"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

01 maio 2018



Meu Deus, ouça as preces que lhe dirijo quando amanheço revigorada e anoiteço tranquila.

Quando consigo manter uma relação mais gentil com as lembranças difíceis que, às vezes, ainda me assombram.

Quando posso desfrutar do contentamento, mesmo sabendo que existem problemas que aguardam que eu me entenda com eles.

Deus, ouça as preces que lhe dirijo quando estou mansidão e ternura.

Quando estou contemplação e respeito.

Quando as palavras fluem, sem esforço algum, sem ensaio algum, articuladas e belas, do lugar em mim, onde o Senhor e eu, nos encontramos.

Quando nelas incluo as pessoas que têm nome e aquelas que desconheço.

E os meus amores, os meus desafetos….

E os bichos, as plantas, os mares e as estrelas.

Senhor, ouça também as preces que lhe dirijo quando só consigo chorar e, mesmo depois de já ter chorado muito, tenho a sensação de ainda não ter chorado tudo.

Quando me sinto exaurida e me entrego a esse cansaço completamente esquecida dos meus recursos.

Há momentos em que a gente parece ignorar tudo o que pode nos ajudar a lidar melhor com os desafios.

Há momentos, ainda, em que a gente se confunde sobre o local onde, de verdade, os desafios começam.

Mas eu desejo, profundamente, meu Deus, que também ouça as preces que lhe dirijo quando eu não consigo elaborar prece alguma.

Quando a dor é tão grande que minha fala não passa de um emaranhado de palavras confusas e desconexas que desenham um troço que nem eu entendo.

Quando o medo me paralisa e perturba de tal forma, que eu me encolho diante da vida feito um bicho acuado.

Quando me enredo nas minhas emoções com tanta confusão que parece que aquele tempo não vai mais passar.

E finalmente meu Deus, ouça as preces que lhe dirijo quando não peço, nada além de forças para prosseguir, por acreditar, que assim fortalecida, eu tudo poderei Naquele que me fortalece.



(Ana Jácomo)


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