velhos?

Faça uma prece singela ou acenda uma vela branca.

Mantenha sempre uma vibração de paz e concórdia. Ame e compreenda seus irmãos e se liberte dos véus da ignorância e do egoísmo.

Não há felicidade suprema sem transformação para o Bem!

Saiba conversar com o preto velho! Não o escravize novamente com pedidos egoístas ou maldosos. Lembre-se da lei da Caridade!

Confie! Oxalá colocou em nosso caminho a serena e experiente proteção dos pretos velhos para nossa libertação!

(Magnólia Francisca)










Nenhum comentário:

Postar um comentário