"Nós não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres espirituais tendo uma experiência humana"

(Teillard de Chardin)

26 junho 2011

Medicina Redescobre a Espiritualidade


Medicina e Espiritualidade devem andar juntas.

Esse é o resultado dos estudos realizados pelo médico americano Harold Koenig, que participou co Seminário Internacional de Medicina e Espiritualidade e do V Congresso Nacional da Associação Médico-Espírita do Brasil (MEDNESP), cujo tema foi a “Espiritualidade no cuidado com o paciente”.

“O médico deve cuidar do paciente por inteiro”, declara o dr. Harold Koenig.

Além do físico, deve levar em consideração o indivíduo como um ser social, psicológico e, principalmente, espiritual.

A crença em um ser superior, a prática religiosa e a fé são elementos que elevam o bem-estar e a esperança dos pacientes. Dos 114 estudos realizados, 91 concluíram que os religiosos são mais felizes e têm bem-estar mais elevado que os não crentes.

A oração faz o indivíduo afastar da mente a dor e focalizar o pensamento em outras coisas.

Um dos casos mencionados foi o de uma senhora, de 83 anos, que sofria de diabetes e artrite. Apesar de não conseguir andar e da forte dor que sentia, não era uma pessoa triste, nem deprimida. Indagada por seu médico de onde vinha sua alegria, dizia que rezava muito e tinha esperança de que tudo pudesse melhorar. Totalmente independente, ela ainda tinha forças para levar aos outros doentes o poder da oração.

Pesquisas mostram a diminuição de casos de depressão e suicídio em indivíduos que têm alguma prática religiosa. Ansiedade, medo e vícios também atingem menos as pessoas que acreditam em uma força superior. A recuperação dos doentes que sofrem desses males também é mais rápida.

Segundo o Dr. Harold Koenig, o corpo físico tem dentro de si o poder da cura.

As crenças religiosas e as emoções influenciam em sua fisiologia.

Por meio de fatores sociais, psicológicos e comportamentais, tenta-se entender a influência da religião na saúde física. O sistema imunológico de alguma forma é influenciado pela prática religiosa. Segundo pesquisa, as células das mulheres que não sofriam de stress aparentavam aspecto mais jovem.

Foi comprovada, por meio de estudos americanos, que a alimentação adequada somada a exercícios físicos e à prática religiosa levam à diminuição da mortalidade por câncer devido à presença de um volume maior de células que atacam as cancerosas.

Por baixar a pressão sangüínea, casos de hipertensão também são menores. As infecções diminuem e o poder de cicatrização é maior. Pesquisas, ainda não publicadas, afirmam que idosos com forte crença religiosa apresentam o mesmo nível de atividade cardiovascular que os jovens.


Como abordar o paciente

“Apesar de 77% dos médicos pensarem que a crença religiosa pode trazer benefícios aos pacientes, a maioria deles não sabe como chegar ao doente e introduzir a espiritualidade na conversa.
Prevalece ainda o desconhecimento dessa importância para o diagnóstico, prognóstico e tratamento de pacientes”, explica Harold Koenig. “Mas, a maioria dos pacientes quer que os médicos abordem a questão da religiosidade”.

Ao introduzir a conversa, o médico pode dizer ao doente que ambos moram em um país religioso e que pretende fazer as mesmas perguntas a todos os pacientes, independentemente do diagnóstico e do prognóstico de cada um.

Koenig enfatiza que o profissional de saúde deve ter uma sensibilidade muito grande para tocar nesse assunto. Algumas recomendações são: apoiar a crença espiritual do paciente, sem discutir com ele; descobrir seu histórico espiritual; certificar-se de que as necessidades espirituais sejam atendidas e até rezar com o paciente. É importante não prescrever a religião a pessoas atéias, nem dar conselhos espirituais.


Histórico

Até 1970, a Igreja e o atendimento médico sempre estiveram interligados. Até porque, a Igreja foi a pioneira na construção dos hospitais. As enfermeiras não podiam se casar e moravam próximas às instituições onde trabalhavam.

Com o desenvolvimento científico e tecnológico, porém, a religião e a medicina tornaram-se independentes uma da outra.

Os profissionais de saúde começaram a ver a espiritualidade como algo distante, que não poderia estar aliada ao tratamento e cura dos doentes. O pensamento de Sigmund Freud contribuiu para essa separação. A crença era vista por ele como uma perturbação emocional, irracional e neurótica, portanto, não saudável.

Entretanto, nos últimos anos, essa maneira de pensar vem se tornando inadequada.

A comunidade científica tem mostrado interesse em entender como a espiritualidade pode auxiliar os médicos a obter melhores resultados no exercício da profissão.

Desde do ano 2000, cerca de três mil artigos sobre religião e saúde mental foram publicados, mais da metade no último ano envolvendo a religiosidade na educação médica.

O dr. Koenig partiu para a sistematização das pesquisas depois de questionar pacientes sobre o que as ajudava a suportar a doença e ouvir respostas do tipo: “Doutor, é a minha oração”.

Formado pela Universidade da Califórnia em São Francisco, o dr. Harold Koenig tem especialização em geriatria, psiquiatria e bioestatística. É diretor do Centro para o Estudo da Religião, Espiritualidade e Saúde da Universidade de Duke, na Carolina do Norte, e editor de duas revistas médicas especializadas: International Journal of Psychiatry in Medicine e Research News & Opportunities in Science and Theology. Saúde mental, geriatria e religião são os temas de 24 livros de sua autoria, incluindo o Manual de Religião e Saúde: Revisão de um Século de Pesquisa, o mais completo tratado sobre o assunto.

(Vera Moreira/ Assessora de Imprensa do MEDNESP)








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