"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

15 junho 2011

Espiritualidade e Alimentação


Além das funções de nutrição, de atração e de satisfação, a comida também tem um componente espiritual.

O aspecto espiritual da dieta compreende desde a compra, a preparação, a aceitação até o ato de comer a comida.

A comida que é selecionada com cuidado, preparada com amor, aceita com gratidão e ingerida com pureza, torna-se um tônico para ambos, para a alma e para o corpo.

O ingrediente básico é a consciência.

Onde a consciência é limpa, preenchida com amor e desapego, a comida é purificada e isso também purifica o corpo. Como resultado, a mente torna-se limpa, ficando livre de desejos e da atração aos órgãos dos sentidos.

Se você estudar a dieta dos yogis antigos da Índia, você notará que seu enfoque no ato de comer era muito refinado. Havia apenas alguns tipos de comida que eles aceitavam e o yogi não se satisfazia (no sentido de obter prazer) nem se permitia ser influenciado pelos sentidos da visão, olfato e paladar. Um yogi sempre fixará determinados horários para comer e beber e manterá esta disciplina.

Um caminho espiritual significa ser atento ao que se consome. [...]

Por razões espirituais, muitas pessoas evitam, inclusive, cebola, alho e especiarias fortes que atuam como estimulantes ao sistema endócrino e, desta maneira, desestabilizam as emoções.[...]

Uma equação básica, com a qual muitos de nós estamos familiarizados, é “de acordo com o que você come é a sua mente”. Isto é um princípio fundamental da dieta espiritual.

O tipo e a qualidade da comida e a maneira de se comer afetam o estado da mente.

A comida que envolve matança de animais carrega uma dívida cármica e isto se torna um fardo na alma humana.

Comida ou bebidas que têm um efeito estimulante no corpo também carregam uma carga tóxica que gradualmente dão lugar a um processo de doença […]

A comida que é ingerida num estado de tensão, ansiedade, depressão, raiva ou medo levará esses padrões de pensamento e essas vibrações e, portanto, isso afetará a digestão.

Os hormônios estimulados por essas vibrações, por sua vez, criam mais vibrações negativas e hormônios, portanto, o ciclo continua.

Um enfoque espiritual na dieta inclui preparar a comida num estado meditativo com sentimentos de amor e desapego. Quando alguém se sente livre de desejos e cozinha com amor para si mesmo, para a família e amigos, na lembrança de Deus, isso trará um poder sutil que energiza a alma e o corpo.

Dentro de parâmetros de uma dieta espiritual precisa, de qualquer modo, é bom aceitar a comida com gratidão e não se tornar muito focado em “eu não posso comer isto ou eu não posso comer aquilo”, a menos que haja necessidades específicas com relação à saúde.

Algumas pessoas desenvolveram a arte de combinar alimentos e nos dias de hoje, alimentos orgânicos são mais populares desde que os efeitos dos pesticidas, fertilizantes e antibióticos (que, inclusive, afetam o leite, iogurte, manteiga e queijo) na contaminação da comida se tornaram mais conhecidos.

Os macrobióticos estão se tornando mais populares, mas não necessariamente se equiparam com a espiritualidade.

Algumas dessas dietas são boas para a saúde, para o meio ambiente e para a consciência, mas se a pessoa que segue um regime rigoroso se torna muito fanática e cria stress como resultado, então, muitos dos benefícios serão, automaticamente, perdidos.

Espiritualidade inclui, também, compartilhar.

Não há nada mais maravilhoso do que compartilhar um alimento cozido lindamente com os outros.

Ao compartilhar, nós perdemos o senso de apego à comida e ao corpo e dominamos a gula.

O sustento natural da comida é realçado pelo poder das vibrações puras e isto também traz benefício num nível espiritual.

Um método para trazer harmonia e unidade em qualquer congregação, quer seja uma família, uma companhia ou entre amigos é comer junto. Comida preparada com amor ajudará a gerar esses sentimentos. As mães conhecem o poder da comida para tranquilizar os sentimentos dos filhos e portanto trazer um sentido de contentamento.


(Extraído da Revista Vida Plena – sessão Enfoque – Ano IV – Edição nº 29 – 2007)







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